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domingo, 22 de abril de 2012

Marine Le Pen é de esquerda…


Artigo traduzido da imprensa socialista europeia (NRC – Dirk Vandenberghe) que apoia o Barack Obama por falta de melhor.

Alain Capon, um habitante de Epinay-sur-Orge de 50 anos de idade, é desde os seus 18 anos um adepto ‘morno’ (o termo é dele) do Front National. Só a partir de 2011, quando Marine substituiu o pai no comando do FN, é que ele começou a visitar as sessões do partido.

“Ela está a fazer um trabalho fantástico, tem muito talento e não tem papas na língua. É a única que conhece e defende o francês comum. Não vive no passado, como o pai dela. Penso que os seus resultados eleitorais nos prognósticos são subestimados e que ela vai obter mais de 20%. Talvez o suficiente para conseguir um segundo turno nas eleições presidenciais.”

Alain vem de uma família de esquerda.

“Ambos os meus avós eram socialistas e faziam parte da resistência à ocupação alemã. Tenho muito orgulho neles. Mas os filhos apenas beneficiaram do bem-estar social que esta corajosa geração criou. Vivem em belas casas, conduzem grandes carros e querem sempre mais. Votam à esquerda mas vivem à direita. Acho isto hipócrita. Tenho muito mais respeito pelas sociais-democracias escandinavas, que construíram um estado providência acessível a todos. Se os socialistas franceses tivessem seguido este exemplo eu estaria em dúvida em quem votar. Mas se os meus avós ressuscitassem agora, penso que também votariam na Marine Le Pen. Pelo menos ela defende os mais necessitados.”

Desde 2005 que Alain precisa de uma cadeira de rodas para se movimentar. Foi espancado no seu bairro por sete jovens menores de origem magrebina durante os motins nos subúrbios do mesmo ano.

Este acontecimento está relacionado com o seu apoio ao Front National?

“Não, de maneira nenhuma. Tratava-se de violência gratuita. Poderia ter acontecido a qualquer pessoa que estivesse presente no momento. E quem me salvou a vida foi uma pessoa de idade de origem tunisina. Sem ele não me tinha safado. Estou-lhe imensamente grato.”

Este acontecimento teve pouca influência na sua opinião política.

“Não pude suportar o facto dos jovens não terem sido punidos, porque eram menores. Nunca mais pude exercer a minha profissão de barbeiro e nos serviços de desemprego não me deram a oportunidade de aprender uma profissão alternativa. Diziam-me que a minha idade e deficiência eram um obstáculo para voltar a trabalhar. Isso feriu-me bastante. Hoje vivo de um subsídio de 720 euros por mês, quando preferia de longe trabalhar para me sustentar. Toda esta situação é injusta.”

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