Deixando de lado um eventual par de casos-excepção em que maralha da esquerda gira (de gerir) algo de seu, quem tem uma empresa não é de esquerda. Evidentemente que o esquerdalho enquadra o empresário na mira da sofreguidão pelo lucro, muito embora pudesse declarar-se, pura e simplesmente, avesso a meter-se em altas cavalarias. …faz lembrar aquele dedo que apontam aos empresários porque serão … retrógrados e iletrados, burros, mas é dedo incapaz de explicar como um sistema de ensino cheio de ideias boas e coisas de piramidal envergadura ética não consegue formar gente com capacidade para naturalmente substituir, com vantagem, os tais asnos. A velha história do tiro no pé.
A generalidade das compras que se fazem paga-se impostos. Paga quem compra e paga quem vende. Paga geralmente mais quem compra. A única coisa que no estado funciona melhor, bem demais porque inventa cobranças deixando ao arpoado zero possibilidades reais de reclamar, é a máquina fiscal. Na generalidade das transacções paga-se impostos.
Mas há umas quantas (poucas) compras que podem ficar fora da torradeira, o caso dos ajustes directos entre particulares e pequenas empresas.
Alguém precisa um trabalho qualquer, e procura quem o possa fazer. Pede orçamento e recebe um papel com o orçamento. O papel não tem identificação, não tem data, é assinado com um gatafunho, estipula preço fazendo notar que não inclui IVA.
O esquerdalho que seja figura pública faz o que qualquer não esquerdalho faz sendo igualmente figura pública. Pede um orçamento formal dando indicação que pretende seguir a coisa pela formalidade. No orçamento formal o preço sobe e, interrogado, o fornecedor clarifica que pela formalidade é obrigado a umas quantas outras despesas (licenças e trinta por uma linha) para manter o processo dentro da lei que a formalidade exige. O esquerdalho figura pública, como o não esquerdalho, paga e não bufa. Num caso como noutro é um “investimento” no futuro (não vá o diabo tecê-las e a coisa saltitar quanto já voar alto).
Mas está fora do anterior cenário o esquerdalho regular. Aquele que é tão crente quanto os crentes do meu quarteirão. Nesse caso o gajo cala-se, mete o orçamento ao bolso, paga a conta e continua mirar a peida da Bonifácia de cada vez que passa por ela na rua … o mesmo olhar trignométrico que o não esquerdalho. Mas uns quantos esquerdalhos, particularmente estúpidos, vão mais longe resolvendo guardar o orçamento e, no acto de pagamento, reclamar o ‘papel’. O empresário, certo que ele recuará, diz-lhe que sim, mas que terá que pagar o IVA de lei. O esquerdalho faz rápidas contas de cabeça e resolve que “então não vale a pena”. A “pena”.
Com as beatas do meu quarteirão a pena são Ave-Marias. Noutros casos, a penitência será o sabor do fel da cedência ao capitalismo e ao lucro desenfreado da fuga aos impostos mas, pelo sim pelo não a culpa fica sempre do lado do empresário que queria que fosse ele a pagar o IVA.
It is quite gratifying to feel guilty if you haven't done anything wrong: how noble! (Hannah Arendt).
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2 comentários:
Esta malta está precisando de rezar o terço 10 vezes por dia!
@ Rio Dioro no dia 23 às 18:39 no post ‘Nem mesmo depois de mortos’: Evidentemente que é uma provocação e, nessa perspectiva, foi frutuosa. Vou fazer um post sobre o respectivo sumo.
É este o tal ‘respectivo sumo’?
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