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terça-feira, 8 de maio de 2012

O rendez-vous do troglodita - 1



Bosch, O Jardim das Delícias - painel central

CdR:

Quando lhe disse que tenho, de momento, pouca disponibilidade para blogar nem que seja comentários não estava, como calculará, a fazer bluff. Acontece que nestes dois dias ainda se me proporcionou mais algum tempo e desejo, pela minha parte, rematar a questão. Como uma vez mais senti a necessidade de me alargar na resposta, publicarei amanhã a outra metade. Assim, aqui vai.


O essencial das suas posições assenta na superioridade do que supõe novo face ao que supõe velho. Avaliando o que é novo como um progresso em relação ao que é velho. Assinalo: progresso.


As minhas avós eram analfabetas, bem como o meu avô paterno. Trabalhadores rurais, eles; camponeses, todos. Do interior do país. Nenhum dos meus avôs maltratou as suas companheiras e ambas, em especial a paterna, tiveram um papel bastante marcado e importante nas respectivas famílias. Com as naturais — ao tempo — liberdades e restrições próprias de cada sexo. Como elas, a crer no testemunho dos meus pais e outros familiares próximos, 80% dos restantes habitantes da vila. A maioria da excepção que constituíam os sobrantes 20% era constituída por alguns dos mais pobres e alguns dos mais ricos. Assinalo: alguns.


Pelo que, sobre as nossas experiências pessoais no que respeita à importância do papel da mulher desde as sociedades arcaicas matriarcais, estamos esclarecidos. Ou então, releia ou leia esse drama terrível que é A casa de Bernarda Alba, do Lorca, que os meus 15 aninhos — ao contrário do que sucedeu com outros amigos meus, de famílias citadinas, que achavam aquilo um exagero — souberam desde logo identificar com as vivências que tivera, não tanto com os “cavadores de enxada”, mestres de ofício e outros, mas numa parte das “casas ricas” da vila (na família da minha mãe encontravam-se os dois extremos; na do meu pai, os que, a pulso, procuravam viver com mais desafogo). Porque nas mais pobres ou nas “remediadas”, embora sob a necessidade de manter a aparência da “honra”, a atitude quanto à sexualidade não era bem aquela.


Agora, vamos por partes. Em primeiro lugar, o que se liga à quantidade. Mas, antes, para situar melhor o que quero dizer, deixo-lhe já uma pequena nota prévia ao que virá a seguir. E que é isto: a ideia da Idade Média como Idade das Trevas foi um recurso dos Renascentistas para se demarcarem e se apresentarem como uma nova forma, a forma correcta, de perspectivar o mundo. De facto, quando se lêem os textos que escreveram, encontra-se um discurso bem diferente, que reconhece nos medievais os seus mestres. Porém, para aqueles que, intencionalmente ou não, nesse tempo e futuramente, por pouco mais se interessaram verdadeiramente por algo que não fosse essas declarações bombásticas pour épater les gens e chamar sobre eles as atenções, bastou-lhes a vulgata que bastava para justificar os seus fins. Leia, por exemplo, Luz sobre a Idade Média, de Régine Pernoud, um clássico das novas investigações.


É, aliás, um truque desde sempre actual. Como dizia o Mick Jagger, ainda há pouco tempo: “Bem, nós tínhamos que falar mal do Sinatra…”. O marketing perde-se no chavão da bruma do tempo.


Passemos então ao abençoado e desejado sexo: investigue um bocadinho também, por sua conta. Nem precisa de grandes referências para, rapidamente, se dar conta de que a Idade Média nunca foi a época da diminuição, por opressão ou medo de divino castigo, da actividade sexual, bem pelo contrário — ou porque pensa que foram inventados os cintos de castidade? Suspeita-se de que Jerónimo Bosch, por exemplo, pertencesse a uma seita (de cujo nome não me recordo agora, mas que facilmente encontrará) cuja conduta faria corar qualquer swinger e que esteve muito longe de ser a única. Por cá, há já mais de 40 anos, houve quem fizesse um estudo sobre a vida sexual dos portugueses da medievalidade e concluiu que o país era, todo ele — nobreza, clero e povo —, a esse nível, tão activo como uma coelheira. O que não me surpreendeu. Tinha eu para aí uns doze anos quando li uma biografia (academicamente recomendada) de Nuno Álvares Pereira: descobri, à saída da infância, com a natural estranheza face ao que se impingia, na altura, na escola, quanto ao tempo em que ele vivera, que o Condestável era o 13º filho de um total de 32 que o seu pai, eclesiástico e militar, fizera a 4 mulheres. Às claras, como muitos e muitos outros. Sem renegar os seus deveres parentais. Otelo Saraiva de Carvalho, ao pé destes medievais, é um asceta.


