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No exacto dia em que o vento escavacou por todo o lado as eólicas fizeram, finalmente, trabalho que se visse.
Uma das coisa escavacadas foi a electricidade. Centenas de milhares de pessoas ficaram às escuras.
It is quite gratifying to feel guilty if you haven't done anything wrong: how noble! (Hannah Arendt).
Apreciadores de Vinhos e Outros
Assunto: ScrewTop /TampadeRosca /Quinta do Côtto
Na sequência da recente campanha publicitária ao vinho Quinta do Côtto, chegaram-me algumas reacções à mesma.
Sendo minha opinião que todo o debate de ideias, é útil, é com agrado que a ele me submeto, respondendo directamente àqueles que se me dirigiram e indirectamente àqueles que sobre a matéria, vinho e vedantes, têm curiosidade e opinião.
Para simplificação da elaboração dos meus comentários/resposta às reacções, dividi-os em quatro grandes tipos, a saber:
A. A gente da indústria corticeira, ex. APCOR, Ecologicalcork.com, Empregados das Corticeiras, etc, etc,.
B. A gente do Viva a Pátria, ex. cortiça produto nacional, a preservação do montado de sobro, do ambiente, de todo um sistema socioeconómico das zonas rurais de Portugal, ecossistemas únicos, etc, etc.
C. A gente da tradição dos costumes, do produto natural, etc, etc.
D. A gente da retaliação e boicote, etc, etc.
ROBERT PARKER disse:
“Acredito que em 2015, vinho engarrafado com rolhas será uma minoria. A indústria da cortiça não investiu em técnicas que evitem a transmissão ao vinho do sabor e aroma a rolha, que arruínam até 15% de todo o vinho engarrafado”.
Eu, MIGUEL CHAMPALIMAUD, digo:
“Sou a favor da inovação, da qualidade e modernidade do vinho”;
“sou a favor da verdade achando que chegou a altura de assumirmos, ao nível da indústria-vinícula, o que há mais de 40 anos, por razões óbvias, se usa em todas as universidades e ou centros de investigação vinícola, os screwtops/tampasderosca, único sistema vedante que garante eficazmente o não contágio do vinho que se encontra na garrafa, por produtos aromas e sabores que lhe são estranhos”;
“sou a favor da eficácia e produtividade e contra as falácias e os preconceitos que só defendem e servem aqueles que estão instalados à custa do bem-estar e pobreza de terceiros”;
“numa garrafa de vinho, a rolha é apenas uma matéria subsidiária, um vedante que deveria preservar o vinho que a garrafa contém e nunca arruiná-lo”;
“sou a favor dos ventos da História, recusar o progresso científico e tecnológico de nada serve, nem serviu então àqueles que, no seu tempo, foram a favor da destruição das máquinas a vapor”.
1. Dito o que, é minha convicção, sinto e penso, permitam-me deduzir e aduzir alguns argumentos e factos sobre a matéria, screwtops/tampasderosca versus rolhas de cortiça, a saber:
1.1 A gente da indústria corticeira é a única responsável pelas dificuldades com que se debate a rolha de cortiça e os produtores de cortiça. Ao não investirem há muitos anos na qualidade e fiabilidade do produto e aumentando desmesuradamente os preços das rolhas, abriram espaço aos novos vedantes nomeadamente às screwtops/tampasderosca. Os produtores de cortiça constituindo o elo mais fraco do sistema, não deixam de ser responsáveis de, pela sua falta de reacção, individualismo e passividade, terem permitido que se tenha constituído um quase monopólio no lado da industria que, abusando da sua posição dominante a montante e a jusante, sugou até ao tutano a industria vitivinícola nacional e internacional.
1.2 A gente do viva a Pátria como sempre e é próprio da História recente de Portugal, é um grupo social, reaccionário, que a coberto do amor dos outros pela pátria e do interesse dito nacional, se enriquece diariamente, empobrecendo todos os dias todo o país, pelo que nada mais há para lhe dizer, a não ser que há muito, ninguém acredita neles.
