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sábado, 12 de abril de 2008

Mais valem 1000 Iraques actuais do que 1 Sudão de há uma semana atrás


A situação no Sudão, mais concretamente na região do Darfur (a amarelo vivo no mapa), tem motivado preocupações em todos os quadrantes políticos mundiais. A ONU tem enveredado por um caminho de diálogo entre as partes envolvidas no conflito [os janjaweed (uma milícia árabe muçulmana), o governo Sudanês e uma minoria muçulmana não-árabe da região] que, depois de 5 anos de conflito, não tem trazido qualquer tipo de processo de paz frutífero.

O governo Sudanês, actuando num modus operandi tipicamente Africano (corrupção, tráfico de armas, tráfico de influências, etc.), tem patrocinado o genocídio contra a minoria não árabe que habita a zona há vários séculos. A minoria não árabe, por seu turno, completamente indefesa face a uma superioridade bélica e em número de homens do opositor, tem tentado resistir, fugindo para os países limítrofes. É nestes momentos de fuga, que provocam as tão badaladas crises humanitárias, que aparece o nosso António Guterres, antigo Primeiro-Ministro Português, vestido de fato de macaco e pronto para ajudar os miúdos.

A ONU e toda a comunidade internacional mostram-se incapazes de resolver este problema que afecta o Sudão e o Chade. Aliás, como todos nós sabemos, a Organização das Nações Unidas foi incapaz de resolver todas as limpezas étnicas, perseguições e guerras civis que já existiram no maior país de África e que provocaram, ao que foi permitido apurar, milhões de mortos. A questão que ecoa aos ouvidos de muita gente é como é que foi possível chegar-se a este ponto.

Encontro, repentinamente, duas respostas: falta de coragem em actuar militarmente em caso de necessidade extrema; apoio prestado ao governo Sudanês por muitos países da OUA e por outros países não Africanos.

O primeiro problema está, a meu ver, relacionado com a política absurda que muitas vezes a ONU toma. A Organização das Nações Unidas mostra-se demasiadamente benevolente para com os criminosos, genocidas e terroristas mundiais
(não esquecer as diferentes visões dentro do Conselho de Segurança, que levam, muitas vezes, a morosos bloqueios). Tal é observável em muitos outros conflitos, bastando, para tirar esta conclusão, olhar para o número de mortos. A bandeira do diálogo e da compreensão que a ONU tem hasteado desde a sua criação em 1945, demonstra-se, quando incessantemente usada, inútil para a resolução dos conflitos. Não quero com isto dizer que a ONU não deve primar pelo diálogo entre as partes e nações envolvidas, mas sim que existem soluções para quando esta via não resulta [nomeadamente a intervenção militar (algo que creio que já foi seriamente pensado neste caso), o boicote, etc.].

O segundo problema está relacionado com o apoio dado por alguns estados da OUA, que continuam a bater nas costas do governo Sudanês. Estes estados saem em defesa do governo do Sudão e acusam a ONU e todo o ocidente de ingerência em assuntos Africanos. Já para não falar que muitos deles continuam a achar que, sendo o problema Africano, não é a ONU que tem que mandar tropas, mas sim a OUA.

A China e a Rússia têm jogado com toda esta situação, adquirindo uns bons barris de petróleo a um preço mais em conta. Raras não são as vezes em que Beijing e Moscovo fornecem armas ao governo Sudanês adquirindo em troca ouro negro, entre outras vantagens. A ONU e ONGs a actuar em África têm produzido interessantes relatórios onde esta tese é confirmada.

O que se passa no Sudão é de gravidade assinalável. No entanto, a esquerda estúpida e floribélica mundial concentra-se apenas nas acções militares elaboradas pelos Estados Unidos da América no Iraque e no Afeganistão, no que toca a política internacional. A esquerda estúpida demonstra, então, uma falta de "solidariedade e de sentido de ajuda" para com os perseguidos do Sudão.

Gostaria de saber o que diriam os Sérgios Pintos e os mls cá do sítio a uma intervenção militar internacional no Sudão, para acabar com o "massacre de um povo".

A meu ver, mais valem 1000 Iraques actuais do que 1 Sudão de há uma semana atrás.

63 comentários:

RioDoiro disse...

"A Organização das Nações Unidas demonstra-se demasiadamente benevolente para com os criminosos, genocidas e terroristas mundiais."

A ONU 'móstra-se', apenas.

Em boa verdade, o governo sudanês faz à ONU o frete de permitir que ela se mostre. Neste bailado, o governo sudanês ganha peso específico.

.

EJSantos disse...

Mais uma acção engendrada pelos seguidores da religião da paz!
E ainda dizem que o Islão é uma religião pacífica.

Sérgio Pinto disse...

Mais uma acção engendrada pelos seguidores da religião da paz!
E ainda dizem que o Islão é uma religião pacífica.


Caro Santos,

Em vez de reagir como os cães de Pavlov de cada vez que ouve a palavra árabe e a associa imediatamente aos muçulmanos para dar largas aos seus odiozinhos e preconceitos pessoais, faria melhor em se informar acerca dos assuntos sobre os quais decide largar umas postas.

Imbuído do solidário espírito esquerdista, recomendo-lhe que leia (vai ver que lhe faz bem):
The killing in Darfur, a vast region in western Sudan, is not a case of religious persecution, since the killers as well as the victims of this genocide are Muslim.
Nicholas Kristof, (provavelmente o jornalista que mais chamou a atenção para o genocídio no Darfur), The New York Review of Books



Do members of the tribes victims of attacks and killing make up objectively a protected group?
The various tribes that have been the object of attacks and killings (chiefly the Fur, Massalit and
Zaghawa tribes) do not appear to make up ethnic groups distinct from the ethnic group to which persons
or militias that attack them belong. They speak the same language (Arabic) and embrace the same religion (Muslim).188 In addition, also due to the high measure of intermarriage, they can hardly be distinguished in their outward physical appearance from the members of tribes that allegedly attacked them.
Report of the International Commission of Inquiry on Darfur to the United Nations Secretary-General (Janeiro 2005)

Renato Bento disse...

O Sérgio Pinto não deixa de ter razão. Este conflito é mais étnico-cultural do que religioso...

Sérgio Pinto disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Sérgio Pinto disse...

Ricardo,

Confesso que acho uma certa piada a essa forma de apresentar a ONU como uma entidade completamente dissociada dos membros que a compõem. Naturalmente que, quando os 5 membros do CS se estão (na melhor das hipóteses) a marimbar para o futuro do Darfur (a China, mais a mais, sendo próxima do governo), não há muito que possam fazer.

A conversa sobre a Esquerda e o Iraque é absurda e traz a baila o argumento estafado do pretenso anti-americanismo, que só existe nas cabecinhas que o querem ver. As televisões e os restantes meios de comunicação também demonstram uma falta de "solidariedade" para com os perseguidos do Sudão bastante assinalável, não? No entanto, fartam-se de falar no Iraque. Também concluirá daí que
são todos anti-americanos?
Além de que, claro, as acções do governo americano têm um impacto global, enquanto que, no que toca às do Sudão, é apenas local. E, enfim, que as responsabilidades e expectativas que recaem sobre uma democracia serão diferentes das de um regime ditatorial. Mas tudo isso será irrelevante, certo?


Gostaria de saber o que diriam os Sérgios Pintos e os mls cá do sítio a uma intervenção militar internacional no Sudão, para acabar com o "massacre de um povo".

Eu cá gostaria de saber o que seria de vocês sem "os Sérgios Pintos e os mls cá do sítio" ou, mais tragicamente ainda, sem a Esquerda em geral. Pobre Fiel Inimigo, que lá fecharia as portas.
Ricardo, o que é de facto trágico é que muito provavelmente o esforço necessário para resolver parar o genocídio nem sequer implicaria uma intervenção militar. O Al-Bashir não é um fundamentalista - tal como o Saddam também não o era. Como tal, age segundo princípios mínimos de racionalidade e o genocídio é simplesmente o método mais simples de resolver as divergências e esmagar qualquer reclamação. A forma de o resolver é fazer com que deixe de ser um método simples e sem custos: dizer ao Al-Bashir que, se gosta verdadeiramente dos eu palácio presidencial e de acordar com a cabeça ligada ao resto do corpo, tem um prazo limitado para acabar com o genocídio e chamar de volta os Janjaweed, sob pena do regime de Cartum se tornar o alvo de uma chuva de Tomahawks.
Invasão e ocupação do país? Mas não vos chegou o Iraque? E ainda por cima o Sudão nem tem grandes riquezas naturais nem grande interesse estratégico...

E, já agora, 1000 Iraques implicariam que 10% da população mundial seria dizimada. Se calhar, até seria uma coisa grave...

Renato Bento disse...

