Artigo traduzido da imprensa
socialista europeia (NRC – Dirk Vandenberghe) que apoia o Barack Obama por
falta de melhor.
Alain Capon, um habitante de Epinay-sur-Orge
de 50 anos de idade, é desde os seus 18 anos um adepto ‘morno’ (o termo é dele)
do Front National. Só a partir de 2011, quando Marine substituiu o pai no
comando do FN, é que ele começou a visitar as sessões do partido.
“Ela está a fazer um trabalho fantástico, tem
muito talento e não tem papas na língua. É a única que conhece e defende o
francês comum. Não vive no passado, como o pai dela. Penso que os seus
resultados eleitorais nos prognósticos são subestimados e que ela vai obter
mais de 20%. Talvez o suficiente para conseguir um segundo turno nas eleições
presidenciais.”
Alain vem de uma família de esquerda.
“Ambos os meus avós eram socialistas e faziam
parte da resistência à ocupação alemã. Tenho muito orgulho neles. Mas os filhos apenas beneficiaram do bem-estar
social que esta corajosa geração criou. Vivem em belas casas, conduzem grandes
carros e querem sempre mais. Votam à esquerda mas vivem à direita. Acho isto
hipócrita. Tenho muito mais respeito pelas sociais-democracias escandinavas,
que construíram um estado providência acessível a todos. Se os socialistas
franceses tivessem seguido este exemplo eu estaria em dúvida em quem votar. Mas
se os meus avós ressuscitassem agora, penso que também votariam na Marine Le
Pen. Pelo menos ela defende os mais necessitados.”
Desde 2005 que Alain precisa de uma cadeira de
rodas para se movimentar. Foi espancado no seu bairro por sete jovens menores
de origem magrebina durante os motins nos subúrbios do mesmo ano.
Este acontecimento está relacionado com o seu
apoio ao Front National?
“Não, de maneira nenhuma. Tratava-se de
violência gratuita. Poderia ter acontecido a qualquer pessoa que estivesse presente no
momento. E quem me salvou a vida foi uma pessoa de idade de origem
tunisina. Sem ele não me tinha safado. Estou-lhe imensamente grato.”
Este acontecimento teve pouca influência na
sua opinião política.
“Não pude suportar o facto dos jovens não
terem sido punidos, porque eram menores. Nunca mais pude exercer a minha
profissão de barbeiro e nos serviços de desemprego não me deram a oportunidade
de aprender uma profissão alternativa. Diziam-me que a minha idade e
deficiência eram um obstáculo para voltar a trabalhar. Isso feriu-me bastante.
Hoje vivo de um subsídio de 720 euros por mês, quando preferia de longe
trabalhar para me sustentar. Toda esta situação é injusta.”
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