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sexta-feira, 13 de junho de 2008

Referendo Irlandês a Lisboa

A expressão gaélica 'Erin Go Bragh' significa ‘Irlanda Livre para Sempre’. Ontem os Irlandeses deram corpo a este moto pelo seu país e pela restante Europa amordaçada pelos burocratas e políticos europeus.


Até agora o Tratado de Lisboa só tinha sido aprovado através de votações parlamentares. Isto na sequência do não cumprimento da promessa da generalidade dos partidos políticos de poder na Europa de referendar o Tratado. O TL também foi aprovado no Parlamento europeu. Da votação de Estrasburgo só nos chegaram as ‘boas’ notícias e as imagens de satisfação. Mas aqui pode ver-se algo mais do que aconteceu então com especial relevância para o discurso do notável Nigel Farage do UKIP britânico e dos incidentes subsequentes

Os irlandeses foram o único povo europeu que teve a possibilidade de referendar o Tratado de Lisboa. Não porque essa fosse a vontade generalidade dos seus políticos, mas sim por imposição constitucional. Aliás, o Governo irlandês fez algumas manobras para facilitar o ‘sim’, tais como mudar a data inicialmente prevista de realização do referendo de Maio para Junho, em pleno campeonato europeu de futebol, assim como nomear um Primeiro Ministro pró-Lisboa mais popular a meio do mandato.

Em consequência da consulta popular na Irlanda, os neo-iluministas da UE foram derrotados, tal como tinham sido derrotados nas outras poucas ocasiões em que submeteram as tentativas de construir um novo império europeu. Mas desta vez foi mais grave. Nunca a mentira, o embuste e a opacidade das práticas de fraude política do eurocentrismo tinham ido tão longe, pelo que nunca a sua derrota foi tão clamorosa.

Do lado do ‘sim’ esteve a generalidade do poder político euro-alinhado e da comunicação social subserviente. Do lado do ‘não’ estiveram vários sectores da sociedade irlandesa, da esquerda à direita, com o apoio de apenas um partido. Ergueram-se e organizaram-se pela Irlanda e pela Liberdade, contra a euro-fraude do Tratado de Lisboa. E ganharam.

A campanha pelo ‘não’ assentou sobretudo nas linhas seguintes:
- A Irlanda iria perder peso na Comissão Europeia e no Parlamento;
- O Tratado de Lisboa aumenta em muito o peso e a importância das decisões políticas que passavam a ser tomadas pelos eurocratas não eleitos de Bruxelas, em lugar de serem decididas pelos próprios irlandeses;
- O Tratado é ininteligível; se algo é ininteligível então deve ser recusado; (aqui o relato das ordens de um dos mais interessados e interesseiros mandantes do Tratado de Lisboa);

Entre os argumentos inválidos do 'sim' destaca-se um: o Tratado de Lisboa iria aumentar nível de globalização da economia europeia. A verdade é as coisas são ao contrário, a União Europeia é, e vai continuar a ser, um obstáculo à globalização da economias do centro europeu, isto é, da agricultura francesa e da indústria alemã. Exemplo: as indústrias têxtil e de calçado portuguesas ficam entregues à livre concorrência com a China, os carros alemães continuam a escapar à concorrência indiana.


O órgão de propaganda central da imposturice federal europeia, a Euronews, foi tendo uma postura de grande discrição, quase desinteresse, na contagem final para o referendo na Irlanda. No entanto, ontem e anteontem, dias de proibição de propaganda política na Irlanda, interveio em força. Perante as sondagens que davam vitória magra ao ‘não’, a dado momento era noticiado que na Grã-Bretanha o Tratado de Lisboa iria ser aprovado por via Parlamentar. (Os acontecimentos na GB interferem de modo relevante na opinião pública irlandesa, país em que estiveram integrados durante séculos.). Mas como é que a Euronews sabia isto? Essa informação, segundo a própria euronews, tinha sido fornecida por um alto-funcionário britânico. Esta é a lógica da União Europeia: os altos-funcionários decidem no lugar dos eleitores; mais, o povo deve escutar com atenção e reverência os altos funcionários na certeza de que eles sabem melhor o que é bom para ele, povo. O jacobinismo está vivo na Europa neste princípio de século.

Mas parece que a Euronews não podia estar pior informada.. Na GB está em banho-maria uma batalha entre um Primeiro-Ministro não eleito, Gordon Brown, e a oposição a respeito da aprovar por via parlamentar ou referendar o Tratado de Lisboa (ver). O certo é que muitos parlamentares trabalhistas estão contra o alinhamento de Brown com a Comissão Europeia e acham que a decisão deve ser tomada pelo povo em referendo. O feitiço virou-se contra o feiticeiro, e mais parece que o ‘não’ irlandês vai ter consequências nos parlamentares britânicos do Partido Trabalhista.


A Europa pode viver melhor sem as imposições anti-democráticas e dispendiosas de Bruxelas. Aqui fica uma visão alternativa e certamente mais livre, democrática e económica.


Diz-se que os irlandeses devem estar gratos à Europa. Em alguma medida, sim, embora não tanto quanto se diz, mas isto daria tema para um outro post. Com este NÃO ao Tratado de Lisboa os irlandeses já podem dizer que pagaram a sua dívida para com a Europa dando voz aos povos amordaçados pelos políticos federalistas. Obrigado, Irlanda.

27 comentários:

ml disse...

53% de ultra-iluminados/ultrailuminados irlandeses venceram 47% de neo-iluminados/neoiluminados. Entre iluminados e iluminados criaram um belo nó górdio, independentemente dos erros do processo. A Irlanda vai ser encostada à parede, disso não tenho dúvidas, e já começaram as pressões.
Quando não existe uma boa solução, há que optar pela que gere um mal menor, e neste momento o ‘não’ irlandês é um mal maior.

