Quem manda em Teerão é o Guia Supremo, Ayatollah Ali Khamenei, pelo que aquilo que ele diz numa frase é mais importante que todas as diatribes que Amadinejah disse, diz e dirá ao longo da sua vida. Na verdade Amadinejah e o seu governo de gente exaltada, apenas dizem aquilo que lhes deixam dizer.
Há dois dias Khamenei falou na 4ª Conferência de Apoio à Palestina, onde aliás estiveram presentes os indivíduos mais tenebrosos deste mundo, sem esquecer os companheiros “bolivarianos”.
O seu discurso, repleto de novilíngua, merece ser analisado.
Congratulou-se o Guia Supremo com as “derrotas militares e políticas” infligidas aos “criminosos sionistas” em Gaza e no Líbano. Criticou os pragmáticos muçulmanos que aceitam a existência temporária da entidade sionista, por estarem convencidos de que Israel é forte demais, e atacou sem piedade os que sinceramente aceitam a possibilidade de coexistência pacífica com a entidade que há 60 anos “ocupa ilegitimamente” o território.
Disse que o Holocausto deve ser negado porque “serve como desculpa à usurpação da Palestina”, e reforçou a ideia de que a entidade sionista é um “tumor canceroso” com o qual não se deve negociar, como fazem alguns traidores, pelo que a única via de os muçulmanos alcançarem a vitória sobre a entidade sionista é a “resistência”. O discurso é longo mas o tom geral é este, condimentado com um indisfarçado ódio ao Ocidente.
Que se conclui daqui?
Khamenei é um homem inteligente, socializado num contexto político e religioso que valoriza o conflito, a vitimização (a palavra “islamofobia” foi inventada por Khomeiny) e o “martírio”. Como ele, milhões de iranianos. Se bem que não se possa jurar que o regime iraniano seja, ele mesmo, suicida, a maioria dos seus quadros, particularmente os dos poderosos Pasdaran, está imersa numa ideologia que assenta na agressividade imperialista (herança persa e islâmica) na vitimização e no “martírio” (herança islâmica).
Khameney não se dá ao trabalho de abrir a boca para produzir diatribes mediáticas, pelo que aquilo que diz descreve uma cosmovisão sólida e dogmática que não é alterável em função de manobras tácticas negociais, incentivos ou sorrisos, dos EUA e da Europa.
Os seus quadros de confiança bebem na mesma fonte:
O General Jaffari, Comandante dos Pasdaran, afirmou em 13 de Agosto de 2005 que “O Imã Khomeiny disse que a entidade sionista devia ser eliminada da face da terra. Ainda não pudemos concretizar esse objectivo. Mas devemos executar sem tardar esta vontade do Imã.”
Dois meses depois foi a vez de Ahmadinejad fazer a sua célebre declaração sobre riscar Israel do mapa.
O “moderado” Rafsandjani, actualmente no Conselho de Estado, disse em 14 de Dezembro de 2001 que “Uma bomba atómica será suficiente para destruir o regime sionista, ao passo que a resposta sionista apenas causará danos " .
O que nos leva ao problema do nuclear.
Muita gente entende que um Irão nuclearizado não será muito diferente do Paquistão ou de outros países na posse da bomba, e que se poderá lidar com ele com a clássica estratégia de dissuasão que foi utilizada com a URSS.
Ora isto é desconhecer a mentalidade milenarista que domina a elite iraniana.
Os soviéticos - cantava Sting - “love their children too”. Não tenho dúvidas que muitos dos pasdarans também amam os seus filhos. Mas muitos há que agirão como qualquer suicida muçulmano que, na posse de uma bomba, procura com ela matar o máximo número de infiéis. É impossível controlar todos os milhares de fanáticos que alinham nos pasdarans, quando a mentalidade suicida domina os seus altos escalões. Na guerra com o Iraque esta gente lançou milhares de adolescentes voluntários à frente das tropas de assalto, para rebentar minas e saturar as defesas iraquianas.
Assim que estiverem na posse da bomba, os líderes iranianos desencadearão a mãe de todas as chantagens, sobre Israel, sobre o eixo sunita e sobre a Europa. Assumirão o papel de arautos do povo palestiniano e exercerão sobre Israel uma pressão insustentável. Não haverá equilíbro de terror com as 200 bombas de Israel, porque o universo mental dos pasdarans é o mesmo dos bombistas suicidas. Uma única bomba destruirá Israel, dada a extensão do país. A resposta israelita destruiria obviamente o Irão, mas os seus dirigentes estão prontos a sacrificar o país à causa islamista.
