It is quite gratifying to feel guilty if you haven't done anything wrong: how noble! (Hannah Arendt).
Teste
quarta-feira, 31 de março de 2010
A cultura do dia seguinte
Bagão Félix e o programa merecem plenamente ser divulgados. De qualquer forma sei que a esquerdalha odeia Bagão.
terça-feira, 30 de março de 2010
Da pátria noiva
Jesus palita os dentes com chiclete,
No Restelo, um pedinte, de Grã-Cruz,
Lá pedala numa velha biciclete.
Uiva um lagarto à lua, em Alvalade,
Por um tranquilo Papa abençoante,
Estridula na cidade a inverdade
De um apito venal e infamante.
Aprestam-se hoje as almas p’rà contenda:
Vem do Norte a trova e traz a lenda
Do pinto que em dragão foi transformado.
Chega, ardente, a Hora. Cuidadosa,
De flor de laranjeira e em cor-de-rosa,
Vem-se a Nação em cima do relvado.
Discurso de Netanyahu no AIPAC
Tentarei pronunciar-me sobre os recentes desenvolvimentos na próxima semana.
A amizade obâmica
As declarações agressivas de Obama, Clinton e outros responsáveis da administração americana sobre Israel relevam, a avaliar pelo modo como batem no peito e protestam profundos laços, de um inovador conceito de amizade que se resume em:
Quanto mais te critico, mais amigo sou, provavelmente uma variante moderna do conhecido "quanto mais te bato, mais gosto de ti".
Este conceito de amizade é uma epifania e graças a ele passei a ver todo um mundo novo, nas relações internacionais.
Face a esta inovadora perspectiva, compreendo agora que a ONU, que condena Israel a torto e a direito é, afinal, o mais entranhado amigo do estado judaico.
E o UNHRC que, desde que existe, dedicou mais de 90% das suas deliberações a criticar Israel é, na verdade, uma agência sionista.
Isto sem falar no Irão, no Hamas, no Hezbolah e no Dr Miguel Portas que, pelo modo como atacam os judeus, são seus indefectíveis amigos de sangue.
Quando a Jordânia ocupou Jerusalém os judeus foram todos expulsos deste bairro e as sinagogas destruídas.
Após a derrota jordana, as coisas voltaram à normalidade até que a administração Obama decidiu expressar a sua entranhada amizade com Israel.
A amizade obamista não tem fim. Já antes se tinha manifestado com a Polónia, a República Checa, as Honduras, o Dalai Lama, etc, aliados a quem tratou a varapau, ao mesmo tempo que manifestava a inimizade total com Chavez, Castro, Putin e países islâmicos, dedicando-lhes pérfidas palavras amáveis e maquiavélicos gestos de respeito e compreensão.
Na figura, pode aliás ver-se Obama a manifestar violenta inimizade com o Rei Saudita.
domingo, 28 de março de 2010
Celibato, pederastia, homossexualidade e satirismo
Clérigos da Igreja Católica estão sob fogo cerrado, um pouco por todo o mundo, por haverem cometido e/ou encoberto crimes de pedofilia.
É um assunto gravíssimo e de terríveis consequências, para as vítimas e para a própria ICAR.
Os autores destes crimes são uma minoria, mas isso não desvaloriza o problema e é quase automática, aos olhos da opinião pública, a generalização das imputações de pederastia aos “padres” e à ICAR.
Coisa desastrosa num mercado onde a “autoritas” e a confiança numa superioridade moral são os valores supremos.
Sendo também verdade que os casos que envolvem a ICAR suscitam de imediato o reflexo pavloviano da esquerda anticlerical, a que alguns chamam o “socialismo dos imbecis”, a hierarquia católica deveria encarar o problema e ir às raízes.
Em tempos li “Manhã Submersa” de Virgílio Ferreira e não alimento muitas dúvidas de que o problema está no celibato, na homossexualidade (os crimes são quase sempre deste tipo) e na repressão de uma sexualidade normal.
Há aqui uma selecção do tipo darwinista.
O celibato afasta do sacerdócio as pessoas que encaram a sexualidade normal e a família, como coisas de que não querem abrir mão.
E atrai os outros. Não estou a dizer que todos os padres são homossexuais, pederastas ou sátiros, mas parece-me óbvio que a exigência de celibato tende a aumentar a frequência destes desvios na população em questão.
Tanto quanto sei, o celibato não é uma questão de dogma, mas de interpretação, A Igreja já funcionou sem ele durante vários séculos. O primeiro padre da Igreja, S. Pedro, era casado (Mateus, 8:14-15).
