Há uns vinte anos havia economia paralela em quantidade substancial. A ‘informal’, que não tinha existência legal, a que facturava apenas na medida das ‘necessidades contabilísticas’ - facturar apenas o que seja necessário para justificar o emprego das matérias primas adquiridas com factura, facturar de forma a provocar apenas um ligeiro prejuízo ou ligeiro lucro, etc.
A carga fiscal já era alta mas, em termos da globalidade da economia e tendo em atenção que a esmagadora maioria das empresas era minúsculas, a carga fiscal global era pequena – substancial para quem não podia fugir, ridícula para quem podia – a generalidade das pequenas empresas.
Evidentemente que a fuga aos impostos cria, entre outros, problemas de concorrência porque as empresas que pagam impostos ficam em relação às que não pagam, em posição desvantajosa concorrencialmente.
Os sucessivos governos reclamavam da necessidade de se pagarem impostos porque só assim seria possível aliviar a carga fiscal aos que já pagavam.
Mas a dimensão da economia paralela constituía uma espécie de almofada atenuadora dos disparates das governações em matéria de controlo directo da economia, em especial das empresas. …a caravana lá ia seguindo o seu caminho.
Mecanismos de prevenção de fuga aos impostos foram sendo implementados e, exceptuando empresas multinacionais ou inseridas em mecanismos empresariais internacionais (Se uma multinacional sentisse os calos muito apertados, bazava), todos foram ficando na alçada do Ministério das Finanças sem que alguma espécie de alívio de carga fiscal fosse sendo posto em prática, pelo contrário, os impostos foram sempre subindo.
Paralelamente aos mecanismos directos do Ministério das Finanças, as autarquias foram-se especializando em matéria de “contrapartidas” fazendo incidir sobre as empresas encargos que não lhe competiam e que, inevitavelmente, se vinham a repercutir no valor facturado aos clientes – o sub-mundo dos impostos encapotados ou paralelos.
A subida de impostos, a inclusão da economia paralela na real e a generalização dos impostos paralelos foi provocando um aumento da receita que manteve as máquinas de gastar o dinheiro alheio bem oleadas.
… que as economias emergentes estavam a produzir muito mais barato não incomodava ninguém, alias, incomodava Mário Soares que classificava a globalização como “essa coisa horrrrrorosa”.
Queixolas foram caindo perante a estupefacção de ver as lojas chinesas cheias de gente e a vender bem. Era gente inculta que não percebia da falta de bondade em matéria de respeito pelos trabalhadores chineses, já para não falar da falta de qualidade dos produtos chinesas. …mais uma versão do liminário ‘direito’ auto-atribuido em matéria de gasto de dinheiro alheio.
Os ‘sindicalismos Vale do Ave’ foram reclamando que os malandros se deslocalizavam para outras paragens e os governos, para calar clientelas sindicas, “investiam” no convencimento de outros malandros a deslocalizar para cá.
Esta coisa de se bramar contra as deslocalizações sempre foi uma das mais apalermadas do nosso burgo. Sempre que uma empresa de deslocaliza para cá é prova da nossa mais valia. Sempre que ela se vai embora é prova da sua imensa sofreguidão pelo lucro.
Os governos “esforçam-se” por atrair investimento estrangeiro esperançados que, ao contrário do nacional, não saiba o que a casa gasta. Depois é obrigado a abrir excepções fiscais e mesmo dádivas de dinheiro dos contribuintes fundamentando a “operação” em “garantias de indemnização” caso venham a procurar outras paragens. Os governos sabem tão bem quanto as multinacionais que as possibilidades de conseguir as indemnizações são nulas. De outra forma nunca as conseguiriam atrair.
E aqui vamos continuando nesta palermeira de brincar com o dinheiro do contribuinte torrando-o, esturricando-o.
Em campanhas eleitorais é ver os palermoides a anunciar “obra”. “O estado vai investir” dizem.
Os idiotas são particularmente propensos em gastar com fé no cu da galinha. “Vamos fazer obra porque só teremos que gastar daqui a dois anos”.
Já que tudo se regulamenta, porque não legislar no sentido de criminalizar a utilização da palavra investimento quando se trata de dinheiro dos contribuintes?
“O estado vai investir … ” … pimba. 30 dias de cadeia ou a repetição, corrigindo para “o estado vai gastar o dinheiro dos contribuintes …”, 50 vezes, na RTP, em horário nobre. Isso sim, seria serviço público.
It is quite gratifying to feel guilty if you haven't done anything wrong: how noble! (Hannah Arendt).
Teste
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Alguém me explica porque têm a GNR e a justiça(?) que meter o nariz para saber se quem trabalha na pastelaria lá está dentro ou não?
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Um dos pilares do liberalismo e do mercado livre, é a constatação, colhida da prática, de que a concorrência, a livre formação dos preços, ...
1 comentário:
E sobre a gripe A?
Jornal Nacional da TVI (7 de Setembro de 2009) - o embuste da Gripe A e os biliões ganhos pelas farmacêuticas com o medicamento Tamiflu
Jornalista da TVI: Um dos homens que mais tem lidado com a Gripe A em Portugal é o Director do Serviço de Doenças Infecciosas do Hospital Curry Cabral. Fernando Maltês afirma que a Gripe A vai matar menos gente do que uma simples gripe sazonal (gripe comum), que é mais inofensiva e trata-se, na maioria dos casos, com antipiréticos. O Director Geral de Saúde Espanhol é da mesma opinião.
Director Geral de Saúde Espanhol: Se morrem muitas pessoas em Espanha por contaminação atmosférica, ninguém presta atenção. Ou se morrem tantas pessoas por fumar, ninguém lhes presta atenção. Mas se, pelo contrário, morrem duas pessoas com gripe, presta-se muita atenção. É lógico, eu entendo, mas pouco a pouco a sociedade tem que amadurecer e dedicar o tempo que cada problema requer em função da sua gravidade.
Dr. Fernando Maltês: O Tamiflu, desde o princípio desta pandemia, tem sido encarado pela população como uma espécie de fármaco milagroso, o que não é verdade. E no que diz respeito à eficácia, concretamente no vírus da gripe, é uma eficácia que está, digamos, mal documentada. Se houver um conjunto de factores que digam – vale a pena administrar o fármaco – o médico administra, caso contrário, balançando os efeitos benéficos com os potenciais riscos, é preferível não administrar.
Jornalista da TVI: Já lá vão quatro meses desde que foi confirmado o primeiro caso de Gripe A em Portugal e, até agora, não há qualquer morto a registar. Em média, por ano, morrem em Portugal mais de mil e quinhentas pessoas de gripe, sem aberturas de telejornais e sem a Ministra da Saúde todos os dias nas televisões.
A verdade é que o mundo está preocupado com a Gripe A e já há empresas a ganhar milhões à custa do H1N1 (vírus da Gripe A) . A farmacêutica Roche, por exemplo, cujas vendas do seu Tamiflu caíram quase 70% quando o mundo percebeu que já não havia perigo de uma Gripe Aviária, vê agora as vendas desse mesmo medicamento dispararem em mais de 200%.
Ajuda importante também para a Glaxo Smith Kline, o laboratório britânico a quem Portugal já encomendou seis milhões de doses da vacina contra a Gripe A, a 8 euros cada uma (48 milhões de euros) , teve um ano difícil do ponto de vista financeiro. Eis senão quando, surge o tal vírus, H1N1, que deverá render, só ao laboratório britânico, cerca de dois mil milhões de euros, tendo em conta que as encomendas estão quase a atingir as trezentas milhões de doses.
VÍDEO da notícia na TVI
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