Khomeini, disse-o em Qom em 1980: "Nós não adoramos o Irão, mas sim Alah…que esta terra arda se tal for necessário para que o Islão triunfe”.
Toda a gente sabe que este cenário é inaceitável e os árabes melhor que ninguém. Esta semana o Ministro dos Estrangeiros da Arábia Saudita instou todos os árabes a unirem-se para enfrentarem o “desafio iraniano”. Ontem mesmo, Marrocos suspendeu as relações diplomáticas com o Irão.
Israel e os EUA, cada um por seu lado, não podem também perder este desafio.
Israel arrisca a sobrevivência. A partir do momento em que o Irão tenha a bomba, o país ir-se-á esvaziando, porque mais tarde ou mais cedo ela será utilizada, e as pessoas sabem disso.
Os EUA jogam a sua liderança mundial. Um Irão fortalecido pela vitória política sobre os EUA, faria desabar a arquitectura de segurança americana no Médio Oriente e na Ásia Central, colocaria os estados árabes sob tutela (o Bahrain já é tratado como a 14ª província), desencadearia uma frenética proliferação nuclear e ameaçaria a supremacia do dólar.
Não tenho quaisquer dúvidas que o ataque já está planeado e poderá ocorrer nos próximos meses, a menos que o Irão inverta completamente o seu rumo, o que é pouco provável.
Militarmente não é complicado para os americanos, pese embora a retórica inflamada dos iranianos.
Para os ataques aéreos sobre a estrutura de comando, defesa aérea, unidades dos pasdarans, instalações nucleares, químicas e biológicas, etc., os aviões de 4 ou 5 porta-aviões, os mísseis de cruzeiro e os bombardeiros estratégicos são suficientes para fazer o trabalho. Mesmo uma ofensiva terrestre com 150 000 homens chegará facilmente a Teerão e aos locais a destruir, uma vez que a máquina militar iraniana não é adversário à altura. Obviamente não haverá ocupação, os americanos não podem atascar-se numa tal tarefa. Será entrar, destruir e retirar.
Seguir-se-á uma vaga de fúria antiamericana e anti-ocidental que poderá levar ao poder movimentos islamistas por todo o mundo muçulmano. Israel será atacado do Sul, do Norte e do Irão, e aproveitará para varrer o Hamas e o Hezbollah. Haverá muitos protestos e manifes dos habituais idiotas úteis, mas quando as redes terroristas às ordens de Teerão lançarem vagas de atentados um pouco por todo o mundo, como ameaçou o Gen Jayazeri dos Pasdaran, “Se os EUA atacarem o Irão, cada Estado americano deverá fazer face uma devastação semelhante à do Katrina”, os idiotas perderão alguma vontade de asneirar.
Muita gente encara as palavras dos líderes iranianos como meras fanfarronadas que não se deve levar a sério. Tal visão mostra o desconhecimento da psicologia totalitária: esta gente tende a fazer o que diz, como Hitler provou. Quando chegou ao poder, ingleses e franceses, em vez de levaram a sério a sua declaração de intenções, claramente explícita no Mein Kampf e nos vários discursos, pensaram que podiam “negociar” com ele.
Pessoalmente tenho poucas dúvidas de que nos aproximamos de um momento definidor.
E se os russos venderem o sistema S-300 ao Irão, o relógio começa imediatamente a bater.
2 comentários:
Há que os confrontar com o próprio islão, com o próprio maomé e com o próprio allah.
Porque em verdade, não há nenhum muçulmano que conheça o islão, ou que o queiram conhecer e, passam a vida a insultar maomé, o corão e allah.
Mesmo se Israel estivesse em terras do islão, os judeus estariam no melhor sitio para serem convertido e não destruídos.
Caso o islão fosse uma coisas boa, claro.
Bem sabemos o que se passou em Espanha em 11 de Março de 2004, os idiotas úteis multiplicaram-se...
Para muitos quanto mais perigo o Islão representar, mais vontade eles têm de capitular.
Mas o Irão está a tentar por as mãos a uma ogiva já há algum tempo, o que indica que está para breve?
Bob
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