Assisti a excertos da conversa entre Saramago e Carreira das Neves nos jornais da SICNotícias. Pelo que ouvi em sentido lato, isto é, pelo que presenciei, Saramago:
1.Não percebe porque é que livros como a Bíblia não poderão também ser interpretados à letra, mas somente em contexto histórico, simbólico e metafórico, contestando a necessidade sequer de notas de rodapé que esclareçam o leitor sobre tais contextos e significações simbolizadoras respectivas contidas na obra.
Suponho, por isso, que o nosso prémio Nobel tenha lido, por exemplo, As Viagens de Gulliver, as Alices (a que caiu no País das Maravilhas e a que passou para o outro lado do espelho), a Metamorfose, Os Cantos de Maldoror ou até A Guerra das Salamandras, da maneira que propõe.
Suponho que, em sua opinião o encarceramento de Swift possa, pois, ter ficado a dever-se a qualquer phantasia teológica, pelo facto de os ingleses haverem analisado as coisas “pela rama” (sic), isto é, interpretando-as.
E que ele, Saramago, não duvide de que tudo o que se encontra nas obras que referi, tanto as personagens como os acontecimentos, hajam sido tão reais como Caim, Abel e a má-disposição de Iavé naquele dia. Já sem falar dos péssimos costumes que todas elas relatam.
2.Sendo ateu e, portanto, podendo assim legitimamente tratar Deus por filho de uma trabalhadora do sexo (embora tal lhe possa vir a suscitar críticas ferozes do BE, que deve andar distraído nestas coisas de insultos populares, tão tradicionais como a tourada, não propondo legislação sobre o assunto), tem um rebate de consciência e, contrictamente, pede desculpa pelo excesso.
Sinceramente, não percebi de quê nem porquê.
Dizer que Deus é um filho da p… não passa, no plano ontológico, de um absurdo, já que o conceito de Deus implica que Ele não seja filho de ninguém - e, aqui, Saramago escusaria de pedir desculpas, dado que estaria apenas a dar mostras de um primarismo intelectual de que ninguém suspeitará.
E se pede desculpa a alguém por se exprimir, como legitimamente lhe assiste na sua condição de homem livre, enquanto não-crente, ou por, mesmo se crente, ter vindo, em consciência, apontar ao seu Criador o que considera serem falhas éticas fundamentais, então diminui-se em dignidade. O que é lamentável.
Como lamentável é tudo isto.
1.Não percebe porque é que livros como a Bíblia não poderão também ser interpretados à letra, mas somente em contexto histórico, simbólico e metafórico, contestando a necessidade sequer de notas de rodapé que esclareçam o leitor sobre tais contextos e significações simbolizadoras respectivas contidas na obra.
Suponho, por isso, que o nosso prémio Nobel tenha lido, por exemplo, As Viagens de Gulliver, as Alices (a que caiu no País das Maravilhas e a que passou para o outro lado do espelho), a Metamorfose, Os Cantos de Maldoror ou até A Guerra das Salamandras, da maneira que propõe.
Suponho que, em sua opinião o encarceramento de Swift possa, pois, ter ficado a dever-se a qualquer phantasia teológica, pelo facto de os ingleses haverem analisado as coisas “pela rama” (sic), isto é, interpretando-as.
E que ele, Saramago, não duvide de que tudo o que se encontra nas obras que referi, tanto as personagens como os acontecimentos, hajam sido tão reais como Caim, Abel e a má-disposição de Iavé naquele dia. Já sem falar dos péssimos costumes que todas elas relatam.
2.Sendo ateu e, portanto, podendo assim legitimamente tratar Deus por filho de uma trabalhadora do sexo (embora tal lhe possa vir a suscitar críticas ferozes do BE, que deve andar distraído nestas coisas de insultos populares, tão tradicionais como a tourada, não propondo legislação sobre o assunto), tem um rebate de consciência e, contrictamente, pede desculpa pelo excesso.
Sinceramente, não percebi de quê nem porquê.
Dizer que Deus é um filho da p… não passa, no plano ontológico, de um absurdo, já que o conceito de Deus implica que Ele não seja filho de ninguém - e, aqui, Saramago escusaria de pedir desculpas, dado que estaria apenas a dar mostras de um primarismo intelectual de que ninguém suspeitará.
