Há uns anos, a contas com um motim nas minhas tripas, fui parar ao S. Francisco Xavier.
Na triagem dão-me a máxima prioridade (soube posteriormente) e mandam-se passar à sala ao lado para recolha de sangue. A enfermeira (?) informa-me que poderia ir descansar, talvez no carro, e voltar daí a duas horas.
Hora e meia depois volto e sou imediatamente chamado. Perguntam-me por onde tinha andado e passam-me um raspanete por ter desaparecido. Percebi então que o meu caso era considerado urgente por ter, eventualmente, apendicite (acabou por não ser o caso). Daí para a frente, por todos os gabinetes por onde passei levei o respectivo raspanete porque “os tinha forçado a andar a minha procura”. Não valeu de nada explicar que tinha sido mandado embora por um par de horas pela pessoa que me retirou sangue porque não ligaram pevide. Aposto que a dita senhora continuou a sugerir o mesmo a outros doentes.
…
Um par de anos depois voltei novamente ao S. Francisco Xavier com um joelho feito em fanicos. Não era questão de vida ou morte e fiquei no limbo esperando, esperando, enquanto outros doentes eram chamados a um ritmo regular. Tudo bem.
Por volta das 8:30 da noite a televisão desligou-se, por volta das 21:00 o ritmo de chamada abrandou para cerca de 1/10 do ritmo anterior.
Jantar? - perguntava alguém.
Não – sugere outrem - futebol. Os gajos devem ter ido ver a bola.
Espicaçando a memória revejo um movimento substancial de gente de bata em direcção a uma escadaria.
Dirijo-me à recepção e pergunto porque quase ninguém era chamado há que tempos. A funcionária encolheu os ombros algo comprometida.
Será que os médicos foram todos ver a bola? – pergunto. A sugestão caiu que nem uma bomba. A funcionária tremeu, ficou vermelha, engasgou-se e disse, abanando, que achava que não.
Percebendo obviamente que sim informei a moça que se dentro de 5 minutos não começassem a chamar regularmente as pessoas iria fazer tal chavascal que ocorreria um reviralho. Os doentes estavam em rasa e eu iria soprar a fogueira.
Nem 5 minutos decorreram …
...
Há um ano foi a vez do Hospital de S, José. O panorama foi este.
It is quite gratifying to feel guilty if you haven't done anything wrong: how noble! (Hannah Arendt).
Teste
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Alguém me explica porque têm a GNR e a justiça(?) que meter o nariz para saber se quem trabalha na pastelaria lá está dentro ou não?
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Um dos pilares do liberalismo e do mercado livre, é a constatação, colhida da prática, de que a concorrência, a livre formação dos preços, ...
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