S.Paulo escrevia que “ Convém, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma mulher,…” (I Tim, 3:1-3) e que “governe bem a sua própria casa, tendo seus filhos em sujeição, com toda a modéstia.” (I Tim, 3:4-5).
É verdade que há passagens bíblicas que apontam noutro sentido mas, lá está, é uma questão de escolha. A hierarquia católica pode escolher acabar com o celibato, não está tolhida por questões “constitucionais”.
Na minha opinião deveria fazê-lo. Num determinado contexto histórico a imposição do celibato pode ter sido útil, mas hoje as coisas são diferentes e a exigência transformou o sacerdócio num armário de sexualidades desviantes, com má aceitação social e cultural.
Se os padres pudessem casar, certamente não iriam acabar todos os casos mas a sua ocorrência tenderia para valores estatisticamente “normais”.
sábado, 27 de março de 2010
Ali o "problema" já está resolvido
Hora da Terra na Coreia do Norte.
O socialismo funciona até se acabar o dinheiro dos outros
Tal como no mês passado, passaram 10 dias da data habitual e parece que ainda ninguém recebeu as 'baixas' da Segurança Social.
Do tempo ...
Enfim, coisa de Índia, de África e de outros países.
[À boleia de Eurico Moura] Escolha a legendagem em português, se não domina o inglês. Clic em View subtitles.
Via Por tudo & Por nada [Inc.]*
----
* Provocação bushista, do gang da cimeira das Lages, etc, etc, e dos acorrentados de Ana Gomes, e mái n´ã sêi quê.
Dos gangs
Já que em Portugal, por manifesta insipiência do sistema judicial, não se consegue julgar corruptos, será possível vir a julga-los politicamente?
Em Novembro de 2004, uma alma daninha e bushista do gang dos 4 da cimeira las Lages (local de filmagens dos acorrentados dos sonhos de Ana Gomes), escrevia:
As setas
Muito se tem dito sobre o controlo da maioria de comunicação social pelo estado por via da golden share na PT.
Há, de facto, uma via de comando entre o estado e a PT. No entanto parece-me plausível que essa linha de comando possa ser subvertida de forma a tornar-se bidireccional, talvez até mais activa no sentido inverso que no directo (estado-PT).
Lembremo-nos da série Yes, Minister. A competência do secretário sobrepunha-se quase sempre às decisões do ministro.
Os grandes grupos económicos escudam-se eficientemente ao escrutínio da opinião pública, tanto mais que parece ser óbvio não ser suposto que a comunicação social por ali faça estardalhaço, ao contrário do que parece praxe com o estado e o governo.
Enquanto os grandes grupos económicos são comandados por pessoas de grande competência no sentido da defesa dos seus interesses (individuais e do grupo) o estado, e com particular ênfase o governo (este ou outro qualquer) tendem a ser comandados por aqueles que vão sobrando da debanda dos mais competentes. Esta debanda é resultado de serem alvo preferencial de cada vez mais violentos ataques pessoais, insultos, desconsideração, acusação de incompetência, etc, vindos nomeadamente de uma comunicação social incompetente e cada vez mais ao serviço dos interesses dos privados que a controlam.
Face a este estado de coisa é fácil perceber que é mais provável que sejam os interesses privados a comandar, ou condicionar, no sentido inverso, o governo e o estado, do que este, os interesses privados.
A golden share do estado na PT é perigosa porque resulta num canal de acesso privilegiado dos privados ao estado e ao governo por via da subversão da “cadeia de comando”.
sexta-feira, 26 de março de 2010
Das fugas à fuga
Um cientista estava, no seu laboratório, a investigar a influência das pernas no comportamento da rã.O fim da anedota não serve à esquerda floribélia porque, argumentará: a rã não tem aparelho auditivo e, nessa perspectiva, não pode ser surda. A razão por que a rã não salta continua por averiguar.
Gritou: Salta! ... e a rã saltou.
E anotou no seu canhenho: A rã com as duas pernas, salta.
Cortou-lhe então uma perna, voltou a colocá-la na mesa laboratorial e gritou: Salta! ... e a rã saltou.
E anotou, novamente, no seu canhenho: A rã só com uma perna, salta.
Cortou-lhe então a outra perna, voltou a colocá-la na mesa laboratorial e gritou: Salta! ... e a rã nada. Insistiu: Salta! ... e a rã sempre imóvel.
E anotou, finalmente, no seu canhenho: A rã sem nenhuma perna fica surda.
quinta-feira, 25 de março de 2010
Insubmissão ao Islão.
Declarações de Fatoumata Sidibé de insubmissão à religião de “um profeta político totalitário que semeia o terror em alguns países”
Seguem-se excertos que traduzi a partir do original publicado aqui.
