Revolução de massas …
Revolução popular …
Levantai-vos, oprimidos de todo o mundo …
… ladainhas antigas.
Bem, a história é hoje substancialmente diferente. Naquela altura, em pleno vigor da cortina de ferro e malgrado aquilo que afirmava quem de “lá” conseguia escapar, o socialismo era uma conquista do homem novo.
No ocidente os eternos idiotas úteis papagueavam o que os seus dirigentes iam beber à terra do leite e do mel para regurgitarem no Hotel Vitória. Cunhal era, em Portugal, o único dirigente dessa esquerda com importância no terreno. Havia excrescências esquerdalhas(1), mas eram trocos de folclore. O PC reinava.
O tempo passou e a cortina de ferro caiu sob o peso da sua própria ferrugem debilitante da zenital estrutura.
Em quase todo o mundo desenvolvido os partidos comunistas desapareceram ou ficaram relegados a curiosidade observável à lupa. Em Portugal não. O PC local minguou, mas aguentou-se pelas bandas dos 10%.
O anquilosamento do PC era notório e as anedotas às “cassetes de Cunhal” eram coisa trivial. Até nesse campo tudo era velho.
Surgiu entretanto o Bloco de Esquerda. Prometia-se uma nova esquerda, pressupondo-se que sem parafusos calcinados. Sol de pouca dura (evidentemente).
O PC podia ser, e é, um partido anquilosado, mas está no terreno, trabalha no terreno. Trabalha. Não é trabalho político meritório porque defende uma ideologia totalitária, defende a negação da democracia. Mas o que tem e representa é tecnicamente conquistado e mantido no terreno. O BE vive da ocasião.
Os BEtinhos nada fazem. Como abutres apenas esvoaçam esperando uma oportunidade para, de para-quedas, se apresentarem como kapitães da malta. Da malta, como quem diz, da malta do PC.
O PC não gosta, evidentemente, e há escaramuças. A cena da provocação do 1º de Maio (há 2 anos?), a cena do ejecção dos indignácaros que aproveitando a manifestação anti-NATO da Intersindical tentaram misturar-se e armar pancadaria e foram isolados pela Intersindical em colaboração com a Polícia de Choque. Em jeito de desafio, a visita de Carvalho da Silva a uma concentração de indignácaros no Parque Eduardo VII. Como no basquet, uns e outros trocam cotovelada a cada salto para posse da rubra bola.
Os BEtinhos nada valem. São uma fumarada de esturricada e charral teoria tentada aplicar ao trabalho alheio.
Este cenário é conveniente porque enquanto marrarem uns com os outros manter-se-ão em acções “simbólicas”.
A Intersindical continua a conseguir juntar uns milhares, cada vez menos, mas os indignácaros apenas umas dezenas, por vezes centenas (enquanto for novidade e as TVs por lá andarem).
É patente que esta malta (uns e outros) se infiltrou em dois importantes miradouros para controlo político: o ensino e a comunicação social. No caso do ensino, conseguiram infiltrar-se no PS (barata tonta) projectando nele as suas bandeiras. Afirmam serem rosinhas de gema mas o que debitam é parvoeira indignácara. No caso da comunicação social infiltraram a generalidade dos órgãos com particular notoriedade para O Público(2).
Nesta altura, os movimentos de “massas” estão reduzidos a bandos de 4, de 10, de 25. Um quarteirão e já é uma épica jornada de luta.
100 idiotas distribuídos por 10 ministérios e temos uma vitoriosa jornada revolucionária, anti-capitalista, anti-neo-tudo-quanto-é-coisa. Vociferar disparates contra os “neo-liberais” fá-los salivar. Nos intervalos, condenam Israel.
O PC aprendeu e também já alinha nessa. Os “jornalistas” de causas seguem-nos ávidos de “informar” no sentido da “cidadania”.
Os próximos tempos vai haver muito disto. Quanto mais apalermadas mais “espectaculares” serão as acções.
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(1) Diziam os anarcas que Arnaldo Matos ia tão à frente, tão à frente da classe operária, que esta não o conseguia apanhar.
(2) Numa sociedade liberal é fundamental a existência de sindicatos mas, com gente desta jaez, o movimento sindical será apenas estratégia política de komité. Suponho que seja uma forma que a Sonae encontrou para ir passando entre as gotas da chuva enquanto implementa umas quantas ignomínias. Os esquerdalhos compram a coisa vendendo a pele alheia.
It is quite gratifying to feel guilty if you haven't done anything wrong: how noble! (Hannah Arendt).
Teste
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Alguém me explica porque têm a GNR e a justiça(?) que meter o nariz para saber se quem trabalha na pastelaria lá está dentro ou não?
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Um dos pilares do liberalismo e do mercado livre, é a constatação, colhida da prática, de que a concorrência, a livre formação dos preços, ...
1 comentário:
O Bloco de Esquerda cumpre uma função muito importante, dá um aval de extrema esquerda à União Europeia.
Não nos esqueçamos que os cretinos do BE são todos euro-fanáticos. Se acham que qualquer coisa vai mal na UE é porque ela está pouco integrada.
Nunca colocam em causa a própria UE e a sua falta de democracia.
Quanto ao PCP...
http://cabalas.blogspot.com/2011/09/saudades-da-uniao-sovietica.html
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