El Baradei, a esquerda internacional, o Sr Ahmadinejad e, de um modo geral todos aqueles que ignoram os dados reais do potencial relativo de combate, coincidem na ideia de que um ataque ao Irão é uma opção catastrófica que conduzirá a respostas apocalípticas, como se os iranianos fossem detentores do martelo de Thor.
Esta gesticulação interessa sobretudo ao Irão que, como um gato em perigo, eriça o pêlo, bufa e levanta a cauda de forma a parecer ameaçador e dissuadir a agressão.
Na verdade o Irão é um anão militar, ou uma “formiga”, na expressão do Almirante Fallon , e não tem maneira de rechaçar um ataque, não sendo sequer capaz de uma resposta militar efectiva.
As suas Marinha e Força Aérea são tecnologicamente arcaicas. O exército é grande, mas serve apenas para se defender, agarrando-se ao terreno, arriscando e destruição se se mover.
No caso de um ataque aéreo às infra-estruturas nucleares não haverá necessidade de invadir o Irão, pelo que o Exército não tem qualquer serventia, excepto na componente da defesa antiaérea que, todavia, no estado actual, será neutralizada em pouco tempo.
Não tendo forma de se defender de um ataque, o Irão joga a cartada óbvia: sugerir que pode responder de forma catastrófica.
De facto as suas potenciais respostas passam apenas por atacar populações, lançando mísseis sobre cidades, activar células terroristas e aliados e procurar bloquear o Estreito de Ormuz para interromper o fluxo de petróleo para os mercados internacionais.
O problema é que este tipo de “respostas” escalará o conflito para um patamar que o Irão não pode suportar, porque dará pretexto a retaliações esmagadoras de adversários que têm capacidades militares mais do que suficientes para fazer regredir o país à Idade de Pedra.
Assim sendo a retórica belicista do Irão equivale à ameaça de um homem que avisa que poderá dar um tiro na própria cabeça, sujando o fato do seu adversário com os seus miolos.
Os aiatolas sabem disto tudo e sabem também que a única maneira de levarem a água ao seu moinho é passarem a ideia de que são capazes de responder com actos de loucura.
Acredito que dificilmente o farão. São obstinados, apelam ao suicídio, mas não são, eles mesmos, suicidas. Ahmadinejad, talvez, mas não os clérigos que realmente mandam.
Face a um ataque limitado, o mais provável é que reajam como a Síria: lambendo as feridas, inflamando a retórica e atiçando Hezbolah e Hamas contra Israel, o que obrigará este país a enfrentar uma nova chuva de mísseis e a atacar desta vez de uma forma menos “proporcionada”.
Há contudo uma opção que ainda pode ser tentada para vergar o Irão, antes de um ataque: um bloqueio naval. O orçamento iraniano depende em 80% das exportações de crude, pelo que esta medida poderia ter uma eficácia notável. Mesmo que o Irão considerasse o bloqueio como um casus beli, pouco poderia fazer, sem arriscar uma escalada militar.
O grande óbice destas opções é o facto de o preço do crude tender a subir para valores altíssimos durante a crise.
Mas isso irá inevitavelmente acontecer se o Irão se dotar de armas nucleares e estiver em condições de exercer chantagem sobre praticamente todo o mundo, pela simples sugestão de que armas nucleares poderão chegar facilmente às mãos de terroristas.
It is quite gratifying to feel guilty if you haven't done anything wrong: how noble! (Hannah Arendt).
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7 comentários:
"...pela simples sugestão de que armas nucleares poderão chegar facilmente às mãos de terroristas."
E aqui, caro Lidador, põe o dedo na ferida. Mesmo que não queiram, os EUA e Israel vão ter que actuar. Infelizmente, `UE falta unidade e coragem para avançarem juntamente com os aliados. Infelizmente, aos russos e chineses falta miolo para compreenderem que não podem permitir um Estado paria com capacidade nuclear.
Gostaria que as coisas podessem ser resolvidas de outra maneira, mas se os Ayetolas persistirem na ideia insana de quererem obter as armas nucleares, não vejo outra saida que não passe por uma intervenção armada.
Excelente o post. Sabe, eu acho que o papão principal é mesmo a crise petrolífera que iria acontecer.
Muito bom. Um destes dias vc tem de mudar o nick para Demolidor.
"não vejo outra saida que não passe por uma intervenção armada."
Sim, no limite voltamos à invectiva que Churchill fez a Chamberlain:
" O Sr preferiu a desonra à guerra. Acabou tendo a desonra e a guerra"
"a crise petrolífera que iria acontecer."
Irá acontecer com intervenção ou sem ela. O problema é que se o Irão se dota de armas nucleares, nunca mais o mundo terá um momento de tranquilidade e o fluxo da spice estará sempre em perigo. Penso que todos os países consumidores sabem disso.
Para os produtores o negócio é bom. Talvez por isso vemos a Venezuela e a Rússia ao lado do Irão.
Business, as usual.
«Assim sendo a retórica belicista do Irão...»
Ahahahahahah, retórica belicista, ahahahah, sim sim, e o lidador é um pacifista...
Priceless.
http://www.youtube.com/watch?v=gY6JkLASg9Y
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