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quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Avatar

Gosto de cinema. Das histórias e da imagens grandiosas.
Há dias fui ver o sucesso do momento: Avatar.
Não vi em 3D, mas mesmo no ecran tradicional, as imagens são fabulosas e o filme vê-se com prazer.
A ideia de alguém "meter" a sua cabeça dentro de um corpo diferente, não sendo nova, é aqui muito bem explorada.
A história, esse é simples e, contudo, tão radicalmente ideologizada.
Um marine paraplégico vai para um mundo hostil (Pandora), onde os humanos exploram um recurso mineral valioso. A sua missão é controlar um avatar, um corpo do ser mais inteligente de Pandora, e mover-se pelo planeta, em condições que os humanos não estão aptos a fazer, porque a atmosfera não é respirável e porque em Pandora tudo é grande e ameaçador (e muito belo, digo eu).

Trata-se de uma história de amor praticamente decalcada de Pocahontas. Obviamente o marine, no seu corpo de avatar, apaixona-se por uma indígena.

A mensagem do filme é contudo de um radicalismo ambiental próximo das teses da deep ecology.
Estão lá todos os arquétipos e caricaturas:

Uma espécie humana ávida, gananciosa, impiedosa, tecnológica, e sem qualquer respeito pelo ambiente e pelos indígenas.
Um militar bruto, imbecilizado pela violência gratuita, que procura todos os pretextos para usar as armas e o poder.
Um pequeno grupo de cientistas, último reservatório da ética, que acabam a lutar contra os seus, e pelos indígenas.
Um planeta que é incarnação utópica da "Mãe Natureza", uma espécie de "Gaia", com consciência própria, e que está em equilíbrio com todos os seres do planeta, dos quais cuida e mantém em estado de maternal dependência.
Esta Mãe Natureza, está em todo o lado e liga-se aos seres vivos através de sinapses.
Os indígenas têm um apêndice com o qual se ligam à terra e aos animais que montam e usam como meio de transporte. As raízes das árvores ligam-se umas às outras pelas mesmas sinapses, em suma, Pandora é uma gigantesca rede neuronal.
Os indígenas, sendo azuis, grandes e estranhos, comportam-se basicamente como a tribo de Pocahontas.
Quando matam animais para comer, fazem uma choradeira, rezam à Mãe Natureza, e seguem à sua vida.
Os animais que montam não são bem dominados, é uma aceitação mútua que se manifesta pela ligação das sinapses. Vivem em ocos de árvores imensas, não têm tecnologia, usam arcos e flechas envenenadas.
Quem assiste ao filme, toma obviamente partido pelos indígenas e pela "Mãe Natureza", contra os maus, que são os humanos tecnológicos, violentos e exploradores.
Enfim, estão lá todos os bordões maniqueístas.
O final é, obviamente, aquele que David Graber, do U.S. National Park Services imaginava ( “Somos uma praga para nós mesmos e para a Terra") e David Foreman, porta-voz da Ong 'Earth First!', enunciava claramente ("O homemnão é mais importante que qualquer outra espécie... Bem poderia ser que nossa extinção consertasse as coisas”), ou seja, os humanos são derrotados e obrigados a abandonar o planeta, que vive então feliz para sempre.
O herói do filme, comanda os combates contra os humanos, transforma-se num genuíno indígena e vive com a Pocahontas.

Fora o veneno da ideologia subjacente, vale contudo a pena ver o filme pela beleza, pelos efeitos e pela love story.

4 comentários:

Anónimo disse...

Olá Lidador. Pela sua descrição já perdi a vontade de ir ver esse filme.
É preocupante a ideologia eco-imbecil que se vai instalando. E o mais preocupante é a criação de filmes, musicas e BD a inculcar essa ideologia, de uma forma que já faz adivinhar o Fabuloso Mundo Nove, de Huxley (complot para imbecilizar as pessoas?).
Embora tenha preocupações ambientalistas, esta onda de ambientalismo histérico e irracional irrita-me profundamente. E a meu ver afasta as atenções das questões verdadeiramente importantes.
Ejsantos

Anónimo disse...

Ups, queria dizer "Mundo Novo"

Uber disse...

Desde as primeiras resenhas percebi que tirando os efeitos a história não passa de um imenso clichê.
O filme é uma versão futurista interplantetária de "Danças com Lobos" e da já citada "Pocahontas".
Além do radicalismo ecológico, o filme expressa anti-colonialismo, anti-americanismo e aquelas idéias equivocadas sobre o bom selvagem e o oprimido.
Ignorando essas lorotas, parece um bom filme.
Irei assistí-lo mais interessado nos efeitos especiais, principalmente nas armas e na tecnologia de mudança de corpo.

B. B. disse...

Lidador, que se passa com "O triunfo dos porcos" ?