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segunda-feira, 26 de julho de 2010

Beatas de esquerda

20 comentários:

Nausícaa, São Paulo, Brasil disse...

Eu duvido que a mão invisível do Deus-Sócrates, ops, Sócrates-Deus tenha conduzido Mano Menezes - o novo "chefe" da seleção brasileira de futebol - ao convocar dois jogadores do Benfica: David Luiz e Ramires, os quais, aliás, já preparavam as malas para partir, partir, viajar...

Ai, paixão! Pois o que só lhes importam são os bolsos dos adeptos!

o holandês voador disse...

CdR,
Almeida Santos já está gá-gá e começa a ter visões.
Pior do que isso é ele ser uma das eminências pardas do PS (e do GOL), o que explica muitas das suas afirmações relacionadas com a justiça. Ele até já sabe que o Sócrates nunca será condenado... Extraordinário.

o holandês voador disse...

CdR,
O GOL (Grande Oriente Lusitano) é a loja maçónica com maior influência em Portugal. Dela fazem parte inúneros notáveis da sociedade portuguesa, como Mário e João Soares, António Arnauth, (pai do Serviço Nacional de Saúde), Eduardo Barroso, António Reis (actual Grão Mestre da GOL), Almeida Santos, Noronha de Nascimento (Presidente do Tribunal de Justiça), Maria Belo (ex-deputada europeia) e por aí fora... Não inclui só membros do PS, mas também figuras ligadas ao aparelho da justiça, banqueiros e políticos de várias matizes. Em resumo, uma "máfia" que, juntamente com a Opus-Dei (esta mais ligada ao sistema financeiro), tem mais poder do que pensam os portugueses, que ainda acreditam nos partidos políticos...
Num país de clientelas e patrocinato, são estas ordens e corporações que detém o verdadeiro poder em Portugal.

o holandês voador disse...

CdR,
Acho que é preciso uma boa "vassourada", que varra esta gente toda para bem longe, pois estes políticos "velhos de ideias" já não têm nada para oferecer nos tempos que correm. Falta um desígnio nacional e não há um projecto que mobilize os portugueses, que ousam pouco e têm medo da mudança (a "não-inscrição" de que fala o José Gil). Aconselho a leitura do seu livro, "Portugal hoje: o medo de existir", que explica parte desta apatia. O resto, é folclore.

RioD'oiro disse...

HV:

"Falta um desígnio nacional e não há um projecto que mobilize os portugueses"

Bastava o projecto individual de cada um e o resto apareceria naturalmente.

Não vou muito nesse sebastianismo de projecto.

o holandês voador disse...

RdO,
Um designio nacional não significa necessariamente uma visão sebastianista. Pode ser um projecto concreto a médio ou a longo prazo. Não faltam exemplos na nossa história recente: a democratização da sociedade portuguesa, após o 25 de Abril; ou a adesão à CEE, nos anos oitenta, para citar apenas dois momentos. Objectivos bem concretos, estabelecidos por políticos com mais visão e que tiveram o apoio da maior parte da população.
Nada disto se passa nos tempos que correm. Em Portugal não existe uma cultura de cidadania e a sociedade civil está amorfa. Não chega a vontade individual.

RioD'oiro disse...

HV:

"Um designio nacional não significa necessariamente uma visão sebastianista."

Pois não mas é esse o vector principal: um projecto emanado de uns quantos iluminados ...

"Não faltam exemplos na nossa história recente: a democratização da sociedade portuguesa, após o 25 de Abril;"

Isso não foi um projecto, foi mais a demolição do projecto anterior e, em particular, a demolição do projecto PREC. Explicando melhor, a grande dificuldade da implementação da democracia residiu não na dificuldade em estabelecer ou implementar o projecto propriamente dito mas em demolir o monstro que, entretanto, foi estabelecido pelos instituidores de projectos da praxe. A partir do 25 de Abril a instituição da democracia foi um projcetozinho que só foi possível implementar depois de demolido um outro ...

"ou a adesão à CEE, nos anos oitenta,"

Aí tem mais um exemplo furado. O projecto de refere apenas foi cumprido nos aspectos formais. O desenvolvimento ficou na fumarada das batalhas entre facções defensoras dos vários sebastianismos.