E se pede desculpa a alguém por se exprimir, como legitimamente lhe assiste na sua condição de homem livre, enquanto não-crente, ou por, mesmo se crente, ter vindo, em consciência, apontar ao seu Criador o que considera serem falhas éticas fundamentais, então diminui-se em dignidade. O que é lamentável.
Como lamentável é tudo isto.
P.S. - Esqueci-me, há pouco, de acrescentar que também não gostei do "não gostei" de Carreira das Neves quanto à expressão "filho da p..." utilizada por Saramago em relação a Deus. Não me lembro da referência, nos Evangelhos, a qualquer expressão de desagrado equivalente, dirigida por Cristo aos seus adversários ou perseguidores. O "não gostei" de Carreira das Neves é uma espécie de shizatu, sucedâneo da espada brandida por Pedro e de imediato condenada pelo Mestre, ocupado em suscitar o amor, pela fé e pela reflexão.
Carreira das Neves é humano, cedeu a um sentimento menos nobre e quem sou eu para julgar ou condenar deslizes alheios! Mas deverá, como toda a Igreja Católica, fazer igualmente a frequente análise dos seus actos. É que, como se diz no Evangelho (e eu sou, nesse aspecto, cada vez mais profundamente cristão): "Pelas vossas obras, e não pelas vossas palavras, vos reconhecerei".
31 comentários:
Não posso comentar o post porque não assisti ao debate. Mas, uma coisa é certa, se Cristo voltasse à Terra quem o crucificava era eu.
O Saramago dá forte e feio mas é Deus dos judeus!
O Saramago dá forte e feio mas é Deus dos judeus!
Diogo:
Cristo é um modelo de democrata. Chegou ao ponto de se deixar crucificar por aqueles que o fizeram só por não concordarem com ele. Se ganhou ou perdeu, são contas que o Diogo a fazer por si. E a crucificação será, uma vez mais, consigo.
Essa é muito boa, meu caro Gonsalo.
Como a partir do séc. XIX a igreja decidiu relativamente à Bíblia o que o Pacheco Pereira fez recentemente em relação à dra F. Leite – não são para serem levadas à letra - toda a gente está obrigada a seguir a interpretação oficial.
Para uns, a do PSD, para outros, a da ICAR.
E assim temos que a globalidade da pintura e da escultura sacras, a patrística, a literatura dos dois últimos milénios, a etnografia cristã, estão ‘fora de contexto'.
E o que eu gostava dos pageants medievais e das procissões! Espero que ao menos passem a simbolismos do simbólico e não acabem com eles.
Mas o que me dá mais pena são os Faustos, quer do Marlowe quer do Goethe, e as Tentações de Santo Antão. Paciência, vou experimentar olhá-los de um modo mais levezinho e fingir, sei lá, que o Mefistófeles levou o Fausto ao alto do monte para lhe mostrar a nova urbanização, o que por sua vez faz flashback para o episódio bíblico.
Em finais do séc. XX o papa reconheceu que afinal Galileu vislumbrou de muito longe o plano divino e que a terra se movia. Já em pleno séc. XXI outro golpe nos literalistas, faleceu-nos o limbo. Amanhã até pode decidir que as páginas pares da Bíblia sejam lidas literalmente e as ímpares dentro de um contexto qualquer. Está no seu direito, é o seu Livro.
É capaz de ser muito interessante este saltitar, tem é que depois proteger-se da hipersensibilidade solar de que sofre.
Sabe, Gonsalo, eu até defendo, como não podia deixar de ser no meu caso, que a contextualização de qq obra, seja qual for, é altamente recomendável a quem a queira compreender e estudar. Mas defendo ainda mais, e com unhas e dentes, que não é obrigatório que seja essa a versão utilizada posteriormente, já que qq leitura, literal ou não, é sempre decidida em função da finalidade narrativa. Já dei o exemplo de Shakespeare e o que ele fez com os cronistas.
Mas então a esta agitação de penas no ar chama-se o quê? Obrigatoriedade da justaposição cidadania/igreja? Intocabilidade dos oráculos?
