ML, nao posso concordar consigo, pelo menos totalmente. As sociedades avançam na base do erro e do ensaio - sobretudo fora da brecha temporal que marca a libertaçao e a definiçao de um reino de liberdade - procuram resolver problemas estabelecidos à priori - nao há politica fora da historia. Os objectivos elementares da comunidade politica serao combater males concretos e impedir extremos de sofrimento - e a politica pode ser mais do que um programa de quatro anos - mas a comunidade está sempre aberta às novas condiçoes historicas. A gestao surge em virtude da auto-organizaçao dos seus elementos e o que vai esculpindo as sociedades é a convergencia nao-planeada das virtudes e dos vicios dos individuos que a compoem - imprevisiveis, incontrolaveis. As ideologias nascem e morrem, sao meros sucedaneos no grande curso da historia - a historia faz pausas mas nao chega ao fim, toda a ordem é susceptivel de mudança. É a interacçao multidimensional e espontanea entre os varios elementos - humanos e nao-humanos, permeaveis ou nao à acçao humana - que geram novos anatemas e questoes civilizacionais. E novas metas programaticas. Cada estadio parece tributar-se a um estadio anterior, mutavel e que nos conserva e comunica o que o mundo precedente produziu mas nada indica que haja sequer uma entidade sobre-natural chamada "progresso". Citando Nietzsche, "O tempo anda para a frente; gostariamos de acreditar que tudo o que existe nele anda tambem para a frente - que o desenvolvimento é algo que se move para diante." O que pode em ultima instancia impedir que aconteça um novo cansaço com os negocios da cidadania e da civilizaçao?
Para quando um blog, ML?
It is quite gratifying to feel guilty if you haven't done anything wrong: how noble! (Hannah Arendt).
Teste
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segunda-feira, 2 de junho de 2008
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5 comentários:
DLM
Uma boa explanação da 'ordem espontânea'.
Quanto à ML, o blog há de estar para breve, a aposto que ela nos vai fazer um link destacado e umas tantas dedicatórias. E nós retribuiremos com gosto a atenção, claro.
Caro mestre, não discorda assim tanto de mim a não ser que eu considero dois planos de observação, um mais ‘bird´s eye view’ e filosófico, outro mais prosaico e no qual se notam os fios e o papelão dos robertos.
É mais feio, menos aprazível e por isso nos desafiam a que andemos lá por cima, nel blu nel pinto di blue, e deixemos a ‘espontaneidade’ tratar dos assuntinhos cá da terra. O polites encontra-se a todo o momento em risco que lhe retirem o tapete e abdique do direito de ser a justa medida da história.
Mas há indícios de que nova teoria já está aí a bater à porta. E para os cálculos do Agostinho da Silva vem atrasada.
Na história vista pelo passarinho parece ser a sabedoria ancestral da humanidade quem aconselha as respostas certas para cada circunstância. Corrigidos os erros de percurso, a finalidade será a de ‘combater males concretos e impedir o sofrimento extremo’.
Mas não me parece que seja assim ou apenas assim, vá lá.
Podemos dizer que a tribo descoberta há pouco na Amazónia se rege por esse tipo de programação genética que encontramos nas comunidades animais. Se viu a reportagem, reparou que se vestiram de cores guerreiras (dizem os antropólogos) e colocaram os arcos e flechas em posição de defesa contra o helicóptero, objecto desconhecido e ameaçador.
Mas o mundo perdeu a inocência e deixou de ser a Amazónia, os impulsos já não são apenas ímpetos de defesa e de preservação mas atitudes calculistas de ataque e de transformações forçadas.
Eu acho que o mestre parte do princípio de que as ideologias nascem e morrem out of the blue, sugeridas por essa tal sapiência adaptativa dos povos. Discordo, e nem é pelo facto de muitas sociedades aderirem conscientemente a opções que lhes são desfavoráveis, mas porque hoje muitos movimentos humanos são programados, orientados e reorientados à escala mundial. Não é a humanidade como um todo ou como grupos quem o faz, mas sim motores específicos, independentemente dos objectivos que tenham em vista. A menos que queira considerar que esses motores são emanações espontâneas das sociedades, os porta-vozes naturais ungidos pelo poder divino.
Assim se consideravam os reis durante a Idade Média, daí o seu poder indiscutível para agir em nome da comunidade. Mas desde considerar até ser, vai o mundo todo.
Há dias li uma coisa extraordinária. A Comissão do Crescimento e Desenvolvimento, economistas nobelizados, antigos 1º ministros e ministros das finanças, directores de bancos centrais, prepara-se para dar um ‘jeitinho’ à mão invisível que parece ter levado a ortodoxia longe demais.
Foi porque chegaram à conclusão de que a ortodoxia foi um ‘ensaio assente num erro’ que levou a distorções nas sociedades humanas, e que a persistência nesse erro é uma inquietação ética que não querem carregar?
Pense o que quiser, mas não me parece. Parece-me é que temem que se esticarem muito a corda não salvam porcos nem dinheiro.
E então como pretendem dar a volta? Entre outras coisas, pasme-se, a principal das nossas conclusões é que o crescimento indispensável para fazer recuar a pobreza e assegurar um desenvolvimento duradouro reclama um Estado forte. E que os estados planifiquem a economia a longo prazo (quinquenalmente?), que invistam em infra-estruturas, na saúde, na educação.
Defendem esse estado forte em função dos seus interesses ou é uma concessão à vontade espontânea dos povos que sempre, desde que existem, escolheram chefes capazes de olhar pela tribo e de não a abandonar à mercê de forças que não controlam?
Acho que a resposta não oferece grandes dúvidas.
Se subirmos lá para a nuvem do ‘grande arquitecto’, até poderei dar-lhe razão, são as aspirações das sociedades que estão a empurrar esta fatia da história. Mas ainda assim temo o que esse ‘estado forte’ possa significar, já que afirmam não ser o regime das democracias ocidentais indispensável ao êxito do plano.
Mas o que tudo isto parece indicar é que estamos no fim de uma era, projectada a partir de cima, indiferente às consequências sociais e históricas e substituída por uma outra mais ‘bondosa’ para com a polis. Ou seja, intervir na história de todos nós.
E já agora para fazer a ponte com o dentinho.
O Michael Spence, um dos tais Nobel da comissão, exortou os países industrializados a parar com os subsídios à energia e aos biocarburantes e convidou os países em vias de desenvolvimento a evitar os gases de estufa e a poluição, porque isso lhes custará extremamente caro.
O arrefecimentismo global não estava na agenda mas o interesse espontâneo das personalidades presentes acabou por o impor.
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Meu caro PP, constato não ter a sua aprovação por não fazer parte do giroflé Ámen.
E não fale em ‘nós’, que o prezado lidador não gosta. Para um bom liberal o apelido é 'eu' e não há colectivos.
Stran:
"Para um bom liberal o apelido é 'eu' e não há colectivos."
Para o idiota útil, de subtipo estúpido militante, só há colectivo, não havendo, portanto 'eu' capaz de conhecer (e reconhecer) o colectivo.
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Stran,
Ainda bem que fala de prémio Nobel:
http://mitos-climaticos.blogspot.com/2006/02/declarao-de-leipzig.html
e mais estes 10 ou 11:
http://bsnotebook.wordpress.com/2008/05/08/co2-and-hot-air/
Pormenores aqui:
http://www.ilovemycarbondioxide.com/letters/IPCC_letter_14April08.pdf
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RoD,
Essa tua paixão por mim é cada vez maior...
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