"Objectivos bem concretos, estabelecidos por políticos com mais visão e que tiveram o apoio da maior parte da população."

Isso é conversa de PC. Cheira a projecto quinquenal que tresanda.

"Nada disto se passa nos tempos que correm."

Ainda bem. O último chamou-se PREC.

"Em Portugal não existe uma cultura de cidadania"

Existe mas o conceito de cidadania que cada um tem é que difere do seu.

"e a sociedade civil está amorfa."

Não sem bem o que é sociedade civil. O povo anda um bocado zonzo sem saber que fazer. Dito de outra forma, as escolhas que tem feito têm saído furadas (como era de esperar).

"Não chega a vontade individual."

Um dos erros que o povo tem cometido tem sido o de acreditar que precisa de uma vontade colectiva. Sim, falta vontade individual, mas não para seguir um sebastianismo centralizado.

O grande projecto que o povo precisa abarcar é o de demolir o centralismo (em sentido lato) cada vez mais tentacular e deixar de ter receio de pensar por si próprio. Para isso terá que demolir barreiras e libertar-se do estado papá, coisa que me parece não estar no horizonte.

Essa coisa do projecto é perigosa no estado em que as coisas estão porque se presta a todo o tipo de PRECs.

Por mim ou há iniciativa de cada um (aquilo a que genericamente se chama liberalismo) ou estamos condenados a ser estado marginal. Repare que aquilo que até agora tem mantido Portugal têm sido os 95% de micro e pequenas empresas. Sócrates pôs isso em causa. Não começou agora mas Sócrates tem sido um bom timoneiro desse projecto. Sócrates tem enterrado o tecido produtivo que existia (por incipiente que fosse) e nada surgiu para o substituir porque, evidentemente, essas coisas não resultam de planeamento.

RioD'oiro disse...

Não sei se o meu comentário ficou completo porque ocorreu um erro qualquer e agora não tenho tempo para feri9ficar.

o holandês voador disse...

RdO,
A cidadania não se decreta. É um longo processo de aprendizagem que leva gerações, quando não séculos, de tradição democrática, participação e práticas humanistas. De democracia, em suma.
Os países do Norte da Europa já conhecem o sufrágio universal e o voto feminino desde o início do século XX, com taxas de alfabetismo da ordem dos 90%, para dar dois exemplos. Há 36 anos atrás, Portugal ainda era o país mais atrasado da Europa Ocidental, com taxas de analfabetismo de 30% e percentagens de mortalidade infantil de 53 crianças por cada 1000 nascimentos.
Três décadas depois, cerca de 10% da população (1 milhão de pessoas) ainda é estruturalmente analfabeta e 45% é analfabeta funcional (não entende o que lê). Não há elites dignas desse nome e o clientelismo e o nepotismo são larvares. Uma herança da ditadura, mas não só (o José Gil diz que deve ter começado mais atrás, talvez na Inquisição). O "colectivismo" de que fala, não é de "esquerda" ou de "direita", mas inerente a uma cultura de subserviência e dependência económica que se perpetua de geração em geração (o ciclo da pobreza). É difícil aumentar a consciência colectiva nestas condições. As pessoas andam mais preocupadas com a sua sobrevivência. Como são relativamente ignorantes têm medo de mudar e a tendência é aceitar a demagogia reinante. Como explicar que Portugal, que já ocupou o 26º lugar no "ranking" de desenvolvimento do PNUD, tenha caído para o 34º lugar? Algo está mal neste modelo de desenvolvimento e, portanto, só dois partidos estiveram continuamente no poder durante todos estes anos.
Mas, quem escolheu os partidos que governam Portugal foram os portugueses, logo...

RioD'oiro disse...

HV:

"A cidadania não se decreta."

Pois não. Cada um que entenda cidadania como quiser.

"É um longo processo de aprendizagem que leva gerações, quando não séculos, de tradição democrática, participação e práticas humanistas. De democracia, em suma. "

Isso é conversa que pretende apenas que a cidadania seja abordada pela via que uns tantos iluminados entendem deva ser.