Aprecio muito a Irlanda e os irlandeses, mas por acaso já era tempo de deixarem de confundir a Europa com a Inglaterra.
O espírito de resistência foi-lhes vital durante séculos para conseguirem a independência, mas a desconfiança ao britânico alargada a tudo o que vem de fora não tem cabimento quase cem anos depois.


os neo-iluministas da UE foram derrotados, tal como tinham sido derrotados nas outras poucas ocasiões em que submeteram as tentativas de construir um novo império europeu.

Não é verdade sequer. E na própria Irlanda, só uma única vez um outro referendo tinha tido como resultado o ‘não’, substituído pelo ‘sim’ um ano depois.
- Referendo de 1994 – só rejeitado pela Noruega, que ficou de fora da União.
- Referendo de 1992 (Maastricht), Dinamarca, França e Irlanda - só rejeitado pela Dinamarca mas aceite em 1993.
- Referendo de 1998 (Amesterdão), Dinamarca e Irlanda – sim.
- Referendo de 2001 (Nice) – rejeitado pela Irlanda, mas aceite em 2002.
- Referendo de 2000 e 2003 (moeda) – rejeitado pela Dinamarca e Suécia.


A campanha pelo ‘não’ assentou sobretudo nas linhas seguintes:

E assentou também na mentira demente, que só fica mal em gente tão virtuosa e que revela muito dos seus meandros mentais, que a Irlanda seria obrigada a aceitar a legislação pró-aborto. Mas não, embora seja muito difícil combater embustes tão básicos, que estivessem descansadinhos, podiam continuar a meter-se no ferry e meia hora depois abortar tranquilamente e em condições muito confortáveis na Inglaterra, como sempre fizeram e continuarão a fazer.

Meu caro PP, em política não há gratidões e temo muito que a Irlanda esteja refém da franja mais retrógrada do país, a dos ‘papistas’, como diriam os ingleses. Porque se fossemos a ver gratidões as dívidas seriam
- 1º, ao sistema de ensino herdado dos ingleses, que logo nos anos 20 tornou obrigatório oito anos de escolaridade, quando anos depois ainda o Botas andava aqui atarefado em reduzi-lo para três.
À data da independência e apesar de ainda não compulsivo, já 75% das crianças irlandesas frequentava a escola.

A seguir aos americanos, que os acolheu aquando da grande fome. Esta dívida a Irlanda não se têm recusado a pagar, já que após um século de tratos a que todos os imigrantes se vêem sujeitos lá tiveram o seu reconhecimento com a eleição do Kennedy.

E por fim, e sobretudo, à Europa dos burocratas que retirou o país da pobreza. Só quem não conhece a história da Irlanda pode duvidar disso.

Agora estão por cima da carne seca, já vai longe o tempo do pão frito com chá ao pequeno-almoço e das batatas durante o resto do dia.
É muito feio morder a mão que nos dá de comer.

Paulo Porto disse...

ml

Começando pelo fim. Eu sei que é consensual dizer-se que a Europa tira os países da pobreza. Aqui está um isco de sucesso, mas como todos os iscos costuma resultar mal para quem o morde.

O sucesso económico da Irlanda acentou sobretudo em dois aspetos (1) o forte investimento americano no país aquando da adesão à UE e (2) impostos mais baixos do que a generalidade dos restantes países europeus.

De resto, o sucesso económico irlandès superou a evolução de outros países pobres aderentes. Por exemplo~, Portugal; apesar de ter beneficiado de muito mais fundos e durante mais tempo que a Irlanda está aquem do seu sucesso. É por isso que defendo que os irlandeses têm mais a agredecer a si mesmos do que à Europa.

Quanto ao mais, os países europeus que não fazem parte da UE - Islàndia, Noruega e Suíça - estão no grupo dos mais devenvolvidos económica e socialmente. A união política faz-lhes falta para alguma coisa? Para nada, antes pelo contrário.

A ml, como muito 'iluninado', está aborrecida porque os irlandeses não quererem que a burocracia de Bruxelas decida ainda mais do que antes por eles. Ainda bem, o contrário é que seria pior.

Por fim, e sobre o que classificou de 'mentiras dementes', um os aspetos do Tratado de Lisboa é permitir que o Tratado seja alterado por recurso a maiorias simples no PE. Portanto, estaria aberta a possibilidade de os burocratas de Bruxelas dizerem que o aborto é um 'direito fundamental do ser humano', ou que a carga fiscal na Europa deve ser igual para todos.

ml disse...

Meu caro PP, começando pelo começo, as relações da Irlanda com os EU datam de há pelo menos um século, quando emigraram em massa para sobreviver a anos de fome que a Inglaterra não soube ou não quis minorar.
Só depois da adesão à CE é que os americanos descobriram que afinal a Irlanda valia a pena?

Entre um país que fala inglês e com um sistema de escolaridade eficaz e um que, apesar de em trinta anos ter conseguido resolver o problema grave do analfabetismo mas não o de simultaneamente acompanhar o avanço dos outros, que também não ficaram parados, é fácil de perceber o milagre do investimento estrangeiro.
Pode-se apontar-nos todos os defeitos, mas somos nestre momento o único país europeu em que nas três gerações de uma mesma família existem avós analfabetos, pais com a escolaridade mínima de 4 anos e netos licenciados.
Os irlandeses já no princípio do século tinham níveis de alfabetização e de escolaridade inclusiva que nós só alcançámos nos anos 80.

A Inglaterra gosta de dizer que após a independência a Irlanda retrocedeu décadas por causa da influência dos papistas. Economicamente e do ponto de vista da abertura ao exterior talvez, mas o próprio De Valera viu de longe a importância da educação e avançou em relação ao que tinham herdado dos britânicos.
Independentemente de outras razões, a nós a entrada na CE apanhou-nos completamente descalços devido às vistas largas com que o sr. professor doutor governou o país.

Não tiro o mérito aos irlandeses, é um povo por quem tenho bastante carinho, mas não me esqueço também de que a história não passa espontaneamente ao lado de todos da mesma maneira. E por eles passou agora, depois de séculos de miséria.