Os muçulmanos comuns – e já nem vou falar nos ‘do costume’ para não baralhar os eléctrodos, mas vá lá, os indonésios, bósnios, turcos, moçambicanos, guineenses, portugueses – então tinham ou não motivos para se chatear com os desenhos de Maomé e com os cartoonistas ‘descontextualizados’?
Afinal parece que o intelig... o Bush estava mesmo coberto de carradas de razão, foi desrespeito.
Balhamedeus&Associados! (não me atrevo a excluir ninguém)
Mas numa coisa concordo consigo, vamos acabar com isto de vez. Não gostam do Saramago pessoa, vingam-se no Saramago escritor, ponto final. O Pulido Valente até descobriu que ele é acéfalo, não estudou o que devia estudar muito provavelmente contra vontade dele e tem ideias de trolha ou de tipógrafo semianalfabeto.
Sempre acho mais graça à pelezinha sensível da ICAR do que à casca grossa dos tios.
ml:
1. Os estudos hermenêuticos à séria sobre a Bíblia começam na Alemanha luterana do século XIX (Schleiermacher e tal), como muito bem saberá, não em Roma.
2. Se a Igreja Católica aceitou a validade desses estudos e os integrou, tornando-se, com isso, mais cristã ou, pelo menos, melhor, ainda bem não só para os cristãos como para toda a gente. Prova que, se calhar, Deus escreve mesmo direito por linha tortas.
3. A história da Ecclesia cristã é, como toda a instituição humana, composta pelo melhor e do pior. Se melhora, se se pretende livrar do que de não-cristão a manietou durante séculos, é lamentável que se insista permanentemente na via do reforço negativo, já que ninguém beneficia com isso.
Mas isso é outra discussão, como todos sabemos.
4. "qq leitura, literal ou não, é sempre decidida em função da finalidade narrativa", diz. Eu digo: depende do que estiver em jogo. Mas isso é mais uma outra discussão, que só em parte cabe neste blog.
5. Não gosto do Saramago como escritor, não gosto do Saramago como pessoa. Ou, por outra, só gosto às vezes, quer do primeiro quer do segundo - ninguém é tão mau ou tão bom que se deteste se goste em absoluto. Mas nunca me ouviu nem ouvirá criticar o Saramago enquanto escritor, não porque, como disse anteriormente, goste do modo como ele escreve, mas porque considero que, no campo da estética, mais do que em qualquer outro, a contraposição a uma obra só pode ser feita com uma outra que se lhe constitua como alternativa.
6. O que é, para mim, válido para a estética, é-o também para a religião.
Surpreendida?
7. Não sou católico nem "protestante" nem ortodoxo nem anglicano nem copta nem judeu nem muçulmano nem. Procuro apenas não ficar cego no meio dos clarões das armas para aquilo que está, encolhido ao canto, no meio da zaragata.
8. Com que então gosta do Rainer Maria...! Eu também. Da poesia, dos contos que li não gosto tanto. E de quem mais gosta?
Caro Gonçalo
2. É completamente pacífico que a igreja modernize a exegese à luz de novos conhecimentos. Também tem que ser completamente pacífico que a ICAR robusteça a capacidade de resistência às contrariedades, perceba que já não fala em circuito fechado e que cada qual tira dos textos a versão que melhor serve os seus objectivos. Não tem que dançar conforme a música que a ICAR toca, isso é para os crentes.
3. Há uns anos uma telenovela qq passava-se quase toda no céu entre personagens que, à medida que iam morrendo, acediam a prados muito verdes, adquiriam uma vestimenta branca e creio que umas asinhas.
Escândalo pela leitura literal do paraíso?
A ICAR esfregou as mãos pela publicidade gratuita, ao arrepio de simbolismos.
Não acha isto assim... como hei-de dizer, um tanto indecoroso?
Mas na verdade, como já disse várias vezes, não sei muito do historial que rodeia a interpretação bíblica. Nunca me interessou muito, dei prioridade a outras coisas. No entanto sei que conheço bastante mais do que a maioria dos católicos. Dos países protestantes já não direi, até porque estes, mesmo os ateus, a reflectem muito mais nas suas obras do que os católicos. Pode parecer bizarro, mas é assim. O pp Brecht está ‘empapado em Bíblia’, para usar uma expressão do Saramago.