"
Eu, cidadã belga de cultura muçulmana originária do Mali, um país 90% muçulmano onde a religião influencia fortemente as leis, as regras e os diversos aspetos da vida quotidiana, onde certos costumes e tradições retrógrados perpetuam a discriminação das mulheres, onde 80% das meninas são vítimas de mutilação genital, onde a poligamia está legalizada, onde as jovens são forçadas a casamentos impostos, onde em assuntos de herança as mulheres são tratadas com desfavor, onde, desde tenra idade, se ensina às meninas que o seu destino é sofrer, resignar-se, submeter-se, casar, ter filhos e honrar a família.
- eu declaro que muitas mulheres muçulmanas no mundo ligam o combate contra o integrismo religioso à promoção do secularismo. O desinteresse dos outros assemelha-se a uma vénia ao islamismo para aquelas que lutam e arriscam a sua vida no Egipto, na Somália, na Índia, no Irão, no Sudão, no Paquistão, em Marrocos, na Argélia e noutros lugares contra a poligamia, a lapidação, o confinamento dos seus corpos a mortalhas ambulantes, a imposição do uso do véu, o repúdio, a excisão e os crimes de honra.
- o que dizer àquelas que tomaram o caminho do exílio e que vêem replicar-se diante dos olhos um sistema de justiça â medida em que os tribunais julgam segundo a confissão, religião ou filosofia de cada um?
- eu declaro que as conquistas femininas no Ocidente não foram detidas por medo da estigmatização pelas igrejas opostas aos direitos e liberdades das mulheres. Porque deverá o Islão ser tratado como uma excepção? Porque será que o que é válido para uma religião não é válido para outra?
- eu declaro que o medo de ser qualificado de racista traz as consciências amordaçadas e que estamos prontos a aceitar a intolerância por medo de ser rotulados de intolerantes. A regressão dos nossos valores democráticos vai sendo feita de rendições e retiradas.
"
quarta-feira, 24 de março de 2010
Uma experiência socialista
Foi-me enviada como verdadeira por um amigo e aqui fica:
Um professor que nunca tinha reprovado ninguém, reprovou numa ocasião uma turma inteira.
O professor argumentou em vão pelo que, já em desespero, propôs a seguinte experiência:
Investimento produtivo
Um lobo por três milhões de contos
A alteração do traçado da via e os sobrecustos associados continuam a alimentar polémica. Os chefes autárquicos regionais, e antes de todos o presidente da Câmara de Vila Pouca de Aguiar, o social-democrata Domingos Dias, preferiam a A24 a passar pela encosta nascente da serra do Alvão, uma solução que, nesta altura, está irremediavelmente ultrapassada (a inauguração do troço de Vila Pouca de Aguiar tem conclusão prevista para finais de Junho de 2007). Mesmo assim, o autarca não desiste de soltar a língua e de acusar o Estado central de, em delírio ambientalista, ter avalizado uma solução que desviou o traçado da serra do Alvão para a da Falperra, através do referido viaduto sobre o vale de Vila Pouca. Desvio feito "por causa de uma alcateia de sete lobos" que circula na zona de Vilarinho de Samardã, o que significa que a defesa de cada animal, segundo as contas do líder camarário, "fica por mais de três milhões de contos". Um exagero, pensa Domingos Dias, que roça o insulto a uma região carenciada e a um concelho cujo orçamento camarário o deixa "aflito para comprar um simples autocarro de transporte escolar" (ver texto nestas páginas).
As contas feitas por Domingos Dias ao "custo por lobo" remontam ao tempo em que Valente de Oliveira era ministro das Obras Públicas do Governo de Durão Barroso. Foi o então ministro que lhe falou num disparo de "100 milhões de euros" no custo da obra, ditado sobretudo pelo grande viaduto a ligar as duas encostas. E a coisa podia ter sido pior ainda: depois do chumbo do traçado inicial, uma declaração de impacte ambiental (DIA) de Agosto de 2002 desembocou numa solução que previa o atravessamento do vale de Vila Pouca por um túnel subterrâneo de 650 metros, ainda mais dispendioso do que o viaduto agora em construção; uma segunda DIA, de Julho de 2003, acabaria por impor a versão final, "mais vantajosa sob o ponto de vista técnico e de racionalidade dos custos para o Estado", como sustenta a Estradas de Portugal.
segunda-feira, 22 de março de 2010
domingo, 21 de março de 2010
Segundo um amigo...
