Ontem realizaram-se eleições para os governos autónomos da Galiza e do País Basco.
Na Galiza o Partido Popular elegeu 38 dos 75 deputados (metade +1), ganhando um deputado ao PS e outro ao Bloco Nacionalista Galego, BNG.
A Galiza foi governada nos últimos quatro anos por uma coligação entre o PS galego e o BNG, de esquerda. Quatro anos de dinheiro mal gasto que foram suficientes para deitar a perder uma experiência governativa que deu mais espaço à afirmação da identidade galega.
O nacionalismo galego é essencialmente interpretado pela esquerda radical, ao contrário do que acontece no País Basco ou na Catalunha onde o separatismo é cultivado desde o centro-direita à extrema-esquerda. Foi uma interessante novidade que tenha concorrido às eleições autonómicas um partido nacionalista de centro, o ‘Terra Galega’ (assim mesmo, à portuguesa, e não Tierra Gallega, à espanhola).
No País Basco, pela primeira deste a criação da autonomia, os partidos nacionalistas perderam a maioria parlamentar. Os partidos de âmbito espanhol (PS, PP, UPD) detêm agora 38 dos 75 deputados (metade +1, como na Galiza). O método de Hondt não foi suficiente para que o partido mais votado, o Partido Nacionalista Basco (EAJ-PNV), centrista, obtivesse a maioria com o apoio dos pequenos partidos da esquerda basca. No entanto, a maioria dos eleitores, uma vez mais, votou nos partidos bascos.
Tudo indica que o PS basco, o segundo mais votado e que subiu de votação, vai governar em minoria com o apoio de ocasião dos nacionalistas e do PP. É significativo que o PP, anti-nacionalista, seja o mais satisfeito com o com o resultado eleitoral apesar de ter descido de 17% em 2005 para 14% agora.
Os jornais de Madrid expressam contentamento pelos resultados destas eleições; aparentemente estas são boas notícias para a unidade da Espanha. E, no entanto, talvez não sejam.
Até aqui os grandes partidos nacionalistas locais continham os impulsos separatistas pela necessidade de conviver institucionalmente com o Estado central. Com o afastamento destes partidos dos governos autonómicos este motivo de moderação está quebrado. Abre-se assim a porta grande para o ressurgimento em todo o espectro político local do fervor identitário, do ressentimento anti-espanhol, das emoções nacionalistas.
Mais cedo ou mais tarde a Espanha desfaz-se. E mesmo que seja tarde, nunca será tarde demais.
A Galiza foi governada nos últimos quatro anos por uma coligação entre o PS galego e o BNG, de esquerda. Quatro anos de dinheiro mal gasto que foram suficientes para deitar a perder uma experiência governativa que deu mais espaço à afirmação da identidade galega.
O nacionalismo galego é essencialmente interpretado pela esquerda radical, ao contrário do que acontece no País Basco ou na Catalunha onde o separatismo é cultivado desde o centro-direita à extrema-esquerda. Foi uma interessante novidade que tenha concorrido às eleições autonómicas um partido nacionalista de centro, o ‘Terra Galega’ (assim mesmo, à portuguesa, e não Tierra Gallega, à espanhola).
No País Basco, pela primeira deste a criação da autonomia, os partidos nacionalistas perderam a maioria parlamentar. Os partidos de âmbito espanhol (PS, PP, UPD) detêm agora 38 dos 75 deputados (metade +1, como na Galiza). O método de Hondt não foi suficiente para que o partido mais votado, o Partido Nacionalista Basco (EAJ-PNV), centrista, obtivesse a maioria com o apoio dos pequenos partidos da esquerda basca. No entanto, a maioria dos eleitores, uma vez mais, votou nos partidos bascos.
Tudo indica que o PS basco, o segundo mais votado e que subiu de votação, vai governar em minoria com o apoio de ocasião dos nacionalistas e do PP. É significativo que o PP, anti-nacionalista, seja o mais satisfeito com o com o resultado eleitoral apesar de ter descido de 17% em 2005 para 14% agora.
Os jornais de Madrid expressam contentamento pelos resultados destas eleições; aparentemente estas são boas notícias para a unidade da Espanha. E, no entanto, talvez não sejam.
Até aqui os grandes partidos nacionalistas locais continham os impulsos separatistas pela necessidade de conviver institucionalmente com o Estado central. Com o afastamento destes partidos dos governos autonómicos este motivo de moderação está quebrado. Abre-se assim a porta grande para o ressurgimento em todo o espectro político local do fervor identitário, do ressentimento anti-espanhol, das emoções nacionalistas.