Nem mesmo a homossexualidade, pelo menos a masculina, foi vista como algo de censurável por aí além até à imposição da moralidade burguesa, no século XIX — moralidade de fachada, já que tinha a sua raiz na mesma necessidade de condenação moral da ordem política anterior, como justificação da necessidade de uma revolução, tal como referi no Da surdez no clítoris com que lhe fui respondendo. Em todos os textos que nos dão conta dos costumes sexuais até ao século XVIII, na Europa, encontramos alusões aos amos que dormem com os criados, aos amos que dormem com outros amos e aos criados que dormem com os outros criados, como sendo factos corriqueiros e que não levantavam problemas a ninguém, a não ser quando, por motivos mais ou menos obscuros, se queria condenar quem o fizera à prisão, ao degredo, à forca ou à fogueira. E as casas reais, nisso sempre, sempre ao lado do povo: D. Pedro (o da D. Inês) mandando castrar Afonso, seu escudeiro e amante, a pretexto justiceiro de este haver desvirginado e engravidado uma moçoila; o Infante D. Henrique, aos marinheiros tão afeiçoado, discretamente afastado da corte; D. Sebastião…


Tenha-se em atenção o Decameron, do tão apreciado pelos seus contemporâneos Bocaccio; os poemas populares licenciosos que Carl Orff transformou na cantata Carmina Burana; o poema quase obsceno encomendado pela princesa não-me-lembro-de-qual ao trovador idem. E tenha-se também em atenção que os conflitos morais presentes no Frei Luís de Sousa não existiam nos inícios do século XVII; que essa peça clássica do teatro português é uma fraude histórica cometida por um Garrett metido até à alma nos tormentos, pessoais e públicos, que uma filha ilegítima lhe gerava, procurando, desta maneira, chamar a atenção para situações absurdamente dramáticas causadas pela mentalidade do seu século.


Mais vitoriosa, porém, do que o modelo de casamento e de família que os estratos sociais vitoriosos em 1789 procuraram instituir ao longo das mudanças no viver colectivo que promoveram e desenvolveram até aos nossos dias, foi sempre a realidade. Aquela que fez viver em conjunto Paul Rée, Lou von Salomé e Nietzsche; Chopin, Amandine Dupin (de nome literário, Georges Sand) e suas sucessivas namoradas; talvez mesmo, quem sabe, Byron, Shelley e a segunda mulher deste, Mary, a criadora do romance Frankenstein. Aquela realidade que, já no século XX, levou Simone de Beauvoir a escrever L’Invitée, em consequência de um dos ménages à trois entre ela, Sartre e alunas de ambos. A realidade a rebentar pelas costuras. Só em meia dúzia de casos e em meios intelectuais e artísticos? O casamento nunca foi uma preocupação proletária, como se sabe. E, quanto à homossexualidade, relembre-se a caracterização da descarada lésbica, dura e viciosa, pertencente às “classes mais desfavorecidas” que Gomes Leal fez num dos seus poemas.


Dizem as más-línguas que o tenente-coronel Robert Baden-Powell criou os escuteiros porque tinha determinados gostos, hoje alvos de condenação social e jurídica. Não sabemos se é verdade, mas sabemos que uma menina da high-society, Florence Nightingale (nascida, como não podia deixar de ser, nos inícios do século XIX), apontada como exemplo de emancipação feminina, rompendo com parte da família, decidiu ir tratar os feridos da guerra da Crimeia, mais tarde fundar uma escola de enfermagem, acabando por receber a Cruz Vermelha das mãos da rainha Vitória. A enfermeira Nightingale e as suas companheiras revolucionaram a enfermagem, até aí exercida pelas vivandeiras (destacamento de putas que, até aí, acompanhara os exércitos) e pelas cozinheiras. As vivandeiras cuidavam (melhor ou pior) dos ferimentos; cuidavam também de algo, porém, de que a menina emancipada e suas continuadoras nunca mais tiveram em conta: do impulso para a vida. Consciente e reconhecidamente ou não, a importância do sexo estava presente na vida dos séculos anteriores.