1.3 A gente da tradição dos costumes, do produto 100% natural, não resiste à realidade dos factos que todos vêem e eles não querem ver. Como todos sabemos na indústria vinícola, a rolha de cortiça como vedante de vinho, não é parte da tradição e costume. Há poucos anos (40 a 50), a tradição e o costume do vinho em todo o lado, era ser servido e bebido a partir da pipa, pelo que cai pela base a alegada ancestral tradição e costume de vedar as garrafas de vinho com rolhas de cortiça. Quanto ao 100% natural, não vêem nem querem ver o que todos na industria da cortiça e vinícola sabem há muito - todas as rolhas de cortiça são hoje tratadas com diversos produtos químicos, visando obter rolhas que em contacto com o vinho não lhe transmitam poeiras, odores e sabores alheios ao vinho que é suposto preservar, como vedante da garrafa em que são utilizadas.
Cito um pequeno exemplo constante do site Lusowine.com, António Amorim, defendendo como lhe compete a indústria da cortiça, falando das rolhas técnicas como a grande solução, diz: “Nas colagens são utilizados aglutinantes quimicamente estáveis, e mecanicamente muito resistentes”.
Diria, eu, pela indústria corticeira, são utilizadas colas químicas estáveis, segundo o Senhor António Amorim, o que não nos garante nada, na medida em que o Senhor António Amorim é interessado directo na afirmação de que tais aglutinantes ou melhor dizendo, colas, são quimicamente estáveis e não vão mais tarde ou mais cedo transmitir odores e sabores ao vinho com o qual por força das coisas estão em contacto.
1.4 A gente da retaliação e boicote, não representam mais do que a reacção de um grupo de pessoas com falta de informação e ou a mando e no interesse de terceiros que, na falta de argumentos sólidos para atacarem o moderno sistema dos screwtops/tampade rosca e defenderem o antiquado sistema de rolha de cortiça com o seu elevado deficit de fiabilidade/qualidade e custo 5 a 9 vezes mais elevado que o screwtops/tampaderosca, fazem consciente ou inconscientemente, o jogo de quem, ao abrigo de um quase monopólio e permanente abuso de uma posição dominante, usa e abusa da indústria vinícola nacional e internacional, enriquecendo ilicitamente à custa do empobrecimento daquela.
2. Antes de terminar, a título pedagógico e para reflexão de todos os interessados, deixo factos, comentários e perguntas que abaixo se transcrevem e que agradecia originassem reflexão, comentários e respostas:
2.1 a tampaderosca evita mão de obra penosa em casa e na industria hoteleira;
2.2 a água mineral com gás ou sem gás, há muito que deixou de usar cortiça como vedante;
2.3 a cerveja há muito que deixou de usar cortiça como vedante;
2.4 os medicamentos há muito que deixaram de usar cortiça como vedante;
2.5 os refrigerantes há muito que deixaram de usar cortiça como vedante;
2.6 uma tampa-de-rosca custa cerca de 1/5 a 1/9 de uma rolha de cortiça e a respectiva cápsula;
2.7 um produtor de vinho paga mais dinheiro por uma rolha de qualidade do que recebe pela venda a granel do respectivo vinho (refiro-me a 0,75 lt);
2.8 de acordo com dados da industria estima-se que cerca de 65% do vinho engarrafado vendido no mundo é comprado por mulheres;
2.9 estima-se ainda que 75% das mulheres que compram e bebem vinho têm dificuldade em abrir uma garrafa de vinho usando um saca rolhas;
2.10 de acordo com o norte americano Robert Parker, famoso apreciador e avaliador de vinhos, até 15% de todo o vinho engarrafado e vedado com rolhas de cortiça, está afectado com sabores e aromas estranhos ao vinho;
2.11 porque é que ninguém protesta ou boicota a industria de água mineral, cerveja, refrigerantes, medicamentos que deixaram de usar a cortiça como vedante?