A Noruega, a Suíça, a Islândia fazem parte dos poucos países que não precisam da EU mas que não dispensam com ela tratados de todos os tipos. Noruega-CE, Noruega-Países Escandinavos, etc. A Suíça, idem aspas.
E a Irlanda sem a almofada da Europa? É assim tão sustentavelmente rica? Tem o petróleo da Noruega? A banca suíça?
Porque não experimentam viver de novo lá no seu cantinho, longe de tudo e de todos, esquecidos do mundo e o mundo esquecido deles? Será que querem voltar aos tempos em que até o aniversário do Hitler celebraram, não porque fossem nazis mas porque tudo o que fosse mau para a Inglaterra era bom para a Irlanda? Será isto o rumo à freedom forever?


Claro que são mentiras dementes e desonestas. Se o tratado pode hipoteticamente pôr em causa o direito de opção pelo não-aborto pode fazer o contrário e vir a proibi-lo. Ou em relação a qualquer outra medida.
Mas tenho a certeza de que sabe que não vai ser assim. Nem os Estados Unidos exigem a consonância absoluta das leis em todos os estados. E algumas até bastante bizarras considerando que é um único país, quanto mais uma comunidade de países independentes com religiões e mentalidades diversas.
Foram puras desonestidades para ganhar os votos dos mais crédulos, e quase juraria dobrado contra singelo que foi o que mais pesou nas zonas rurais. Apesar de os irlandeses à medida que enriquecem se europeizarem cada vez mais no que diz respeito à igreja, ainda são os que, juntamente com a Polónia, mais acatam o ‘papismo’.

RioDoiro disse...

Ouvi há pouco, novamente na Euronews, citarem Solana e referindo, em relação ao problema nuclear Irão, "as potências ocidentais".

Esta paranóia dos Estados Unidos da Europa anda à volta do suspiro por ser uma potência.

A "Europa" convenceu-se que, falando a uma só voz, "imporá alguma coisa na globalização" (ideia recorrente) e que será uma potência de facto.

Enquanto tenta lá chegar, vai treinando o esmagamento da dissidência interna. O comentário de ML tem este aroma.

Eu suponho que quanto mais a "Europa" insistir pela via que bem trilhando mais esqueletos vai deixando por todo o lado. Haver esqueletos é condição fundamental para que apareçam zombies.

.

Anónimo disse...

Não, meu caro, não há aqui aroma a nada. O que há é um contrato voluntariasmente assumido e quando uma das partes o denuncia unilateralmente tem que assumir as responsabilidades.
A CE já não convém mas ainda convém a outros? Então só há um caminho a seguir, não podem centenas de milhões ficar reféns de uns poucos. E amigos como dantes, não foi encostada a pistola à cabeça de ninguém para aderir nem será apontada para que não desista.
Dissidência interna sempre houve e haverá e é saudável que haja, o que não pode é ser ao ponto de manietar a vontade de outros.

Até posso admitir que haja quem queira referendos, enquanto outros pensam que o referendo é o campo por excelência do populismo. OK, todas as opiniões valem, o que não pode é um único país colidir e barrar o caminho aos outros todos.

RioDoiro disse...

ML:
"Entre iluminados e iluminados criaram um belo nó górdio, independentemente dos erros do processo."

O nó górdio foi criado pelos erros do processo. Já é o segundo nó (o primeiro foi Nice, se bem me recordo) e parece que ainda não aprenderam.

Esta coisa de se criar uma "Europa" à revelia dos europeus é muito parecida com a criação do homem novo à revelia do homem.

É tudo uma orgia de modelos, como os do aquecimento global.

Problemas de co-existência com a ditadura da realidade, dizia Melo Antunes.

.

RioDoiro disse...

Mais um prego, mais um inimigo da Nova Potência (como Novo Homem)

http://www.telegraph.co.uk/news/worldnews/europe/czechrepublic/2128391/EU-referendum-Czech-president-says-Lisbon-Treaty-project-is-over.html

(Via O Insurgente)

ml disse...

Czech president says Lisbon Treaty project is over

Afinal em que ficamos? Vale a opinião popular expressa ou não em referendos ou a dos políticos? É que a opinião do presidente checo é a inversa da opinião do 1º ministro irlandês no que toca ao tratado.

Não questiono sequer a legitimidade do referendo irlandês, é constitucional, mas essa não é a questão. A questão é o cul-de-sac criado quando um governo, cujo programa europeista foi votado por maioria, assina um tratado europeista e depois a população decide o contrário. Ora esta é uma contradição interna que ninguém a não ser a própria Irlanda pode resolver.

Os irlandeses andam a votar em referendos para a Europa United desde 1972 - e já lá vão sete - e sempre responderam 'sim' menos em Nice, que rectificaram no ano seguinte. De repente, sai um 'não'.
Não sei se as populações que se deslocaram aos locais de voto equacionaram bem o que têm a ganhar e a perder com isto, mas isso é problema deles. Sei que o voto religioso pesou muito, especialmente por causa da pia megamentira sobre a legislação do aborto. Continuaria a não ser problema fora das fronteiras se não afectasse 500 milhões de cidadãos. Afecte para o bem, afecte para o mal, conforme o posicionamento de cada um, é uma situação mais do que bizarra.

A Alemanha já põe a hipótese de a Irlanda ficar ligada apenas por acordos à construção europeia, da qual faz parte há mais de 30 anos, mas não ao Tratado de Lisboa. Ou seja, às decisões para o futuro.
Não sei se é isto que convém aos irlandeses recém-saídos da pobreza. Que eu tenha conhecimento ainda não lhes apareceu no mar o petróleo da Noruega. E duvido que a manutenção da clandestinidade hipócrita dos abortos feitos na Inglaterra seja moeda de troca suficiente que justifique deitar abaixo o que fez enriquecer a Irlanda. Além de que, como se sabe, nem essa clandestinidade tranquilizadora está em causa.

ml disse...