"Confesso que acho uma certa piada a essa forma de apresentar a ONU como uma entidade completamente dissociada dos membros que a compõem"

Não digo que a ONU possa fazer muito. Mas quando o faz deve fazer da melhor forma possível, especialmente quando tem as "armas" que tem.

Se existem pessoas como o Sérgio (contra política intervencionista dos EUA e de outros países), e se a ONU não pode fazer nada como afirma, o que é que pode ser feito? Quem é que vai fazer?

A questão é esta e a ONU foi criada para resolver estes problemas. Eu apenas fiz uma crítica à maneira como a ONU opera que, na minha opinião, não tem resolvido os conflitos.

"As televisões e os restantes meios de comunicação também demonstram uma falta de "solidariedade" para com os perseguidos do Sudão bastante assinalável, não?"

Você chegou lá! Você chegou lá!!!

"as acções do governo americano têm um impacto global, enquanto que, no que toca às do Sudão, é apenas local."

Será que me consegue explicar porque é que é apenas local? Eu sei o porquê, mas gostaria de ouvir da sua boca...

"Eu cá gostaria de saber o que seria de vocês sem "os Sérgios Pintos e os mls cá do sítio" ou, mais tragicamente ainda, sem a Esquerda em geral."

E o que seria da esquerda sem nós?

"O Al-Bashir não é um fundamentalista - tal como o Saddam também não o era."

O termo fundamentalismo pode ser empregue em vários quadrantes. Por isso aquilo que disse é bastante discutível.

"O Termo fundamentalismo popularmente empregado refere-se pejorativamente a qualquer grupo religioso de infringentes de uma maioria, conhecido como Fundamentalismo religioso, ou refere-se a movimentos étnicos extremistas com motivações (ou inspirações) apenas nominalmente religiosas, conhecido como Fundamentalismo étnico."

"tem um prazo limitado para acabar com o genocídio e chamar de volta os Janjaweed, sob pena do regime de Cartum se tornar o alvo de uma chuva de Tomahawks."

O Al-Bashir acharia piada a essa chantagemzita.

"Invasão e ocupação do país? Mas não vos chegou o Iraque? E ainda por cima o Sudão nem tem grandes riquezas naturais nem grande interesse estratégico..."

Então é contra uma operação militar... E se o Bashir recusasse a oferta?

"E, já agora, 1000 Iraques implicariam que 10% da população mundial seria dizimada. Se calhar, até seria uma coisa grave..."

Outra vez as figuras de estilo... Irra!

Renato Bento disse...

Sérgio,

Se perguntar na rua quantas pessoas já ouviram falar da problema do Darfur você obtém X.

Se perguntar quantas pessoas já ouviram falar da invasão do Iraque você obtêm X ao quadrado.

Por alguma coisa é e você referiu isso.

Mas como já percebi (na postagem sobre o Iraque) que o Sérgio gosta de números, já comparou o número de mortos e refugiados do Sudão com os do Iraque?

Sérgio Pinto disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Sérgio Pinto disse...

Começando pelo fim, Ricardo, o número de mortos e refugiados no Sudão não andará longe do Iraque, sendo provavelmente inferior, por chocante que isso lhe possa parecer.

Obviamente que há muito menos gente que tenha ouvido falar do Darfur, mas daí conclui-se o quê?

Renato Bento disse...

Se contar com atentados terroristas e com assassinatos indirectamente ligados à invasão Norte-Americana é provável.

Mas olhe que o regime de Saddam, num só dia, mandou 180000 mil curdos para o outro lado e empata a situação.

Renato Bento disse...

Tire você as ilações...

Sérgio Pinto disse...

Sim, estou a contar com tudo, é verdade.

Se calhar, podem tirar-se várias ilações. A primeira poderia ser a de que matanças de africanos negros num local estrategicamente irrelevante não atrai mediatismos (até os fazendeiros assassinados e/ou expropriados pelo regime do Mugabe devem ter tido mais cobertura; e atenção que não me estou a insurgir contra a cobertura dada a essas vítimas), ao contrário da invasão (baseada em aldrabices) e ocupação de um país sentado em cima de enormes reservas de petróleo por parte da maior potência mundial. Quer-me dizer as suas?

Renato Bento disse...

Também tiro várias ilações.

A 1ª é que a comunicação social apenas passa aquilo que lhe dá garante monetário, independentemente de ser menos ou mais gravoso ou de ser mais ou menos interessante/perspicaz. Mas isso para mim, em Portugal, é algo que não me choca (já estou habituado). Lá fora não é tanto assim.

A 2ª é que o anti-americanismo e muitas outras esquerdelhices têm como palco os média.

A 3ª é que a esquerdistas floribélicos beneficiam daquilo que muitas vezes desdenham.

"estrategicamente irrelevante"

A meu ver não se trata de local mas sim de quem está a actuar... Pouco importa, muitas vezes, a culpa ou a ausência dela. A maneira como se morre e o número de mortes idem.

Sérgio Pinto disse...

A 1ª é que a comunicação social apenas passa aquilo que lhe dá garante monetário, independentemente de ser menos ou mais gravoso ou de ser mais ou menos interessante/perspicaz.

Cuidado! Muitas observações dessas, em que critiques a 'ganância' da comunicação social com considerações morais ou éticas e ainda te começam a chamar comuna...


A 2ª é que o anti-americanismo e muitas outras esquerdelhices têm como palco os média.

E diz isso porque...? É que ainda na ilação amterior se falava de a comunicação social cobrir o que lhe dá retorno financeiro, pelo que saltar daí para a ilação nº2 é um passo um bocado grande.


A 3ª é que a esquerdistas floribélicos beneficiam daquilo que muitas vezes desdenham.

Desenvolva, sff, Ricardo. Quer dizer exactamente o quê, com isto?

Renato Bento disse...

Quando à 1ª, critico mas não condeno. Cada um pode escolher aquilo que quiser ler (felizmente não estamos em Cuba ou na Coreia do Norte). Eu, se não gostar de algo que leio num jornal, mudo para outro que seja mais do meu agrado (imparcial,verdadeiro).

Quanto à 2ª a estória já é outra. Quando uma pessoa se depara com o primeiro facto mas não tem a oportunidade de mudar, ouve muitas vezes aquilo que vai dar azo a uma certa "formatação ideológica". Mas, também, convenhamos: só é alvo disto quem quer.

Quanto à 3ª tenho pouco a acrescentar. A esquerda floribélica aproveita-se de algo que critica incessantemente ("estão ao serviço dos capitalissssssssstas!!!".

Sérgio Pinto disse...

Mas quando o faz deve fazer da melhor forma possível, especialmente quando tem as "armas" que tem.

Mas é precisamente pela dependência do CS (por ter as armas que tem), que está um bocado de mãos atadas.


Se existem pessoas como o Sérgio (contra política intervencionista dos EUA e de outros países)

Eu nem disse que era contra toda e qualquer intervenção militar. Disse que era contra a do Iraque.


Será que me consegue explicar porque é que é apenas local? Eu sei o porquê, mas gostaria de ouvir da sua boca...

Não percebo muito bem a razão da pergunta. Mas, naturalmente, o âmbito é apenas local porque "só" podem chacinar o próprio povo, não se podem aventurar por países circundantes, embora não lhes falte vontade de se meterem no Chade. À falta de melhor, lá vão apoiando a guerrilha que combateu contra as forças governamentais do Idriss Déby. Mas, como o Al-Bashir e demais 'entourage' será racional, sabem que não podem interferir directamente no Chade porque isso iria atrair a França.


E o que seria da esquerda sem nós?

Bem, a Esquerda não sei, mas eu seria certamente um indivíduo mais triste se não pudesse ter acesso às pérolas do lidador e do luisinho.


O termo fundamentalismo pode ser empregue em vários quadrantes. Por isso aquilo que disse é bastante discutível.

Tudo bem, mas eu estava a usá-lo no sentido do 'religioso'. Pode ter razão, mas se a guerra civil Norte/Sul no Sudão (essa terá mais contornos religiosos, dado que havia um bom número de cristãos, no Sul, a morrer), não há grandes razões para acreditar que esta também não poderá ser resolvida.
E o tipo de fundamentalismo que refere não impede o Al-Bashir de manter um mínimo de racionalidade, como se vê pelo facto de não se envolver directamente contra o Chade. E a manutenção da racionalidade é o aspecto-chave aqui, quando menciono o fundamentalismo (ou a ausência dele).


Então é contra uma operação militar... E se o Bashir recusasse a oferta?