The Band - The Night They Drove Old Dixie Down
The Night They Drove Old Dixie Down
Songwriters: Robertson, Robbie;
Virgil Caine is the name and I served on the Danville train
'Til Stoneman's cavalry came and tore up the tracks again
In the winter of '65, we were hungry, just barely alive
By May the tenth, Richmond had fell
It's a time I remember, oh so well
The night they drove old Dixie down
And the bells were ringing
The night they drove old Dixie down
And the people were singing
They went, "La, la, la"
Back with my wife in Tennessee, when one day she called to me
"Virgil, quick, come see, there go the Robert E.Lee"
Now I don't mind choppin' wood, and I don't care if the money's no good
Ya take what ya need and ya leave the rest
But they should never have taken the very best
The night they drove old Dixie down
And the bells were ringing
The night they drove old Dixie down
And all the people were singing
They went, "La, la, la"
Like my father before me, I will work the land
And like my brother above me, who took a rebel stand
He was just eighteen, proud and brave, but a Yankee laid him in his grave
I swear by the mud below my feet
You can't raise a Caine back up when he's in defeat
The night they drove old Dixie down
And the bells were ringing
The night they drove old Dixie down
And all the people were singing
They went, "Na, na, na"
The night they drove old Dixie down
And all the bells were ringing
The night they drove old Dixie down
And the people were singing
They went, "Na, na, na"
I SHALL BE RELEASED
They say every man needs protection
They say every distance is not near
But I remember every face
Of every man who put me here
I see my light come shinin'
From the west down to the east
Any day now, any day now
I shall be released
They say every man can be replaced
They say every man must fall
But I swear I see my reflection
Some place so high above the wall
Standing next to me in this lonely room
Is a man who swears he's not to blame
All day long I hear him shout so loud
Callin' out that he's been framed
sábado, 20 de março de 2010
Marx e a Vanessa
Como é sabido, o marxismo conjura um enredo linear em que, no fim da história, a classe operária derrota a burguesia e instala a sociedade sem classes. O argumento não é original. Noutras escatologias do mesmo tipo, S. Jorge mata o Dragão, o Messias julgará os vivos e os mortos, o Mhadi aterrará em Teerão, etc, etc.
Tudo se joga num final cataclísmico que acabará com o mal e trará a felicidade eterna.
No capítulo 32 de Das Kapital, Marx prevê também um gigantesco ajuste de contas com o capitalismo, muito parecido com o juizo final do cristianismo e, no Anel dos Nibelungos, de Wagner, com a morte de Brunilde e Siegfried, e o cataclismo da Valhalla.
Acontecimentos redentores que libertarão por fim os bons de mefistofélicos pactos faustianos com o dinheiro, em Marx e Jesus (“a busca do dinheiro é a raiz de todo os males” -Timóteo, 6:10 ) e o ouro, no Anel dos Nibelungos.
Mesmo aqueles que não leram Marx, por vezes imaginam também um mundo onde omniscientes e angélicos planeadores abolem a miséria, deixando intactas a liberdade e o individualismo.
Esta necessidade de acreditar, parece pois ser universal. Se não é na Virgem, é no Professor Chibanga, no Engenheiro Sócrates, no Santo Obama, no Dr Salazar, no Tio Adolfo, no Karl Marx, etc, etc.
Devo dizer-vos que compreendo perfeitamente o Senhor Vladimir.
Ainda ontem estive a beber uma imperial e a comer uns tremoços ali no bar com um amigo da classe operária e o tipo, além de nunca ter ouvido falar na ditadura do proletariado, nem na sua missão histórica apresentou-me os seguintes projectos revolucionários:
-Arranjar bilhetes para o Benfica-Liverpool
-Conseguir endrominar a Vanessa que, por acaso, é bem jeitosa.
-Trocar os pneus ao carro. ( os da frente estão completamente carecas)
-Beber mais uma imperial. ( e já íamos na 3ª)
-Apanhar uma carraspana das antigas na despedida de solteiro do Quim.
Ora com gente desta, gente com uma desavergonhada tendência para a burguesice e para a rebaixolice, gente que prefere aconchegar o fofo à Vanessa em vez de lutar firmemente contra as mais valias e o Grande Capital, não há Revolução que avance.
Dos 18.000
Há outra posição que pretende ter validade universal, que é a científica. As razões biológicas, concretamente genéticas, consideram-se demonstráveis, concludentes para qualquer pessoa. Mas as suas provas não são acessíveis à imensa maioria dos homens e mulheres, que as admitem “por fé”; entende-se: por fé na ciência. Creio que faz falta uma abordagem elementar, acessível a qualquer pessoa, independentemente de conhecimentos científicos ou teológicos, que poucos possuem, de uma questão tão importante, que afecta milhões de pessoas e a possibilidade de vida de milhões de crianças, que nascerão ou deixarão de nascer.