Czech president Vaclav Klaus, who is supported by the country's largest political party, called the Irish referendum vote a "victory of freedom and reason" and said "ratification cannot continue".

vs

Czech government approves U.S. anti-missile base

According to the last official poll, published in mid-May, 65% of the Czech population is still opposed to the radar base.

Unfortunately, the Czech government ignores the opinion of the majority of its citizens. It continues its negotiations with the US, and the signing of treaties that will allow once again for the presence of foreign troops on Czech territory is right around the corner.



Se estivessem é caladinhos!

RioDoiro disse...

ML,

"Afinal em que ficamos? Vale a opinião popular expressa ou não em referendos ou a dos políticos? É que a opinião do presidente checo é a inversa da opinião do 1º ministro irlandês no que toca ao tratado."

Cá está um excelente exemplo em como as coisas não têm qualquer tipo de sedimentação.

Cá está um excelente exemplo em como não se retira protagonismo aos Estados Unidos apenas com papel.

O ML (a ML, perdão, é o hábito) foi imediatamente buscar um espantalho para justificar uma declaração. O que faria sentido seria chamar a atenção que a Europa prosseguiria o que anuncia apesar que Klauss ter afirmado o que afirmou e apesar da defesa construida pela própria Europa ter incluido o território checo no sistema de defesa (ficção científica).

A Europa não tem peso específico enquanto não tiver forças armadas dignas do nome e não as terá enquanto não forem constituidas face a uma aceitação generalizada da entidade Europa.

Tudo continua a andar pelos rolamentos dos Estados Unidos, e e Europa-Sol-II apenas consegue empunhar e atirar areia aos rolamentos. O problema é que eles têm retentores e a "Europa" ainda desconhece a sua existência.

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ml disse...

O que faria sentido seria chamar a atenção que a Europa prosseguiria o que anuncia apesar que Klauss ter afirmado o que afirmou

Faria sentido para si mas não para mim, o prosseguimento é uma redundância já repetida por todos. O Klaus é uma voz isolada, a atenção que lhe deram foi nenhuma e citá-lo é o mesmo que citar o seu vizinho do lado.
Isolada e incongruente. Inchou o peito com o voto dos irlandeses enquanto, confrontado com a percentagem de checos que se opõe aos antimísseis no país, afirma que o povo é ignorante demais para que decisões importantes se deixem nas suas mãos.
São as deliciosas contradições da democracia quando não há consistência mas oportunismo.

Testemunhas abonatórias deste calibre são mais mortíferas do que as alterações climáticas.

Paulo Porto disse...

ML

A ML acha que quem na Irlanda votou 'não' votou enganada. É muito óbvio que votou certamente menos enganada do que os que votaram sim, a menos que quem votou sim estivesse consciente que estava a concordar com uma UE ainda menos democrática, e ela já o é pouco.


Talvez o erro RoD e meu seja tentar rodeá-la de argumentos racionais e evidências. Esquecemo-nos os dois que a ML a este respeito está entricheirada nos próprios sentimentos.

Em consequência, lá volto eu ao domínio da alegoria que tem vantagens que passo sem dizer.

A ML lembra-me aquelas pessoas que acham que a culpa de um marido abandonar a mulher é sempre de uma rameira que se meteu pelo meio. Mas se por um momento se reritar a simpatia pela esposa abandonada, depressa se vai perceber que a culpa provavelmente está em um ou nos dois membros do casal que se desfaz, muito mais do que na tal rameira.

O mesmo com isto da euro-fraude; quem por um instante puser de lado as virtudes (mais imaginadas que reais) que a o monstro anti-democrático e burocrático europeu não tem, depressa se apercebe que, afinal, seria um dos irlandeses que teria votado NÃO à euro-fraude.

Pena que proíbam os povos da Europa de votar, mas a cobardia dos políticos não permitiu tanto. E que pena, porque então veríamos quanto vale realmente a UE para cada um dos Estados integrantes, e o desgosto dos impostores seria ainda maior.

RioDoiro disse...

ML,

"O Klaus é uma voz isolada"

Toda e qualquer voz dissidente será sempre uma voz isolada. O que pervalerá sempre será o "consenso".

Toda e qualquer rejeição, mesmo que por referendo, será um caso isolado.

Há uma excepção: a rejeição à realização de referendos é um consenso. Aliás, na "Europa", tudo o que cheira a afastamento à democracia é coisa consensualmente aceite.

É vai sendo consensualmente aceite que que esteja contra, mesmo que países inteiros, seja castigado por isso.

Enfim, há seguidores de Mugabe por todo o lado.

É verdade, já me esquecia, a rejeição não é de um país inteiro, é apenas 53%. Se fosse aprovação já seria de todo o país. Inteirinho.

E a propensão para a repetição de referendos só se deve dar caso o resultado seja contra o pensamento eurocrata.

Pensa-se na "Europa" moderna mais facilmente em sanções contra os estados dissidentes que contra os estados islamo-fascistas. Lembra-se da história do gajo da Dinamarca(?) Helger, chamava-se ele? (falha-me a memória - talvez daqui bocado me lembre) Lembra-se que a generalidade dos ministros se recusavam a falar com os ministros de tal gajo?

.

RioDoiro disse...

E, já agora, lembra-se das arremetidas esquerdoides, do parlamento europeu, contra Berlusconi?

Lembra-se do idiota do Alemão a torcer-se todo na cadeira quando Berlusconi o convidou a fazer parte de um filme sobre o Nazismo, e após alemão ter relacionado Berlusconi com a mafia?

E já agora lembra-se da explosão apalermada do Pimentinha quando um inglês se referiu ao lóbi português como "portuguese mafia"? Este caso é um caso de emprego idiomático da palavra mafia. O primeiro, não era.

.

ml disse...

Esquecemo-nos os dois que a ML a este respeito está entricheirada nos próprios sentimentos.