Por princípio, sim. Mesmo que não tivesse nenhuma objecção moral, conviria sempre pensar que estamos a falar de um país com mais 10 milhões de habitantes que o Iraque e com uma área 5 vezes maior.
Se o Al-Bashir recusasse? Daria jeito conseguir pôr os 5 do CS a falar a uma voz para conseguir que qualquer intervenção para controlar/pacificar o Darfur tivesse o selo da ONU (e para ver se a China abria os olhos ao Al-Bashir). Caso contrário, se aquilo voltasse a ser à base de tropas americanas, tínhamos ali mais um Iraque, parece-me.


Outra vez as figuras de estilo... Irra!

Eu percebi, estava a ser sarcástico...

Sérgio Pinto disse...

A esquerda floribélica aproveita-se de algo que critica incessantemente ("estão ao serviço dos capitalissssssssstas!!!".

Eh eh eh! Não me recordo de ter ouvido o Louçã a queixar-se disso. De qualquer forma, não me parece que seja a Esquerda a monopolizar os espaços informativos.


felizmente não estamos em Cuba ou na Coreia do Norte). Eu, se não gostar de algo que leio num jornal, mudo para outro que seja mais do meu agrado (imparcial,verdadeiro).

Felizmente, sim! Bem, as categorias de imparcial e verdadeiro são sempre subjectivas. Por curiosidade, a quais é que atribui tais características?

Renato Bento disse...

Em Portugal, apesar de melhores dias, apenas sou capaz de ler o Público.

Fora de Portugal aprecio o Haaretz.

Sérgio Pinto disse...

Também gosto do Ha'aretz (mas cuidado que Ha'aretz -> Esquerda israelita e Esquerda = Perigo).

O Público dispenso. Lá vai sendo à base do Expresso, do Le Monde Diplomatique em versão portuguesa e de vários blogues...

Renato Bento disse...

Sim, também de vez em quando o Expresso. E até o próprio Courrier Internacional.

NYTimes, JPost, Yedioth Ahronoth, Washington Post são sempre pontos de paragem.

Enfim, um pouco de tudo

P.S - a esquerda trabalhista Israelita nao me assusta.. Sempre gostei de Ehud Barak..

Renato Bento disse...

Sabe que os jornais serem de esquerda ou serem de direita é algo que cheira muitas vezes a esturro, porque acaba muitas vezes por acontecer o contrário.

Já vi muitos artigos no Haaretz ou em qualquer outro jornal que me trocaram as voltas (serem de esquerda e escreverem à direita; serem de direita e escreverem à esquerda)..

Sérgio Pinto disse...

O JP e o Yedioth não, os outros vão tendo umas visitas, sim.

O Barak podia estar ao lado do Sharon, pouco se distinguiriam. Mas o Ha'aretz tem um ou outro jornalista com perspectivas tais que se eu um dia os plagiasse e escrevesse aqui a mesma coisa, saltava logo daí o lidador a berrar contra o anti-semitismo...

Sérgio Pinto disse...

Sim, claro, no sentido em que têm 'n' colunistas com visões que podem estar bastante distantes. De qualquer forma, lendo os editoriais do Ha'aretz ou do JP (pelo menos nas poucas, muito poucas vezes que olhei para o JP), a diferença era considerável.

Bem, isto vai longo. Boa noite, amanhã é um novo dia.

Renato Bento disse...

"Mas o Ha'aretz tem um ou outro jornalista com perspectivas tais que"

Esses tipos acabam por existir sempre. Tanto mais não seja para os jornais se demarcarem de uma certa posição ideológica.

Olhe que eu já li coisas no Haaretz que iam ter ao outro lado...

Luís Oliveira disse...

[o pretenso anti-americanismo, que só existe nas cabecinhas que o querem ver]

LOL!


[Eu cá gostaria de saber o que seria de vocês sem "os Sérgios Pintos e os mls cá do sítio" ou, mais tragicamente ainda, sem a Esquerda em geral.]

Nas palavras imortais do ml, "No left, no blog".

Sérgio Pinto disse...

Ena, luisinho, sempre tão cheio de argumentos. Logo você, que andava por aí tão chateado com determinadas repetições e gosta de novidades. Não quer experimentar variar e tentar lançar um argumento?

Acho bem que cite a ml, costuma mesmo ser a única forma de você dizer algo que se aproveite.

Luís Oliveira disse...

[chateado com determinadas repetições]

Ainda não percebi se vc é mentiroso, desonesto ou não sabe ler. O que eu disse foi que não podia passar sem as repetições.

Sérgio Pinto disse...

Devo ser um bocadinho das três, luisinho. Ao contrário de você, sempre tão honesto e vertical, como o caturo gosta (e seguindo o exemplo do seu ídolo, o sr. Shleifer). Além de notoriamente inteligente, claro.

Sérgio Pinto disse...

Ah, luisinho, e uma opinião sobre o tema em discussão, já é pedir demais?

Luís Oliveira disse...

[luisinho, e uma opinião sobre o tema em discussão, já é pedir demais?]

Teria de ir primeiro ir ao blog do Shleifer ver o que é que ele diz sobre o assunto, mas agora não tenho tempo.

De qualquer forma, como diria o camarada caturo, eles são negróides, eles que se entendam.

Unknown disse...

“faria melhor em se informar acerca dos assuntos sobre os quais decide largar umas postas.”

Diz o SP muito bem, tal como o Frei Tomás.
A questão do Darfur é de facto intra-religosa. Entre muçulmanos. Em a violência flui livremente assente nos valores da própria religião. Não é um caso isolado. A violência surge com estranha frequência em sociedades que se organizam jurídica e culturalmente sob os valores do islamismo. E, claro, o facto de o único factor comum que traça uma linha entre o que se passa na Europa, na Palestina, na Indonésia, na Somália, na Nigéria, no Chade, no Sudão, no Sinkiang, no Paquistão, no Irão, na Argélia, no Kosovo, na Cachemira, no Iraque, no Yemen, na Eritreia, no terrorismo mundial, etc,etc, ser o Islão, é tão irrelevante, como o facto de o xulé estar associado aos pés.
Tal como o nazismo e o comunismo, o islamismo leva as pessoas numa viagem pela loucura e pela violência demencial, coisa aliás de que o SP não precisa, porque já tem a sua própria religião que lhe aponta no radar apenas o Satanás que domina a outra margem do Atlântico.


“A conversa sobre a Esquerda e o Iraque é absurda e traz a baila o argumento estafado do pretenso anti-americanismo, que só existe nas cabecinhas que o querem ver. “

Nunca se viu um louco aceitar a suja loucura e não será o SP a inaugurar tal anormalidade.
Os SP deste mundo não são antiamericanos. Pelo contrário, são os maiores amigos da América e é justamente por o serem que passam a vida a olhar para ela e criticá-la.
Os bons amigos são assim.
Absurdos

É por isso que estes amigos do absurdo se afirmam na condenação indignada da América por tudo o que faça, não faça, ou alguém pense que fez ou devia fazer.
E como não têm tempo para se indignar com mais nada, relativizam os feitos de magotes de ditadores que por esse mundo fora prosseguem tranquilamente as suas "locais" actividades, contando com a infinita tolerância, e compreensão dos amigos do absurdo, que têm sempre um “mas”, pronto a usar.

Neste caso, o SP justifica-se. Não é antiamericano (que horror, nunca jamais em tempo algum, mas é obrigado a intervir porque “as acções do governo americano têm um impacto global”
A dor de cotovelo exposta.. como é possível que um país tão atrasado, tão mal governado, com Reagans e Bushes, estúpidos e iletrados, com capitalistas gananciosos e sem génios como Louçã, Jerónimo,SP, etc, tem a veleidade de ter acções de impacto mundial? É injusto e revoltante. Não devia ser assim, esse papel devia estar reservado aos grandiosos países que optarem pelas ideologias do sol do mundo.
É isso que dói aos SP deste mundo. É isso que lhes avinagra as vidas e os faz estar sempre de patrulha, de olhos nesse coio de imperialistas tenebrosos.


”E, enfim, que as responsabilidades e expectativas que recaem sobre uma democracia serão diferentes das de um regime ditatorial.”

Isto é muito importante. O SP garante-nos que no mundo perfeito que tem na sua privilegiada cabeça, seriam as expectativas dele e de iluminados como ele, a determinar o que uma determinada democracia deveria fazer e não os respectivos dirigentes eleitos.
Já quanto às ditaduras, são mais modestos. Aí, pelo que se entende, o futuro deveria ser moldado pelas expectativas não se sabe de quem.
Procura-se a chave, não se perdeu, mas onde há luz para a procurar e nisso o SP é bom. Infelizmente nunca encontrará a chave no lugar onde a procura.


