It is quite gratifying to feel guilty if you haven't done anything wrong: how noble! (Hannah Arendt).
Teste
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quinta-feira, 12 de agosto de 2010
Da nacionalização do uso do fogo
Pensamos já ter visto e/ou ouvido tudo mas este governo surpreende sempre em parvoeira.
O Ministro da Agricultura vem agora defender, nada mais nada menos, que a nacionalização dos terrenos que estejam ao abandono. Ao abandono.
As reservas ecológicas são as coisas mais abandonadas que existe, ardem como pólvora e o estado multa, a torto e a direito, quem pisar um cardo. Nas matas nacionais o cenário é idêntico, sem multas.
E se o nosso magalhónico primeiro ministro propusesse a nacionalização total do uso do fogo?
[Na imagem, Vasco Gonçalves]
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Crise. Recessão. Depressão. Agora é que vai ser: os EUA vão entrar pelo cano e nós atrás deles. Talvez para a próxima. Para já, e pelo trigé...
11 comentários:
No tempo do nosso venturoso Rei Dom Manuel I - que Deus o tenha! - o fogo era monopólio da Santa Inquisição.
Naquele tempo as florestas andavam bem protegidas.
Mesmo no tempo do saudoso Vasco Gonçalves - no Verão Quente de 75 - não havia tanta terra queimada e tanto assalto aos contribuintes.
Em 36 anos esta corja que nos tem governado queimou Portugal por inteiro!
O que é que ainda iremos ouvir mais? Casas desocupadas? Nacionalizem-se!
Penso que há aqui um certo exagero relativamente às declarações do ministro, que fui ler.
Ele não falou em nacionalizações, mas expropriação de terrenos abandonados.
A verdade é que, dos 500.000ha de mata em Portugal, 85% estão nas mãos de privados e 67% dessas propriedades são monoculturas, de pinheiros e eucaliptos, árvores de combustão rápida. Essa é a área da maioria dos fogos (Norte e Leste de Portugal) ainda que existam reservas ecológicas (Gerês e Serra da Estrela), onde também há fogos.
As causas dos fogos são conhecidas e o diagnóstico está feito há anos. Tem a ver com a desertificação do meio rural, a partir dos anos sessenta, quando as populações começaram a emigrar e deixaram de tratar das matas; com a intensificação da monocultura das espécies (pinheiro e eucalipto em detrimento do castanheiro e do sobreiro) por crescerem mais depressa e serem mais rentáveis, para a pasta de papel, etc. e com a intervenção humana (seja por acção criminosa, seja por negligência). Junte-se a estes factores as condições climatéricas de altas temperaturas, baixa humidade e vento leste e temos as condições reunidas para a catástrofe. A melhoria dos meios de combate, não resolveu, nem resolve estes problemas e aqui todos os governos dos últimos cinquenta anos têm culpa.
É preciso um novo ordenamento do território, um cadastro da floresta actualizado, plantação em diversidade, alternando os tipos de árvores com terrenos de cultivo e prevenção em tempo útil (limpeza das matas na Primavera, etc.). Quem não o fizesse, deveria ser multado. Provavelmente, haverá pequenos agricultores interessados em tomar conta de terrenos abandonados que, dessa forma, não só asseguravam o seu sustento, como povoavam o interior e evitavam a proliferação dos fogos...digo eu que não sou especialista na matéria.
HV:
"mas expropriação de terrenos abandonados"
Eu tenho pouca pachorra para tremoços. Expropriações a favor do estado são nacionalizações.
"Quem não o fizesse, deveria ser multado."
Seria óptimo se se pudesse multar o estado a favor do contribuinte. O estado é o mais baldas.
Os terrenos mais abandonados são do estado, quer dentro quer fora de reservas.
RdO,
Estamos a falar de fogos. Os fogos estão a consumir a maior parte da mata portuguesa. 85% dessas matas estão em terrenos privados. O estado pode não cuidar bem das matas (não o faz desde 1938, pelo menos), mas os privados muito menos. Em que é que ficamos?
Caro HV,
O HV confunde quantidade com qualidade.
A maioria da mata é privada mas a mais mal tratada é pública.
Se o estado é quem mais maltrata o pouco que tem, como faria se tivesse mais?
Se ainda assim não perceber talvez perceba com um cenário (hipotético). É hábito afirmar-se que os incêndios aparecem em terrenos com mais mato. Se os que mais mato têm são estatais (não é cenário), fará sentido privatizá-los para evitar que haja tanto mato e que tanto ecludam?
Caro HV. A floresta arde porque é demasiado densa e demasiado contínua ou fica em locais de impossível acesso. Neste último caso destacam-se as reservas. No caso de demasiado densidade destaca-se o estado e no caso da contiguidade o estado.