Mais cedo ou mais tarde a Espanha desfaz-se. E mesmo que seja tarde, nunca será tarde demais.
16 comentários:
Talvez as 'espanhas' sejam independentes no dia em que o tratado entrar em vigor.
Seria mesmo um tratado.
E viria Portugal a ser (?) a grande potência ibérica?
.
"Mais cedo ou mais tarde a Espanha desfaz-se. E mesmo que seja tarde, nunca será tarde demais"
A profecia é razoável, face aos factos.
O que não me parece é que isso seja bom para nós
@ROD "E viria Portugal a ser (?) a grande potência ibérica?"
Ateh podia, mas era preciso que aparecesse um Nuno, ou um João, e não um sócrates farsolas e trafulha.
@Lidador "A profecia é razoável, face aos factos.
O que não me parece é que isso seja bom para nós"
Não entendo porqe haveria de ser mau. Sobretudo olhando ao olho gordo que os castelhanos sempre tiveram pelo retangulo amputado.
PP:
"Não entendo porque haveria de ser mau. Sobretudo olhando ao olho gordo que os castelhanos sempre tiveram pelo retangulo amputado."
Eu penso que esta outra resposta do PP:
"Ateh podia, mas era preciso que aparecesse um Nuno, ou um João, e não um sócrates farsolas e trafulha."
... responde à inquietação do Lidador.
Caso a Espanha se esboroasse, eu parece-me que haveríamos de encontrar a forma mais sofisticada de ir com ela.
Mas também é verdade que não consigo deixar de sentir que, quando os espanhóis, todas as manhãs, olham para o mapa do boletim meteorológico, se perguntam porque há-de a 'costa' deles estar a 200Km do mar.
.
... responde à inquietação do Lidador.
Quero eu dizer, corresponde, ou corresponderá, ou ...
... enfim.
Mais cedo ou mais tarde a Espanha desfaz-se. E mesmo que seja tarde, nunca será tarde demais.
É das aspirações mais obtusas que já vi em grupos nacionalistas. Julgo que também não esperam por parte dos camaradas nacionalistas espanhóis qualquer solidariedade ou relutância em aceitar as pretensas ambições de Castela sobre Portugal. Amor com amor se paga.
E claro, isto conjuga-se com outra ficção amanhã-cantante, a reconciliação galaico-duriense. Está-se mesmo a ver, é evidente que vão rejeitar uma união atribulada mas estável para se meterem com um primo valdevinos e esbanjador. E claro que também, para sermos coerentes e fazermos cumprir a história ao fim de oito séculos, vamos deixar o sul de Portugal para quem o apanhar.
Não sei se a Andaluzia estará interessada. Ou os visigodos, andem eles por onde andarem. Em última análise temos sempre os magrebinos, que não nos vão abandonar com o menino nos braços.
Também não percebo qual é o "problema" com os espanhóis. Terão os seus defeitos, mas não me importava em absoluto viver e trabalhar em Espanha. Lá cheira menos a bafio.
@ml
Não me diga que também anda metida com grupos de racismo pseudo-celta?
@Tarzan
"Lá cheira menos a bafio"
Concordo. E quando menos cheirar a bafio mais depressa uns deixaram de andar agarrados aos outros.
Não me diga que também anda metida com grupos de racismo pseudo-celta?
Diga lá quem são os pseudoceltas, faltam-me elementos para descodificar esse seu santo-e-senha. Mas de uma coisa estou certíssima: os pseudoceltas são os que não pertencem ao seu clube, sejam eles quem forem.
Graças-a-deus que os fiéis beberam a água da sabedoria eterna, como é facilmente comprovável a par e passo.
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Tarzan, o problema com os espanhóis é a incapacidade dos movimentos nacionalistas portugueses apresentarem soluções não ridículas.
Cabe na cabeça de alguém que a única saída que vislumbram para Portugal seja a mirífica desintegração da Espanha? Voltarmos ao tempo em que os conflitos entre Castela e Catalunha nos permitia respirar aliviados, faz hoje algum sentido na União Europeia?
Delírios iguais a tantos outros que por aqui se lêem.
@ml
"Cabe na cabeça de alguém que a única saída que vislumbram para Portugal seja a mirífica desintegração da Espanha?"