“ O Al-Bashir não é um fundamentalista - tal como o Saddam também não o era. Como tal, age segundo princípios mínimos de racionalidade” e o genocídio é simplesmente o método mais simples de resolver as divergências e esmagar qualquer reclamação”

Muito bem. Trata-se apenas de “racionalidade”, e nisto o SP não transige.
Genocídios “racionais” devem tratar-se com diálogo e diplomacia e acabam por se resolver por si próprios. Aconteceu na União Soviética, na China maoísta, no paraíso socialista do Sr Pol Pot, no Reich dos Mil anos, e no Darfur. Não há problema nenhum que tenham sido exterminadas mais de 100 milhões de pessoas, uma vez que foi tudo “racional”, isto é, tratava-se apenas de resolver racionalmente um problema.
Pior, muito pior, presume-se pela notável argujmentação do SP, é o lavrador que dá uma sacholada no vizinho por estar com os copos. É que aqui não há “racionalidade” e os mortos sentem-se mais infelizes por isso.


“dizer ao Al-Bashir que, se gosta verdadeiramente dos eu palácio presidencial e de acordar com a cabeça ligada ao resto do corpo, tem um prazo limitado para acabar com o genocídio e chamar de volta os Janjaweed, sob pena do regime de Cartum se tornar o alvo de uma chuva de Tomahawks.”

O SP no topo do mundo. É ele que deve decidire onde é que os americanos empregam os seus meios militares. Mais nada.
Os estúpidos americanos pagam as suas Forças Armadas com os seus impostos e o SP, no seu pedestal de génio, decide onde elas serão empregues. Assim +e que o mundo devia funcionar.

E nota-se que percebe da poda. Especialmente qdo fala de mísseis de cruzeiro a “chover”, o que nos faz regressar à sua primeira e notávela frase “ faria melhor em se informar acerca dos assuntos sobre os quais decide largar umas postas.”


“ E ainda por cima o Sudão nem tem grandes riquezas naturais nem grande interesse estratégico...”

Nesta questão, lamentavelmente o SP não fez melhor, isto é não “se informou acerca dos assuntos sobre os quais decide largar umas postas.”
O petróleo e o gás natural do Sudão, são meros peanuts na carteira rica do SP, embora lhe fosse de grande utilidade usar palavras que entenda. “Estratégico”, não parece ser uma delas"


“ o número de mortos e refugiados no Sudão não andará longe do Iraque, sendo provavelmente inferior, por chocante que isso lhe possa parecer.”

O SP aqui coloca-nos um problema. Ou bem que andou de rabo para o ar , no terreno, a contar afanosamente cadáveres e a determinar culpabilidades, coisa que nem por um momento duvidamos que tenha acontecido, especialmente a parte do rabo no ar, ou se limita a debitar números que leu algures.. E, como bom vigarista, neste último caso tratou de escolher “imparcialmente” aqueles que lhe luzem a crença. É tudo uma questão de crença e o SP é um homem de fé.

“ A primeira poderia ser a de que matanças de africanos negros num local estrategicamente irrelevante não atrai mediatismos”

Para o SP, estrategicamente relevante parece ser apenas tudo aquilo onde os amigos do absurdo lobrigam o dedo da América. Tudo o mais é “estrategicamente irrelevante”.
No fundo, culpa dos americanos, que não fazem alguma coisa. Se fizessem o assunto passava a ser “estrategicamente relevante”, o Sudão passaria subitamente a ter muito petróleo, e aqui teríamos o SP na 1ª linha a condenar o Bush ou o gajo que se lhe segue.

“Eu nem disse que era contra toda e qualquer intervenção militar. Disse que era contra a do Iraque.”

Frase incompleta. Deveria acrescentar “…ou de outra qualquer em que seja possível encontrar a Stars and Stripes”. Isto passando por alto que o o facto de ser contra algo que já aconteceu é tão “racional” como ser contra o terramoto de Lisboa.

São assim os amigos do absurdo.

Sérgio Pinto disse...

Era previsível que você e o caturo se fossem dar bem.

P.S. Não hesite em voltar a propagandear a prosa do Shleifer. É sempre um prazer...

Sérgio Pinto disse...

Lidadorzinho,

Tem piada que dedique tanto do seu tempo a escrever sobre pessoas como eu ou a ml. Enfim, contradições entre o que proclama e o que faz não são novidade, não é? Afinal, você, que mais uma vez produz um texto inenarrável, é a mesmíssima pessoa que inaugura este blog com a frase “Pessoas inteligentes falam de ideias. Pessoas comuns falam de factos. Pessoas medíocres falam de pessoas." Não é preciso dizer mais nada.


O petróleo e o gás natural do Sudão, são meros peanuts

Segundo o World Factbook da CIA:
Reservas de Gás Natural:
- 59º - Sudão - 86.000 milhões m3
- 12º - Iraque - 3.170.000 milhões m3

Reservas de Petróleo:
- 22º - Sudão - 6.400 milhões de barris (provavelmente menos do que o existente no bloco de Tupi, no Brasil, no qual a Galp tem uma participação).
- 5º - Iraque - 115.000 milhões de barris.

ml disse...

Meu caro RB

Estive ausente uns dias e confesso desde já que não li nem vou ler a totalidade do post e dos comentários, e penso que escuso dizer-lhe a razão.

Quanto ao que diriam os -mls, não faço a mínima ideia, o melhor é perguntar-lhes, não devem andar longe.
Se é a minha opinião pessoal que quer saber, creia que não comento mais vezes o que diz por uma razão muito simples, remakes só no cinema e quando valem a pena.

Fica para uma próxima, quando a temática floribélica já tiver feito a travessia do deserto.

E o que seria da esquerda sem nós?
Também não lhe sei dizer, vocês sempre existiram, mas no geral a direita é facilmente permutável entre si no papel de contraponto.

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Nas palavras imortais do ml, "No left, no blog".
Oliveirinha, com um bom estímulo, de vez em quando algumas secções do córtex cerebral funcionam.

Será da minha vista ou finalmente há uma novidade por aqui? O layout da caixa de comentários parece-me outro.
Posso dar a minha opinião? Veja lá, não quero abusar.

ml disse...

Tem piada que dedique tanto do seu tempo a escrever sobre pessoas como eu ou a ml.
“Pessoas inteligentes falam de ideias. Pessoas comuns falam de factos. Pessoas medíocres falam de pessoas."


Pinto, acho que devias valorizar mais os momentos de sinceridade do lidador. Os três quartos confessionais deste blogue são a melhor parte, o resto é déjà vue.


saltava logo daí o lidador a berrar contra o anti-semitismo...

Isto remete para o inquérito do carmo, que apresentou como trunfo ter-se baseado em afirmações de muçulmanos.
O mundo não binário é isso. As críticas mais acirradas contra o sionismo e as práticas do estado de Israel vêm de judeus militantes, e o que aqui se denomina de ‘antiamericanismo’, naquele estilo sempre original e inovador a que nos habituaram, provém de cidadãos americanos.

Mas temos que aceitar que as informações fornecidas pela bola de cristal possam ser fiáveis. Pelo menos aqui são utilizadas e parece que com satisfação dos utentes.

Renato Bento disse...

Espero que ao menos seja um bom remake...

Renato Bento disse...

Minha cara ml

Continua a tempo de me responder à pergunta que lhe coloquei...

ml disse...

Meu caro RB, creio que já lhe respondi. Basta ter lido o seu antepenúltimo parágrafo para justificar o que lhe disse antes. E acho que nem se apercebe que nos modos em que coloca sempre as questões - e isto é uma herança, eu sei, mas não precisava de a tornar uma segunda pele - é muito fácil virar os seus argumentos contra si próprio.

O que se passa no Médio Oriente, nomeadamente na Palestina e Iraque é de gravidade assinalável. No entanto, a direita estúpida e morangueira mundial concentra-se apenas nas acções militares elaboradas por outros países no que toca a política internacional.

E até porque, meu caro RB, a esquerda, ONGS, organismos internacionais desses que a direita estúpida odeia, não se têm poupado a esforços para denunciar o genocídio no Sudão, enquanto que a direita estúpida não só assobia com a destruição e mortandade no Iraque e Palestina como até aplaude e pede bis.

E sabe, Ricardo, a ladainha dos curdos que o Saddam matou só confirma que a direita não é tão esperta como pretende mostrar. Se o Saddam fez o que fez, e ainda fez muito mais do que isso, é porque tinha as costas quentes e não lhe vou perguntar quem lhas aquecia. Mas estúpido, estúpido foi o Saddam, que pensou que poderia dispensar a protecção do protector. Não lhe ocorreu o triste fim do Noriega, senão talvez tivesse pensado duas vezes antes de agir. Fez o contrário e como o Chico Buarque recomenda, 'aja duas vezes antes de pensar'.

Isso é muito bonito na canção, mas na realpolitik paga-se com língua de palmo. E paga-se segundo uma fórmula do Jorge Coelho, "quem se mete com o PS leva".