Há problemas de inacessibilidade porque a orografia é o que é. Há problemas de densidade em matas velhas, desaproveitadas e, nisso, os privados gostam de facturar abatendo o arvoredo. O estado nem sabe o que tem. Há problemas de contiguidade porque se replanta sincronamente após incêndios e, nisso, o estado é campeão. Há até um imposto que se paga na gasolina para ... reflorestação.
O que o estado (autarquias ou quem quer que seja) não faz é (sequer) tentar organizar o que se planta de floresta e o que se usa para agricultura. Se a única forma consistente de combate a incêndios é o contra-fogo (já tendo ardido já não arde) mais inteligente seria usar para agricultura, pastorício, etc. O pequeno pastorício desapareceu porque (entre outras coisas) passou a ser impossível ao pequeno privado vender leite, queijo, etc, porque para o fazer terá que se colectar nas finanças e cumprir a tenebrosa regulamentação.
Quando era pequeno e até aos 15 anos pastei perus, Hoje seria impossível porque teria que ficar na escola o dia todo para aprender 1/10 do que aprendia numa manhã.
Entretanto, com a deslocação de crianças para grandes centros onde há grandes escolas (e consequente fecho de pequenas escolas) as famílias tendem a ir atrás despovoando ...
RdO,
Eu não confundi nada: a maior parte dos fogos (quantidade) têm tido lugar em terrenos privados (qualidade). São dados da Protecção Civil.
Também não advogo a nacionalização das matas, mas as matas são uma riqueza nacional (talvez, mesmo a maior) e o governo tem de ter uma acção interventiva. Claro que todos sabemos as causas (eu enumerei algumas no comentário acima), mas não chega fazer o diagnóstico, é preciso intervir e quem o pode fazer é o estado. Diga lá que acções propõe, então!
Caríssimos,
Quanto ao fogo, tanto em Portugal como no Brasil - mais de 14 mil focos de incêndio. A diferença está na distância que a nossa vista nas cidades alcança e as câmeras de tv politicamente corretas omitem da verdadeira natureza humana no indivíduo.
Primeiro, pelas bordas da Amazônia: ganham os madeireiros, depois os carvoeiros, depois os vaqueiros, e o resto, culminando em formação de vilas, vem no rastro. Segundo, pelos focos de demarcação oficial de terras "indígenas", mas aí tratamos do fogo simbólico: a "centelha divina" do indivíduo formando a auto-determinação dos povos, esperando apenas a aprovação inconsciente do Congresso Nacional para efetivar a "partilha".
Enquanto isso, nós nos distraímos com a força da natureza de indivíduos premiados com apartamentos de 135 mil pagos pelo "bolso" de Lula que resolveram derrubar algumas paredes e estabelecer comércio. São bares, armarinhos, loja de ferragens, até açougue com frigorífico! Mas o poder executivo - federal e estadual - não gostaram do negócio, e ameaçam expulsá-los por ausência de conformismo à condição coletiva do eterno pobre. Outro caso, o do Leandro que exige quadra de tênis e que a piscina funcione nos fins-de semana. Traduzindo: basta dar um pouquinho de conforto para essa gente e sua natureza burguesa aflora inexoravelmente.
A natureza é implacável. Para confirmar o que eu digo:
http://oglobo.globo.com/rio/mat/2010/08/13/moradores-transformam-imoveis-do-pac-do-complexo-de-manguinhos-em-lojas-bares-ate-acougue-917394914.asp
e/ou
http://www.youtube.com/user/99239721rg#p/u/16/KOKS_apCwzA
Eu não ignoro que há focos de incêndio causados pelo clima seco da temporada, mas eu não descarto que basta uma fagulha do incendiário acima para provocar a destruição involuntária que se vê nas manchetes.
Mas o que está em curso é a nacionalização dos citadinos e a desnacionalização dos "silvícolas"! Pólvora, pólvora pura.
HV:
"e o governo tem de ter uma acção interventiva"
Não tem enquanto não tiver idoneidade para o fazer. Só deve atirar pedras quem não tiver telhados de vidro.
"Eu não confundi nada:"
Claro que confundiu ou então é pior: tentou camuflar.
Não é quem dá o pior exemplo ou a melhor prova de incompetência que cabe gerir a maioria que dá melhor exemplo e melhor prova de competência, por curta que seja uma ou outra.
http://blasfemias.net/2010/08/14/aconteceu-o-que-tinha-de-acontecer-o-pais-a-arder/
http://abrupto.blogspot.com/2010_08_01_archive.html#2614146078144660259
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