Sou de formação germânica, Ilhas Britânicas/Estados Unidos por um lado, países que integraram o império germânico e falantes de alemão, por outro. É impossível estudar-lhes a história, as instituições, a filosofia, a cultura, os autores e até a língua sem bater de frente com a Bíblia.
5. Não me terei apercebido da posição de todos os fiéis em relação ao escritor Saramago, mas tem que concordar que alguns foram um manancial de paranóia antiliterária. E o que mais me diverte é que me vejo a terçar armas por um autor que nem é uma prioridade na minha lista, mas a quem reconheço a qualidade que lhe é reconhecida interna e internacionalmente. Trata-se de uma questão de gosto, apenas, e sei que quem perde sou eu, não o Saramago.
Como dizia a Clara Ferreira Alves, no estrangeiro a literatura portuguesa é Pessoa e Saramago, pode constatar isso em qq país que visite. Quando há uns anos quis oferecer a amigos americanos um autor português, as traduções do Saramago estavam em qq livraria. O Lobo Antunes também tem lá um bom mercado, mas não se iguala.
Mas diga-se em abono da verdade que os argumentos mais burros que encontrei por aí nos media nem partiram, a maioria das vezes, de gente ligada à igreja, que tem algumas carolas muito finas, mas de peões menores.
- Que o Saramago é um ateu ressabiado
- Que o Saramago é um cobarde porque não teve coragem de falar sobre o Corão.
Nem vale a pena perdermos tempo com as matutações destas cabecinhas de alfinete.
8. Rilke é realmente um dos autores de que gosto. Nasceu em Praga mas é de língua alemã, tal como Kafka. Se conhece minimamente a história daquela região, sabe a razão disso. E dele gosto não só da poesia como principalmente de Os Cadernos de Malte Laurids Brigge, um texto moderníssimo. Quando li os Cem Anos de Solidão, tive uma sensação de déjà vue que remetia aos ‘Cadernos’.
Há também Hölderlin, imenso.
Continuando no clube dos poetas mortos, em língua inglesa talvez Yeats, Emily Dickinson, Walt Whitman, Poe, mas é difícil escolher.
Mas para lhe ser sincera, neste momento ando ocupadíssima é com a trilogia ‘Millenium’ do sueco Stieg Larsson, já vou no 3º volume e estou em pulgas para saber como se deslinda aquilo. O policial é um género pelo qual me perco.
9. Não respondeu, se calhar não quer e não vou insistir.
Afinal o Idiota tinha ou não razão em pedir respeitinho pelas religiões? fica sem resposta.
Os mais histéricos anti-respeito de ontem, são os mais histéricos pró-respeitinho de hoje. Como se esperava, aliás, vendo os argumentos em que se sustentavam e se sustentam.
Cabecinhas.
Fini.
Desculpe, 'Caro Gonsalo'.
Ainda hei-de ver onde remonta a disparidade ç/s.
No séc. XIX era frequente a dupla grafia Sintra/Cintra, pêssego/pêcego.
Será daí?
ml:
Deixe lá o Gonsalo, é só um gosto meu em reaver o apelido do meu trisavô paterno, Gonçalves (ou Gonsalves?), entretanto perdido. Cá por coisas (pessoais). Mas, já agora, se estiver para aí virada, agradeço-lhe. Sempre tive curiosidade em o investigar, mas falta de tempo e de oportunidade para o fazer.