O resto é conversa de chacha que apenas pretende cimentar a teoria do "cidadão" correcto: aquele que segue a cartilha de cidadão.

A "europa" anda a tentar fazer isso com resultados catastróficos. As pessoas devem, ser donas dos seus próprios destinos, o resto é conversa de pretensos donos do destino alheio.

o holandês voador disse...

CdR,
Não respondi à tua "provocação", por ser isso mesmo (uma provocação). O Wilders é um populista demagogo de extrema-direita, que não tem qualquer desígnio ou programa nacional, para além de querer combater o Islão. É pouco como programa. Não é esse tipo de políticos que Portugal necessita. De resto, demagogia é o que não falta em Portugal...
Não estou de acordo com a opinião do Miguel Sousa Tavares, relativamente às mudanças pós-25 de Abril. Muita coisa mudou e para melhor. Mas da mesma forma que "Roma e Pavia não se fizeram num dia", a herança (do subdesenvolvimento português) era demasiado negativa para ser recuperada em duas gerações. Mas, era possível fazer muito melhor. As prioridades estabelecidas, pelos diversos governos, nem sempre foram as mais correctas; o modelo de desenvolvimento (dadas as características do país) não foi certamente o mais adequado e hoje os portugueses estão a pagar a factura dos erros cometidos nestes 36 anos. Dito de outro modo: estamos incontestavelmente melhor, mas podíamos estar muito melhor. O António Barreto mostra bem esta (aparente) contradição na série de documentários que fez para a RTP. A herança cultural é terrível (em rigor estamos a pagar 350 anos de Inquisição e 48 de Fascismo) e estas coisas não desaparecem em duas gerações. Falta a tradição de uma cultura democrática. No fundo, de "esquerda" ou "direita", os portugueses não se conseguem libertar de uma visão autoritária e dictómica dos fenómenos na sociedade. Falta de traquejo democrático, é o que é...
Uma coisa parece certa: o "modelo" actual está esgotado e, a não haver uma renovação da prática e das ideias da classe política portuguesa, não vamos lá. Podemos inclusivamente piorar, o que seria dramático para o futuro da nossa soberania, mas, "who cares"?

o holandês voador disse...

CdR,
Conheço esse inquéritos sobre a felicidade, onde os dinamarqueses são, invariavelmente, os "mais felizes". Não gostaria de viver num país onde os seus habitantes se consideram os mais felizes...
Se eles têm lá um partido parecido com o PVV, então "algo está podre no reino da Dinamarca"...será o Hamlet?

o holandês voador disse...

CdR,
A felicidade é um sentimento subjectivo. Considerarmo-nos os "mais felizes" ou os mais "infelizes", é uma "boutade". Só um idiota se considera o "mais feliz" em qualquer coisa...isso é tão válido para quem nasce no Canadá, como na Patagónia. A (in)felicidade é intrínseca ao ser humano e não tem nada a ver com o país onde se vive. Um habitante do Haiti, apesar de toda a miséria que o rodeia, pode ser feliz, da mesma forma que um dinamarquês, apesar do bem-estar material, pode ser excepcionalmente infeliz. Os filmes do Bergman ou do Lars van Trier, não falam de outra coisa. Se não percebes estas coisas simples...

Nausícaa, São Paulo, Brasil disse...

Carissímos,

Provavelmente por eu estar fora do contexto, e já metendo minha colher no caldeirão de sopa, considerei que o assunto do post fosse político, mas, noto, pelos comentários, que a coisa avança, ou melhor, é justamente social e econômica.

