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domingo, 30 de outubro de 2011

Coisas do Dr. Jagodes


Recebi, três dias atrás, um email de Nicolau Saião, que passo a transcrever juntamente com o texto em anexo:

Caros confrades
Foi há minutos distribuído aos órgãos de comunicação mundiais o Comunicado que, em primeiríssima mão, vos enviamos com justificado orgulho e também patriótico.
O caso não é para menos!
Demorámos uns minutos mais a passá-lo a limpo porque o texto nos tinha sido enviado pelo telex e, como sabem, ultimamente o meu telefone tem tido uns problemitas de gestão estrutural a que sou inteiramente alheio, mas adiante pois o mesmo está a suceder a milhentas pessoas e não só sportinguistas...Vejam lá que até adeptos do golfe se tem andado a queixar...
Mesmo nos computadores isso anda a suceder, ]e tugdo uma salgalhada e mesmo jsvc bksdkzvgsjxsdlxnbgsjsxkl.

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“UM INVERNO GLORIOSO”

Do Gabinete Internacional de Relações Públicas (Gabirela) do Professor Doutor José Jagodes, remetido pelo seu assessor e hoje director da sua task force de guarda-costas Comandante Tomás Figueira, recebemos tal como aliás os principais órgãos de informação mundiais o seguinte Comunicado, que passamos a dar, em praticamente primeira mão, aos nossos leitores amigos e mesmo inimigos ou nem tanto.

Recorde-se que o Comandante Tomás Figueira, que é hoje por hoje o delegado e subsecretário-geral, junto à Onesco, das Associações Vigiadas Pelos Serviços Semisecretos, foi o relator do livro branco elaborado no âmbito das investigações governamentais despoletadas pela descoberta fortuita de que agentes duma prestigiada Corporação se entregavam ao acto, a nossos olhos meritório, de estabelecerem verbetes exaustivos sobre todo o cidadão que piasse (praticamente a totalidade da população adulta em exercício) verbetes esses que foram posteriormente fornecidos, para não se inutilizar o trabalho, às secretarias das apostas mútuas, que assim puderam ver os seus ficheiros actualizados (tendo retirado, claro, os muitos pormenores íntimos que neles constavam).

Segue a importante peça estórica:

“Caros concidadãos, salvé!

Volto de novo ao vosso contacto neste Inverno glorioso (que ainda é Outono, mas a meteorologia é felizmente incontrolável e, a propósito, a manifestação antecedendo a Greve Geral é já no dia 24 pf), para desde já desfazer uma atoarda, entre várias outras que aliás garanto nem tiveram origem no gabinete do Monteiro – atoarda essa que rezava ter eu passado à clandestinidade uma vez que, conforme referiu prudentemente o Dr. Rui Rio na Rádio e no JN e cito “parece que se aproxima o fim do regime”.

Desminto formalmente.

E desminto com tanto maior vigor quanto é bem conhecido, podendo mesmo ser atestado por muita gente incluindo os polícias que ciclicamente espreitram o meu chalé/casa de campo sito nos arredores do Bois de Boulogne, que todas as manhãs bem cedinho, aí pelas 11 horas TMG, saio do lar para ir dar as minhas aulas na Sourbonne, onde como se sabe rejo Mecânica Existencial (não correspondendo também à verdade que estaria a dar explicações particulares de Filosofia Peripatética, fora do meu período de serviço oficial, a um moço muito conhecido nos arredores de S. Bento e de Bruxelas que neste momento desempenha o cargo de representante do Brasil, para efeitos comerciais e de prestígio, junto do milieu parisiense absolutamente legal.

Admito que a atoarda, que inclusivamente e sem maldade foi referida até pelo consabido professor Marcelino Ribeiro da Silva no seu programa humorístico domingueiro “As ópiniães do Marcelino, teria partido duma frase minha emitida durante uma conversa telefónica privada com um confrade alentejano, frase essa que uma vez relatada aos chefes do agente e plantada argutamente no mídia habitual, deu origem ao boato.

Mas nessa conversa, que sem temor e porque não tenho nada a esconder como o não tem 20 por cento da população, aqui dou com toda a frontalidade, eu limitara-me a dizer fazendo referencia ao meu querido e actual Sporting e à onda de bons resultados que já vai nas nove vitórias consecutivas que e auto-cito “isto não está para brincadeiras e piadas e chegou a altura de passarmos ao ataque”.

Como qualquer pessoa bem formada, conhecedora dos meandros do futebol e, mesmo, do contexto em que a frase foi pronunciada, facilmente podia conferir, eu fazia alusão à necessidade de gravidade nos treinos e nos derbys para o grande clube de Alvalade aspirar a ser mais uma vez Campeão Nacional.

Os operacionais, que muito possivelmente torcem por um qualquer clube nortenho rival, não tinham o direito de distorcer, como segundo os periódicos usam fazer com frequência (e não estou a citar o Marinho Ipinto) a minha frase inteiramente inocente.

Mas quiseram, de forma tortuosa, dar a entender que eu achava que a malta devia começar a preparar-se para a bernarda, nomeadamente vigiando associações magistrais e irregulares, bem como as outras que não vou aqui referir e que, no anterior consulado do actual habitante de Montparnasse ou de Montmartre, tantos bons serviços prestaram à quadri…ou seja, aos locatários dos edifícios do Terreiro do Paço.

Independentemente disso, já agora refiro, já que me falaram no assunto, que o Dr. Rui Rio, sendo para além de presidente da mais importante autarquia do País (outros dizem que não, que a mais importante é Vila Nova de Gaia e, outros ainda mas em menor número, Lisboa) e também um cidadão bem informado, deverá ter as suas razões para fazer aquela futurologia, pelo que – pois cautela e caldos de galinha nunca fizeram mal a ninguém – talvez seja prudente conservarmos um estadulho ou mesmo uma moca alentejana detrás da porta. Mas isto sou eu a falar…

Recebam, caros concidadãos e meus futuros votantes (pois a revelação em primeira mão aqui fica: vou candidatar-me às eleições para Presidente da República Ibérica, que segundo outro que não o Rui Rio sucederá ao actual reino de Portugal depois da bernarda), recebam dizia eu os protestos da minha profunda estima e, já agora, porque calha em conversa, olhem que a Greve Geral começa já no dia 24 pf, embora antecedida por uma manifestaçãozita).

Com amor patriótico proto-existencial, fica o vosso

José Jagodes (Esquire, Ph.D. e M.D)

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