Nunca nos antigos territórios africanos de Portugal (talvez à excepção de Timor) a liberdade de imprensa passou de chavão. Sempre naqueles países o respectivo poder político controlou toda a informação que circula não só no próprio território como, em larguíssima medida, a que tem origem em jornalistas dos órgãos de informação portuguesa.
O simples facto de haver jornalistas da imprensa portuguesa naqueles territórios deveria levantar as maiores e sistemáticas suspeitas pois se sabe que qualquer tentativa de exercer por alí a liberdade de imprensa resulta numa resposta imediata dos poderes políticos locais por vectores como a ameaça aos imigrantes portugueses, a ameaça à integridade física do jornalista, etc.
Nunca as instâncias do jornalismo em Portugal se sentiram incomodadas em dose equivalente ao atestado de fair-play que a sua distracção confere aos regimes ditatoriais que reinam por aquelas paragens. A recente peixeirada no seio do jornalismo na RTP por causa de um frete propagandístico que aquela estação executou em Angola lembra a indignação do carteirista por lhe terem ficado com parte do troco.
O enésimo golpe na Guiné trouxe-me à memória a última ocasião, já longínqua, em que, tanto quanto me lembro, um jornalista teve a coragem de tirar as ilações que se impunham relativamente ao choque entre exercício de imprensa livre e regimes ditatoriais. João Pereira da Silva, ao serviço da RTP, foi, em 1994, considerado persona non grata pelo regime guineense. Perante a evidente inutilidade da pressão que o regime da Guiné exercia sobre ele, João Pereira da Silva foi "convidado" a comparecer durante o fim-de-semana perante uma figura sinistra do governo local. Tendo contraposto aceder ao pedido mas apenas em "horas normais de expediente", o jornalista acabou carimbado persona não grata. Foi a última vez, que me lembre, que um jornalista português se recusou colaborar na constante farsa que é a informação nos antigos territórios africanos de Portugal. Entretanto, a farsa vai continuando.
It is quite gratifying to feel guilty if you haven't done anything wrong: how noble! (Hannah Arendt).
Teste
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Alguém me explica porque têm a GNR e a justiça(?) que meter o nariz para saber se quem trabalha na pastelaria lá está dentro ou não?
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Um dos pilares do liberalismo e do mercado livre, é a constatação, colhida da prática, de que a concorrência, a livre formação dos preços, ...
2 comentários:
" nos antigos territórios africanos de Portugal (talvez à excepção de Timor)"
Timor é africano!!!???
My God, como vai essa geografia?
Fico contente que tenha dado por isso. Tente agora ler o resto a ver se percebe.
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