DESCOBERTA PARTE DA MATÉRIA EM FALTA NO UNIVERSO
Com o auxílio do observatório espacial XMM-Newton, uma equipa internacional de astrónomos descobriu parte da matéria em falta no Universo.
Sabe-se que apenas cerca de 5% do Universo é constituído por matéria bariónica, ou seja, matéria formada por protões e neutrões (bariões) que, juntamente com os electrões, formam os blocos de construção da matéria que conhecemos, os átomos. Os outros 75% do Universo são constituídos por matéria escura e energia escura, em proporções de 23% e 72%, respectivamente.
Todas as estrelas, galáxias e gás cuja observação é possível no Universo, representam menos de metade da matéria bariónica. Assim, embora a percentagem de matéria comum seja muito pequena, metade desta ainda está por descobrir.
localizado nos filamentos da rede cósmica, preenchendo o vasto espaço intergaláctico.
Os cientistas previram que o gás teria uma temperatura elevada, o que faria com que emitisse a maior parte da sua radiação na gama dos raios-x de baixa energia. No entanto, até hoje, todas as tentativas na sua detecção não foram bem sucedidas devido à sua densidade baixa.
Fazendo uso da sensibilidade elevada do XMM-Newton, uma equipa de astrónomos foi capaz de detectar as porções mais quentes do gás intergaláctico.
A equipa observou um par de enxames de galáxias designados por Abell 222 e Abell 223, localizados a 2300 milhões de anos-luz da Terra. As imagens e o espectro deste sistema revelaram uma ponte de ligação entre os dois enxames, constituída por gás quente. Acredita-se que este gás, será provavelmente a porção mais densa e quente do gás difuso presente na rede cósmica, que se crê perfazer metade da matéria comum do Universo.
Embora a sensibilidade do XMM-Newton tenha sido crucial para esta descoberta, a detecção do gás só foi possível porque o filamento se encontra ao longo da linha de visão, concentrando assim toda a sua emissão numa pequena região do
céu.
A existência de vários modelos, que prevêm que a matéria comum em falta encontra-se nalguma forma de gás quente, faz com que esta descoberta seja importante. No entanto, para a compreensão da distribuição da matéria na rede cósmica, será necessário observar mais sistemas como este e, em última instância, criar um novo observatório espacial dedicado à observação da rede cósmica. Este observatório teria de ter uma sensibilidade muito superior à que se tem acesso com os actuais observatórios. Os resultados agora anunciados permitem estabelecer requerimentos mais adequados para um tal futuro observatório.
A nova descoberta ajudará os cientistas na compreensão da evolução da rede cósmica e o facto de os astrónomos saberem agora onde procurar o gás torna-a bastante relevante. No futuro, esperam-se novos estudos de zonas promissoras no céu, como o sistema observado, com o auxílio do XMM-Newton.
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Centro de Astronomia e Astrofísica da Universidade de Lisboa
Tapada da Ajuda, 1349-018 Lisboa
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A existência de vários modelos, que prevêm que a matéria comum em falta encontra-se nalguma forma de gás quente, faz com que esta descoberta seja importante. No entanto, para a compreensão da distribuição da matéria na rede cósmica, será necessário observar mais sistemas como este e, em última instância, criar um novo observatório espacial dedicado à observação da rede cósmica. Este observatório teria de ter uma sensibilidade muito superior à que se tem acesso com os actuais observatórios. Os resultados agora anunciados permitem estabelecer requerimentos mais adequados para um tal futuro observatório.
A nova descoberta ajudará os cientistas na compreensão da evolução da rede cósmica e o facto de os astrónomos saberem agora onde procurar o gás torna-a bastante relevante. No futuro, esperam-se novos estudos de zonas promissoras no céu, como o sistema observado, com o auxílio do XMM-Newton.
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4 comentários:
"gás teria uma temperatura elevada, o que faria com que emitisse a maior parte da sua radiação na gama dos raios-x de baixa energia"
Caro RoD, sou grande apreciador destas questões e por isso é que acho que esta frase é confusa.
O comprimento de onda da radiação emitida por um corpo, está relaciondo com a sua temperatura pela Lei de Wien. Basicamente, quando maior a temperatura, menor o comprimento de onda no seu pico ( e portanto maior a frequência e, pela relação de Planck , maior a energia) .
Assim sendo, se o gás tem uma temperatura elevada, a energia emitida tem de ser alta. E a chamada radiação X é de facto uma radiação de elevada frequência e alta energia e não "baixa energia", como escreveu.
A não ser que se esteja a referir aos raios X de maior comprimento de onda (da ordem dos 1 nm)
Não fui eu que escrevi. É coisa da OAL.
Para mim essa história é toda um mistério. Eu esperava que o gás em causa estivesse frio pr'a burro. Afinal parece que ainda é capaz de emitir em frequências próprias de cases a um batatal de graus.
Pois.
O Observatório tem dado uma palestra por mês sobre muita coisa (última sexta de cada mês). Já assisti a uma palestra sobre este assunto há uns 4 anos. Nessa altura sabia-se apenas o que não se sabia.
Nesta altura não me é possível ir às palestras.
.
Parabéns RoD por este post
Caro Lidador,
Suponho que a OAL refere Raios-x de baixa energia para classificar aquilo a que geralmente se chama Raios-X moles. Digamos que a matéria em causa emite nos mais longos comprimentos da banda a que se chama Raios-X.
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