Através de um advogado da Arábia Saudita que representa oito organizações muçulmanas do Médio-oriente, o diário Politiken pediu no sábado desculpas ao Islão por ter publicado de novo em 2008 os célebres cartoons de Maomé.
Este diário de esquerda foi o primeiro o quebrar o acordo existente na imprensa dinamarquesa para não pedir desculpas e não ceder à chantagem islâmica. Várias publicações na Dinamarca acusaram já em termos bastante fortes Politiken por “colocar a liberdade de expressão à venda…”
Num gesto de solidariedade com a imprensa dinamarquesa, especialmente com o ameaçado de morte Kurt Westengaard, sobretudo no momento em que pelos vistos, mais uma vez a esquerda, resolve pedir desculpas ao Islão, aqui vai um poema para alegrar a malta – mas na realidade o que faz falta é mesmo avisar a malta…
De Manuel Alegre que, sem o saber, foi meu camarada à distância na noite das trevas - ele em Argel, eu em Haia - onde tantas vezes ouvi este fantástico poema cantado pelo meu conterrâneo Adriano Correia de Oliveira:
Há sempre uma candeia
dentro da própria desgraça
há sempre alguém que semeia
cartoons no vento que passa.
Mesmo na noite mais triste
em tempo de servidão
há sempre alguém que resiste
há sempre alguém que diz não.
dentro da própria desgraça
há sempre alguém que semeia
cartoons no vento que passa.
Mesmo na noite mais triste
em tempo de servidão
há sempre alguém que resiste
há sempre alguém que diz não.
27 comentários:
Gostava de saber porque é que o acto de criticar é uma legitima manifestação de liberdade de expressão e o acto de pedir desculpas já não o é.
Muito simples, porque este pedido de desculpas é uma "proposta que não se pode recusar".
É uma chantagem de terroristas - ou pedes desculpa ou ficas sem cabeça...
Não faz, de facto, sentido pedir desculpas, tanto mais que havia um pacto entre os editores dinamarqueses para não cederem perante chantagens.
E, pedir desculpas por quê?
É muito mau! Ceder perante as ameaças e chantagens de fundamentalistas. É este erro que uma democracia não pode, não deve cometer.
Há uns anos atrás li uma reportagem sobre um soldado russo, veterano da II. Guerra Mundial. Ele disse: "Sempre que via os meus filhos, ainda crianças, e vejo agora os meus netos, estou consciencia tranquila. Sei porque lutei. Lutei contra aqueles que nem para escravos nos queriam. Lutei pelo futuro do meu povo..."
Durante seculos os nossos antepassados lutaram contra regimes ditatoriais (absolutismo, inquisição, fascismos, comunismos, etc), até que se conseguiu o Estado demcrático de direito, aonde os direitos do homem são respeitados. Após tantas lutas, guerras, sofrimento. Agora a nossa geração foge cobardemente da luta, e deixa as novas ditaduras erodir os nossos direitos, ditaduras estas que começaram lentamente a atacar as bases da nossa civilização. O primeiro direito que querem coarctar é o direito de expressão. É só conseguirem, para continuarem...
Que nojo.
Julgo que o que não se pode fazer é criar um clima de trincheira do tipo ou estás comigo ou estás contra mim.
Parece-me perfeitamente aceitável que alguém (neste caso um jornal) ache que os cartoons foram um ofensa gratuita às pessoas que têm por fé a religião muçulmana.
Assim como acho perfeitamente legitimo que alguém considere que está no seu pleno direito de liberdade de expressão publicar uns cartoons que podem ser ofensivos para um determinado grupo de pessoas e para as suas crenças.
O que eu não acho natural é que se aplauda uns e se demonize outros.
Caro EJSantos,
O direito de liberdade de expressão depende de nós próprios. Enquanto tivermos vontade que o mesmo exista basta abrir a boca para que o mesmo faça sentido.
O problema (e agora não estou a falar de ninguém deste espaço) são os arautos da liberdade de expressão que camuflados de uma pertensa defesa dessa liberdade querem apenas impor uma versão limitada da mesma.
Pedir desculpa por ter manifestado uma opinião legitima é mau, muito mau, é um sinal de cobardia e,
pior,é o principio do fim da liberdade de expressão.
É que se há alguma coisa que caracteriza aquilo a que se chama a civilização europeia é a liberdade de expressão, liberdade esta, recente e ainda com muitas limitações.
E ainda por cima o jornal que pediu desculpas nem parece ter sido o que publicou os cartoons.
Stran disse: ”não se pode fazer é criar um clima de trincheira do tipo ou estás comigo ou estás contra mim.”
Tem toda a razão Stran, para quem nos quer cortar o pescoço, por vezes nem sequer a protecção do estado é suficiente, quanto mais uma trincheira! Viu o que ia acontecendo há dias ao Kurt Westengaard?
