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quinta-feira, 12 de abril de 2012

Paragem de autocarro




Concelho limítrofe do de Lisboa. Hoje, de manhã. Junto ao portão de uma escola secundária. Um automóvel que pára.
Sai um adolescente dos seus 17 anos. Despede-se da condutora.
— Até logo!
— …
— Não, não é preciso vires buscar-me.
— …
— Não, não tenho passe.
— …
— ‘Tão, fasse cmózoutros…
— …
— O motorista deixa-os entrar todos no autocarro. Senão, quando o autocarro passa no bairro é apedrejado.
— …
— É, é sempre assim. Há bué! Desde que eu cá estou, na escola.
— …
— Os motoristas pensam que eu também vivo lá no bairro…
— …
— Acchh… Se eu tivesse o passe, começavam logo a chamar-me betinho e tal… Não vale a pena. Pagar pra quê? Eu conheço os motoristas fixes e tudo…
— …
— Tchau!
— …
— Acchh… Não há crise! A setôra já não marca falta, já sabe que eu chego atrasado à primeira hora. Senão, tinha que chumbar uma data deles…

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