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sábado, 9 de janeiro de 2010

CARTA ABERTA A EURICO MOURA...




Observações de Ramalho Ortigão depois de uma visita ao parlamento holandês sobre a lusitaníssima mania do discurso (A Holanda, pag. 47)

(…) Assim nas câmaras não há tribuna e não há oradores. Ninguém faz o que se chama – o discurso. Diz cada um do seu lugar o que tem a dizer, simplesmente, precisamente, rapidamente. Muitas vezes se procede apenas por perguntas e respostas. O país tiras as conclusões.
Todo o eleito do povo que se lembrasse de tratar dos interesses da nação pondo-se em pé no parlamento, colocando uma das mãos sobre coração, levantando os olhos ao céu e exclamando: Sr. Presidente, sob estas abóbadas, a minha débil voz, etc., seria, sem perda de tempo, amarrado e submetido pela assistência pública a um tratamento de alienado. O dique basta para produzir todos estes efeitos salutares. O dique é para o holandês a contingência eterna de ter juízo, ou de morrer inundado.

Eurico Moura,

Solene, eu?

Sim você! E além de solene gosta de discursar ex-cátedra, passando completamente ao lado do conteúdo e demonstrando um desprezo autista pela opinião dos outros.

Com esta já é a segunda vez que lhe pergunto para explicar porque razão a minha opinião é um chorrilho de disparates e uma troca de idiotices. Muito possível, mas acho que dizer não chega, não lhe parece? Com muito ou pouco estilo é preciso mais alguma coisinha: onde se encontram precisamente os disparates? Mas sobretudo, porque razão são disparates e idiotices?

Mas nada, você – se não fosse a diferença ‘horária’ até acreditava que tinha servido de exemplo à Ramalhal Figura! - continua a debitar os seus grandes discursos, que ficam muito bem a um hipotético presidente da mesa de assembleia da Associação Cultural e Recreativa da Incrível Almadense, mas que neste caso não dá gaivota com perdigota…

Um exemplo

O que me confrange, um pouco, é assistir à discussão de temas que impactam, negativa e dramaticamente, na vida de milhões de seres humanos, em que são intervenientes pessoas como HV, ML e outros, usando argumentos fundamentados em conceitos e observações que são consensuais para sociólogos, economistas, antropólogos, filósofos etc (…)

Pois é, também a mim há muita coisa que me confrange – aposto que esta hipótese nunca lhe passou pela caixa dos pirolitos -, mas a única coisa que realmente me confrange, e a única que interessa para a discussão, são OS PORQUÊS que acima mencionei.

Mas já que estamos em maré do grande discurso e troca de clichés, outra coisa que me confrange é você não perceber que milhares de “conceitos consensuais de sociólogos conceituados” deram origem à construção da Cortina de Ferro, do Gulag e dos killing Fields, que ao que parece tiveram também assim como que um certo “impacto negativo na vida de milhões de seres…” Mas não tenho bem a certeza, quem mo disse não era sociólogo, nem economista, nem antropólogo e muito menos filósofo – foi a minha vizinha do 2º esq…

As pérolas

Em relação às minhas pérolas e como se diz em bom português je persiste et je signe. E enquanto você, com ou sem discurso, não me convencer do contrário, não penso retirar-lhes sequer uma vírgula. Aqui vai aço:

* Os EUA são o nosso único guarda-costas, a nossa única garantia se queremos viver em liberdade e se queremos ter alguma qualidade de vida. (Gostaria até de acrescentar aqui uma observação consensual do Theo van Gogh, é o que se pode arranjar a estas horas, que diz que sem a intervenção americana na Segunda Grande Guerra não haveria democracia na Europa).

* É óbvio que os neo-Chamberlains, apoiados numa visão infantil e fantasista da realidade, querem-nos entregar de bandeja aos russos, aos chineses, ou, pior ainda, aos muçulmanos….

* A inovação cultural e/ou tecnológica” da civilização URSS:

Cultural: a censura.
Tecnológica: AK 47 (mais conhecida por Kalashnikov)
Espiritual: a luta de classes

Eu adoro o sarcasmo e a ironia, mas com estilo. Já sei que você pode perguntar: então porque volta?

Não lhe vou perguntar de maneira nenhuma porque volta, mas não espere de mim que faça recuar do pé para a mão o meu conceito de estilo e ironia 150 anos no tempo só para lhe fazer a vontade! Não é que me importe, mas não creio que consiga…

11 comentários:

Diogo disse...

Grande Carmo! Nunca tivemos aquela grande conversa frente-a-frente, em Sagres ou algures, frente ao nosso amigo comum e outras testemunhas.

Faz-me alguma confusão que alguém com acesso à Internet tenha antolhos tão apertados. But, what can we do?

RioDoiro disse...

EM:

"Eu adoro o sarcasmo e a ironia, mas com estilo. "

Dito de outra forma, se falamos ou não de algo, não interessa. O que interessa é que se fale pelo correcto' estilo.