2.12 porque será que todos aqueles sectores industriais deixaram de usar a cortiça como vedante?;
2.13 porque é que na indústria da construção não se usa, em Portugal ou no mundo, a cortiça como isolante?;
2.14 Porque é que na indústria da construção se usa, em Portugal e no mundo, como isolante produtos derivados do petróleo?;
2.15 Se for comprar uma garrafa de água mineral e tiver oportunidade de escolher entre uma garrafa vedada com rolha de cortiça e outra com tampaderosca, ao mesmo preço, qual delas compra?;
2.16 idem para garrafas de leite?;
2.17 idem para garrafas de cerveja?;
2.18 idem para garrafas de refrigerantes?;
2.19 Se comprar uma televisão para sua casa, compra também um armário para a pôr lá dentro, como fazia a sua avó ou avô nos anos 60?;
2.20 Quando vai comprar ou abrir uma garrafa de vinho fá-lo na expectativa de comer/beber a rolha?;
2.21 numa garrafa de vinho barato ou caro o que é mais importante, a qualidade intrínseca do vinho que lá está dentro, ou o vedante ser uma cara rolha de cortiça ou uma tampaderosca moderna barata, fiável e eficiente?
16 DEZ 2009
O centralismo também passa por aqui, por uma economia crescentemente planificada, tanto mais pobre quanto mais dirigida e sujeita aos caprichos pseudo-modernistas de um 1º ministro de cariz fascizante.Só na zona onde moro, 4 pequenas lojas desapareceram.
Há sim. E esse plano tem sido desenhado e aplicado pelo Banco Mundial, OCDE, Comissão Europeia, Governo, ministros da educação, DGIDC, IGE, DRE, escolas e departamentos de educação e editoras de manuais escolares.
O plano persegue dois objectivos: tornar a educação pública mais barata e fornecer mão-de-obra dócil, conformada e ignorante para uma economia centrada em serviços rotineiros, com pouco valor e sem nenhuma criatividade. No mercado mundial globalizado, é esse o papel que cabe a Portugal no concerto das Nações.
As escolas e os departamentos de educação colaboram de duas formas: baixando os níveis de exigência à entrada dos cursos de formação de professores e oferecendo curricula carregados de generalidades e transdisciplinaridades vazias de conteúdos. Ganham espaço nos planos de estudos coisas como estas: matemática criativa, matemática contextual, matemática para a vida, estudo da comunidade e outras irrelevâncias.
O Governo e os ministros da educação colaboram no plano afogando os professores em burocracia com o objectivo de impedir que eles pensem, façam autoformação científica e esqueçam a sua missão: transmitir a herança científica, artística, tecnológica e humanista às novas gerações. Em nome da defesa de uma falsa inovação educativa, as escolas são afogadas em constante legislação e permanentes reformas curriculares. Cada nova reforma introduz mais confusão e cria obstáculos ao cumprimento da missão do professor.
As editoras de manuais escolares colaboram no plano pondo no mercado livros de textos cheios de bonecos e com um nível de aprofundamento dos conteúdos cada vez mais baixo. Em vez dos manuais serem repositórios de conteúdos apresentados de forma rigorosa e didacticamente apropriada ao nível etário dos alunos, são monumentos ao eduquês, à novilíngua e à imbecilidade.
A IGE, a DGIDC e as DRE colaboram no plano impondo planos de recuperação e de acompanhamento e respectivos relatórios que, regra geral, não passam de repositórios do eduquês acompanhados de mentiras piedosas sobre a recuperação de alunos que necessitariam de abordagens mais directivas e ambientes escolares menos relaxados.
Foi depois de ter lido este texto do Gato José Diogo Quintela Fedorento, na PÚBLICA de ontem:
O Concílio de Copenhaga
Terminou sexta-feira o Concílio de Copenhaga, perdão, a Cimeira de Copenhaga. Como previsto, os cardeais, perdão, os delegados concluíram que por causa dos pecados de Sodoma e Gomorra, perdão, do modo de vida dos Estados Unidos e dos países da Europa Ocidental, o nosso planeta será castigado. Independentemente de aqui habitarem alguns justos, perdão, sócios da Greenpeace com as quotas em dia. Pagarão à mesma pelas faltas dos pecadores, perdão, das pessoas que insistem em gastar água, tomando banho todos os dias. A ira divina, perdão, o aquecimento global, afecta toda a gente.