Esta visão há-de fundamentar-se na distinção entre “coisa” e “pessoa”, tal como aparece no uso da língua. Todas as pessoas distinguem, sem a menor possibilidade de confusão, entre “quê” e “quem”, “algo” e “alguém”, “nada” e “ninguém”. Se se ouvir um grande ruído estranho, alarmar-me-ei e perguntarei: “que se passa? ou “o que é isso? Mas se ouço uma pedinte à porta, nunca perguntarei “que é?”, mas “quem é?”.
Perguntar-se-á que tem isto a ver com o aborto. O que aqui me interessa é ver em que consiste, qual é a sua realidade. O nascimento de uma criança é uma radical “inovação de realidade”: a aparição de uma realidade “nova”. Dir-se-á que deriva ou vem de seus pais. Sim, de seus pais, dos seus avós e de todos os seus antepassados; e também do oxigénio, do nitrogénio, do hidrogénio, do carbono, do cálcio, do fósforo e de todos os demais elementos que intervêm na composição do seu organismo. O corpo, o psíquico, até o carácter, vêm daí e não é rigorosamente novo.
Diremos que “o que” o filho é deriva de tudo isso que enumerei, é “redutível” a isso. É uma coisa, certamente animada e não inerte, em muitos sentidos “única”, mas ao fim e ao cabo uma coisa. A sua destruição é irreparável, como quando se parte uma peça que é exemplar único. Mas ainda não é isso o importante.
“O que” é o filho pode reduzir-se a seus pais e ao mundo; mas “o filho” não é “o que”, é. É “alguém”. Não um “quê”, mas um “quem”, a quem se diz “tu”, que responderá “eu”. E é “irredutível a tudo e a todos”, desde os elementos químicos até aos seus pais, e ao próprio Deus, se pensamos nele. Ao dizer “eu” enfrenta-se com todo o universo. É um “terceiro” absolutamente novo, que se acrescenta ao pai e à mãe.
Quando se diz que o feto é “parte” do corpo da mãe, diz-se uma insigne falsidade, porque não é parte: está “alojado” nela, implantado nela (nela e não meramente no seu corpo). Uma mulher dirá: “estou grávida” e nunca “o meu corpo está grávido”. É um assunto pessoal por parte da mãe. Uma mulher diz: “vou ter um filho”; não diz: “tenho um tumor”.
O menino ainda não nascido é uma realidade “vindoura”, que chegará se não o pararmos, se não o matarmos no caminho. E se se diz que o feto não é um “quem”, porque não tem uma vida pessoal, haveria que dizer o mesmo do menino já nascido durante muitos meses (e do homem durante o sono profundo, a anestesia, a arteriosclerose avançada, a extrema senilidade, o coma).
Às vezes usa-se uma expressão de refinada hipocrisia para denominar o aborto provocado: diz-se que é a “interrupção da gravidez”. Os partidários da pena de morte têm as suas dificuldades resolvidas. A forca ou o garrote podem chamar-se “interrupção da respiração”, e com uns minutos basta. Quando se provoca o aborto ou se estrangula, mata-se alguém. E é uma hipocrisia mais considerar que há diferença consoante o estado de gestação em que se encontre o menino que vem, a que distância de semanas ou meses do nascimento vai ser surpreendido pela morte.
Com frequência se afirma a licitude do aborto quando se julga que provavelmente o que vai nascer (o que ia nascer) seria anormal, física ou psiquicamente. Mas isto implica que o que é anormal “não deve viver”, já que essa condição não é provável, mas segura. E haveria que estender a mesma norma ao que chega a ser anormal por acidente, doença ou velhice. E se se tem essa convicção, há que mantê-la com todas as suas consequências; outra coisa é actuar como Hamlet no drama de Shakespeare, que fere Polónio com a sua espada, quando este está oculto detrás da cortina. Há os que não se atrevem a ferir, salvo quando a vítima está oculta – pensava-se que protegido – no seio materno.
E é curioso como se prescinde totalmente do pai.
Atribui-se a decisão exclusivamente à mãe (mais adequado seria falar da “fêmea grávida”, sem que o pai tenha nada que dizer sobre se deve matar ou não o seu filho. Isto, obviamente, não se diz, passa-se por alto. Fala-se da “mulher objecto” e agora pensa-se no “menino tumor”, que se pode extirpar como um abcesso repugnante. Trata-se de destruir o carácter pessoal do humano.
