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quarta-feira, 25 de junho de 2008

Eleições Norte-Americanas V


A Europa já escolheu o sucessor de George W. Bush. Escolha fácil e mal fundamentada mas que, apesar de tudo, reflecte o modo como a Europa vê os Estados Unidos da América hoje em dia.

Como diz, e bem, o Lidador, a esquerda Europeia anda extasiada com o candidato Democrata, o senador do Illinois, Barack Obama. Não por causa da sua visão, das suas opiniões, das suas convicções, da sua ideologia, da sua política: mas sim por causa da sua retórica, da retórica "demagogo-populista" que atinge o auge nos famosos slogans "hope" e "change".

Segundo o nosso Mário Soares, que ainda não mastigou bem isto da Globalização (o que explica, em parte, tanto "ódio" aos Estados Unidos), Barack Obama seria uma mudança de "180º graus" na política Norte-Americana. E é talvez por causa desta ilusão de mudança que a Europa tanto gosta de Hussein. Aliás, como sabemos, Obama é um político ímpar em vários quadrantes.

O que mais mexe nas relações entre os Estados Unidos da América e a Europa é, excluíndo a vertente económica, o modo como os Estados Unidos operam no Mundo. Isto faz na elite Europeia extrema confusão como, diga-se, sempre fez. A Europa ainda não assimilou bem a superioridade dos Estados Unidos da América, conquistada no início do século XX e tenta, muitas vezes, afigurar-se como bloco avesso aos seus maiores amigos.

Curiosamente, os presidentes Democratas foram, ao longo da história dos Estados Unidos da América, aqueles que colocaram mais vezes o país em guerra: Woodrow Wilson ordenou a entrada dos Estados Unidos da América na I Guerra Mundial; Franklin Delano Rosevelt ordenou a entrada na II Guerra Mundial; Harry Truman deu início à Guerra Fria; John F. Kennedy ordenou a invasão do Vietname (o Republicano Richard Nixon negociou a retirada das tropas); com Bill Clinton foi aquilo que sabemos.

Jimmy Carter foi talvez dos mais pacíficos entre os Democratas. Por isso é que John McCain disse, numa entrevista, em tom irónico: "Eu posso ser o terceiro mandato George W. Bush mas Obama será o segundo mandato Carter".

Esta curiosidade pouco ou nada de relevante tem para o caso. Mas serve para elucidar aqueles que julgam que com Obama na Presidência a mudança vai ser abismal.

Hoje, os noticiários nacionais divulgaram uma notícia (das raras que aparecem sobre o senador John McCain) sobre o "escândalo" das declarações de um elemento da equipa do Republicano. Salvo erro, não vi tanto alarido aquando da polémica do Reverendo Wright. Nem quando, há dias, Obama afirmou que Jerusalém deveria permanecer a capital "indivísivel" de Israel e depois se desmentiu.

Barack Obama tem muitos aliados deste lado do Atlântico. Até as sondagens que aqui são divulgadas são escolhidas a dedo: não obstante de existirem, nos Estados Unidos da América, numerosas sondagens que indicam para uma corrida muito renhida ou até para uma clara vitória de John McCain, a Europa apenas passa as sondagens mais convenientes para Obama.

O leitor e o espectador mais atento sabe que as eleições nos EUA têm muitas particularidades. Mas a nossa comunicação social não fala nelas.

O caso mais interessante ocorreu há dias: depois de saídas as sondagens da Universidade do Quinnipiac, um jornal Português correu a dar as boas novas: Obama vencia Ohio, Pennsylvania e Florida.

Porém, a esmagadora maioria das sondagens (esta sondagem foi, salvo erro, a única que deu vitória a Obama na Florida) dá vitória larga a McCain na Florida, empate técnico no Ohio e ligeira vantagem de Obama na Pennsylvania (-4%).

11 comentários:

Renato Bento disse...

E quem ouviu falar das raparigas muçulmanas que foram proíbidas de se sentarem atrás do Senador Obama num comício ?

Diogo disse...

É como você diz, RB. É só teóricos da conspiração do lado direito do Atlântico. A coisa só se resolve quando se perceber porque merda caiu o edifício nº 7 do WTC.

Anónimo disse...

Por um lado é cómico ver/ler a toda a hora Obama, por outro é irritante. Os meus ouvidos começam a ficar um pouco intolerantes ás palavrinhas ''hope'' e ''change'' . É um orador fantástico este Obama ... ( Esperemos que ele mude um dia .. )
Este lado do Atlântico é mesmo ''estúpido'', não conseguem perceber que Obama não mudará nada ... a meu ver o que mudará irá ser sempre para pior .

