Teste

teste

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Marxismo entranhado



Dúvidas houvessem sobre a dualidade esquerda=bom / direita =mau reinante na nossa imprensa e na europeia temos dois excelentes exemplos a pulular na actualidade internacional.


No caso Breivik temos o caricatural da acusação a invocar insanidade e o arguido e sua defesa a negá-la. A motivação desta inversão de papéis é clara: pretende-se demonstrar que quem é acérrimo opositor do multiculturalismo, do actual modelo de integração ou mesmo ouse pôr em causa os ideiais de esquerda deverá ser rotulado de "maluco".


No caso das eleições francesas, e relativamente aos resultados da Frente Nacional, encontramos artigos de opinião (mascarados de notícia) com as seguintes pérolas: «Quanto menos diplomados mais votam na FN. São seduzidos pelo lado anti-sistema e pela denúncia das elites, escreve Le Monde. [...]   A extrema-esquerda apenas atraiu o voto de dez por cento das classes populares, residindo a sua força nas classes médias e, sobretudo, entre os mais diplomados. »


Ou seja, com ares de análise científica, afirma-se que a esquerda é composta por iluminados, cultos e letrados, e a direita é composta por grunhos, influenciáveis e inimputáveis.

9 comentários:

Unknown disse...

Nada de novo Tarzan.

A ideia de que quem não partilha certas ideias tidas como "progressistas", tem uma qualquer deficiência psíquica, é recorrente.

Não foi por acaso que a URSS internava certos dissidentes em hospitais psiquiátricos e tb não é por acaso que se quer aplicar a mesma receita ao Breivik.
Embora eu pense quem o homem tem claros sinais de psicopatia, a verdade é que quase todos os homens podem ser psicopatas.
Quase todos nós somos capazes me matar sem qualquer sentimento de empatia com a vítima, desde que logremos racionalizar o acto.

As mulheres, menos. Por natureza são mais empáticas.

O curioso disto é que há estudos sérios que apontam para a elevada probabilidade de, pelo contrário, serem as pessoas que simpatizam com as ideias esquerdistas, quem sofre de alguns desvios psiquicos ( Nial Ferguson refere estes estudos em "A Guerra do Mundo")

NC disse...

Breivik não tem prazer em matar. Não é um maluco, propriamente dito. Está obcecado com um ideal como qualquer fundamentalista radical. Ele vê o marxismo cultural como uma ameaça semelhante à euforia nazi nos anos 30. Se algum de nós recusasse no tempo até aos anos 20 e se encontrasse num café alemão onde Hitler e "sus muchchachos" tertuliassem? Não teriamos a tentação de cometer uma loucura para nudar o rumo da história? E se uma explosão num café berlinense poderia evitar a morte de milhões de pessoas?

Eu acho que é esta lógica que move o Breivick e os etarras e os jihadistas: a obsessão por um ideal até às últimas consequências.

Unknown disse...

Sim, concordo. Claro que Breivik vê o mundo exactamente assim como diz, e devo dizer que eu tb não ando muito longe dessa visão.

Mas uma coisa é atacar Hitler e sus muchachos, como diz, outra é atacar criançada.

Há aqui uma linha que a maioria da pessoas não atravessaria, excepto em circunstância muito excepcionais.

O ataque dele às estrutura do governo é "normal. Matar o 1º ministro, tb seria "normal".
Os putos, é outra história.

RioD'oiro disse...

Há muitos anos, no então cinema Berna, vi um filme estranho cuja memória Breivik me trás presente.

Tratava-se de um vírus(?) que numa qualquer cidade tinha atacado as crianças e as levava a organizar-se, deitar a luva a armas e atacar os adultos.

Filmes são filmes e o enredo era de tal forma (parecido com The Birds de Hitchcock) que os adultos pegando também em armas de fogo contra-atacavam matando as crianças mesmo dentro da própria casa face ao eminente ataque dos filhos.

A sensação com que se ficava era a de confusão, irritação e inevitabilidade, talvez parecida com a que irá na cabeça de Breivik.

Unknown disse...

O CdR tem alguma razão mas, nadando no caldo cultural em que nada, não consegue evitar associar "progressista" a bom e "conservador" a mau.

Quando diz que o conservador quer regressar aos anos 20, está a fazer uma caricatura mas, de algum modo, é essa a ideia que o termo lhe evoca.

Ora nada mais falso.

"Progressista" é aquele que acredita numa história linear, sempre a melhorar, em direcçâo à apoteose final. Para os marxistas, essa apoteose é a "sociedade sem classes", para os animais da Quinta dos Animais era a Montanha de Açúcar.
Vistas assim as coisas, "progresso" é tudo aquilo que conduza à apoteose imaginada e tudo aquilo que desconstrua os obstáculos.

Qualquer ideia é "progressista", desde que tenha estas características.
Um progressista é pois, um indivíduo com uma religiosidade entranhada, que acredita em amanhãs que cantam, que segue alegremente os flautistas de Hamelin

Um conservador é, basicamente, um céptico e um cínico. Sabe que há coisas que não mudam, outras que se repetem, e, de um modo geral, olha para as tradições com o respeito próprio de quem não sabe se a tábua onde está a mexer é um trave do telhado, ou um mero adereço estético.