Por isso se fala do direito a dispor do próprio corpo. Mas, para além de que o menino não é parte do corpo da sua mãe, mas “alguém corporal implantado na realidade corporal da sua mãe”, esse suposto direito não existe. A ninguém é permitida a mutilação; os outros e o próprio poder público impedem-no. Se eu me quiser atirar duma janela, vêm a polícia e os bombeiros e impedem-me pela força de o fazer. (…)
Não se tratará disto precisamente? Não estará em curso um processo de “despersonalização”, isto é, de “desumanização” do homem e da mulher, as duas formas irredutíveis, mutuamente necessárias, em que se realiza a vida humana?
Se as relações de maternidade e paternidade são abolidas, se a relação entre os pais fica reduzida a uma mera função biológica sem perdurar para além do acto de geração, sem nenhum significado pessoal entre as pessoas implicadas, que fica de humano em tudo isso? E se isto se impõe e generaliza, se a Humanidade viver de acordo com esses princípios, não terá comprometido, quem sabe até quando, essa mesma condição humana? (...)
sexta-feira, 19 de março de 2010
O MELHOR BLOGUE PORTUGUÊS!
ml disse: ”O 5Dias é um dos melhores blogues portugueses, as coisas discutem-se a fundo e não se ficam por estados de alma. E, principalmente, a maior contestação às posições de cada um é interna, não andam a dar améns uns aos outros mesmo quando as burrices são gritantes.”
Talvez, mas se o 5dias é o melhor blogue português, então o mal é mesmo geral. É a economia, a justiça, a educação, a corrupção, a natação e agora……..os blogues!
Para ver se a mensagem é mais bem aceite, vou, com a ajuda de Guerra Junqueiro, dizer em poema o que penso do 5dias:
Enfim, nesta pobreza métrica
Cantemos essa pila, pila blogosférica
De onde pendem testículos que dão a ideia vaga
Das ínfimas amígdalas do Arcebispo de Braga.
Sim, cantemos a pila, que não é 5coroas, mas quando muito meio-tostão
Que no tempo do Daniel foi progressista mas agora vendeu-se ao Islão!
Ninho de traidores e de quem os atura
Que só se aguentam nas canetas usando a censura.
É contemplá-los! É lê-los!
Mistura postmoderna de arrepiar os cabelos!
Querem Revolução Cultural e barricadas no Beato
Guerrilha na Brasileira e tiroteio no Bairro Alto.
Nota-se que depois da queda do muro muitos perderam o tino,
Cuidam que andar de burka na Baixa é mesmo muito fino…
Em Espanha, em França, na Holanda ou na Inglaterra
Juro que nunca ninguém viu tanta burrice na blogosfera…
quarta-feira, 17 de março de 2010
Marc Morano on Malthusian Fearmongers
E agora?
segunda-feira, 15 de março de 2010
Climate I: Is the debate over?
Aqui.
Richard Lindzen is a professor of Meteorology at the Massachusetts Institute of Technology. For more information see Professor Lindzen's bio.
domingo, 14 de março de 2010
Fim de semana sem chuva
[2 partes que se sucederão automaticamente]
sábado, 13 de março de 2010
O orçamento e a muralha de aço
Os discursos completos de Jerónimo, Louçã e algumas discursatas de responsáveis do PS (o Partido Melancia não conta), na discussão do Orçamento, foram autênticas assombrações do passado. As almas mais supersticiosas chegaram mesmo a ouvir assustadores murmúrios marxistas de além-túmulo.
Se Marx ressuscitasse ao 3º dia, como parece ter feito um seu antepassado lá para os lados de Jerusalém, sentir-se-ia ainda mais vivo ao verificar que a sua badalada luta de classes entre a burguesia e o proletariado está aí para lavar e durar, pelo menos na retórica de uma certa classe política portuguesa.
A análise das culpas da crise tem estado ao nível da Internacional que ainda se canta nos rituais religiosos da seita, com o punho erguido, olhar revolucionário e a proverbial falta de sentido do ridículo. A relação com a economia e a política reais é mais ou menos a mesma, se bem que a Internacional, pese embora a pimbalhice da lírica, até tem uma música gira.
Não sei se se recordam , mas há um ano a culpa era do Bush, dos neocon e dos neoliberais, tudo no mesmo saco, já que no escuro convém que todos os gatos sejam pardos.
Depois, quando o Bush, os neocon, os neoliberais, o Obama, o Sócrates e outros tantos por essa Europa fora, trataram de injectar rios de dinheiro dos contribuintes em empresas mal-geridas,to big to fail e outras cavalidades do mesmo saco, a culpa passou a ser dos gajos de Wall Street, dos banqueiros, dos empresários sem escrúpulos. Do "sacrossanto mercado", como resumem os kamaradas, simplificando o habitual fast food ideológico que lhes serve de fardo de palha para encher o bandulho que ocupa o lugar que, no sapiens sapiens, é ocupado pelo córtex cerebral.
