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terça-feira, 3 de junho de 2008

Eleições Norte-Americanas II


Tenho acompanhado com algum afinco a corrida da eleição para Presidente dos Estados Unidos da América. Embora ainda não tenha dado o meu endorsment para a Casa Branca, creio que já todos se aperceberam que estou com John McCain.

E não estou por acaso. Estou, em primeiro lugar, porque não vejo Barack Obama ou Hillary Clinton como verdadeira alternativa a John McCain. Especialmente o primeiro, que está prestes a vencer a corrida Democrata. E ainda bem: Barack Obama é, a meu ver, um osso menos duro de roer para John McCain (espero trazer-vos entretanto outro post com a comparação entre os dois candidatos).

É fácil explicar o porquê: Hillary vence mais estados importantes a McCain, comparando com Barack Hussein Obama. A Florida seria democrata caso Hillary fosse a candidata. Será Republicana caso Obama seja o candidato. Também é previsível que muitos dos votos de Hillary mudem para o lado dos Republicanos: existem até sondagens que andam próximas dos 30% para McCain e 70% para Obama (entre os votantes de Hillary). Já os independentes estão muito divididos
(47% para Obama, 43% para John McCain).

Isto não é tão linear assim, e as surpresas por vezes acontecem. Convém não esquecer que a campanha de Barack Obama já está habituada a dar-nos surpresas.

Em termos de percentagem de votos, as coisas andam muito empatadas. As sondagens ora dão 1 ou 2 pontos de vantagem a McCain, ora dão empate, ora dão 1 ou 2 pontos de vantagem a Barack Obama. Porém, uma coisa é certa: McCain tem estados já ganhos, e poderá concentrar a sua campanha nos estados ainda divididos.

John McCain tem certos 168 delegados dos 270 necessários para a eleição de Novembro. Tem certo o Texas, tem certo a Florida (caso seja contra Obama), tem certo Teneesee, tem certo Arizona e tem certo a Georgia, entre outros. Já Barack Obama tem certo a Califórnia, Massachusetts, Illinois e Nova Iorque, entre outros.

John McCain poderá concentrar baterias em estados muito divididos, como o Ohio, o Michigan, o Novo México, a Pennsylvania, o Colorado e Indiana. E ganhar aí as eleições. Já Obama terá que andar a apagar dois fogos ao mesmo tempo: ter a certeza de que não perde estados importantes e terá que conquistar alguns estados empatados.

Esta é a primeira grande vantagem táctica de John McCain.

Outra ponto que acho importante clarificar quando se aborda as eleições Norte-Americanas é a questão da percentagem. A percentagem, nas eleições para a Presidência dos Estados Unidos da América não tem a mesma importância do que a para a Presidência Portuguesa. Isto porque o Presidente é eleito por um colégio restrito, onde quem tiver 270 delegados é eleito presidente.

Vigora em praticamente todos os estados dos Estados Unidos da América a regra do "winner take all" que, traduzido para Português significa "o vencedor leva tudo". Ou seja, e foi o que aconteceu durante as eleições de 2000 (quando W. Bush venceu o estado da Florida por pouco mais de 500 votos e ficou com os 27 delegados), tanto faz vencer por 1 do que vencer por 1 milhão.

Acho por isso interessante as poucas sondagens que vêm na imprensa Portuguesa, todas elas dando vitórias a Barack Obama. Todas elas em percentagem de votos. Todas elas rigorosamente escolhidas.

Porquê? A resposta parece-me simples: a Europa e os Europeus já escolheram quem querem odiar nos próximos 4 anos. Este como é negro, mais à esquerda e populista faz-lhes menos impressão.

A última reflexão que quero aqui deixar tem a ver com a imagem de Barack Obama entre os Norte-Americanos. 51% dos Norte-Americanos gostam de McCain. 46% não gostam de McCain. 48% gostam de Obama. 49% não gostam de Obama. Na mesma sondagem vemos que 35% não gostam nada de Obama e que 24% não gostam nada de John McCain. Na sondagem que acima citei da Newsweek, 49% dos Norte-Americanos dizem-nos que Obama não tem experiência para ocupar o cargo. 44% dizem o contrário. Nessa mesma sondagem, 40% dos inquiridos dizem que pensam que Obama partilha as mesmas visões do Reverendo Wright sobre os Estados Unidos.

Por último, dizer que 11% dos inquiridos acham que Obama é Muçulmano. Já vi outra sondagem em que 15% também dizem o mesmo.

Creio que John McCain tem a faca e o queijo na mão. Se se conseguir distanciar um pouco de George W. Bush, se fizer imperar as suas mais valias (a experiência e a política externa) e se se informar sobre a economia, nem os populismos de Obama o impedirão de vencer as eleições.

PS: Se o "dream-ticket" (Obama+Hillary) democrático ocorrer, John McCain estará em muito maus lençóis.

3 comentários:

QC disse...

Ora, eu não tenho acompanhado.
Mas achas que os Democratas estão interessados em varrer os dez anos de lixo, do Bush!? Pensa lá! Claro que não nada melhor do que fazer uma experiência inédita na história da humanidade: uma mulher e um menos que mulato ( muito sensual! Bo-ni-to.; já deves ter lido coisas mais contundentes sobre o efeito sex apeal do Obama) As próximas Eleições é que serão a SÉRIO! Claro que só pode ganhar o John McCain. Ele que varra a casa!

RioDoiro disse...

Acordei há pouco e vi, na Euronews, Obama declarando que sairá do Iraque com tanto cuidado quanto Bush não terá tido a entrar.

Disse também que não quer que as tropas lá fiquem 100 anos e que os iraquianos têm de assumir a sua própria segurança.

Dia ainda, que os EUA têm que se empenhar profundamente na luta contra o terrorismo no Afeganistão.

É impressão minha ou deu uma volta de 180 graus? Mas, o novo empenhamento profundo noutros cenários, não cheira a unilateralismo?

Qual a diferença entre o que Obama propõe e o que Bush tem feito? Parece que Obama quer envolver tropas americanas ainda noutros cenários.

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Unknown disse...

"Se o "dream-ticket" (Obama+Hillary) democrático ocorrer, John McCain estará em muito maus lençóis."

Excelente análise. Especialmente o post scriptum. De facto este ticket evita a divisão dos eleitores de esquerda. E se à direita não houver só McCain, poderá acontecer aos republicanos um pesadelo do tipo "Ralf Nader", no seu campo.
Quanto ao Obama e ao Iraque, não tinha outro remédio senão fazer uma pirueta. Aquilo parece que está no caminho para a estabilização e não faz sentido declarar derrota numa guerra ganha.