Mas eu acredito ( contra todos os estudos mostrados pelos media europeus, que Obama não irá vencer )
Como o povo europeu diz; O povo americano é estúpido e por essa razão é que os republicanos estão lá .

( eu sinceramente questiono-me sobre quem é o povo estúpido aqui ) mas felizmente ( infelizmente para alguns ) ainda há quem acredite que os candidatos republicanos é que são bons, ou pelo menos melhores que os democratas.

E quanto as sondagens mostradas deste lado do atlântico, felizmente há Internet que serve para ver as outras que não são mostradas.

Unknown disse...

"Jimmy Carter foi talvez dos mais pacíficos entre os Democratas"

Eu substituiria "pacífico", por "patético".
Carter afundou a América na mais profunda crise de confiança que o país enfrentou. Deixou cair o Xá da Pérsia, facilitou a subida ao poder dos aiatolas e , de um modo geral, enfraqueceu a América ao ponto de ter permitido que dezenas dos seus diplomatas tenham sido sequestrados por um país inimigo, sem ter esboçado sequer uma resposta condigna.

Mas eu acredito que Obama não é tão fraco como Carter. É tão naive como ele, mas mais perigoso porque poderá , caso seja enfrentado, fugir para a frente como um louco.
De qq maneira, a América recuará, o que irá dar oportunidade a que os monstros se desenvolvam e estalem nas mãos de quem vem a seguir.
Como aconteceu com os aiatolas e com a "revolução islâmica". Carter legou a batata às gerações futuras.
O Irão actual, é o resultado das políticas patéticas de Carter.
São assim os aprendizes de Chamberlain.

Renato Bento disse...

O seu pacifismo levou à patetice.

Aliás, Carter hoje em dia continua a maravilhar-nos com os seus discursos. Ainda há dias dizia, enraivecido, que Israel tinha 250 armas nucleares.

Será que alguém lhe disse que isso já todos nós sabiamos?

ml disse...

Salvo erro, não vi tanto alarido aquando da polémica do Reverendo Wright.

Não acredito que acredite que os americanos acreditam que as declarações do padre da freguesia são mais graves do que as afirmações do conselheiro principal do candidato, que um novo 11 de Setembro dava um jeitão dos diabos.

São três máscaras que caem de uma assentada. A sacralidade da tragédia, a compaixão de mãozinha no peito e a dúvida sobre até onde alguns são capazes de ir. Business über alles.

Esse sol-da-terra-2 ofusca demais, meu caro RB! É preciso proteger a visão.

Paulo Porto disse...

Quando se observa o percurso de Obama, percebe-se que existe uma constante, e a constante é: "onde estão as vantagens políticas? Então, é aí que eu estou."

Obama foi um verdadeiro militante de esquerda, mesmo para os padrões americanos, quando iniciou a sua vida política. Mas logo que a sua ascenção precisou de outras linhas de orientação, ele tratou de mudar.

Agora ele compara os poucos radicais que deixam de ir votar nele com os mais moderados que aceitam o seu discuro. Percebe que que tem mais a ganhar que a perder e muda o discurso. É sobretudo a vontade de ser bem sucedido que o move, mais que convicções políticas profundas.

Ainda mais um lado da mais que previsível desilusão da esquerda europeia com a provável eleição de Obama: ele vai querer corrigir o maior problema económico da América, o défice comercial, vai querer proteger as empresas americanas da concorrência externa, como habitual nos Presidentes democratas. Com isso vai diminuir importações por via fiscal. E veremos então a esqerda europeia dizer que o Obama afinal é mau porque só se lembra dos EUA e prejudica as economias emergentes, cujo sucesso passa também por terem o mercado americano tão aberto. Ainda veremos muito anti-capitalista cantar loas à globalização.


Caro RB, parabéns por mais um grande post sobre as eleições americanas.

Unknown disse...

"as afirmações do conselheiro principal do candidato, que um novo 11 de Setembro dava um jeitão dos diabos. "

A clássica má-fé de esquerda tonta.
A afirmação do homem é inconveniente, é como dizer que os pretos tendem a votar em Obama, mas não é ´falsa.
Perguntado sobre um cenário desse tipo, limitou-se a verbalizar o óbvio...de facto um atentado terrorista beneficiaria o candidado que faz do combate ao terrorismo islâmico uma das suas ideias fortes.
Porquê?
Porque traria as realidade de novo para o centro de um debate que, do lado democrata, anda na estratosfera dos "somos aqueles por quem esperamos", da "change" da "hope", e outras banalidades retóricas.
Pela mesma razão, um agravar das condições no Iraque, será benéfico para Obama e todos os democratas sabem disso. Claro que verbalizar tal coisa será uma inconveniência.