Sobre o que Bush disse quanto ao respeitinho pelas religiões, como compreenderá, isso depende da intenção do dito, que, para mim, não ficou claro. Não me parece que a contestação de qualquer religião tenha sentido fora das consequências negativas que revista quer do ponto de vista colectivo quer do ponto de vista pessoal. Os eventuais pontos de discórdia estarão, evidentemente, no que se considere negativo em ambos os níveis. Nesse aspecto sinto-me, actualmente, muito próximo de Richard Rorty, quando estabelece o horizonte de liberdade na busca da felicidade (entendida como redução máxima de limites na auto-criação) como critério de avaliação de qualquer doutrina ou ideologia. A religião é um estado de espírito, ou seja, um mapa, como dizia um amigo meu, e que, tal como qualquer obra de arte, alcança ou corresponde ou não a um consenso alargado, base da sua institucionalização. Quando, por inércia, se torna em cânone estático (e isso acontece sempre) perde esse valor de mapa e de horizonte da acção, degenera em crença, no sentido pejorativo do termo, transformando-se, inevitavelmente, em motivo e pretexto de discórdia em todos os níveis que se quiser.
Mas, olhe!, sinto que falar disto depois de uma refeição deglutida com um ripanço de que já não gozava há muito tempo, acompanhada de um tinto alentejano que também já não me passava pelo gasganete há ainda mais tempo, é capaz de não ser muito esclarecedor para si.
Em síntese, portanto: o Bush terá razão quando o diz, na medida em que, como democrata de boa cepa americana, foi educado no respeito por todas as religiões e sabe que esse respeito é fundamental na boa convivência (o Rorty, que é da esquerda americana, fala disso); mas não se pode ignorar o que determinada religião, enquanto moeda gasta, como diria Nietzsche, pode originar em culturas etnocênticas, agressivas e ressabiadas, sob pena de nos vermos em sérios apuros. E Bush também não o ignorou.
Quanto à literatura, falaremos mais tarde, quando esta azinheira deixar de me dar sombra.
‘Gonçalo’ vem do germânico (dos nossos amigos bárbaros, que nos deixaram os patronímicos, como Gonçalves) que se alatinou para Gundisalvus.
Gundi – batalha, luta
+
Salo – escuro, cego pela luta
ou
Salwa (gótico) > Salvus (latim)
Está documentado como:
1. Gunsalbus (séc. IX)
2. Gundisaluus / Gunzaluo / Gundissaluo (séc. X)
3. Gunsaluuo / Gundiçalvus / Gonsalvo / Gunsaluus / Gunçaluoo / Gunzalbo (séc. XI)
4. Gonçalo (séc. XV)
5. Etc.
No português antigo, os grafema /s/ e /ç/ correspondiam a sons diferentes. Depois essa diferenciação perdeu-se e a escrita tornou-se um tanto arbitrária, dependia do escrevente. E também a estes fenómenos de evolução nunca corresponde uma data determinada, arrastam-se pelos séculos e é quase impossível estabelecer um período exacto.
No Brasil há muitos Gonsalves, o que indica a existência dessa grafia à época da emigração.
Nos Estados Unidos são praticamente todos Gonsalves mas esses, para além do motivo anterior, devem-se em parte também à reformulação dos nomes logo à entrada pelos serviços de imigração em Ellis Island, quando incluíam letras ou pronúncias desconhecidas no inglês. Escreviam de ouvido. Outras vezes foram os pp imigrantes que voluntariamente os adaptaram à língua do país, o que se entende, Goncalves desvirtuaria completamente a percepção do nome.
E já agora,
Gundisalvici (baixo latim) > Gundesalbiz > Gundisaluiz > Gundissalbici > Gunsaluizi / Gunsaluiz > Gonçalvez > Gonçalves
Falta-me é coscuvilhar quando é que as formas actuais se fixaram em definitivo.
"Como dizia a Clara Ferreira Alves"
Com referenciais deste calibre, não admira que aqui a ml seja aquilo que sói designar-se por "ignorante letrada".
Ando justamente a reler um excelente livro de Raymond Aron sobre este tipo de "intelectuais".
É aliás por isso que com tanta conversa, ainda não entendeu o óbvio, o suco da barbatana deste asunto, e que vou mas uma vez tentar resumir-lhe:
1- Saramago só é "bom" escritor, porque ganhou um Nobel
2-Saramago ganhou um Nobel, entre outras razões,porque a Academia tem uns critérios exóticos que fazem com que o presidente do comité tenha garantido que não reconhece por exemplo à literatura americana, qualidade suficiente para tal.
3- Saramago é um religioso comunista...acredita na profecia marxista e no triunfo final redentor da classe operarária.
