Afinal trata-se de uma ‘quadrilogia’!
Deus, Pátria, Família e um ENORME ESTADO.
Donos de Portugal é um documentário de Jorge
Costa baseado no livro homónimo escrito por vários dirigentes do Bloco de
Esquerda sobre cem anos de poder económico. O filme retrata a proteção do
Estado às famílias que dominaram a economia do país, as suas estratégias de
conservação de poder e acumulação de riqueza. Mello, Champalimaud, Espírito
Santo – as fortunas cruzam-se pelo casamento e integram-se na finança. Ameaçado
pelo fim da ditadura, o seu poder reconstitui-se sob a democracia, a partir das
privatizações e da promiscuidade com o poder político. Novos grupos económicos
– Amorim, Sonae, Jerónimo Martins - afirmam-se sobre a mesma base.
É possível que os Donos de Portugal, ou seja,
as famílias mais influentes retratadas neste documentário, não se vejam como
socialistas, mas entre o minuto 09:11 e 09:56 o locutor Fernando Rosas faz uma
introdução ao Estado Novo que, na minha opinião, deixa pouca margem para
dúvidas acerca das características socialistas do regime do doutor Oliveira
Salazar:
09:11
O regime tem duas características: por um lado
cria grupos industriais, e por outro mantém uma ganga de pequenas actividades
obsoletas.
São mantidas como?
Como base social do regime e são mantidas
através de dois instrumentos fundamentais: uma é o condicionamento industrial,
que é uma coisa quase surrealista vista aos olhos de hoje, porque significa que
não podes criar uma nova indústria, não podes mexer em nada de essencial na tua
empresa: comprar uma nova máquina, mudar um turno de trabalho, recrutar mais
trabalhadores e despedir. Não podes fazer nada de relevante, desde a criação da
empresa até à modificação do seu funcionamento, SEM A AUTORIZAÇÃO DO ESTADO.
09:56
Isto nem na China!
Os dirigentes do Bloco de Esquerda que
escreveram o livro que esteve na base deste documentário, estão na realidade
mais próximos de Salazar do que por ventura gostariam de admitir!!!
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