Stran disse: ”….foram um ofensa gratuita às pessoas que têm por fé a religião muçulmana.”
Stran, creio que já tivemos esta discussão? Se não é verdade peço antecipadamente desculpa.
O cartoon do profeta com uma bomba nos cornos nem é ofensa nem nunca pode ser gratuito, é simplesmente lógico. Como você sabe, em nome de Maomé mata-se gente todos os dias – isto não é muito ofensivo para si, porque ainda não lhe apertaram os calos, ou a um seu familiar…
Uma ofensa gratuita - às pessoas que têm por fé a religião Budista - seria fazer o mesmo desenho com a figura de Buda!
Outro exemplo: Se o Kurt Westengaard fizesse um desenho do Papa com a mitra transformada em bomba, isto era neste caso uma ofensa gratuita, em todo o caso absurda! Mas se ele fizesse um desenho do Papa a apalpar a peida dos putos que ajudam à missa já não era uma ofensa gratuita, era apenas a pura realidade e consequência do celibato…
@ CdR
Viu o que ia acontecendo há dias ao Kurt Westengaard?
Vi. Só que acho que isso é misturar temas. Eu nunca argumentei que não existem maluquinhos. O que eu não vejo é, com a mesma enfase, a apontar o dedo a um dos maiores problemas dos ultimos tempos: o crescimentos da extrema-direita e de apologia de politicas de extrema-direita. É que quantos elementos do radicalismo muçulmano chegaram a cargos de poder politico? E quantos de extrema-direita?
Stran, creio que já tivemos esta discussão?
Parecido. O meu ponto desta vez é ligeiramente diferente. Eu não estou a classificar os cartoons de ofensa gratuita. O que eu estou a dizer é que, numa sociedade plural e com liberdade de expressão, é perfeitamente legitima essa opinião e que os mesmos gozem da mesma liberdade de expressão que muitos defendem aquando do caso dos cartoons.
Ou seja, eu defendo a liberdade de expressão tanto num caso como noutro.
Agora esta tentativa de tornar o discurso anti-muçulmano politicamente correcto é que para mim é um contracenso completo.
"o crescimentos da extrema-direita e de apologia de politicas de extrema-direita"
Dê aí uns exemplos.
As caricaturas são elogios a maomé, pois o islão é baseado naquilo que maomé disse e fez e os desenhos representam isso mesmo.
Os muçulmanos só têm e devem pedir desculpas aos caricaturistas e pedirem por mais desenhos.
Se o não fizerem estão a insultar maomé.
Leitor
Stran disse: ” Vi. Só que acho que isso é misturar temas. Eu nunca argumentei que não existem maluquinhos.”
Stran, você está a gozar comigo? O post não é sobre os cartoons dinamarqueses? O Kurt Westengaard não é o cartoonista deste cartoon?
É que se você quer gozo seja honesto e avise? Olhe até vou parar aqui de escrever e vou fazer outra coisa para me acalmar, que é para não dizer coisas que depois me arrependa…
Volto mais tarde quando estiver mais calmo, tá.
"Esta mensagem foi removida por um administrador do blogue."
Cheirava a phishing chinês que tresandava.
"Stran, você está a gozar comigo"
Não creio.A explicação é mais simples: STran não tem ideia de que é que se está a falar e debita umas frases pias à Fernando Nobre e à Boaventura Sousa Santos.
O CdR sobrestima o nosso amigo Stran.
Ele parece naive, porque é mesmo naive.
Rio Doiro disse: ”Esta mensagem foi removida por um administrador do blogue. Cheirava a phishing chinês que tresandava.”
Engana-se, era um blogueiro Japonês a perguntar ao Stran se o tradutor japonês dos Versículos Satânicos de Salman Rushdie, o sr. Hitoshi Igarashi, que foi assassinado em 12 de Julho de 1991, se também era um maluquinho?
Stran,
Partimos do princípio, como já lhe expliquei, que o único que está aqui a misturar temas é você. Não lhe levo desta a vez a mal, mas por favor não repita a alarvidade…
Acerca da extrema-direita: o tal tema que você enfiou aqui à pressão, mas que está completamente off-topic. Como você sabe eu sou muito ecuménico e dou-te bem com toda a gente, por isso, não me importo nada que você seja ou faça a apologia da extrema-direita – logo que os seus argumentos sejam lógicos, honestos e se possível bem escritos.
Stran disse: ”eu defendo a liberdade de expressão tanto num caso como noutro.”
Quer dizer, o Kurt Westengaard e o Salman Rushdie têm respectivamente o direito de desenhar ou escrever o que quiserem, e os outros têm o direito de os matar…
Stran, faça mais um esforçozinho, porque o seu comentário não é lógico nem tão pouco está bem escrito – mas creio que é honesto…
O-Lidador disse: ”O CdR sobrestima o nosso amigo Stran. Ele parece naive, porque é mesmo naive.”