O Estado democrático, a "superestrutura" da burguesia, veio mais uma vez salvá-la, espoliando os pobres proletários, como explicaria imediata e automaticamente Marx, acabado de regressar do além.
Mas como, na teologia socialista, a principal tarefa do Estado é proteger os desfavorecidos, temos na nossa frente o quadro completo de culpados, vítimas e salvadores, respectivamente, mercado e estado, povo e estado.
Se repararam na esquizofrenia do estado, repararam bem mas, para os malucos, a coisa faz sentido.
Postas assim a coisas, tudo parece simples e óbvio aos olhos de quem não necessita de mais profundidade que as análises macroeconómicas de Marx ou do Tio Patinhas, entre as quais, verdade se diga, não há assim tão grandes diferenças.
Mas há sempre areia...parece que, por exemplo, os desalmados burgueses de Wall Street deram (muito) mais dinheiro a Obama do que ao "candidato da direita", e por cá, basta saber quem manda na PT, no BCP, na CGD, na Maçonaria, etc, etc, para perceber porque razão Sócrates não tem razões de queixa.
Não é que Obama e Sócrates sejam herdeiros de Marx, embora por vezes zurrem como se fossem, mas os tais empresários egoístas e selvagens , o tenebroso "capital", na algaraviada esquerdista, parecem ter uma tão boa relação com a esquerda, que o proletariado parece cada vez mais estar à direita.
O BE, por exemplo, jura que defende o "proletariado", e um tipo ouve e ri, porque é justamente o partido com maior proporção de eleitores das classes médias-altas. Se o tio Louçã e o seu barco de lazer são proletários, eu sou um ovo cozido.
Pelo que, em suma, pôr-se esta gente a arengar patacoadas marxistas para explicar e "vencer" a crise, é tão adequado, útil e moderno como desatar a cantar a Internacional e o Força Força Companheiro Vasco.
UM FASCISTA NO PARLAMENTO EUROPEU....
Daniel van der Stoep, membro do Parlamento Europeu pelo PVV (partido de Wilders), foi finalmente acusado de ‘fascista’ no Parlamento Europeu. (Artigo traduzido do blogue holandês Dagelijkse Standaard.)
Fez alguma declaração absurda sobre imigração? Disse alguma coisa tosca sobre mesquitas? Apresentou alguma lei que limite drasticamente os direitos civis dos muçulmanos? Tinha alguma solução original para resolver o problema dos ayatollahs iranianos?
Nada disso: apenas colocou o dedo na mais dolorosa ferida do Parlamento Europeu. Não, não é a falta de democracia. A mais dolorosa ferida são os rendimentos deste clube, in casu os de José Manuel Durão Barroso, o Presidente da Comissão Europeia.
Soube-se há umas semanas atrás que a Comissão Europeia declarou no ano passado 4 milhões de euros em viagens, jantares e outros custos. Durão Barroso estava no topo da fasquia com 730 mil euros de despesas declaradas. A holandesa Neelie Kroes declarou uns modestos 55 mil euros.
Parece-nos tratar-se de um ponto de vista perfeitamente legítimo! Na Inglaterra e na Holanda é mais do que evidente que é possível exigir que os recibos de declarações de despesas de membros do governo sejam tornados públicos. Mas não é assim no Parlamento Europeu. Se Durão Barroso realmente gastou 2000 euros por dia em viagens, ou se constituiu uma enorme colecção de óculos de sol Ray-Ban nunca saberemos…
O parlamentário do SPD e presidente da facção socialista no parlamento, Martin Schulz, acha que transparência neste domínio é indesejável e no meio do discurso de Durão Barroso desatou aos berros na direcção do parlamentário do PVV, acusando-o de ‘fascista’! Mais tarde, numa entrevista para a TV-holandesa, nega que o insulto foi dirigido ao parlamentário holandês mas sim ao inglês Nigel Farage (UKIP). Quando o jornalista o confrontou com o facto de Nigel Farage recentemente ter sido multado por ter comparado Van Rompuy com um esfregão, Schulz nega agora ter utilizado a palavra fascista e, furioso, vira as costas e vai-se embora.
(Tradução da intervenção do parlamentário Daniel van der Stoep que podem ver aqui em video do YouTube.)
Daniel van der Stoep: Obrigado Sr. Presidente.
Sr. Barroso, abertura e transparência são a condição básica de toda e qualquer democracia que se auto-estima. Se as despesas de dirigentes não podem ser controladas pelos cidadãos cria-se uma situação de ganância e enriquecimento próprio, como vimos o ano passado em Inglaterra.
