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quinta-feira, 27 de outubro de 2011

A intervenção na Líbia


Tentando responder à pergunta do JPP, qualquer observador desapaixonado percebeu que a intervenção da NATO não se destinou a “proteger civis” e que este objectivo serviu apenas como eufemismo politicamente correcto através do qual o vício pagou tributo à virtude.
Também é claro como a água que o que aí vem é, com grande probabilidade, um poder tão ou mais hostil do que o de Kadafi, e certamente mais duradouro, porque enraizado na visão maniqueísta típica do Islão (Dar al Islam versus Dar al Harb).

Não é razoável que os poderes ocidentais ignorassem estas realidades. Elas eram óbvias a qualquer pessoa minimamente interessada nas relações internacionais.

A questão que, no fundo, Pacheco Pereira coloca é: porque razão se avançou nesta direcção?

Ele fala de hipocrisia, num tom claramente condenatório, e no fundo, acaba por falar do petróleo.

A meu ver há duas respostas possíveis:

1- O petróleo e o gás.
A determinada altura acreditou-se na teoria do dominó e algumas chancelarias europeias previram que Kadafi cairia tão facilmente como Ben Ali e Mubarak. Dados os importantes interesses económicos em jogo, e os vitais fluxos de hidrocarbonetos, alguns países europeus, nomeadamente a França, apressaram-se a colocar as suas fichas nas casas vencedoras ou seja, deitaram os foguetes antes da festa. Uma vez feita a aposta estratégica, e como Kadafi não colaborou, não havia alternativa racional senão forçar activamente a sua saída, a não ser que se quisesse viver com um louco vingativo aqui ao lado. Relembre-se que Kadafi não só apoiu o terrorismo (de extrema esquerda e islâmico) na Europa, como criou um programa nuclear e chegou mesmo a alvejar, com mísseis Scud, território italiano.
Esta hipótese explica bem o empenhamento dos países europeus e o facto de ter sido a França a lançar as hostilidades enviando a sua aviação, minutos depois de uma resolução do CS.

2- Eurábia
Há tempos li um livro de Bat Ye'or, que dava conta de um documentado conluio euro-árabe, para institucionalizar uma entidade euro-árabe a que ela chamou Eurábia (o termo não é dela, mas sim do Comité Europeu de Coordenação das Associações de Amizade com o Mundo Árabe).
Este conluio teria inspiração francesa, (os franceses, na sua proverbial mania de grandeza, acreditariam que uma Eurabia dominada por eles seria uma potência que estaria em pé de igualdade com as outras superpotências) dataria da década de 70, e incluiria a imigração massiva de muçulmanos para a Europa, (a verdade é que o número de muçulmanos na Europa cresceu de 50 000 para mais de 25 milhões, em menos de 40 anos) a doutrinação multiculturalista, o reescrever dos livros de história para os tornar mais amigáveis em relação ao Islão, acções educativas e intervenções nos media. Apesar de profusamente documentado e até já bastante institucionalizado ( há um “parlamento” euro-árabe) confesso que vi neste livro pouco mais do que uma sofisticada teoria da conspiração.

Neste momento já não tenho tantas certezas. E temo que, a existir tal objectivo, se tenha criado um monstro que está a escapar ao nosso controle e que pode muito bem vir inverter os papéis que estavam no guião.

O que está a acontecer no Norte de Africa é o pior dos pesadelos. Líbia, Tunísia e Egipto vão cair maduros nas mãos da Irmandade Muçulmana e seus proxies. Nada de bom podemos esperar a não ser, talvez, o definitivo acordar dos líderes europeus para a ameaça muçulmana, de fora e de dentro que, desde há 1300 anos, com avanços e recuos, tem a Europa como natural objectivo.

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