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quinta-feira, 19 de abril de 2012

Informação nos PALOPS africanos: a farsa continua

Nunca nos antigos territórios africanos de Portugal (talvez à excepção de Timor) a liberdade de imprensa passou de chavão. Sempre naqueles países o respectivo poder político controlou toda a informação que circula não só no próprio território como, em larguíssima medida, a que tem origem em jornalistas dos órgãos de informação portuguesa.

O simples facto de haver jornalistas da imprensa portuguesa naqueles territórios deveria levantar as maiores e sistemáticas suspeitas pois se sabe que qualquer tentativa de exercer por alí a liberdade de imprensa resulta numa resposta imediata dos poderes políticos locais por vectores como a ameaça aos imigrantes portugueses, a ameaça à integridade física do jornalista, etc.

Nunca as instâncias do jornalismo em Portugal se sentiram incomodadas em dose equivalente ao atestado de fair-play que a sua distracção confere aos regimes ditatoriais que reinam por aquelas paragens. A recente peixeirada no seio do jornalismo na RTP por causa de um frete propagandístico que aquela estação executou em Angola lembra a indignação do carteirista por lhe terem ficado com parte do troco.

O enésimo golpe na Guiné trouxe-me à memória a última ocasião, já longínqua, em que, tanto quanto me lembro, um jornalista teve a coragem de tirar as ilações que se impunham relativamente ao choque entre exercício de imprensa livre e regimes ditatoriais. João Pereira da Silva, ao serviço da RTP, foi, em 1994, considerado persona non grata pelo regime guineense. Perante a evidente inutilidade da pressão que o regime da Guiné exercia sobre ele, João Pereira da Silva foi "convidado" a comparecer durante o fim-de-semana perante uma figura sinistra do governo local. Tendo contraposto aceder ao pedido mas apenas em "horas normais de expediente", o jornalista acabou carimbado persona não grata. Foi a última vez, que me lembre, que um jornalista português se recusou colaborar na constante farsa que é a informação nos antigos territórios africanos de Portugal. Entretanto, a farsa vai continuando.

2 comentários:

Anónimo disse...

" nos antigos territórios africanos de Portugal (talvez à excepção de Timor)"

Timor é africano!!!???

My God, como vai essa geografia?

RioD'oiro disse...

Fico contente que tenha dado por isso. Tente agora ler o resto a ver se percebe.