Sr. Presidente, foi dado a conhecer na imprensa holandesa que no ano de 2009 o Sr. Barroso declarou despesas no valor de 730 mil euros. Isto não é apenas uma quantia ridícula, de tão exagerada, mas é também uma realização notável: quem é que consegue declarar 2 mil euros por dia, uma prestação de se lhe tirar o chapéu Sr. Barroso.
Sr. Presidente, agora a sério, o controlo democrático destas declarações de despesas é lamentável: o carimbo de aprovação é dado por peritos de contas internos e pessoas escolhidas previamente. Sr. Presidente, insisto que esta comissão, e o Sr. Barroso em particular, abandonem esta prática de encobrimento e que estas declarações sejam tornadas públicas e colocadas na Internet de forma que qualquer cidadão europeu esteja ao corrente destas despesas.
Fico à espera de uma reacção.
Reacção de Durão Barroso: (Em inglês perfeitamente compreensível para quem não andou a agredir os professores com cadeiras e mochilas durante as aulas)
Daniel van der Stoep: Obrigado, segundo o Sr. Barroso o Parlamento pode verificar as declarações de despesas, mas isto é naturalmente um disparate, aqui tudo se passa atrás de portas fechadas e é tudo encoberto. Se o Sr. Barroso realmente quer justificar as suas despesas pode torná-las públicas, se não quer, pode simplesmente admitir este facto. Sr. Barroso, se o senhor cumpre todas as regras não vejo razão nenhuma para não colocar os recibos na Internet ou então o senhor tem medo da reacção dos cidadãos – mostre os recibos publicamente.
Neste momento o parlamentário alemão do SPD, Martin Schulz, interrompe o discurso de Durão Barroso para acusar Daniel van der Stoep de ‘fascista’!!!
sexta-feira, 12 de março de 2010
quinta-feira, 11 de março de 2010
Das "questões de liderança" e dos "grupos informais"
Diálogos progressistas e socráticos
Zé: Porra, aumentaram os impostos!
Coisas da "Europa" ou onde fica a Europa?
quarta-feira, 10 de março de 2010
A culpa foi do professor que não se desviou da cadeira
Um rapaz de 12 anos agrediu violentamente um professor, na sala de aula e em frente aos colegas, atirando-lhe com uma mochila na cara e batendo-lhe com uma cadeira nas pernas.
O professor agredido ficou de muletas e psicologicamente abatido. O aluno agressor continua, impávido e sereno, a frequentar as aulas como se nada fosse. Uma vez que se tratou de uma situação relatada pelos jornais, será tratada de maneira diferente: haverá a instrução de um processo disciplinar. Caso a agressão não fosse notícia, o aluno agressor levaria, quanto muito, um raspanete. Nada que o maçasse. Assim é completamente diferente: uma montanha de papeis será movida pela directora de turma do menino, que é a instrutora do processo disciplinar, e simultaneamente a maior castigada com esta situação.
Durante a fase de instrução serão ouvidas as 15 testemunhas, o agredido, o agressor, os encarregados de educação, o cão, o gato e o periquito do aluno, e ainda o sociólogo, o psicólogo, o animador, e o pedagogo, todos eles da escola, ou caso nela não existam, da delegação do PS ou do BE que estiverem mais próximas. No fim, todos concluirão invariavelmente o mesmo de sempre: o menino não tem culpa de nada, porque é uma vítima inocente da sociedade capitalista; a agressão não passou de uma resposta a uma ordem opressora; quem vai para professor tem de saber motivar as crianças, centrar o ensino nos seus desejos e ansiedades, e ter agilidade para se desviar de objectos em movimento. Principalmente mesas, cadeiras e sapatos. A instrução irá apurar ainda, que no dia da agressão, o professor corrigiu os testes a vermelho, facto por si só traumatizante para a turma, e se esqueceu de dar os bons dias aos alunos.
Assim, com os representantes do eduquês em maioria, concluir-se-á que o aluno agressor não pode ser responsabilizado, e que o professor é que não cumpriu com as regras de boa educação. Ao decente ser-lhe-á ainda recomendado que, da próxima vez, seja mais rápido a desviar-se da cadeira e que frequente uma formação para melhorar as suas competências de relacionamento inter-pessoal.
-
Alguém me explica porque têm a GNR e a justiça(?) que meter o nariz para saber se quem trabalha na pastelaria lá está dentro ou não?
-
Um dos pilares do liberalismo e do mercado livre, é a constatação, colhida da prática, de que a concorrência, a livre formação dos preços, ...