RioDoiro disse...

ML:
"E até porque, meu caro RB, a esquerda, ONGS, organismos internacionais desses que a direita estúpida odeia, não se têm poupado a esforços para denunciar o genocídio no Sudão,"

Meu caro, ladainhas não faltam. Mas ladainhas não resolvem problemas.

A única coisa que a esquerda faz é denunciar, denunciar, denunciar, apenas a eterna ladainha. A pergunta a que o ML não responde é a seguinte: denunciar para que efeito? (Não venha dizer "para que alguém faça alguma coisa").

Quem devia tomar alguma medida? De que tipo?

EJSantos disse...

Querido Sérgio Pinto.
Fico muito agradecido pelas suas recomendações de leitura. Talvez a seu tempo o faça. MAS já que se acha tão informado e iluminado (Allah seja louvado), recomendo-lhe o livro “The Prophet of doom”. É uma preciosidade para quem queira saber um pouco da edificante e exemplar vida do grande profeta da “religião da paz”.
E já que estou a escrever-lhe, tenha paciência com o que vou afirmar, mas se formos a ver a coisas bem vistas, aonde os muçulmanos meteram o pé, arrebentaram tudo. E não venha com tretas que tenho que provar que o Islão é uma religião belicista, desigualitária, machista e descriminadora. Basta ler o Coran. Já o fez? Então faça.
Já agora, quem foi que dividiu o mundo no Dar al Islam e no Dar al Arb? (Espero que esteja bem escrito). Traduzindo para português, a Casa da Paz (o mundo muçulmano) e a Casa da Guerra (o mundo não muçulmano). Mas já agora, como é que um país não muçulmano, que estava em paz, de repente se vê em guerra? Hmm, talvez porque as minorias muçulmanas acabam por criar situações de guerra?
Já viu como tem sido o padrão do desenvolvimento intelectual e cultural destes povos? Nos 2 ou 3 séculos seguintes à morte do profeta, os árabes conseguiram concentrar quase todo o saber do mundo antigo. É obra! MAS a partir daí o seu declínio tem sido constante. Actualmente, o n.º de livros estrangeiros traduzidos para espanhol (e só em, Espanha) é superior ao n.º de livros traduzidos para árabe, em todos os países árabes (só estou a referir me aos países árabes, estou a excluir o restante mundo muçulmano).
Já agora, porque carga de água anda a Arábia Saudita a financiar mesquitas pelo mundo fora, se este país não tem uma única universidade entre as melhores do mundo?
Sou assumidamente islamofóbico. Não suporto a ideologia de base que emana do Corão. Consegue ser tão mau como a ideologia nazi. Felizmente nem toda a pessoa que é muçulmana é necessariamente violenta. Mas ao não ser violento, esse muçulmano, segundo os padrões do Corão, está a ser um mau muçulmano.
Quanto ao Darfur, levanto uma questão: porque razão não é um caso isolado? Se for a ver muito bem, aonde há muçulmanos e não muçulmanos, invariavelmente começa um conflito. E são sempre os mesmos a tomar a iniciativa. Allah seja louvado.
É claro que V. Ex.ª, tão culta e iluminada, provavelmente sabe disto tudo muito bem. E até provavelmente sabe mais sobre a violência doentia muçulmana mais do que eu. Só que está se a marimbar. Tudo em nome de quê? Diga lá. Se se diz de esquerda, que se preocupa tanto com as pessoas…
Cumprimentos.

Anónimo disse...

A guerra quente
por Alberto Gonçalves, Sociólogo
in Correio da Manhã, 7.Fev.2007

A Esquerda manipula idiotas úteis e segue a alternativa ecológica: o aquecimento global é a via ‘verde’ e ‘despoluída’ do anti-americanismo.
Enquanto os portugueses se distraem a discutir o aborto e a espalhar camisolas de Cristiano Ronaldo pelo mundo, o Mundo teme o aquecimento global. O assunto é tão grave que já se defende a criminalização de quem o ousa questionar, como acontece em certos países aos que negam o Holocausto.
Há aqui vasto exagero: mesmo na Europa, o Holocausto tem vindo a ser negado sem problemas. Veja-se o recente caso de um subúrbio de Madrid, onde o dia dedicado às vítimas do nazismo foi substituído pela memória do “genocídio palestiniano” (sic). No fundo, limitou-se a seguir o conselho do jornal ‘La Vanguardia’, que em tempos sugeriu a criação de um ‘Museu do Holocausto’ para a Palestina. Desvalorizar o extermínio de seis milhões de pessoas é hoje passatempo vulgar, que entre europeus e os parceiros de Hitler, os árabes, cai bem e até alegra uma roda de amigos.
O aquecimento global merece outro respeito. Ainda no último sábado, uma absurda organização intergovernamental, o IPCC, divulgou um “estudo” em que alerta para a catástrofe e aponta a culpa, “muito provável”, do Homem. Como de costume, o “estudo” foi recebido com a pompa de uma verdade universal, que poucos contestam.
O curioso é que, ao contrário do Holocausto, o aquecimento global é uma mentira. Os peritos que não receiam pelos seus empregos ou, no futuro, a prisão, têm demonstrado com regularidade os delírios que os funcionários políticos do IPCC, os académicos e os ecologistas em geral produzem em troca de fundos e proeminência. Simplificando imenso, é verdade que o Planeta regista um ligeiro aumento das temperaturas desde a década de 1980. E depois? De 1940 a meados dos anos 70, as temperaturas desceram. Se se recordam, era o “arrefecimento global”, o qual, juravam inúmeros místicos, iria condenar a Terra. Aparentemente, a Terra resistiu. Como resistira, por exemplo, aos ‘fatais’ ciclos de calor verificados nos inícios do séc. XX ou durante 500 anos na Idade Média. E às pequenas ‘idades do gelo’ que os separaram. A Terra possui o hábito de sofrer mudanças climáticas, que os cientistas autênticos não explicam e muito menos antecipam. De facto, é difícil prever os eventos dos próximos cem anos através dos exactos métodos que não acertam na chuva da semana seguinte: a ciência examina ocorrências, a bruxaria brinca às estimativas.
Mas não importa acertar. Importa juntar dados desconexos a fim de estabelecer a “evidência” do apocalipse climático e, não esquecer, acrescentar- -lhe a ‘responsabilidade’ humana. Porquê? Nada de novo: porque todo o exercício visa atacar as sociedades industriais, leia-se o capitalismo, leia-se os EUA e os seus aliados. Terminada a Guerra Fria, a orfandade levou alguma Esquerda a acolher a selvajaria islâmica emergente (incluindo, claro, a ‘causa’ palestiniana). Nos momentos de delicadeza, a Esquerda manipula idiotas úteis (ver Gore, Al) e segue a alternativa ecológica: o aquecimento global, essa portentosa fraude, é a via ‘verde’ e ‘despoluída’ do anti-americanismo de sempre.

ml disse...

Meu caro dentinho

A ladainha da esquerda e das organizações é denunciar, denunciar e muitas vezes actuar até conseguir os resultados pretendidos, a ladainha da direita estúpida é deitar álcool para a fogueira desde que haja um dólar a recolher com o incêndio.

Quando a direita estúpida se preocupa com um qualquer ‘drama humanitário’, não precisamos de ir mais longe para perceber que
ou têm qualquer coisa a aproveitar com a resolução da crise, os mortos estão a cair-lhes em cima do relvado e a sujar o muro, ou assim
ou lhes é indiferente porque dali não jorra nada, mas é uma oportunidade para fazer bonitinho.

É claro que quem está mandatado para resolver situações deste calibre é a ONU ou em quem ela delegar e a ONU não é de esquerda nem de direita, segue uma carta de princípios que justificam a sua existência. Foi a esta organização que foram dados os poderes legais e os meios. Muitas vezes é ineficaz, o pinto já escreveu sobre isso. A ONU não é uma pessoa, um líder, um chefe, mas uma organização com uma estrutura muiticéfala que leva por vezes a impasses. Os interesses estratégicos não ficam à porta do Conselho de Segurança, entram e ocupam o seu lugar.

Mas é realmente curial que chorem de tristeza pela inoperância da ONU. Numa situação excepcional em que decidiu e fez publicar sem sombra de dúvidas a continuação de um procedimento que estava a funcionar, a direita estúpida fez ouvidos moucos e avançou de unhas estendidas em direcção ao petróleo. Causa estranheza e alguma incomodidade vê-los agora chorar lágrimas copiosas porque a ONU não consegue fazer nada. Embora não pareça, fala-se da mesma ONU que, quando alcançou um êxito hoje consensual – acabar com a possível existência das ADMs no Iraque - foi trucidada pelos adoradores do novo sol da terra, que não hesitam em recorrer à mentira, à falsificação. E para quê? Simplesmente para iniciar de motu proprio a destruição e matança que tanto os 'incomoda' em outras situações.