Hoje não. E não apenas na enfermagem, mas em muitos outros sectores. Vá aos institutos que tratam de pessoas que, por doença, acidente ou qualquer outra coisa, ficaram diminuídas fisicamente para o resto da vida e pergunte-lhes como encaram a prática da chamada terapêutica ocupacional. As mulheres e os homens que, com as melhores intenções, a praticam, habilitados com o respectivo curso, não se dão conta nem ninguém os alertou suficientemente, para o significado profundo que a sua prática estimuladora do desejo de viver e da consequente recuperação tem em quem ela é exercida. Não é de admirar as profundíssimas crises psicológicas que grande parte dos pacientes sofre nesses períodos e que se prolongam muito para além deles, a maior parte das vezes pela vida fora. Sofridas, é claro, dissimuladamente, envergonhadamente, em silêncio e, por vezes, num posterior rápido ou lento suicídio. O humanismo da emancipação humana tem estas faces desumanas.


Já agora, um pequeno parêntesis sobre a prostituição: do mesmo modo que a tradição, como dizia o anúncio, já não é o que era. A prostituição sempre foi algo ligado ao sexo como arte ou celebração religiosa, desde a Antiguidade, quer a Oriental quer a Clássica; as cortesãs eram respeitadas, algumas tiveram poder, eram companhia de reis, nobres e burgueses. Desde a Pompadour do Rei-Sol, até à prostituta — negra! — que, para grande gáudio do povo, punha fora de casa, aos gritos, o nosso restaurador da independência pátria, D. João IV. A prostituição da miséria, da degradação do carácter, da fome e da tuberculose, é a que assolou os bairros das cidades da Revolução Industrial.


Resumindo e abreviando: como dizia o desbragado (na linguagem e no viver) Luiz Pacheco, que o Paulo Porto já para aqui chamou: “não!, no nosso tempo não se f… menos do que hoje…, f… era mais às escondidas”. Logo, se em quantidade tem sido, portanto, ao que parece, mais ou menos igual, ao que é hoje, embora hoje seja possível praticá-lo mais “às claras”, as diferenças só se poderão fazer sentir na qualidade. E entro na segunda parte da resposta, lembrando um dado que me parece interessante. Se já o conhece, pode saltar o parágrafo que se segue.
(...)

12 comentários:

Paulo Porto disse...

Bem, JG, este post parece o bombardeamento de Dresden; não havia necessidade. Agora, que é um espetáculo magnífico de ver ao longe, é, até porque neste caso não há vítimas debaixo de casas destruídas. Seja como for, ainda bem que não entrei nesta guerra.

José Gonsalo disse...

Paulo Porto:

Não me sinto metido em qualquer guerra nem sou voluntário para nenhuma. Só gosto de esclarecer, tanto quanto saiba, possa e tenha oportunidade de o fazer, assuntos que me pareçam demasiado obscurecidos. Se não para os outros, que podem saber mais do que eu, pelo menos para mim próprio. Por isso, faça favor de entrar se tal lhe apetecer. E obrigado pelo elogio.
Abraço.

Carmo da Rosa disse...

José Gonsalo: ”Quando lhe disse que tenho, de momento, pouca disponibilidade para blogar nem que seja comentários não estava, como calculará, a fazer bluff.”

José Gonsalo, porque razão havia de ser bluff? Eu, por exemplo, tenho tido ultimamente pouca disponibilidade porque perdi muito tempo a ver o Campeonato do Mundo de Snooker – ganhou o fantástico Ronny O’Sullivan, se é que lhe interessa!