4-Saramago, ao contrário do que ele concretamente fez a outros, por exemplo no DN, tem o direito de dizer o que lhe vai na cabeça, mesmo que sejam bostadas e cavalidades.
5-Quem o ouve, tem o direito de dizer que não gosta do cromo, e pensar que as bostadas que ele profere, são bostadas.
6-Quem acha que ele diz bostadas e que como homem é uma merda, não tem o direito de o calar a tiro ou a murro ou como seja.
É isto, minha cara, e nada mais do que isto.
Se Bush acha que devem respeitar-se as religiões, é lá com ele.
O Obama acha ainda mais e eu próprio, que sou agnóstico, penso que o assunto é complexo, que toca o ser humano bem lá no fundo (já reparou que o ser humano é o único animal que precisa de narrativas redentoras?).
Não me vejo a ridicularizar a minha vizinha que vai a pé para Fátima, mas vejo-me perfeitamente a chatear o padre que me quer enfiar o som do sino pelos ouvidos a cada quarto de hora.
É aliás por isso que o meu alvo é a religião islâmica...porque é totalitária, porque almeja controlar tudo, porque no limite me nomeou como alvo.
P.S. Quanto ao Stieg Larsson, não há volta a dar-lhe...você acaba sempre nos braços de comunistas e trotskystas....não admira que veja o mundo e forma tão distorcida.
Óptimo post
ml:
Obrigado pela atenção. Sabia da origem germânica, mas não do significado nem do resto de que fala.
Gonsalo
De nada, é simples.
Com referenciais deste calibre...
... ... ... ... ... ... ... ... ...
...Quanto ao Stieg Larsson, não há volta a dar-lhe...
Cabecinha de alfinete.
"cabecinha de alfinete"
Cara ml, claramente o seu melhor argumento, o que diz algo dos outros.
Mas nessa matéria o velho Capitão Haddock bate-a aos pontos, pelo que nem por aí lá vai.
Quanto à Clara, esse monstro intelectual que parece estar no seu altar de ídolos, o facto de andar nos últimos tempos a limpar a baba ao Dr Soares, diz algo da senhora,velha santanete que abichou a Casa Museu Fernando Pessoa, por méritos horizontais, que o Pedro é amigo...
Esse mesmo Fernando Pessoa, de costela judaica, que não merecia ser assim vulgarizado e que disse um dia que a sua posição social era " anticomunista e anti-socialista.O mais deduz-se do que vai dito acima"
"cabecinha de alfinete"
Para quem tem o Dan Brown como expoente, é mais alfinete sem cabecinha.
claramente o seu melhor argumento
Teve que ser, sem a leitura dos seus comentários há que aplicar o antibiótico de largo espectro, que caça tudo.
de costela judaica
Ah!, as raças...
"ah, as raças"
Judeu é raça?
Espantoso...
"Dan Brown como expoente"
Quem tem Dan Brown como expoente? A nossa santanete?
Bem, isso pouco interesse tem, mas aqui este seu amigo não tem "expoentes"...de facto alimenta um radical cinismo perante a espécie, pelo que é pouco provável que algum dia o apanhe a endeusar alguém.
Cultos de personalidade são mais para as bandas trotkystas e comunistas onde a ml se empapa, saramagamente falando.
Quem tem Dan Brown como expoente?
Outra vez a mentir, cabecinha?
Deixe, não estou para procurar os links. Talvez o Sérgio, se andar por aí, queira fazer-lhe esse favor.
Oh ml, se eu começasse à pesca de links sobre asneiras do lidado, acho que não fazia mais nada nos próximos tempos.
Era procurar isso, ir às mil e uma asneiras sobre o Orwell que afinal não suporta a Esquerda, a 'tareia' que o Niall Ferguson mandou ao Krugman mas em que o prezado nunca conseguiu articular mais do que "o Krugman perdeu!", o Stiglitz ter ganho um equivalente ao Nobel da Economia por "defender a ética na glocalização", incontáveis asneiras sobre o Saramago, o seu Nobel e até o local onde o recebeu... Uffff! Já estou cansado só de enumerar, ainda nem devo ter falado de um décimo das calinadas e por este altura o prezado já nem os pés tem de tanta vez lá automutilado.