E caro dentinho, não diga assim sem aviso prévio que denunciar não adianta, pois a preocupação do RB era precisamente que não se fale suficientemente do Darfur. É porque ele vê também alguma virtude na denúncia.

Sérgio Pinto disse...

O mundo não binário é isso.

E fazer compreender essa policromaticidade à nossa querida dupla sobrinho&tio, sem que o neurónio solitário e repartido entre em curto circuito ou autofagia?
É que no mapa mental deles, perante uma situação qualquer, só há duas alternativas/explicações, e necessariamente opostas. Bem, lá está, é o que dá andar a beber as palavras do Bush: deste lado estamos nós e quem não estiver incondicional e acriticamente connosco é obrigatoriamente apoiante de terroristas. Claro, a óptica binária é muito mais simples. O neurónio não se cansa e até prolonga a esperança de vida. Em compensação, ficará sempre atrofiadinho. E, como a capacidade de armazenagem não é muita, a cassete mantém-se inalterada desde há anos. Não há almoços grátis, não é?

Sérgio Pinto disse...

Santos,

Eu sou ateu, a vida de qualquer pretenso profeta interessa-me tanto como a sua.

Partindo da interpretação que dá para o que considera como 'bom muçulmano', suponho que não encontre sequer nenhum bom muçulmano (parece-me algo difícil seguir absolutamente à risca tudo o que um livro diz). Além de que, obviamente, se pegar em citações avulsas de outros livros relativos a outras religiões (como já fez o DO no Arrastão), facilmente compreende que dificilmente arranjará alguém que seja um "bom crente", pelos motivos já referidos.

Como já foi referido anteriormente pela ml (e até pelo Carmo, acho eu), trata-se essencialmente da forma como se interpreta cada livro e da fase diferente em que estão. Como perceberá facilmente, a Turquia, sendo composta quase exclusivamente por muçulmanos, é consideravelmente diferente da Arábia Saudita.

Quando você pergunta coisas como Mas já agora, como é que um país não muçulmano, que estava em paz, de repente se vê em guerra? , fico sem saber a que país se refere ou o que pretende. Tal como quando inquire, Quanto ao Darfur, levanto uma questão: porque razão não é um caso isolado?

Sobre a "tendência muçulmana" para arranjar conflitos, bem, vêm-me à memória duas guerras mundiais que tiveram origem na Europa (você, se calhar, concluirá que os europeus são intrinsecamente violentos por causa disso). Claro que me poderia lembrar da invasão do Iraque, de todas as guerrilhas na América Latina (zona repleta de muçulmanos) ou de 'n' guerras civis em África.

Sobre o Darfur é que não tem muito a acrescentar, pois não? Bem me pareceu. E sim, leia, faz-lhe bem.

RioDoiro disse...

Caro MegaLítico,

Desculpe lá, mas estou tapado de tempo. Só devo poder cá voltar amanhã.

.

Renato Bento disse...

"ONGS, organismos internacionais desses que a direita estúpida odeia, não se têm poupado a esforços para denunciar o genocídio no Sudão"

Vamos lá a ver uma coisa: ONGS e organismos internacionais não estão necessariamente ligados à esquerda. Têm que se pôr em pratos da balança diferentes.

Tem razão quando diz que a esquerda alerta. Sem dúvida. Mas será que alerta tanto como o faz no Iraque?

Já ouviu, a título de exemplo, o grande Mário Soares a pronunciar-se sobre este assunto?

Eu não. Só o vejo a falar do Iraque...

A questão que eu queria abordar era esta e não outra.

ml disse...

Claro, a óptica binária é muito mais simples.

pinto, confesso que aprecio aquela artilharia esforçada, árdua, longos posts a papel-químico para explicar muito miudinho que fora da adoração do novo sol na terra só resta o anti-semitismo, o antiamericanismo, as burquas, as mãos cortadas (ah, esta não, adiante que é da Arábia Saudita), berréu-béu-béu. E o Corão, muito Corão. E muito moralismo, e muita superioridade bíblica, a minha escritura é melhor do que a tua.

O senhor professor doutor já lá vai, mas o espírito ficou a pairar sobre as águas.

ml disse...

Meu caro RB

É claro que as organizações humanitárias e outras não são necessariamente de esquerda, mal estaríamos. A esquerda não tem o exclusivo da ‘bem pensânsia’, mas pelo menos nunca vi a esquerda ou alguém em seu nome produzir catilinárias que se acirram contra ‘as causas’. Há qualquer coisa de pouco lustroso na razão deste encarniçamento.

Não sei por que razão o Mário Soares fala mais do Iraque do que de Darfur, e não tenho meios de o obrigar a dizer-me. Mas posso adiantar algumas hipóteses.
Para chatear o Bush?
Para não chatear a China?
Falará mas a CS não divulga por motivos ocultos?
Não achará interessante o tema?
Espera ganhar ali o que terá perdido com os terrenos da Ota (segundo as boas línguinhas de trapos)?

Não me adianta especular, não sei mesmo e como o ouço muito poucas vezes não sou a melhor testemunha.
Mas numa coisa estou completamente de acordo consigo, se não se ladainhar, e muito, e com voz forte, tudo se arrastará como está. Já deu resultados em algumas situações, é sempre uma boa estratégia para levar a água ao moinho enquanto se aguardam meios para uma actuação mais ‘convincente’.

RioDoiro disse...

ML:
"A ladainha da esquerda e das organizações é denunciar, denunciar e muitas vezes actuar até conseguir os resultados pretendidos,"

Já percebi. "Até que alguém faça alguma coisa".

ML:
"Quando a direita estúpida se preocupa com um qualquer ‘drama humanitário’, não precisamos de ir mais longe para perceber que
ou têm qualquer coisa a aproveitar com a resolução da crise, os mortos estão a cair-lhes em cima do relvado e a sujar o muro, ou assim
ou lhes é indiferente porque dali não jorra nada, mas é uma oportunidade para fazer bonitinho. "

O ML já percebeu como funciona o mundo, mas não tem ainda consciência disso. Mas o ML já percebeu que quando os morto caem no relvado da esquerda, há que "fazer alguma coisa".

ML:
"É claro que quem está mandatado para resolver situações deste calibre é a ONU"

A ONU, esperança final do ML, é apenas o somatório rocambolesco dos interesse dos que compõem Conselho de Segurança. Os tais interesses que o ML diz serem função do sangue no relvado.

A ladainha das carpideiras da esquerda teria apenas um momento sublime: aquele em que generais russos comandassem tropas americanas. Deste momento resultaria a prova final de que o império do enxofre teria sido destituido.

.

RioDoiro disse...

ML,
Já agora, Zapatero, que é de esquerda e que certamente se mobiliza para o coro de ladainhas de carpideira, não seria o dirigente apropriado para resolver a coisa no Darfur?

"Nós vamos lá, se a ONU nos deixar seria uma excelente palavra de ordem.

Ou isso poria a ONU em causa?

Ou seria de lá ir mesmo sem ONU?

.

EJSantos disse...

Pois é, caro Sérgio. MAs a questão fulcral desta pessegada toda é esta: que valor é dado a um livro? Posso ler o Antigo testamento, mas jamais me passará pela cabeça aplicar os preceitos jurídicos que estão lá misturados no texto. E a maioria dos cristãos tem a mesma atitude.
Quanto aos muçulmanos, a maioria dos turcos, optando por um Estado laico, faz o mesmo em relação aos preceitos jurídicos enfiados dentro do Coran.
Aqui o grande problema são os muçulmanos que levam o livro à letra. Já foi ver o link que coloquei neste blogue a mostrar a lapidação de adúlteras no Irão?
Sabe que em vários países teocráticos cortam as mãos aos ladrões? Sim, claro que sabe.
Quanto aos países a que me referi, estou a falar das Filipinas, da Tailândia e da China. Poderia falar da decapitação de cristãos na Indonésia (feita por gangues, com a passividade revoltante das autoridades).
Já agora, no Ocidente vigora o principio do Estado Laico. Porque razão serei tolerante ao Islão, se neste momento a maioria quer o Estado Teocrático?
Já agora, porque razão V. Ex.ª iria ler sobre o profeta Mohamed? Porque muitos muçulmanos consideram no um exemplo a seguir.
Compreende?
Já agora quanto ao Darfur, nega que as milicias muçulmanas andam a fazer uma caça ao homem (cristãos e animistas)?

Sérgio Pinto disse...

E a maioria dos cristãos tem a mesma atitude.
Quanto aos muçulmanos (...)