Eu acabei de ler esta semana, "A economia não mente" de Guy Sorman - ecomonista e filósofo francês. Eu sugiro a leitura de sua entrevista em http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI15069-15295,00-GUY+SORMAN+FALAR+EM+FIM+DO+CAPITALISMO+E+HISTERIA.html

Num mercado dinâmico, as pessoas buscam o melhor para si - aprimoramento em educação e tecnologia, pois está provado que o Estado não é suficiente para estimulá-las, além da chatice dele nos infernizar com sua demagogia irresponsável [o pleonasmo é importante]. Com o passar do tempo, o país constrói uma pirâmide virtuosa em que os melhores efetivamente ficam no topo. Não por acaso os EUA continuam os melhores do mundo a atrair para suas universidades e negócios os melhores do mundo. As "bolhas" são necessárias ao sistema justamente para manter a qualidade de produtos e serviços. Por ex., nos EUA os créditos continuam abertos e alto consumo de casas, carros, planos de saúde, computadores/internet...

A verdadeira "igualdade" acontece num sistema aberto de mercado, por ex., a China que tirou da fome centenas de milhões de pessoas na última década!

Índice de Felicidade? Ora, tão vazio de sentido como "justiça social", "direitos humanos", e outros termos do jargão socialista para azucrinar a vida.

o holandês voador disse...

CdR,
Continuas a não perceber. Eu não escrevi que a Dinamarca é um "bom" ou "mau" país (seja lá o que isso for). O que eu escrevi, é que não gostaria de viver num país (seja ele qual for) onde os seus habitantes se consideram os "mais felizes" do Mundo...
Ou seja, os inquéritos sobre tal coisa (a felicidade) valem o que valem e não devem ser levados a sério.
Conheço dezenas de holandeses que vivem permanentemente em Portugal e dizem-me que não trocavam a "qualidade de vida" do Sul, pela "qualidade de vida" do Norte da Europa. A única pessoa que nunca está de acordo com eles sou eu...
Logo, um holandês pode sentir-se bem aqui, apesar de eu pensar que Portugal não é um país que se recomende. Há alguma contradição nisto que eu estou a dizer? Não, não há; os sentimentos das pessoas são isso mesmo, sentimentos (ou estados de alma, se quiseres) e têm a ver com as suas circunstâncias. De resto, o Homem é fruto das suas próprias circunstâncias, como deves saber...
Resumindo: o que para um dinamarquês, é bom, pode não ser para outro dinamarquês e por aí fora. Percebeste, agora?

Anónimo disse...

Quer dizer, EStiveste ontem a dar lições...

Oh sabão, o verbon é ESTAR e não o TER.

o holandês voador disse...

CdR,
Vê lá se percebes desta vez: não há estudos científicos sobre a felicidade que é um conceito subjectivo. Percebeste?

Anónimo disse...

Ai a felicidade depende da qualidade de vida e é um dado objectivo? sim sim para os materialistas, que por norma são os que se suicidam mais. Este rosa. A felicidade é um dado objectivo e diz isso assim mesmo com estudo cientifcios e tudo, valha-nos deus, como esta pessoa não entende nada.

Anónimo disse...

É preciso ser burro para não entender que a felicidade se baseia em sentimentos e os sentimentos não obdecem as leis do mercado nem da compra a venda, bem em algumas pessoas sim os sentimentos vendem-se e compram-se a integridade não existe mas isso é outra historia.

Se há pessoas que só são felizes rodeadas de bens materiais sempre mais e mais e dizer que isto é felicidade tirando daqui uma regra geral para a felicidade da humanidade, só de mentes idiotas.
o conceito de viver bem com o que uma sociedade poe ao dispor dos individuos não significa felicidade, pois esta é individual ou como dizia um velho filosofo,
"porque procurais ó mortais a felicidade fora de vós mesmos"

o holandês voador disse...

Cdr,
Fui ler o Veenhoven.
Onde é que estas conclusões negam o que eu afirmei?

"In the present day world, there is little relation between income inequality in nations and average happiness of citizens. Controlling for wealth, a slightly positive correlation emerges.There is no clear level of income inequality beyond which happiness declines. Income inequality is not correlated with the inequality in happiness after controlling for wealth. Although income inequality might have downsides, these are apparently outweighed by the positive aspects of income inequality" (Ruut Veenhoven, 2010)

Provavelmente, se ele tivesse alargado o inquérito ao Butão, chegava à conclusão que a maioria da população deste país (constituida por seguidores budistas e xamanistas) era a "mais feliz" do Mundo...Isso quereria dizer alguma coisa?