Infelizmente a esquerda, dominante, conseguiu fazer equivaler "conservador" a "retrógrado", como se nota pela forma, de certo modo inocente, como o CdR, se refere aos conceitos.

Um conservador é um cínib

Unknown disse...

"em que caldo cultural é que nado?"

O mesmo em que eu nado. Um ambiente cultural dominado pela correcção política, pela ideia de que "progressismo" é, de algum modo, "andar para a frente", para uma situação melhor do que antes.
Um ambiente onde as ideias do marxismo cultural nos cercam nos media, na escola, etc.

Veja o caso assim: se vivesse na Coreia do Norte, o seu caldo cultural ditar-lhe-ia quase toda a sua visão do mundo.
Não está em causa a inteligência, a perspicácia, etc, de cada pessoa.
A esmagadora maioria das pessoas, segue a corrente e adopta as ideias dominantes, como se fossem suas.

Tem de ler Gramsci, para perceber bem este mecanismo a que ele chamava "hegemonia cultural".

Unknown disse...

"Eu acredito no progresso"

Exacto. Confirma o que eu disse, sobre a mentalidade religiosa dos alegados "progressistas". Já expliquei lá atrás.

De resto, parece que o CdR está, mais uma vez a confundir conceitos.

Ao considerar que tudo o que acontece depois é melhor do que tudo o que aconteceu antes, sabe que não está a ser coerente com a realidade das coisas.
Por exemplo, a I Guerra Mundial foi muito mais mortífera do que a Guerra das Laranjas.
E aconteceu depois. Um simples exemplo de que a sua crença é apenas isso.

O genocidio dos judeus, foi muito pior do que o dos arménios. E aconteceu depois.
Outro exemplo.

Eu sou um conservador. E estou a léguas das caricaturas que o CdR faz,para tentar vergar a realidade à crença.

O CdR acha que todas as tábuas onde mexe, e que lhe parecem antigas, são apenas adereços decorativos. E tira-as à vontade.

Eu acho que muitas são isso mesmo, mas há algumas que são as traves mestras do telhado. E que, se as tirar, o telhado pode cair-me em cima.

O que eu gostaria de ter, era a força para tirar as que não servem para nada, cautela para não mexer nas que são essenciais, e sabedoria para as distinguir.
Como me faltam algumas destas qualidade, prefiro ser cuidadoso, conservador, portanto.

Agora, se onde está escrito tábuas, colocar "tradições", perceberá melhor o meu raciocínio.

Go_dot disse...

Não li o tal camarada Gramski, mas li recentemente um artigo, (link) em baixo, de Barry Rubin, no “PJmedia” que desmonta muito bem, este assunto da hegemonia cultural. E assenta como uma luva, no tema geral da continua discussão, sobre etiquetas, socialismo, direita, moralidade etc.

“Uma analise em estilo marxista, para entender e combater a hegemonia (Ideológica) da esquerda.”

O texto integral está aqui.(em inglês)

À laia de engodo, traduzi um par de parágrafos.

[Após a falência dos regimes comunistas]
... a batalha cultural tornou-se mais importante, do que recursos económicos.
A prioridade foi dada em assumir o controle das universidades, escolas e meios de comunicação em geral. Estes seriam usados para promover as ideias da esquerda.


... Como Bill Ayers e colegas propõem no início de 1970, a chave seria, usar a raça o género e povos do Terceiro Mundo (incluindo os imigrantes ilegais e muçulmanos), movimentos homossexuais e outros grupos "marginais", incluindo o chamado lumpen proletariado, agora também dependente de subsídios do estado. Até o planeta Terra foi arrastado para esta farsa, através do aquecimento global. Isso forneceu ao movimento o equivalente cultural e intelectual de armas nucleares.
... Qualquer crítico. Passou a ser acusado de racismo, sexismo, homofobia, e islamofobia. As diversas classes de profissionais e intelectuais, que ririam, se alguém lhes chama-se "inimigos da classe trabalhadora" encolhem-se assustados, perante a sugestão, de serem alcunhados com um dos novos "ismos".

... O capitalismo, enriqueceu largas camadas da população em geral.
O argumento da desigualdade e da injustiça deixou de ser a pobreza como tal, mas a diferença.
Obama, queixa-se de que nem todos têm os mesmos produtos de qualidade.
A táctica, já não é a nacionalização dos meios de produção, (que permanecem em mãos privadas ) mas a redistribuição da riqueza.

Unknown disse...

Sim, essa era a táctica do Gramsci. O pensamento dele é complexo mas pode resumir-se na ideia de que para acabar com capitalismo havia que mudar mentalidades. Não à soviética ( Gulags, repressão, etc), mas com a paulatina substituição dos intelectuais "burgueses", por aquilo que ela chamou de intelectuais orgânicos, intelectuais comprometidos com a causa comunista e que fariam aquilo que ele tb chamou "a longa marcha através das instituições" burguesas.
Ou seja, a ideia era fazer com que as ideias marxistas, em vez de serem impostas pela classe operária, fossem sendo lentamente decantadas nos meios culturais.
A chamada Escola de Frankfurt foi uma espécie de cadinho desta ideia.

O sucesso está à vista.