Mas queria dizer-lhe que as minhas posições não assentam na superioridade do que suponho NOVO em relação ao VELHO. É uma pena, mas se me tivesse enviado esta sua conclusão antes de começar a sua resposta, eu teria todo o prazer em esclarecer (ainda mais) a minha posição, o que evitaria você partir de uma premissa errada para um texto tão longo…

A minha posição assenta na superioridade do que eu acho mais AGRADÁVEL (para as mulheres. Para os homens também mas não quero complicar a discussão). E o mais AGRADÁVEL designo como PROGRESSO.

A situação da mulher no século dezoito era, em regra geral, bem mais agradável do que em períodos anteriores, mas a mulher actual, ocidental e emancipada, tem uma qualidade de vida ainda mais agradável do que a sua avó (não me refiro à sua) do século dezoito. Muito esquematicamente é isto que entendo por progresso. E não vejo o PROGRESSO como algo linear, mas sim feito de avanços e recuos.

Esta ideia de progresso no melhoramento do agradável ou da qualidade de vida, se preferir, serve-me também perfeitamente para descrever, não só a situação das mulheres, mas a RELAÇÃO mulher-homem durante a história da humanidade.

E para chegar a esta conclusão não é preciso ler coisas muito complicadas, basta ter visto o filme português O Pai Tirano (com o fantástico António Silva) e 40 anos mais tarde a série americana Sex in the City. As peças do puzzle caem por si só nos devidos lugares.

Unknown disse...

"eu acho mais AGRADÁVEL (para as mulheres"

O texto do Gonsalo é, mais uma vez, de um nível estratosférico. E lança outra luz sobre aquilo que se considera a "longa noite" medieval.

Já tinha, noutros campos, lido alguma coisa sobre esta ideia.

Quanto ao CdR, o diagnóstico parece-me certeiro, se bem que ele tenha, naturalmente, dificuldade em nele se reconhecer. A ideologia progressista é como uma sarda nas costas. O próprio não a consegue ver.

E é sintomático que ele seja peremptório sobre o que acha ser agradável para as mulheres.
É mais ou menos como certos partidos de esquerda que se acham detentores da capacidade de interpretarem o que é melhor para o povo.
Melhor ainda que o próprio povo.

Uma pergunta ao CDR: como enquadra, nessa sua teoria, a multiplicação das queixas por assédio sexual, que são, esmagadoramente feitas por mulheres?

Unknown disse...

Já agora, sobre o que é "agradável" paras as mulheres.
Todos os estudos mostram que as mulheres, de um modo geral, querem ser mães.
E quem conhece mulheres na casa dos 30, ainda sem filhos, quase ouve o relógio biológico a fazer tique-taque.
Ainda há tempos, uma amiga minha, assistente na Nova, na casa dos 35 anos, e solteira, num curto período de 6 meses, barbeou, que eu saiba, barbeou no mínimo 3 pretendentes, um dos quais meu conhecido.
A finalmente sossegou, vai casar, ou juntar, não sei os pormenores, daqui a 2 meses.

Acontece que a ideologia progressista não reconhece como "moderno" e fashion, este desejo instintivo de ser mãe.
E muitas mulheres quase se envergonham de ser tão retrógradas que até querem ter filhos.

Casos como uma colega de profissão, a 1ª mulher em Portugal que pilotou F-16 e que se retirou do topo da profissão para ser mãe, chocam os "progressistas" para quem este tipo de atitudes é retrógado.
E contudo, ela fez aquilo que queria.

Carmo da Rosa disse...

Lidador: ”A ideologia progressista é como uma sarda nas costas. O próprio não a consegue ver.”

O mesmo tipo de argumentação do esquerdalho do CincoDias: o entranhado racismo e islamofobia de certas pessoas não os deixa ver quanto fantástico o multiculturalismo é! Nada de novo no horizonte.

Lidador: ” É mais ou menos como certos partidos de esquerda que se acham detentores da capacidade de interpretarem o que é melhor para o povo.”

