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quinta-feira, 3 de maio de 2012

Romantismo e mocadas no toutiço.

O meu amigo Carmo da Rosa declara-se romântico e afiança que o seu romantismo se faz de frases que se imaginam cheias de sucesso como "vamos lá dar uma queca", e outras de  elevado teor romanesco.
Romantismo moderno, garante. E sobretudo, "contextual", fez questão de sublinhar.
Entre outros pecados, acusa-me de "renascentista" para baixo, pelo facto de eu discordar da sua original tese, segundo a qual, tratar as mulheres com educação, sensibilidade e cortesia (Sem a cortesia, dizia Karr, os homens não se reuniriam senão para se empurrarem; logo, ou viver só, ou usar da cortesia) é mais ou menos como arrastá-las pelos cabelos e arrear-lhe com a moca no toutiço.
Garante o CdR que se deve, a todo o custo, evitar abrir a porta a senhoras, dar-lhes precedência à entrada para o restaurante, oferecer-lhes presentes, etc, porque elas podem naturalmente suspeitar que lhes estamos a dar mocadas sublimadas na testa. 

Uma vez que a esmagadora maioria dos mortais faz isto mesmo, as mulheres andam por aí em pânico, sem nós percebermos, com as respectivas cabeças cravejadas de galos e nódoas negras.
Agressões que, nas imortais palavras do CdR, são coisas "renascentistas", inaceitáveis e cruéis sublimações da idade da pedra.
O homem moderno, segundo a sofisticada bitola adiantada pelo nosso amigo CdR, é aquele que lhes salta ao caminho e as reclama, sem delongas e aborrecidos rituais, para uma  queca; é aquele que sai à frente dela e deixa que a porta lhe acerte em cheio no nariz, é aquele que, deduz-se, se o barco estiver a afundar-se e só houver um lugar no salva-vidas, a empurra para a água e se salva ele, encolhendo os ombros e dizendo que é a igualdade e mais nada.

Eu não sei nada, mas temo que este delirante protótipo da modernidade masculina, que o CdR orgulhosamente descreve, tenha o punho excessivamente musculado, uma cara à prova de estalada e umas nalgas supinamente calejadas de tanto tempo sentado no mocho, a ser julgado por assédio sexual, por culpa das ingratas.
Mas adiante, que isso agora não interessa nada.
Como uma certa ideologia ensina, a sexualidade deve ser encarada apenas como mera fonte de prazer, livre de tabus, rituais e ideias retrógradas sobre reprodução, etc. E eu estou firmemente convicto que devia ser assim. Eu e a maioria dos homens, claro.
Um mundo onde bastasse fazer um aceno de cabeça para ter acesso a certas e determinadas fofuras, seria o Paraíso masculino.

Infelizmente a maioria das mulheres, apostada em nos fazer a vida negra,  teima em não encarar a coisa com esta  maravilhosa simplicidade que tanto prazer daria aos libérrimos representantes  do cromossoma XY e que, de resto, está plasmada em imorredouras obras  primas cinematográficas, com títulos como " Vamos à queca", ou "Dá-me mocadas que eu gosto", etc. A malta, moderna ou "renascentista", adora ver, mas elas, incompreensivelmente,  nem por isso.
Eu, na minha profunda ignorância, ousei sugerir que isso talvez se deva ao facto de a identidade sexual das filhas de Eva, ser ligeiramente diferente da dos filhos de Adão. Aquela coisa do XX,  sei lá, deve ter algo a ver com biologia, bioquímica, hormonas, temperamento, etc.
O CdR indignou-se e quase engoliu um caroço. E só não me chamou certas coisas feias, porque, lá está, no fim de contas sempre pratica  as regras de educação e cortesia que  desdenha em abstracto.
O meu problema é que, vindo esta boa educação renascentista do CdR, e guiando-me exclusivamente pelo que ele disse, tenho quase a certeza de que se trata de uma sublimação de um murro na tabuleta.

E isso chateia-me, porra! (desculpem lá não usar linguagem mais renascentista, mas acontece-me sempre largar umas caralhadas quando uma martelada me acerta)

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