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segunda-feira, 2 de abril de 2012

Woody Allen; Mais de Mais do Mesmo

Ainda o “Meia-Noite em Paris”;  com a idade vamos ficando mais daquilo que já éramos, e este filme veio mostrar que Woody Allen está velho.


-Os clichés

Os americanos são burros e pretensioso, os europeus são cultos e discretos.

Uma família conservadora desconfia do jovem ‘liberal’ prestes a casar com a filha. O jovem ‘liberal’ é sonhador e sofre com os pais conservadores da noiva, apesar de estarem todos fora dos Estados Unidos.

A filha rica da família conservadora trai o namorado 'liberal' com um intelectual distinto fazendo jus àquela frase do livro do T.Wolfe: ”every girl wants to fuck a star


-As imprecisões

Os 'anos 20' (época para onde o personagem principal é transportado à meia-noite) são filmados a partir de, pelo menos, 1930 porque o livro citado de Hemingway, Fairwell to Arms, foi publicado no final de 1929. Acontece que em 1930, já Hemingway estava de candeias às avessas com Gertrud Stein com quem cavaqueia no filme. Além disso, Cole Porter, que toca piano para estes e outros, já não vivia em Paris desde 1928.

Noutro “transporte no tempo”, Toulouse-Lautréc aparece num dos cabarés de Paris com papel e tinteiro sobre a mesa e aparo em punho, com ar de homem bem comportado e distante da farra envolvente. Tudo isto é bastante improvável, exceto a presença de Lautrec em cabarés e a farra envolvente. Mas o pior e mais incrível é que Lautrec está sóbrio.


-Impossibilidades estéticas e outras conveniências

Na noite da Paris atual de Woody Allen não há grupos de sem abrigo, especialmente jovens, em torno de fogueiras improvisadas.

Na noite da Paris dos anos 20 de Woody Allen, as prostitutas andam na rua em lingerie caríssima.

A Ponte Alexandre da Paris de Woody Allen não tem carros à noite. Mas tem uma chuva que aparece a tempo de abençoar o romance do americano que escreve guiões para filmes e sonha escrever um livro de sucesso, com a francesa que trabalha na loja de antiguidades.

A mulher do presidente francês (no mundo real) é guia turística (no filme). Fala inglês com sotaque francês (como mandam as boas maneiras anti-anglófonas), e resigna-se paciente à ignorância dos turistas americanos, com certeza os únicos no mundo que desconhecem a vida amorosa dos escultores locais.


Estas são aquelas que eu desconfiei e fui procurar. Mas parece-me que há mais, desde logo aquela conversa em francês de Lautrec com os amigos que me pareceu que de francês tem apenas algumas palavras, o resto é outra coisa parecida.

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