A ideologia! Sempre o raio da ideologia! Que monotonia! Eu tenho uma ideia daquilo que as mulheres acham ser agradável. Outros têm uma ideia ligeiramente diferente. Mas o CERTO, o CONTROLÁVEL, é que elas já conseguiram finalmente a autorização dos cavalheiros para participarem nos 10.000 metros, e fazem-no com performances muito perto da dos homens. ISTO É PROGRESSO. Porque faz com que os homens olhem para as mulheres de outra maneira.

A primeira vez que uma mulher é autorizada a participar na maratona nos Jogos Olímpicos foi em 1984, em Los Angeles (anteriormente já tinham corrido mas nada de oficial). O engraçado é que o sexo instável e fraco já percorre actualmente a distância em tempos que há 40 anos atrás eram apenas reservados aos melhores atletas masculinos do mundo!

A britânica Paula Redcliffe, a detentora do melhor tempo, percorreu em 2003, em Londres, a distância em 2 horas 15 minutos e 25 segundos. Apenas nove segundos mais lenta que as 2 horas 15 minutos e 16 segundos que deram a medalha de ouro ao famoso Abebe Bikila em 1960 em Roma. MAIS PROGRESSO.

Outra coisa que toda a gente pode verificar, é que as mulheres já têm direito de voto e de governarem. Pelo menos no Ocidente. Nas Arábias, onde o PROGRESSO ainda não bateu à porta, a coisa não é ainda muito evidente.

Lidador: ” Uma pergunta ao CDR: como enquadra, nessa sua teoria, a multiplicação das queixas por assédio sexual, que são, esmagadoramente feitas por mulheres?.”

Não respondo.

Passarei a responder com todo o gosto quando você responder às inúmeras perguntas que eu tenho formulado. (Isto não é o da Joana, os imigrantes também já se emanciparam e não querem ser tratados como portugueses de segunda) Algumas perguntas eram até bem simples, é só dizer sim ou sopas. Exemplo, já viu a série americana Sex in the City? Em caso positivo, acha que as relações homem-mulher são idênticas às do filme português O Pai Tirano?

Continua a festa….

Carmo da Rosa disse...

Lidador: ” Já agora, sobre o que é "agradável" paras as mulheres.”

Não sei. Isso são coisas que só os doutores sabem. Doutores portugueses e homens, claro.

Lidador: ” Todos os estudos mostram que as mulheres, de um modo geral, querem ser mães.”

Todos os estudos mostram que os homens, de um modo geral, querem ser pais. Ultimamente até há homens que querem ser mães. Mas esta questão é ainda controversa. A Igreja, como de costume, opõe-se por razões…..razões… bem, umas larachas sobre o Espírito Santo. Mas também há quem diga, sem qualquer tipo de provas, que é mau para as crianças…

Lidador: ”Acontece que a ideologia progressista não reconhece como "moderno" e fashion, este desejo instintivo de ser mãe. E muitas mulheres quase se envergonham de ser tão retrógradas que até querem ter filhos..”

Isso deve ser na sua terra! Por cá, são precisamente as camadas altas e geralmente mais progressistas da esquerda liberal (caviar) quem tem mais filhos por casal. E mais, hoje em dia está muito na moda e é muito bem visto os políticos largarem as suas funções para ir tratar das crianças e da família.

Lidador: ” Casos como uma colega de profissão, a 1ª mulher em Portugal que pilotou F-16….”

Mais um caso particular! Mas tudo bem, até consigo imaginar pessoas progressistas com este tipo de opiniões, mas o importante é haver (hoje em dia) a possibilidade da mulher ser piloto de F-16. A decisão de ter filhos é dela e ninguém tem nada a ver com isso. Provavelmente a filha dela, ainda mais emancipada que a mãe, e por isso borrifando-se para a opinião da família e dos vizinhos, quando chegar a altura vai decidir o contrário.

Não quer ter filhos para não interromper a carreira…

Mas, azar do camandro, o seu superior militar diz-lhe: - ó menina, hoje em dia é perfeitamente possível combinar a maternidade com a sua carreira militar. Já não é preciso a menina conduzir F-16 como a sua mãe, já temos Drones. A menina pode levar a criança para o trabalho que não incomoda nada. Até pode ensinar a criança a carregar na tecla exacta quando vir um gajo de barbas no Paquistão a gritar Allah u Akbar…

Paulo Porto disse...