Meu caro PP, ou a sua bola de cristal está avariada ou tem mesmo pouca aptidão para adivinhações. O que é um bem, pode crer. Por outro lado, nem sequer vou recordar-lhe como é fácil reverter esse argumento contra si.
Eu posso lembrar-lhe tudo o que lhe vier assim de repente à cabeça, só que não acerta nem por tabela. E então o exemplo de raciocínio que lhe ocorreu pertence a um mundo qualquer que nada tem a ver comigo.


Talvez o erro RoD e meu seja tentar rodeá-la de argumentos racionais e evidências.

O seu erro é pensar isso, por enquanto apenas manifestou alegria - um estado de alma - pelo 'não' irlandês e pouca simpatia - outro estado de alma – pelo ‘sim’.
É evidente que eu sou pela construção europeia e sempre me pareceu que a Irlanda também, a menos que a capacidade de armazenamento de informação não lhes vá além de um ano ou dois para trás. Por isso acho que não são sequer merecidas as pressões que vai sofrer até sair dali um ‘sim’ muito bem espremidinho. É um desrespeito pelo voto, fossem quais fossem as motivações. Mas essa contradição absurda é meramente interna, só a Irlanda a pode resolver, já que assinou todos os tratados anteriores e que pode vir a acontecer de novo, independentemente da maior ou menor bondade do que estiver em causa.

Que razoabilidade tem isto? Estou dentro quando é para receber, estou fora quando não me dá lá muito jeito? Numa posição subalterna, como já se desenha, vai ter influência para mudar o quê?

Porque, meu caro PP, quem fez campanha pelo ‘não’ não foi para dar tempo e espaço para que se reflectisse sobre um processo cheio de erros e artifícios saloios, mas porque pura e simplesmente se opõem à construção europeia. Se a Irlanda disse inúmeras vezes que sim, porque a arrastaram para este beco?

Por isso não tenho grandes dúvidas quanto às responsabilidades dos promotores do ‘não’ que enganaram deliberadamente os eleitores, a não ser que queira elucidar-me melhor.
Da extrema-direita católica, passando pelos nacionalistas do Sinn Féin - por cuja luta pela independência sinto grande simpatia - pelos 'pro-American free marketeers', até à extrema-esquerda, a afeição pela construção europeia é nenhuma.
Uma leitura ainda que pouco atenta dos discursos de alguns destes grupos mostra o aproveitamento que fizeram das fragilidades, ou o que lhes queira chamar, do processo. Aproveitamento esse que seria absolutamente válido se não fosse desonesto e não assentasse na mentira miserável da legislação pró-aborto e outras ‘scare tactics’.




Caro dente

É vai sendo consensualmente aceite que quem esteja contra, mesmo que países inteiros, seja castigado por isso.

Também me parece que é o que está em curso, o que não quer dizer que eu entre nesse consenso. Mas que só a Irlanda pode resolver a incoerência da posição em que se colocou, é um facto. O 'nim' aqui não vale nada.

Lembra-se da história do gajo da Dinamarca(?) Helger, chamava-se ele?

Tenho alguma boa memória, desde que me interesse pelos assuntos, o que nem sempre acontece.
Haider. Jörg Haider. Austríaco. Lembro-me muito bem, inclusivamente que é partidário da extrema-direita nacionalista, racista e antieuropeia. É também da sua responsabilidade ter dito que os campos de concentração foram meros "campos punitivos" e que os SS pertenciam àquela parte do exército alemão que merecia ser louvada. Também disse outras coisas sobre os judeus, mas como é um ‘resistente’ à construção europeia fica por ora esquecido debaixo do tapete. Quando se voltar à carga com o santíssimo dueto Israel/anti-semitismo lembrar-me-ei dele outra vez.

Do Berlusconi lembro-me também de muita coisa, nomeadamente das palermices direitóides. E mafióides, sem ser idiomático.

Paulo Porto disse...

ML

"Meu caro PP, ou a sua bola de cristal está avariada ou tem mesmo pouca aptidão para adivinhações."

Quem me manda comprar bolas de cristal no chinês...

"Por outro lado, nem sequer vou recordar-lhe como é fácil reverter esse argumento contra si. "

hummm... onde é que a ML compra as suas bolas de cristal?


Quanto ao mais, passámos à fase do chover no molhado... e o meu guarda-chuva tb foi comprado no chinês, pelo que é melhor eu ir andando.

Anónimo disse...

Paulo,

"quem votou sim estivesse consciente que estava a concordar com uma UE ainda menos democrática"

Este argumento é contraditório com outro também apresentado de que "a Irlanda perderá peso na União Europeia".

Esta perda de peso prende-se com uma maior representatividade dos cidadãos dos diversos Estados (em que regiões com mais população têm um peso maior), o que me parece aproxima a União Europeia da Democracia e não o contrário.

Este tratado também reforça os poderes do Parlamento Europeu, o orgão mais democrático da União europeia, uma vez mais este facto é negligenciado pelos que afirmam que "estava a concordar com uma UE ainda menos democrática".

Outra imagem falsa que é criada pelos defensores do não é que a ratificação parlamentar do Tratado é não democrático. Julgo, pelo menos da ultima vez que li, os respectivos parlamentos têm poderes para tal e que os seus membros foram eleitos democraticamente, pelo voto dos respectivos cidadãos.

Mas uma coisa é verdade, a imagem da União Europeia tem se vindo a degradar ao longo dos ultimos anos. A culpa de tal facto é, na minha opinião, da cobardia dos politicos locais.

Portugal é um bom exemplo, nos ultimos anos todos os nossos partidos de poder, quando precisam implementar um politica mais impopular recorrem à desculpa de que "é por imposição da União Europeia" que tem de fazer tal coisa. Assim conseguem canalizar a impopularidade para um entidade externa. No entanto esquecem-se que:

a- Essas medidas foram implementadas de acordo por todos os Estados signatários (inclusive eles próprios);

b- Existem motivos para tais medidas.