De facto as teorias da conspiração já têm começado por menos. Se amanhã houver um atentado ( irá ocorrer, algueres no futuro, isso é tão certo como o nascer do sol) não tarda aí o Tio Diogo a mostrar que o lobby judaico-macónico-bushista-complexo militar-etc, está por detrás do evento e já o andava a planear desde o tempo do Faraó Ramsés.

Comparar isto com as diatribes do Reverendo Wrigth, demonstra apenas imbecilidade. O reverendo Rigth debita as mesmas cavalidades que o Tio Diogo. E está no seu direito. O problema é que Obama bebeu aquela baba durante 20 anos, sem tugir nem mugir.
O que revela bastante do seu carácter e da sua inteligência.
E isso é que é preocupante.

Stran disse...

Meu Caro Lidador,

"Porque traria as realidade de novo para o centro de um debate que, do lado democrata, anda na estratosfera dos "somos aqueles por quem esperamos", da "change" da "hope", e outras banalidades retóricas."

Ora este tipo de argumentação revela que ou:

a) capacidade de raciocinio diminuida (que eu não "acredito" que tenha e "espero" que não seja verdade);

ou

b) odio irracional à esquerda que o faz fazer frases inconsequentes e intelectualmente desonestas;

Nesta sua frase faz crer que algo como esperança é algo de banalidade retórica. Ora esperança implica acreditar e acreditar como o meu caro Lidador é fundamental e muitas vezes o grande motor da nossa sociedade.

Senão vejamos, temos um bom exemplo que aconteceu bem à pouco tempo no nosso "quintal tuga": a escassez de gasolina e gasoleo.
Por causa de as pessoas acreditarem que iria se esgotar estes produtos acabaram mesmo por esgotar. Neste caso só aconteceu porque pura e simplesmente acreditaram que tal iria ser real e agiram de forma a que esse facto se concretizasse efectivamente.
OK pode argumentar que tal teve a ajuda dos medias que criaram uma situação de pânico ficticiamente.

Caso não tivessem "acreditado" o facto não se teria realizado, mas como "acreditaram"

Por causa disso acordaram no dia seguinte já com gasolina nas bombas e com o saldo bancário mais pequeno do que seria espectável.

Mas existem muitos outros casos em que o acreditar é fundamental para fazer um mercado funcionar. Aliás você opera num mercado que vive disso mesmo, de espectativas, que não deixa de ser um tipo de acreditar e ter esperança (mais ou menos fundamentada dependendo das pessoas).

Outro ezxemplo são os bancos, como bem sabe a moeda em circulação é muito menor do que o conjunto dos depositos e se as pessoas deixarem de acreditar no banco e forem a correr levantar o dinheiro seria pura e simplesmente uma catastrofe.

Como vê o acreditar, que é inerente à esperança, e confiança, não é uma simples banalidade retórica. É pedra basilar da nossa sociedade!

Stran disse...

"A clássica má-fé de esquerda tonta.
A afirmação do homem é inconveniente..."

Não é simplesmente incoveniente, é estupida mesmo muito estupida e um insulto.

ml disse...

Prezadíssimo

Não seja palerma, não é obrigatório à definição de direita. Até o McCain susteve a respiração e anda a ver se limita os prejuízos. Fosse alguém da campanha do Obama, que faz rabiar os direitóides que é um consoooooooooooolo de ver, e as suas catilinárias exaltadas já corriam aqui pelo blogue.

E poupe os pulmõezinhos a sermões babosos, deixe essa tarefa a quem tenha a necessária isenção. Até porque perde o seu tempo, as minhas fidelidades vão para o meu país e para a Europa, os estrangeiros que tratem dos assuntos domésticos como nós tratamos dos nossos.

De qualquer modo, foi um estatelanço e peras, estimadíssimo blogueiro, apesar de tudo não totalmente esperável nem numa pessoa com a falta de lucidez e objectividade com que avalia, não pelos actos, mas por quem os pratica.
Aposto dobrado contra singelo que foi daqueles que durante anos massacrou os ouvidos alheios com frases obesas sobre o outro ‘sol da terra’.