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Fez alguma declaração absurda sobre imigração? Disse alguma coisa tosca sobre mesquitas? Apresentou alguma lei que limite drasticamente os direitos civis dos muçulmanos? Tinha alguma solução original para resolver o problema dos ayatollahs iranianos?
Nada disso: apenas colocou o dedo na mais dolorosa ferida do Parlamento Europeu. Não, não é a falta de democracia. A mais dolorosa ferida são os rendimentos deste clube, in casu os de José Manuel Durão Barroso, o Presidente da Comissão Europeia.
Soube-se há umas semanas atrás que a Comissão Europeia declarou no ano passado 4 milhões de euros em viagens, jantares e outros custos. Durão Barroso estava no topo da fasquia com 730 mil euros de despesas declaradas. A holandesa Neelie Kroes declarou uns modestos 55 mil euros.
Parece-nos tratar-se de um ponto de vista perfeitamente legítimo! Na Inglaterra e na Holanda é mais do que evidente que é possível exigir que os recibos de declarações de despesas de membros do governo sejam tornados públicos. Mas não é assim no Parlamento Europeu. Se Durão Barroso realmente gastou 2000 euros por dia em viagens, ou se constituiu uma enorme colecção de óculos de sol Ray-Ban nunca saberemos…
O parlamentário do SPD e presidente da facção socialista no parlamento, Martin Schulz, acha que transparência neste domínio é indesejável e no meio do discurso de Durão Barroso desatou aos berros na direcção do parlamentário do PVV, acusando-o de ‘fascista’! Mais tarde, numa entrevista para a TV-holandesa, nega que o insulto foi dirigido ao parlamentário holandês mas sim ao inglês Nigel Farage (UKIP). Quando o jornalista o confrontou com o facto de Nigel Farage recentemente ter sido multado por ter comparado Van Rompuy com um esfregão, Schulz nega agora ter utilizado a palavra fascista e, furioso, vira as costas e vai-se embora.
(Tradução da intervenção do parlamentário Daniel van der Stoep que podem ver aqui em video do YouTube.)
Daniel van der Stoep: Obrigado Sr. Presidente.
Sr. Barroso, abertura e transparência são a condição básica de toda e qualquer democracia que se auto-estima. Se as despesas de dirigentes não podem ser controladas pelos cidadãos cria-se uma situação de ganância e enriquecimento próprio, como vimos o ano passado em Inglaterra.
Sr. Presidente, foi dado a conhecer na imprensa holandesa que no ano de 2009 o Sr. Barroso declarou despesas no valor de 730 mil euros. Isto não é apenas uma quantia ridícula, de tão exagerada, mas é também uma realização notável: quem é que consegue declarar 2 mil euros por dia, uma prestação de se lhe tirar o chapéu Sr. Barroso.
Sr. Presidente, agora a sério, o controlo democrático destas declarações de despesas é lamentável: o carimbo de aprovação é dado por peritos de contas internos e pessoas escolhidas previamente. Sr. Presidente, insisto que esta comissão, e o Sr. Barroso em particular, abandonem esta prática de encobrimento e que estas declarações sejam tornadas públicas e colocadas na Internet de forma que qualquer cidadão europeu esteja ao corrente destas despesas.
Fico à espera de uma reacção.
Reacção de Durão Barroso: (Em inglês perfeitamente compreensível para quem não andou a agredir os professores com cadeiras e mochilas durante as aulas)
Daniel van der Stoep: Obrigado, segundo o Sr. Barroso o Parlamento pode verificar as declarações de despesas, mas isto é naturalmente um disparate, aqui tudo se passa atrás de portas fechadas e é tudo encoberto. Se o Sr. Barroso realmente quer justificar as suas despesas pode torná-las públicas, se não quer, pode simplesmente admitir este facto. Sr. Barroso, se o senhor cumpre todas as regras não vejo razão nenhuma para não colocar os recibos na Internet ou então o senhor tem medo da reacção dos cidadãos – mostre os recibos publicamente.
Neste momento o parlamentário alemão do SPD, Martin Schulz, interrompe o discurso de Durão Barroso para acusar Daniel van der Stoep de ‘fascista’!!!
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