Olhe, por acaso, nos EUA, a comunidade muçulmana parece mostrar-se menos radical que as classes definidas como "White Evangelicals" ou "Black Protestants". Mas para si, com o alvo já definido a priori, isso é irrelevante, certo?
Pode ir lendo aqui: http://pewresearch.org/pubs/535/how-muslims-compare-with-other-religious-americans (não sei pôr o link clicável)


Quanto aos países a que me referi, estou a falar das Filipinas, da Tailândia e da China.

Continuo sem saber a que guerras se refere.


Poderia falar da decapitação de cristãos na Indonésia (feita por gangues, com a passividade revoltante das autoridades).

Desconheço o que você entenderá como "passividade revoltante", dado que não só esse tipo de crimes estão longe de ser o prato do dia como os suspeitos estão a ser julgados. E, de passagem, a Indonésia é um Estado secular e relativamente livre. Ah, e 80% dos indonésios preferem a manutenção de um estado secular a um estado islâmico. Engraçado, não é?


Já agora, no Ocidente vigora o principio do Estado Laico.

E assim continuará, como é lógico e desejável. Curiosamente (ou não), quem alvitrou a hipótese de integrar certas partes da Sharia na sociedade britânica foi o Arcebispo da Cantuária (deve ser comuna; ou isso ou muçulmano disfarçado).


Porque muitos muçulmanos consideram no um exemplo a seguir.

Não tenho o menor interesse nas crenças pessoais e privadas de quem quer que seja. Eles são livres de acreditar no que muito bem entenderem (tal como você é livre de acreditar que o lidador não é desprovido de cérebro) desde que não me tentem impôr essa crença. Caso enveredem por esse caminho, também vivo num Estado democrático que se rege por um sistema que impede atropelos à minha liberdade e me dá formas de resolver a situação.


Já agora quanto ao Darfur, nega que as milicias muçulmanas andam a fazer uma caça ao homem (cristãos e animistas)?

Mas você LEU ALGUMA COISA do que eu escrevi? Que part é que não conseguiu entender? Eu repito, desta vez a negrito:

The killing in Darfur, a vast region in western Sudan, is not a case of religious persecution, since the killers as well as the victims of this genocide are Muslim.
__________________________________

Do members of the tribes victims of attacks and killing make up objectively a protected group?
The various tribes that have been the object of attacks and killings (chiefly the Fur, Massalit and
Zaghawa tribes) do not appear to make up ethnic groups distinct from the ethnic group to which persons
or militias that attack them belong. They speak the same language (Arabic) and embrace the same religion (Muslim).188 In addition, also due to the high measure of intermarriage, they can hardly be distinguished in their outward physical appearance from the members of tribes that allegedly attacked them.

Renato Bento disse...

Caro Sérgio

A estória do arcebispo da Cantuária é uma jogada de alto gabarito da Igreja Anglicana.

Se não repare: se os Muçulmanos pudessem ser julgados pela Sharia o que impediria os Anglicanos de serem julgados pela sua lei?

Absolutamente nada. O arcebispo apenas tentou puxar a brasa à sua sardinha, aproveitando-se do medo que o pessoal tem do Islão.

"The killing in Darfur, a vast region in western Sudan, is not a case of religious persecution, since the killers as well as the victims of this genocide are Muslim."

Tem razão. Mas se fossem católicos ou judeus provavelmente não o fariam.

Não quero com isto dizer que não existiram casos em que católicos ou judeus fizeram o mesmo. Pois tal seria falso.

Mas veja que a religião tem estado constantemente no âmago das crises e das guerras civis no Sudão..

Não é por acaso..

EJSantos disse...

Darfur - A crise explicada

Alex de Waal*

A guerra na região de Darfur, no Sudão, deixa perplexos tanto especialistas em África quanto diplomatas experientes, de forma que não causa surpresa deixar confuso o público em geral. Este guia para o conflito responde dez perguntas simples.

1. Onde fica Darfur?

Darfur é a região mais a oeste do Sudão, o maior país da África. Ela se espalha pelo deserto do Saara, pelas savanas secas e florestas da África central. Ela é maior que a França, apesar de esparsamente povoada. A população de Darfur vive da terra, a cultivando durante a estação das chuvas (junho-setembro) e criando animais.

Darfur foi um sultanato independente de cerca de 1600 até 1916, quando foi integrado ao vizinho Sudão e se tornou o maior território a ser absorvido pelo império britânico. Após a independência do Sudão em 1956, Darfur foi negligenciado, com pouco desenvolvimento econômico.

2. Quem são os darfurianos?

Cerca de um terço da população de Darfur (cerca de 6,5 milhões no total) é composta de descendentes de árabes que migraram pelo Saara entre os séculos 14 e 18, se casando com os habitantes locais de forma que a maioria é fisicamente indistinguível de seus vizinhos não-árabes. Darfur também tem uma longa história de migração da África Ocidental.

Todos os darfurianos são muçulmanos e a maioria é seguidora da seita sufi Tijaniyya, originária do Marrocos.

3. Como o Sudão é governado?

Os governos pós-independência do Sudão (população actual de 40 milhões) foram todos dominados por uma elite de Cartum, a capital do país. A orientação árabe e islâmica desta elite provocou rebeliões no sul do Sudão entre a população não-árabe daquela região, a maioria cristãos e teístas. Os darfurianos também foram marginalizados pelos governos sudaneses, apesar de muitos fazerem parte do Exército.

Em 1989, um golpe militar levou o presidente Omer al Bashir ao poder, mas ele foi ofuscado por Hassan al Turabi, que buscou formar um Estado islâmico. A militância de Turabi exacerbou a guerra no sul cristão, provocou a hostilidade dos vizinhos do Sudão e levou a um isolamento internacional.

Falidos e exaustos, os islamitas começaram a brigar entre si em 1999 e Bashir prendeu Turabi. Determinado a manter o poder, Bashir buscou a paz no sul, assinando um "acordo de paz abrangente" com o Exército de Libertação do Povo Sudanês (SPLA), em janeiro de 2005. Enquanto isso, Darfur foi se tornando cada vez mais ingovernável. As armas eram abundantes, importadas de guerras civis no sul do Sudão e no Chade.

4. Por que a guerra começou?

Os primeiros confrontos armados em Darfur ocorreram em 1987, quando a milícia árabe chadiana - armada pela Líbia como parte da tentativa de Gaddafi de controlar o Chade - foi empurrada para Darfur pelas forças chadianas e francesas.

Em 1991, o SPLA tentou instigar uma rebelião em Darfur mas foi esmagado pelo exército sudanês e por uma milícia árabe. Novos confrontos ocorreram esporadicamente ao longo dos anos 90, provocados pelas disputas por terras e rebanhos. Em cada caso, enquanto os líderes locais tentavam promover conferências de paz intertribais, os serviços de segurança respondiam com táticas dividir-e-governar, geralmente armando a milícia árabe e tentando desarmar os grupos de defesa das aldeias. Em nenhum momento as causas por trás do descontentamento - a pobreza e marginalização de Darfur - foram tratadas.

5. Quem são os rebeldes darfurianos?

Em 2002, grupos de defesa da aldeia Fur começaram a se organizar e as unidades Zaghawa começaram a receber armas de seus parentes no exército chadiano (sem conhecimento do presidente). Com apoio do SPLA, eles formaram o Exército de Libertação do Sudão (SLA), promoveram ataques a guarnições do governo e publicaram um manifesto. Mas as alas Fur e Zaghawa do SLA fracassaram em cooperar. Enquanto o SLA de Abdel Wahid contava com grande apoio popular, a ala Zaghawa, liderada por Minni Minawi, era militarmente mais agressiva. Explorando a ausência de Abdel Wahid de Darfur - ele estava percorrendo o mundo para obter apoio- em novembro de 2005, Minawi convocou uma reunião e se elegeu presidente, criando uma divisão irreversível. Daí em diante, as duas alas começaram a enfrentar uma à outra assim como ao governo de Cartum.

Em março de 2003, os islamitas dissidentes recém derrubados do poder em Cartum criaram o Movimento Justiça e Igualdade (JEM) e se juntaram à rebelião do SLA. Menor e mais coeso que o SLA, o JEM se apoia na base de seu líder, Khalil Ibrahim, entre o clã Kobe de Zaghawa.

6. Quem são os janjaweed?

Os janjaweed originais dos anos 80 eram uma coalizão de milicianos árabes chadianos e um punhado de nômades árabes darfurianos. Por anos, estes milicianos foram tolerados e apoiados de forma intermitente por Cartum. Quando a insurreição do SLA ganhou força, o governo recorreu aos janjaweed como vanguarda de sua contra-insurreição.

Desafiando uma resolução do Conselho de Segurança da ONU que exigia o desarmamento dos janjaweed, o governo absorveu um grande número de milicianos em seu exército e continua a empregá-los contra aldeões suspeitos de apoiarem os rebeldes.