Sérgio, não te preocupes, começou a moer-me o bichinho e já encontrei. ;)
Aquilo é muito melhor do que eu me lembrava. No meio de muita citação, muita interpelação, muita recomendação - Dawkins, Orwell, Aron, Sokal – muita muleta em textos de meia-leca, desvanecemo-nos com o entusiasmo pela boa literatura do Dan Brown, colocado a par de Umberto Eco, Alexandre Herculano.
Tão bom, tão bom, e logo os nossos Saramago e Pessoa é que não prestam. Temos azar.
Mas há mais, muito mais. Ainda não desenrolei, aquilo está muito chato, mas dei com um índice de ‘material’.
@ Sérgio Pinto: «…se eu começasse à pesca de links sobre asneiras do lidado, acho que não fazia mais nada nos próximos tempos.»
Então, já que tem muitos afazeres, mencione apenas as asneiras relacionadas com este post…
Carmo da Rosa,
A 'sugestão' do SP é apenas uma variante da velha máxima "agarrem-me, senão desgraço-me".
.
Ml,
Conseguisse o prezado entender o Orwell e em vez de o recomendar enviava-o para o canto das nulidades, a acompanhar o Saramago...
Carmo,
Basta o facto de considerar um vencedor do Prémio Camões e único escritor português vencedor do Nobel da Literatura uma nódoa, não?
E se quiser ficar pelo mesmo tema, relembro-o de uma alarvidade que o lidado (ou um dos acólitos, como saem em série posso estar a confundi-los) escreveu sobre o Nobel da Literatura: qqc sobre a sua inacessibilidade para judeus americanos. Uma chatice para Saul Bellow, Isaac Singer e Joseph Brodsky.
Mais algum pedido?
Range,
Obrigado por nos deixar saber que, quando o supremo idiota do blogue se quiser reformar, não faltarão candidatos a querer calçar os seus sapatos.
Basta o facto de considerar um vencedor do Prémio Camões e único escritor português vencedor do Nobel da Literatura uma nódoa, não?
Sérgio, e a aldrabice, que nas crianças era antigamente tratada com pimenta na língua.
O Saramago é uma nódoa, o Pessoa não vale a importância que lhe dão, o Dan Brown é colocado como boa literatura ao lado de Umberto Eco e Alexandre Herculano.
Mas pode até tratar-se de simples preferência, sei lá, cada qual gosta do gosta e tem os critérios que tem. As mentirolas cabecinhas-de-alfinete é que são um hábito enraizado.
@ Sérgio Pinto: «… considerar um vencedor do Prémio Camões e único escritor português vencedor do Nobel da Literatura uma nódoa, não?»
Porque não? Pelo menos podemos considerar uma nódoa – na sua honestidade intelectual - o facto de ele desaconselhar a leitura da Bíblia às nossas criancinhas e não propor uma alternativa, por exemplo o Animal Farm do Orwell, não?
No que diz respeito aos judeus e prémios Nobel acho que foi um lapso do Lidador, porque os judeus já tiveram tantos premiados que já podemos dizer nas calmas que são bafejados pelo Altíssimo, ou pelo menos que eles é que são o Ubermensch e não os alemães…
"acho que foi um lapso do Lidador"
Lapso nenhum, cdr.
O nosso comentarista, como é habitual nos crentes furiosos, por vezes acredita nas mentiras que ele mesmo inventa.
Se eu fosse como ele, cruzes, canhoto, abrenuncio, t'arrenego, deus me acuda, diria no mesmo tom nonchalance que ele , em tempos que já lá vão, garantiu que o Eusébio é tio do Estaline.
E o cdr dirá talvez que foi um lapso do nosso comentarista.
Mas se o nosso comentarista dissesse que, em vez do Eusébio, o Saramago é que é tio do Estaline eu acreditava perfeitamente...
Por falar em Saramago, já viu que o nosso Benfica está aquela máquina de antanho...
Hoje é a prova dos nove, o teste do algodão..eu nem vou ver, vou mas é festejar o Hallowen e se houver bruxas,espero que não passem por Braga.
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