Por exemplo o deficit. Quando precisámos de chegar aos 3% a grande justificação era que a União Europeia exigia. Sendo este facto verdadeiro é de uma desonestidade e cobardia brutal. Tal limite existe para assegurar a sustentabilidade das contas públicas, que era o que os nossos politicos deveriam explicar (em vez de recorrer à desculpa da União Europeia).

Mesmo neste processo todo, os nossos inabeis politicos apresentaram este Tratado como um "tem de ser" para a Europa avançar. Esta filosofia criou muitos anticorpos nas pessoas, abrindo facilmente o caminho para a defesa do "Não".

Foi fácil criar por exemplo que este Tratado cria uma União Europeia menos democrática quando acontece precisamente o contrário.

Paulo Porto disse...

Stran

A perda de peso da Irlanda, como de todos os Estados de menor dimensão, e o aumento do peso da Alemanha no parlamento europeu nãó é uma contradição com o argumento da menor democraticidade da UE porque uma e outra coisa têm uma raiz diferente. A menor democraticidade da UE decorre precisamente de ir aumentar o peso das decisões não votadas da Comissão bem como das decisões da burocracia europeia.

Diz-me que o tratado é democrático porque os parlamentares nacionais foram democraticamente eleitos. Acontece que nunca vi um partido federalista ir a eleições propondo que o seu o seu país perca peso na UE, ou que aumentem as possibilidades de a Comissão decidir sem aprovação parlamentar, e que doravante podem acontecer ainda outras perdas de soberania ou de representatividade sem a necessidade de acordo dos parlamentos nacionais.

A este respeito, a dissonância entre os partidos federaistas (que nunca dizem que o são) e os eleitores é inegável, de outra forma 93% dos irlandeses teria votado a favor de Lisboa.

A Suíça faz referendos quase todos os anos, apesar de ter um parlamento eleito democraticamente. Isto é, a domocracia suíça não corre o risco de se transformar numa partidocracia.

Anónimo disse...

Mas afinal quem é que anda enganado?

Cerca de 70 por cento dos irlandeses que votaram “não” no referendo ao Tratado de Lisboa acreditavam erradamente que o texto podia ser facilmente renegociado.

The Irish Independent today

Anónimo disse...

"A menor democraticidade da UE decorre precisamente de ir aumentar o peso das decisões não votadas da Comissão bem como das decisões da burocracia europeia."

Visto me parecer que está mais por dentro deste assunto do que eu aponte-me um exemplo desse umento do "o peso das decisões não votadas da Comissão bem como das decisões da burocracia europeia"

Mas a contradição que apontei não foi no sentido que lhe deu. Contraditório é que uma mesma pessoa ambicione uma maior democracidade e uma menor representatividade e acabe também por defender uma realidade em que o parlamento tenha menores poderes.

"e que doravante podem acontecer ainda outras perdas de soberania ou de representatividade sem a necessidade de acordo dos parlamentos nacionais"

Um exemplo por favor.

Antes de continuar convém esclarecer que sou federalista.

Quanto à questão que coloca não é necessário existir um partido federalista. O que este caso realçou e trouxe à tona foi possivelmente uma lacuna na nossa lei.

Quando votamos para o parlamento e para o presidente nós não temos a noção da importância desse acto. Ao fazê-lo estamos a legitimar um grupo de pessoas que têm um conjunto de poderes limitados por lei. Nesse conjunto limitado está precisamente o facto de poderem assinar acordo com outras instituições ou países.

Em ultima análise poderemos ser anexados por outro país (e gostaria de ter uma opinião mais juridica) caso o parlamento assim o aprove. Seria uma decisão com peso de lei.

Imaginando o cenário anterior, o mais provável é que existisse uma revolução e muitas manifestações.

Agora se analisarmos o que aconteceu com este tratado foi simplesmente uma mini manifestação e algumas vozes insatisfeitas, nada demais.

Se nós enquanto cidadãos queremos ter uma voz em matérias de soberania basta que se forme um movimento, criemos uma proposta de lei que obrigue um referendo em caso de questões de soberania. Caso não passe no parlamento basta que exista o compromisso em apenas votar em alguém que se comprometa a executar tal lei. Se mesmo assim não se conseguir então que se modifique o movimento em partido e que se vá eleições.

Esta são as nossas soluções quando queremos mudar algo no país. O problema é que o Tuga gosta sempre de atalhos e é muito preguiçoso. Em vez de se ter organizado na altura própria (antes da assinatura do tratado), ter discutido e pressionado, não preferiu deixar tudo para a ultima e refilar quando já não havia nada a fazer.

Julgo que na nossa questão de ratificação do tratado está mais em causa uma questão etica do que de legitimidade.

Já agora, caso tenhamos aprendido a lição talvez sejamos mais exigentes nas eleições do próximo ano (poder-se-á exigir um referendo, por exemplo).

"A Suíça faz referendos quase todos os anos, apesar de ter um parlamento eleito democraticamente."

Além de federalista sou adepto da democracia directa, mas também sou realista. Um sistema assim não funcionaria para já no nosso país. O mais perto que estamos de um orgão de decisão são as autarquias e vejam o exemplo que elas dão a Portugal. São um polo de corrupção e de desperdicio de dinheiro publico.

Ainda me considero novo e gostava de construir um país mais democratico mas para isso acontecer é necessário mudar a nossa cultura politica e a nossa (in)acção politica. Se ficarmos à espera essa realidade não acontecerá.

"Isto é, a domocracia suíça não corre o risco de se transformar numa partidocracia."

Infelizmente Portugal é uma partidocracia. Aliás a democracia em Portugal deixa muito a desejar...


P.S. Sou contra o referendo pois julgo que nenhum dos interveniente está disposto a esclarecer as pessoas correctamente sobre o tratado e neste caso não se deve correr esse risco. No entanto poderia mudar de opinião caso exista um forte debate esclarecedor deste tratado durante um ano, com o envio do tratado às pessoas assim como duas versões resumidas do mesmo um elaborado por elementos dos movimentos do "Não" e outros do movimento do "Sim".

