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quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Novidade: a incógnita do amanhã

[No ProfBlog navega-se na discussão relativamente a níveis de salário entre o sector público e privado e em relação a uma "alegria" perante a brutal perca salarial dos trabalhadores do sector público demonstrada por quem trabalha no sector privado. Deixei lá este comentário.]


Esta “felicidade” que quem trabalha no sector privado é acusado de sentir por causa dos cortes de quem é dependente do estado revela o grau de desconhecimento ou de militância no absurdo de quem tal defende.

Quem trabalha em, ou priva de perto com quem trabalha no sector privado sabe que esse trabalhador lida a curta distância com a incógnita do amanhã.

… Uma empresa trabalha mal e paga acima da correspondente fasquia. Será que se aguenta?

… Uma empresa tem gente subaproveitada. Será que se aguenta?

… Uma empresa tem gente enredada em processos inúteis. Será que se aguenta?

… Uma empresa perde clientes. Será que se aguenta?

Esta recorrente interrogação mantém fresco que o dia de amanhã é incerto e o de ontem nos expôs à intempérie da qual saímos chamuscados, a perder, desempregados, etc.

A insegurança que transparece agora em quem trabalha para o estado é encarada com espanto apenas na medida em que da cabeça dessas pessoas revela “novidade”.

Qualquer pessoa que trabalhe no sector privado um tempo razoável já passou ou já viu passar por isso muitas vezes.

Pessoalmente já trabalhei em empresas que faliram e já vi falir empresas concorrentes pelos mais diversos motivos e o vector principal que as afligia era o da produtividade versus salários. Seja a falta de produtividade culpa de quem for, a linha de água é definida pela relação entre produtividade e salários. Não é este o único vector, mas é o mais importante em nº de casos e pelo monocórdico resultado. Nas empresas privadas a culpa morre sempre solteira e caso a referida relação se tolde o desfecho tende a ser sempre o mesmo: ou se encaixa uma perca de regalias (salários ou o que quer que seja) ou vai-se parar à rua com mais com menos banzé, com mais ou menos desgaste psicológico.

Vir falar numa espécie de alegria pela desgraça alheia é estúpido. Quanto muito, de alívio por “não ter sido ainda desta que, mais uma vez, levámos pela medida grande”.

Quanto às culpas, repito, é irrelevante. Só no sector público parece encarar-se a falta de produtividade provocada pela incompetência, desleixo, ideologia, amiguismo, etc, numa palavra por culpa da entidade empregadora, como coisa susceptível de ilibar o trabalhador de consequências futuras.

O nível de salários no sector público nunca pode ser encarado independentemente da estupidez de quem decide desaproveitar o trabalhador ou fazê-lo trabalhar para o boneco.

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