No fundamental concordo com o CdR neste assunto (exceto no que respeita ao tratamento de comentários ofensivos que o CdR acha que devem ser permitidos, desde que ele não seja o ofendido, claro.)

A opinião do CdR tem a vantagem de se basear na observação da realidade sem recurso a teorias. E o bom senso ou senso comum pode ter muitos defeitos, mas é sempre melhor que a “interpretação correta” dos cientistas e outros construtores e analistas sociais. Nesse sentido, o CdR não é de esquerda.

A atitude sexual de homens e mulheres mudou porque mudaram as circunstâncias. Foi assim e será sempre assim, e este fantástico post do JG acaba por ser uma ilustração soberba disso mesmo. Ficando-nos pelos últimos 30 anos, os contracetivos, a entrada das mulheres no mercado de trabalho, a entrada cada vez mais tardia dos jovens no mercado de trabalho (o que lhes deixa tempo e oportunidade para abandonar o lego, as consolas e os nenucos e mudar para outros brinquedos mais de acordo com a avalanche hormonal que os assalta), a emergência de uma sociedade com mais tempos e recursos disponíveis que são canalizados para o ócio (logo, mais solta da religiosidade e de heranças culturais).

Nada disto se faz sem problemas novos. O que acontece é que nenhum de nós preferia viver como se vivia “antes” conquanto o “antes” seja integral e não a seleção do mais conveniente.

Ainda assim, será que por trás de tudo existe uma matriz que imprime uma diferença indelével e fundamental na atitude sexual de homens e mulheres face ao sexo oposto, como defende o Lidador? Um tal de ”sentido profundo das coisas” que está depositado algures dentro de cada um diz-nos que sim, por mais que a moda “politicamente correta” diga que não. Apenas me parece que não se trata de uma consequência do excesso de espermatozoides face à escassez de óvulos. Um destes dias meto por aqui um boneco com legendas.

José Gonsalo disse...

CdR:

Falou antes de tempo. Não é nada disso a que eu quero chegar. Terá que ler o resto.

Carmo da Rosa disse...

”exceto no que respeita ao tratamento de comentários ofensivos que o CdR acha que devem ser permitidos, desde que ele não seja o ofendido, claro”

Paulo Porto,

O CdR assina com o seu próprio nome e quando é ofendido, e isso já aconteceu n vezes, responde à letra e manda os gajos para a grande puta que os pariu, não é preciso censurar. Censurar é coisa de islamistas, marxistas e gente com medo. Mas quem tem medo compra um cão e não se mete em barafundas.

”Ficando-nos pelos últimos 30 anos, os contracetivos, a entrada das mulheres no mercado de trabalho,”

Ora aqui estão dois factores importantíssimos na emancipação da mulher (e por tabela do homem).

”Nada disto se faz sem problemas novos. O que acontece é que nenhum de nós preferia viver como se vivia “antes” conquanto o “antes” seja integral e não a seleção do mais conveniente.”

Precisamente. A vida não é um Super-mercado. Ter uma mulher oficial em casa para fazer o tacho e para limpar o pó, e outra, oficiosa, para as nossas delícias mais íntimas é bem agradável. O problema é quando a mulher oficial, farta de limpar o pó, influenciada pela leitura de todos os tratados da Escola de Frankfurt que encontrou no quiosque da esquina, se lembra também de ser mulher oficiosa de algum marmanjo. Há aqui um problema (ideológico) bicudo – a populaça, que não percebe nada de doutrina, diz tratar-se de um problema cornudo...

Paulo Porto disse...

@CdR disse:
"O CdR assina com o seu próprio nome e quando é ofendido, e isso já aconteceu n vezes, responde à letra e manda os gajos para a grande puta que os pariu, não é preciso censurar."

Meu caro, isto lembrou-me qq coisa. Ora dê aqui uma olhada no post, no boneco do post, e nos seus comentários ao post.

http://fiel-inimigo.blogspot.pt/2010/07/censura-no-5dias-n1.html

Carmo da Rosa disse...

Paulo Porto,

dei uma olhadela na foto e no que disse na altura..... e depois? Há algo que não bate certo?