7. É genocídio?

Em Julho de 2004, os Estados Unidos iniciaram uma investigação sobre se as atrocidades em Darfur constituíam genocídio. A conclusão, anunciada pelo então secretário de Estado, Colin Powell, era que sim. Mas para desalento dos ativistas, Powell disse que isto não resultaria em nenhuma mudança na política americana. Em vez disso, ele encaminhou o assunto para o Conselho de Segurança da ONU, cujas investigações apontaram que ocorreram crimes de guerra e outras violações "tão hediondas quanto genocídio" em Darfur, mas que a acusação de genocídio era injustificada. O Conselho de Segurança encaminhou o assunto ao Tribunal Penal Internacional, que deverá emitir seus primeiros indiciamentos em breve.

Grandes organizações de direitos humanos e agências humanitárias se recusam a usar o termo "genocídio" em Darfur. A análise delas é de que Darfur não se trata de uma tentativa deliberada de exterminar um grupo, como no Holocausto e Ruanda, mas sim de crimes contra a humanidade cometidos ao longo de uma contra-insurreição.

8. Quem está protegendo os civis?

Após negociações na capital chadiana em abril de 2004, Cartum e os rebeldes concordaram em um cessar-fogo, que seria monitorado por uma equipe de observadores da União Africana (UA). O cessar-fogo foi violado por ambos os lados, o que tornou impossível a tarefa da Missão da União Africana no Sudão (Amis). A Amis foi ampliada para 7 mil soldados, mas suas operações foram atrapalhadas pela escassez de fundos e combustível -assim como pelo mandato fraco que não lhe permitia proteger todos os civis em risco.

A Casa Branca decidiu que a Amis deveria ser substituída por uma força de paz maior da ONU, com autoridade para uso de força. Nos últimos 18 meses, os esforços para impor esta força a um Sudão relutante consumiram grande parte das energias diplomáticas empregadas pelo Ocidente em Darfur. O presidente Omer al Bashir fincou o pé e rejeitou qualquer papel militar da ONU.

9. Por que as negociações de paz fracassaram?

A UA realizou sete rodadas de negociações de paz, culminando em uma sessão contínua de seis meses na capital nigeriana, de Novembro de 2005 a Maio de 2006. Sob severa pressão, especialmente dos Estados Unidos, Cartum e Minawi concordaram. O líder do JEM, Khalil Ibrahim, rejeitou o pacote de imediato. Abdel Wahid, que conta com o maior apoio em Darfur, também rejeitou. Após a assinatura do acordo, Minawi foi desertado pela maioria de seus comandantes.

10. O que precisa ser feito?

Desde Maio passado, uma combinação de cinismo do governo e liderança errática dos rebeldes levou a um agravamento da crise em Darfur. A guerra se intensificou e agora é em parte uma guerra por procuração entre o Chade e o Sudão, com cada lado apoiando os rebeldes do outro. Uma reunificação dos rebeldes é necessária antes que qualquer negociação significativa possa ser realizada.

Uma solução política de Darfur está agora mais distante do que em qualquer momento desde que a guerra teve início. Esta complexidade frustrante não é motivo para outra solução rápida mal acabada: é motivo para tratar dos processos políticos complicados mais seriamente.

*Alex de Waal é diretor do Social Science Research Council, uma organização sem fins lucrativos com sede em Nova York

Tradução: George El Khouri Andolfato

EJSantos disse...

Percebeu?

EJSantos disse...

Caro Sérgio Pinto:
"...desde que não me tentem impôr essa crença."
Em cheio! E o que andam a fazer as organizações fundamentalistas? E já agora, para ser (ou tentar ser) imparcial, as associações fundamentalistas muçulmanas e cristãs?
Os muçulmanos que se dizem moderados que façam barulho e se mostrem. Que condenem activamente as maluqueiras dos fundamentalistas. Que façam mais barulho que os fundamentalistas.
Independentemente da minha crença religiosa, se a Igreja Católica tenta imiscuir-se em assuntos politicos, eu critico e condeno.

RioDoiro disse...

ejsantos:
"Que façam mais barulho que os fundamentalistas. "

Aí é que está o galho. Pode ser que não tenham massa critica ou terão cagufa a mais ou não estão numa de fazer barulho.

Neste último caso, pode ser uma opção que pretenda dar a entender que são moderados não o sendo.

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ml disse...

Meu caro dentinho

Got it.
Na impossibilidade de resolução de um conflito à 1ª ou 2ª tentativa, deixa-se o circo a arder. Eles que são mouros que se entendam. Ou então vamos até lá, os voluntaristas, com ancinhos e forquilhas.

Sabe o que me admira e sempre me há-de admirar nas pessoas que traçam a régua e esquadro um esquema rígido para a vidinha do planeta? É que tenham a inquestionável certeza de que as coisas são exactamente assim, imutáveis, leis absolutas. O mundo é o que é e assim será per omnia saecula saeculorum. Toda a acção está condenada ao fracasso, o melhor é fazer como recomenda a Lauren Bacall, You just put your lips together and blow. Isto de tentar trocar as voltas à natureza e a uma guerrita sanitária no controle dos excessos populacionais devia ser sujeito a uma sanção qualquer, sei lá.

Que se lixe tudo. Embora Deus tenha decretado o descanso só ao 7º dia, deixou a alguns o presente envenenado de intervir no andamento das coisas, e a ONU é o castigo mais visível. Mas o melhor é fingir que não é nada connosco e assobiar durante a semana toda.

As melhores carpideiras, caro dentinho, não estão à esquerda, não vejo que vantagens traz para as ONGs e gente avulsa andar pelos Darfur e pelos Iraques, mas sim entre aqueles que choram não lhes ser permitido impor o assobio obrigatório a tempo inteiro.
É uma maçada.

ml disse...

Se não repare: se os Muçulmanos pudessem ser julgados pela Sharia o que impediria os Anglicanos de serem julgados pela sua lei?

Ora, caro RB, não deve estar a falar dos britânicos. Não há gente mais pragmática. No dia em que a religião e até a monarquia começar a apertar fora do sítio, vai tudo à vida e partem para outra.

Como é que optaram pelo anglicanismo, que os colocou fora do alcance de qualquer controle externo? Por uma simples questão de sucessão dinástica.

Bom, também não são só eles, nós também cá temos exemplos dos pios motivos que estão por detrás de grandes tomadas de posição ‘religiosa’.

RioDoiro disse...

ML:
"aqueles que choram não lhes ser permitido impor o assobio obrigatório a tempo inteiro"

Aqueles que choram são as carpideiras que, não tendo poder, gostariam que quem o tem fizesse o que elas entendem.

Quem tem poder não pede autorização para fazer o que melhor acha. Chama-se a isso, justamente, ter poder.

Como dizia Mário Viegas, há três razões para as carpideiras terem razão: a 1ª a 2ª e a 3ª.

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osátiro disse...

O insuspeito Guterres( anti invasão do Iraque, ex Presidente da IS)como Alt Comissário....revelou que o DARFUR era o maior drama humanitário actual.
Linguagem diplomata.
É um genocídio racista islâmico, porque os nomes devem ser ditos.
Claro que os sectores "progressistas", de esquerda, "evoluídos" não falam disto, quer nos media quer na política.
Porque a sua preocupação não é humanista; é só anti Bush e anti ICAR.
Marimbam-se para os milhões de pessoas que "vivem" no deserto sem condições para sobreviver.
Nos EUA, O Darfur é visto como genocídio:além de figuras públicas como Clooney e Mia Farrow, a Administração Bush tem matado a fome a muitos refugiados.
A ONU não faz nada porque a China apoia tudo o que seja tirania com petróleo.
Claro que aparecem uns "estudiosos" que tentam desviar a verdadeira razão do genocídio e que até são citados na blogosfera para aligeirar as consciências pesadas "progressistas".Ainda bem que aparecem: ficamos a conhecê-los!!!
Quanto ao Iraque, as mortes são, em mais de 90%, consequência do ódio de 1300 anos entre xiitas e sunitas.
A diferença é que no tempo de Saddam só os sunitas é que matavam; agora é tudo misturado.
Basta uma vista de olhos pela história do Islão para ver que sempre foi assim.
A conclusão disto tudo:
há sempre uns defensores e "desculpadores" da barbárie islâmica( vidé lapidação de mulheres), e são sempre os mesmos: esquerda, progressistas,etc,etc.
São esses que merecem ser governados por Hamas, Hezbollah, Ayatollahs.
fartava-me de rir!!!

osátiro disse...

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Deputado palestiniano confessa em TV do Hamas que utilizam crianças e mulheres como escudos humanos!

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