Digamos que agora, que já estou comido e bebido, estou mais apto a sobrestimar o Stran mais um bocadinho que ele é bom rapaz…
OUTRA COISA, E ISTO É PARA TODOS:
Eh pá, já se deram ao trabalho de ouvir o poema do Alegre cantado pelo meu conterrâneo de Avintes, o Adriano Correia de Oliveira?
Concentre-se e imaginem ouvir isto nos anos 70, com os nossos 20 anos, uns bem bebidos, outros bem fumados, no exílio, longe da pátria, sem saber quando poderíamos voltar… as lágrimas a misturar-se com o tinto a martelo comprado na loja do Nobre (a única tasca portuguesa num raio de 500 quilómetros).
Sim, Carmo da Rosa, há sempre alguém que diz não.
Neste momento, dezenas de presos políticos repetem o não de Orlando Zapata Tamayo. Mas, provavelmente, eles não receberão a mesma reprimenda do presidente brasileiro e nem serão manchetes. Pífias, é verdade, mas nem essas.
Qual canção cantaríamos?
"O direito de liberdade de expressão depende de nós próprios. "
Caro Stran... Oh, Stran! Que conversa é esta? De que me vale abrir a boca para exercer o meu direito de expressão, se em consequencia disso levo um tiro na moina ou se me degolam? Já agora, sabe que pelo Natal a policia dinamarquesa apanhou um fundamentalista muçulmano (se bem me recordo. de origem somali) a tentar invadir a casa de um dos caartonistas, para o assassinar?
Muitos I'm sorry, mas não tenho o minimo de compreensão para estes tarados.
Nausicaa,
É verdade, Orlando Zapata morreu na prisão com 47 anos apenas por ter uma opinião diferente da usual no paraíso socialista!!!!! Se o pobre Zapata fosse muçulmano e tivesse morrido em Guantánamo teríamos que ouvir sermão e missa cantada…
PS. Já ouviu o Adriano Correia de Oliveira? Não me diga que não é quase tão bom como o Chico B da Holanda…
EJSantos,
”apanhou um fundamentalista muçulmano (se bem me recordo. de origem somali)”
Sim somali, e o Kurt safou-se porque tinha em casa uma cagadeira especial em forma de bunker. Mas o Stran acha que é um incidente com um maluquinho! E no Natal tivemos o ‘maluquinho’ da Nigéria, devidamente treinado pela Al Qaeda no Iémen, que tentou fazer explodir um avião em pleno voo entre Amesterdão e Nova Iorque.
Estamos rodeamos de maluquinhos à solta e não temos psiquiátras que chegue...
Caro Carmo da Rosa,
Eu busquei a imagem - camaradas, distância, noite das trevas, enfim, uma saudade sem saber bem do quê de tão doída - da época ao ouvir esse poema cantado.
Lindo! De arrepiar os pêlos! Seria um réquiem para os "dissidentes" cubanos.
Quanto à comparação, há épocas para tudo, até para Chico Buarque, que perdeu há muito tempo sua musa inspiradora: a ditadura brasileira.
Quanto à ditadura cubana, por aqui muitos ainda ouvem aquele mesmo Chico, e, provavelmente, ouviriam Adriano Correa de Oliveira, hoje, não por protesto solidário [se posso classificar assim], mas por contentamento. Cuba para esses continua o máximo!
Nausícaa, São Paulo disse: ”uma saudade sem saber bem do quê de tão doída”
A saudade é mesmo assim, não se sabe bem de quê, é como o amor, é louco:
O amor é louco
Não façam pouco
Desta loucura
Talvez quem ria
Fique algum dia
Louco e sem cura
Só quem não sente
Fala da gente
Já percebi, que vão falando
Também eu ando
Louco por ti
É como diz aqui o fadista, só quem não sente, quem nunca experimentou o exílio, não gosta de…………FADO.
Em Miami devem certamente circular canções cubanas do mesmo tipo, com os Adrianos cubanos a cantar precisamente as mesmas coisas. Não conheço mas gostaria muito de ouvir.
Nausícaa, São Paulo disse: ”Chico Buarque, que perdeu há muito tempo sua musa inspiradora: a ditadura brasileira.”
Muito bem dito, e o que faz, ou o que canta agora o nosso Chico?
Leo disse: ”Com se dúvidas houvesse.”
Não há dúvidas caro Leo, mas este depoimento vai fazer muito jeito cá à malta…Obrigado.
CBN vai a Londres entrevistar Anjem Choudary
http://menteconservadora.blogspot.com/2010/03/cbn-vai-londres-entrevistar-anjem.html
O mesmo que,
UK Muslim Leader: Islam Not a Religion of Peace
mas num post em português.
Leo
Boa Leo, para quem ainda tivesse algumas dúvidas....
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