Paulo Porto disse...

Stran
Vc quer que lhe dêem um exemplar do TL? Acho que vc não percebeu. Eles nem sequer querem que vc o leia, muito menos lho quererão facultar.

O Stran pede-me que lhe diga onde se encontra a prova de que o PE perde poderes. Meu caro, desde já lhe digo que eu, tal como o PR, ou o PM não li o Tratado. Aquilo que fiz foi recorrer a quem está dentro do assunto e uso o seu testemunho. Entre essas pessoas destaco o euro-deputado dinamarquês Bonde, o mais antigo dos euro-deputados.

Ainda assim eu tentei. Podia desde já dizer-lhe porque não li, mas será muito mais interessante uma outra coisa: o Stran tome o remédio que me sugere para me curar o eurocepticismo e faça vc esse mesmo exercício de demonstrar que o PE aumenta os seus poderes.

Voltando ao défice democrático na UE, e ao seu agravamento com este tratado, considere esta opinião:

"By far the large majority of legislation valid in Germany is adopted by the German Government in the Council of Ministers [da União Europeia], and not by the German Parliament … And so the question arises whether Germany can still be referred to unconditionally as a parliamentary democracy at all, because the separation of powers as a fundamental constituting principle of the constitutional order in Germany has been cancelled out for large sections of the legislation applying to this country … The proposed draft Constitution does not contain the possibility of restoring individual competencies to the national level as a centralisation brake. Instead, it counts on the same one-way street as before, heading towards ever greater centralisation … Most people have a fundamentally positive attitude to European integration. But at the same time, they have an ever increasing feeling that something is going wrong, that an untransparent, complex, intricate, mammoth institution has evolved, divorced from the factual problems and national traditions, grabbing ever greater competencies and areas of power; that the democratic control mechanisms are failing: in brief, that it cannot go on like this.”
- Former German President Roman Herzog and former president of the German Constitutional Court, article on the EU Constitution, Welt Am Sonntag, 14 January 2007

Anónimo disse...

"o Stran tome o remédio que me sugere para me curar o eurocepticismo e faça vc esse mesmo exercício de demonstrar que o PE aumenta os seus poderes."

É o que vou fazer então e espero que pelo menos acompanhem os meus artigos que irei escrever sobre isso no meu blogue.
Basta seguir o link no meu nome.

Stran disse...

O artigo sai amanhã

Anónimo disse...

Caro Paulo Porto,

"Acho que vc não percebeu. Eles nem sequer querem que vc o leia, muito menos lho quererão facultar."

Poderá consultar através de um link que está no meu artigo sobre Tratado de Lisboa e democracia que escrevi no meu blogue.

"o Stran tome o remédio que me sugere para me curar o eurocepticismo e faça vc esse mesmo exercício de demonstrar que o PE aumenta os seus poderes."

Já provei e obrigado pelo desafio, a "bola" está neste momento do seu lado...

Paulo Porto disse...

Strang

Tendo estado alguns dias sem poder usar a internet, aqui fica um comentário ao que escreveu.

Citou o art.9.a do TL, que diz: “1. O Parlamento Europeu exerce, juntamente com o Conselho, a função legislativa e a função orçamental. O Parlamento Europeu exerce funções de controlo político e funções consultivas em conformidade com as condições estabelecidas nos Tratados. Compete-lhe eleger o Presidente da Comissão.”

Com esta citação vc pretende demonstrar que agora o PE tem poderes alargados. Falha a sua demonstração porque esta é a situação que já existe hoje. Mais importante, não está dito que o PE tem poderes para aprovar ou rejeitar o Orçamento. Não tinha, e continua não tendo.

Penso que o Strang se apercebeu deste problema e resolveu socorrer-se de um texto de um blog da euro-trafulhice onde se pode ler (cito-o): “Começando pela matéria legislativa, o procedimento de co-decisão (rebaptizado «processo legislativo ordinário») é alargado a vários domínios. O Parlamento Europeu vai assim adquirir um verdadeiro poder legislativo, em pé de igualdade com o Conselho, em relação a determinadas matérias sobre as quais actualmente não intervém ou é simplesmente consultado. É o caso, nomeadamente, da imigração legal, da cooperação judiciária penal (Eurojust, prevenção do crime, aproximação das normas penais, infracções e sanções), da cooperação policial (Europol), bem como de determinadas disposições no domínio da política comercial ou da política agrícola comuns. O Parlamento Europeu passará assim a intervir na quase totalidade dos dossiês legislativos.”

Agora vc diga-me onde é que isso está escrito no TL? Qual é o artigo? Opto por lhe dar a minha conclusão depois de conhecer a sua resposta sobre (mais) este euro-barrete.

O Stran traz-nos ainda o artigo 8.B onde se pode ler: “...4. Um milhão, pelo menos, de cidadãos da União, nacionais de um número significativo de Estados-Membros, pode tomar a iniciativa de convidar a Comissão Europeia a, no âmbito das suas atribuições, apresentar uma proposta adequada em matérias sobre as quais esses cidadãos considerem necessário um acto jurídico da União para aplicar os Tratados.”

Repare: “1 (UM) MILHÃO, pelo menos, de CIDADÃOS da União”. Este valor é de cerca de 1 em cada 3 eleitores. Não acha que isto é palha, conversa oca? Sabe quantos habitantes podem pedir um referendo na Suíça? Sabe quantos habitantes podem fazer uma petição popular ao parlamento português? Outro detalhe, não é UM MILHÃO de cidadãos qualquer, é UM MILHÃO de cidadãos de “um nímero significativo de Estados”. Quantos são “número significativo de Estados”? Quem define o que isso significa? Onde viu algo semelhante? Que raio de "mais democracia", ou sequer democracia, é esta??? Esta só é comestível por papalvos, não queira, não aceite ser um deles, Strang.