Correcto? Não interessa, desde que seja estilo.

Será?

Não interessa.

Invocando o cravo, ... o vácuo bem temperado.

RioDoiro disse...

Bem afinfado, CdR.

Go_dot disse...

Gosto de estar a par das ideias que se opõem às minhas. Se forem mesmo ideias...

Apesar do Se. Tenha cuidado isso pode causar muito desassossego. Acautele-se sobretudo de raciocínios sobre temas indisputáveis largamente fundamentados em conceitos e observações que são consensuais para sociólogos, economistas, antropólogos, filósofos etc. Palpita-me que são os favoritos aqui dos fieis.

remeto o tratamento dos assuntos que me interessam para os meus fóruns...

E tem toda a razão, Isto sem fé é um inferno, gajos sem estilo nem consciência de classe a ultrapassar pela direita. Confrangedor.
Evidentemente que a solução mais adequada é evitar o contagio.

Go_dot disse...

...por muito educadamente que os abordemos, pura e simplesmente não respondem a opiniões desviantes…

A esquerda idealista é malta que não gosta que lhe abalroem os dogmas. Usam a internet, mas detestam a horizontalidade, irrita-os a promiscuidade entre licenciados e vagabundos, a dissidência é punida com a indiferença do cordão sanitário.

RioDoiro disse...

CdR:

"duas assinaturas de casas comerciais"

Dois sindicatos. Casas comerciais são antro de lucro.

Go_dot disse...

…era preciso fazer um exame de admissão, preencher papel selado…

Não se iluda. Os burocratas lá vão fazendo o que podem.
Ao contrario da Holanda em que não há qualquer restrição quanto ao tipo de requerentes de nomes de domínio.nl
Em Portugal a coisa fia mais fino, não é qualquer “bicho careta” que pode registar um domínio .pt
A entidade que regula o registo de domínios impõe condições restritivas para o registo de um domínio com a extensão .pt.

Eurico Moura disse...

Carmo:
Mas que honra! Já não recebo cartas há algum tempo...
Começo a habituar-me.
Eu sei que o meu latim é desejado mas, ultimamente, tenho desenvolvido uma aversão aos longos discursos. Talvez por ver as sessões da Assembleia em que ninguém responde a ninguém, mesmo quando directamente interrogado.
(ironia)

RoD:
Não me refiro ao estilo literário que, de um modo geral e como referi, tem excelentes escultores neste vosso fórum. Ironia e sarcasmo pouco conseguidos, recorrendo aos velhos clichés anti qq: verdes, esquerda, Islão, etc.
Como sabe, as piadas muito repetidas, perdem a piada...

Resumindo:
Gostei da citação de Ortigão:
Subscrevo, humildemente, claro.

Mas deixem-me voltar um pouco atrás ao post cujo comentário desencadeou tudo isto:
O Obama, que tem servido de saco de pancada cá pelo Fiel, é um bom exemplo da vossa atitude. Nunca me posicionei nem a favor nem contra (http://portudo-e-pornada.blogspot.com/2008/11/sade-num-pas-pobre-usa-2-episdio.html) mas tenho assistido na FOX, e seus fãs, a uma campanha que tão de súbito o crisma de comunista como o acusa de ter o mesmo discurso e as mesmas opções de Bush. Em que ficamos? Não querem guerra contra os sarracenos? Aí está ela! Mais 30.000 para bater nos talibans e dar emprego e lucro à pesada economia bélica. Não gostam? Não me digam que é pelo tipo se chamar Hussein e ser preto.

RioDoiro disse...

EM:

"Como sabe, as piadas muito repetidas, perdem a piada..."

Raramente é para terem piada. Por mim, é para chatear. Chingar. Espicaçar.

Go_dot disse...

Ao contrário dos domínios genéricos (.com/.net/.org, etc) a FCCN (Fundação para a Computação Científica Nacional), entidade que regulamenta o registo de domínios específicos de Portugal impõe umas condições necessárias para o registo de um domínio sob a extensão .pt.

• Podem registar directamente nomes de domínio sob .pt as pessoas colectivas, as entidades públicas com autonomia administrativa, os empresários em nome individual, os profissionais liberais e ainda os titulares de marcas registadas em registo nacional, comunitário ou internacional ou de pedidos de registo de marcas junto de qualquer dos registos referidos.

• Em Portugal os domínios .pt são concedidos sempre que o domínio pretendido corresponda à razão social da empresa ou a quem for proprietário de uma marca registada no INPI. Não são permitidos nomes de carácter genérico, a menos que existam como marca registada da entidade que está a pedir o registo de nome de domínio

Eurico Moura disse...

Carmo:
Tem razão e peço-lhe desculpas. Já não é a primeira vez que cometo o erro, talvez justificável, de tomar a parte pelo todo, isto é, pensar que as posições mais assumidas num blog em que há vários editores, é consensual entre eles. Refiro-me ao Obama, claro.
Tentarei afinar a pontaria...