A tensão é palpável, como se viu nos vários autos-de-fé, perdão, manifestações nas ruas de Copenhaga. Há quem esteja mesmo convencido de que, se não se respeitarem os Dez Mandamentos, perdão, o Protocolo de Quioto, virá aí o Apocalipse, perdão, o aumento de dois graus na temperatura da Terra. A culpa, perdão, a responsabilidade é do Homem. Dizem que se não levarmos uma vida santa, perdão, sustentável, estamos condenados, perdão, lixados. Que temos de jejuar, perdão, de ter uma alimentação vegan. Que devemos fazer um voto de pobreza, perdão, ir a pé para o emprego. E que talvez seja preciso andar com um silício à volta do lombo, perdão, passar a usar o áspero papel higiénico reciclado. Quantas mais penitências, perdão, sacrifícios estúpidos sem qualquer relação causa-efeito com o problema do aquecimento global, melhor. Caso contrário, o Anjo da Morte, perdão, a Natureza, exterminará todos os primogénitos do Egipto, perdão, os ursos polares.
Os fiéis, perdão, as pessoas, acreditam nas profecias, perdão, nas previsões do Vaticano, perdão IPPC. Isto apesar das declarações dos blasfemos, perdão, dos cientistas cépticos que, com as suas heresias, perdão, investigações, põem em causa os dogmas, perdão, as teorias dos padres, perdão, activistas do aquecimento global. E também apesar de alguns missionários, perdão, cientistas, terem sido apanhados a corrigir o cânone, perdão, a aldrabar os dados.
Mas as pessoas andam cheiinhas de temor do Deus vingativo do Antigo Testamento, perdão, do medo da Natureza, que causa tsunamis porque alguém cometeu adultério, perdão, não pagou a “compensação de carbono” da última vez que andou de avião. Têm razão em ter medo? Bem, os presságios, perdão, os sinais estão aí: descobriu-se na semana passada uma estátua de Nossa Senhora a chorar lágrimas de sangue, perdão, uma fotografia da Angelina Jolie a chorar lágrimas de sangue. O mais grave é que esse sangue tinha o nível de colesterol altíssimo, típico de uma alimentação à base de comida não kosher, perdão, de junk food proveniente de multinacionais imperialistas. Ah! Se fôssemos todos crentes, perdão, verdes.
Resta-nos rezar, perdão, comprar um carro eléctrico, para evitar que se abata sobre nós “um dilúvio que, tudo inundando, eliminará debaixo do céu todo o ser animal com sopro de vida. Tudo o que existe na Terra, perecerá”. Tal como está escrito no Génesis, 7-16, perdão, 7-17.
Se uma árvore cai na floresta sem ninguém por perto, faz barulho? A árvore talvez não, mas um ambientalista dos que estiveram em Copenhaga, ui!, faz de certeza. E muito. Põe-se aos berros a dizer que a árvore caiu por nossa culpa. Porque não fomos bons, perdão, porque ainda não trocámos as lâmpadas antigas pelas económicas.
O discurso ambientalista actual é tão útil quanto um passageiro de avião histérico a gritar “vamos cair!” quando há turbulência. Se bem que um ecologista talvez ficasse contente se o avião caísse a meio da viagem, reduzindo a pegada de carbono em metade.
Agora se o Homem é, de facto, o maior responsável pelo aquecimento global, espero que aplique o know-how à indústria dos micro-ondas, inventando um que aqueça globalmente a comida, em vez de só parcialmente. Estou farto de comer sopa que está quente à superfície, mas gelada em baixo. Se se consegue fazer com um planeta, não há razão para não se fazer com uma canja.
Verde de inveja, por não ter sido eu a escrever isto...
Alteração climática cuja magnitude não conhecemos e em que a principal causa são os gases de efeito de estufa.Há uma "alteração". Não se sabe qual é, não se sabe em que direcção ... nada se sabe. Sabe-se apenas que há uma alteração.
Alguma alteração vamos ter....