Sabe, isto é como mudar a legislação que regula a ida de um indivíduo para a forca: a partir de agora pode o condenado (depois de ter as mãos devidamente atadas, corda à volta do pescoço e capuz enfiado) a possíbilidade ficar livre se conseguir alcançar uma tesoura de costura que se encontra algures debaixo do cadafalso e com ela cortar a corda que o vai enforcar. O mais estranho é que haverá sempre quem aplauda o legislador e o seu enorme sentido humanitário.

Portanto, mais um euro-barrete.

Acabo citando o seu P.S.: “ Não democrático é cerca de 800.000 cidadãos da União Europeia terem a capacidade de bloquear o destino de milhões de cidadão da mesma União.” Nisto, meu caro, estou de acordo consigo. Até lhe digo mais: não democrático é mais de 20 governos impedirem os cidadãos dos seus países de decidirem sobre perdas de soberania que nunca escolheram.

O problema é que a euro-cobardia dos federalistas europeus, plenamente conscientes de que os seus interesses não são os interesses nem da Europa política, nem de cada um dos Estados-Membros da EU, muito menos dos habitantes da Europa, optaram por dar o dito por não dito e não referendaram o TL, impedindo os cidadãos dos Estados-membros rejeitarem uma vez mais a euro-aldrabice anti-democrática que é (era?) o Tratado de Lisboa.

Paulo Porto disse...

Stran

Como vai reparar, cometi no comentário acima uma falha notável de aritmética. Reconhecida e admitida a falha, mantém-se o resto.

Anónimo disse...

Caro Paulo Porto,

obrigado pela visita e pelas suas palavras deixadas no blogue. Concordo com o que disse pelo que continuarei a discussão aqui.

Sendo assim:

"Com esta citação vc pretende demonstrar que agora o PE tem poderes alargados. Falha a sua demonstração porque esta é a situação que já existe hoje."

Como referi a intenção não foi demonstrar pelo artigo que o parlamento tinha poderes alargado mas sim simplesmente que tinha esses poderes, pois julgo que muitas pessoas não sabem deste facto (eu coloquei essa posição explicita).

"Penso que o Strang se apercebeu deste problema e resolveu socorrer-se de um texto de um blog da euro-trafulhice onde se pode ler (cito-o):"

Aqui lamento mas está completamente errado, não sei se seguiu o link, no entanto a citação é da página oficial da União Europeia e não de "um blog da euro-trafulhice". Ou seja é uma fonte oficial, tive esse cuidado (da escolha da fonte) pois previa que seria posta em causa.

A acusação que faz (que a União Europeia mente nas suas comunicações) é demasiado grave (não pôs em causa um agência de noticias, ou um blogue) e julgo que neste caso o onus da prova está no acusador e não no acusado (para resolver esta situação basta que envie um mail ao provedor da União Europeia a pedir esse esclarecimento).

Julgo que a bem da discussão não pode apenas contra-argumentar que a "União Europeia está a mentir".

Posto isto, julgo que tem de admitir como verdadeira aquela citação e nesse caso, por mais timida que seja fica como provada que o Parlamento Europeu aumenta o seu poder.

Quanto à questão do um milhão de pessoas, julgo que o argumento que colocou é válido (embora não concorde com o mesmo), no entanto não apaga o facto de ser um passo em frente em termos de democracia, independentemente se ser muito ou pouco valorizado.

Caso não se recorde isto tudo começou com a questão de que algumas pessoas que defenderam o "não" pois com este Tratado da União Europeia ficaria MENOS democrática. Ora o que vimos foi que esse argumento é falso, poder-se-à argumentar que as alterações são pouco substanciais, com uma acção limitada (julgo que seria uma posição válida), mas não que fica MENOS democrática, pois este é um argumento mentiroso.

"Acabo citando o seu P.S.: “ Não democrático é cerca de 800.000 cidadãos da União Europeia terem a capacidade de bloquear o destino de milhões de cidadão da mesma União.”"

Por acaso não era citação, mas tenho de ter mais cuidado na próxima vez para não fazer afirmações próximas de citações...

Outro argumento por parte do Não que também é enganador (embora não seja mentiroso) é o de que o Tratado é demasiado complexo. Ora sendo verdadeiro ele é enganador pois transmite a ideia de que é uma novidade neste Tratado o que em si não é verdade.

Este tratado é um texto à imagem do Tratado de Nice, do Tratado de Amsterdão e do Tratado de Maastrich (não li mais para trás).

E o que para mim me assusta neste tipo de argumentação (menos democracia e pouco claro) não é tanto uma argumentação contra o Tratado de Lisboa mas sim contra a própria União Europeia. E julgo que isso é no mínimo desonesto pois se é para defender o fim da União Europeia que o façam de uma forma explicita e não se refugiando nas criticas a este Tratado.

"é mais de 20 governos impedirem os cidadãos dos seus países de decidirem sobre perdas de soberania que nunca escolheram"

Sabe quais são os temas em que os Países perdem soberania (passando a ser da exclusiva responsabilidade da União Europeia)?

"...impedindo os cidadãos dos Estados-membros rejeitarem uma vez mais a euro-aldrabice anti-democrática que é (era?) o Tratado de Lisboa."

Julgo que está também a defender que a União Europeia é uma organização anti-democrática e isso é falso.

De uma forma directa ou indirecta todos os seus membros/orgãos são eleitos democraticamente.

Mas uma coisa é verdade, o Tratado de Lisboa é bastante timido na questão de melhorar a participação democratica directamente dos seus cidadãos, poderia ser mais, embora fosse muito dificil.

E julgo que compete a quem defende o Não de apresentar uma alternativa sob pena das suas criticas serem inocuas, pois não apresentando alternativas ao problema da operacionalidade da União Europeia não se deve valorizar em demasia quem apenas critica. (Até seria um bom argumento para o Sim, mas também ele foi incompetente na sua defesa)