É bem verdade que não cabe na cabeça de ninguém. Aliás, uma e outra coisa não estão ligadas.
Já agora, quem é esta gente que a ml refere? Já se percebe que anda muito a par de nacionalismos e racismos.
E não vale dizer que afinal não sabe, como fez com a teoria dos racistas pseudoceltas que alinhavou tão bem, mas disse que não conhecia.
Cheira tudo muito a esturro. Esses conhecimentos de teorias racistas e nacionalistas, a juntar ao anti-semitismo... e o "não sei de nada, não sou nada isso". Um destes dias a nossa ml sai do armário.
Oh, Gosh! Got me!
Mais uma cintilante fiel teoria da cabala.
E cabe, ora se cabe, cabe nalgumas cabecinhas.
anda muito a par de nacionalismos e racismos.
Claro, o pensamento bipolar é isso mesmo, só conhece duas ideias: a que vai para lá e a que vem para cá, sem nunca se cruzarem.
É por isso que são brilhantes a analisar qualquer situação. A não perder.
PP, a Espanha não nos ameaça. Pelo contrário, é uma presença sólida e fiável aqui ao lado, um bom mercado, enfim, um gigante tranquilo.
Está para nós como os EUA para o Canadá, ou a França para a Bélgica.
Se a Espanha entrar em turbulência não vejo nada de positivo para nós.
Eu conheço bem a mentalidade militar espanhola. Estive um ano em Jaca, numa escola de operações especiais e alta montanha.
Não são ameaça..
Caro Lidador,
Há uns tempos, pouco depois de ter perdido as eleições, Aznar foi ao Prós & Contras.
Entre outras coisas falou-se da história dos rios e do caudal mínimo.
Tanto quanto me recordo, o acordo sobre caudais foi conseguido quando Aznar era Primeiro Ministro e, se a memória me não falha, foi por essa via que o assunto foi por ele abordado.
Também de memória, ele terá dito algo como:
"Bom, do lado português havia quem perguntasse: e se eles um dia eles nos cortam a água?".
Neste momento, prevendo que ele ia referir o que se pensava do lado espanhol, supus que ele fosse dizer algo como 'e do lado espanhol percebia-se a inquietação e resolveu-se assinar o acordo ..."
O problema é que ele disse "E do lado espanhol havia quem pensasse: e se um dia lhes cortarmos a água?"
Enfim, só um bushista, membro da cimeira da guerra, seria capaz de ser tão tremendamente franco (a malta da esquerda estúpida pode ler 'Franco'). Zapatero referiria a fraternidade multicultural inter-étnica.
Mas, sem prejuízo do que o Lidador refere, se a Espanha se desintegrar pode muito bem acontecer que, pelo que aponta, Portugal vá atrás (Portugal vai sempre atrás de tudo o que cheira a derrocada). Podendo a coisa toldar-se, poder-se-á pôr de parte a repetição da travagem, pelo Rei de Espanha, do avanço das tropas espanholas rumo ao Estoril, como parece ter acontecido por alturas do glorioso PREC?
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Caro Lidador
"Está para nós como os EUA para o Canadá, ou a França para a Bélgica."
Neste ponto discordo de si. Desde logo porque a génese do Canadá e da Bélgica não é a nossa, ao mesmo tempo que a natureza da Espanha nada tem a ver com a dos EUA nem da França. Espanha é uma jugoslávia velha.
Mas este não é o argumento mais importante. O mais importante é este: qual o momento em que a Espanha nos protegeu? Nunca nos protegeu de nada. Nem sequer conseguiu ser um tampáo contra Napoleão.
E quais os momentos em que nos prejudicou, ou tentou prejudicar? Vários. Escuso de os enumerar, conhece-os talvez melhor que eu.
Claro, as questões do passado podem muito bem não ser as questões do presente. No entanto, e como muito bem sabe, os séculos e os regimes passam mas há forças profundas que permanecem. É o que se passa aqui. Desde que Portugal é Portugal que há uma constante de entre nós e os nossos três vizinhos sucessivos, o seguinte sempre mais absorvedor que o anterior. Mesmo nos momentos bons, essa constante permanece.
PP, a sua análise é, geopoliticamente falando, correcta.
Eu já elaborei bastante sobre isso aqui.
aqui
nomeadamente no capitulo 3 e nas conclusões.
Mas a geopolitica não é tudo. Desenha tendências mas não é determinista.
A Alemanha e o Japão parecem ter rompido tendências milenares. Pleo menos para já.
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