Teste

teste

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Um aviso: mais tarde recolheremos os "frutos"


O anti-americanismo, fenómeno que apesar de parecer recente, já tem algumas décadas, encontra-se, surpreendentemente (ou não), na escola e no ensino em Portugal. Como referi aqui, a faixa etária dos 15-19 e dos 19-25 está relativamente inundada de discípulos de Fidel Castro, de Che Guevara, de Álvaro Cunhal, entre outros de igual craveira. São estes discípulos que olham para o socialismo do século XXI, nomeadamente para o socialismo de Chávez e para o mito Cubano, como os sistemas "do catano", face aos "imperialistas", "neo-liberais" e "capitalistas" do Ocidente (com particular destaque, como é óbvio, para os Estados Unidos da América), olhados como os sistemas do "mal".

Gosto particularmente de ouvir algumas das pérolas que muitos deles atiram para o ar: as reuniões, as conferências, as assembleias, as palestras, as aulas e os tempos livres são o palco privilegiado de actuação da esquerda anti-americana juvenil. Muitos deles nem ligam muito ao socialismo do século XXI, até porque não sabem o que este palavrão significa, pois o que eles gostam mesmo é de falar sobre George W. Bush, sobre o "fracassado" neo-liberalismo, sobre a "falida" economia Americana, sobre a luta contra o terrorismo, sobre a invasão do Iraque e sobre teorias da conspiração (TC's).

Como referi acima, apenas uma pequena parte da esquerda anti-americana sabe quem são Chavez e Fidel, o que se passa na Venezuela, em Cuba e na Coreia do Norte, quem foram Karl Marx e Friedrich Engels, quem foi Che Guevara (atenção porque o tipo é o verdadeiro ícone destas faixas etárias), o que foi a Guerra Fria e quem foram Lenine, Estaline e Mao Tsé Tung. Esta pequena porção, apesar de absolutamente falaciosa e lunática, denota algum conhecimento sobre a história e sobre o presente. Por isso, torna-se até interessante discutir algo com eles.

A outra parte não se dá ao trabalho de saber quem foram as pessoas que referi acima. Nem tão pouco sabem porque votam/votaram no Partido Comunista Português ou no Bloco de Esquerda. Não sabem os seus programas, não sabem que ideais defendem. Não sabem se são de esquerda ou de direita. Deixam-se, pura e simplesmente, ir atrás da retórica vazia dos elementos mais capacitados e "informados" da esquerda anti-americana.

Apenas "sabem" que odeiam os Estados Unidos da América e os seus aliados. "Sabem" que morreram milhões de pessoas graças à sede de petróleo e de dinheiro dos Estados Unidos da América. "Sabem" que os Palestinianos são os únicos inocentes no conflito Israelo-Palestiniano. "Sabem" que o extremismo-islâmico é uma consequência da política Norte-Americana e que, por isso, a culpa é dos Estados Unidos. "Sabem" que os Estados Unidos não respeitam os direitos humanos e o ambiente.

No fundo, eles não sabem nada.


Porém, eles sabem que esta esquerda lhes dá, de certa forma, a base para o acto de fumar substâncias ilícitas e de beber álcool que nem Alemães.

A formatação ideológica impera nas escolas. Os manuais e os professores ajudam. A imparcialidade não existe.

Um aviso: mais tarde recolheremos os "frutos".

8 comentários:

Unknown disse...

Boa radiografia RB.
O problema não são as convicções lunáticas de uma grande parte dos nossos concidadãos (deixe lá que o retrato não é apenas da sua faixa etária).
Na verdade a generalidade das pessoas, nesses assuntos ecoa apenas a narrativa que a o marxismo cultural instalou nas escolas, nos media e nos espaços públicos. É a narrativa "correcta". Na prática as pessoas são profundamente liberais, isto é, procuram andar com a sua vida para a frente, ter melhor carro que o vizinho, mandar os filhos para o melhor futuro possível, e têm uma enorme desconfiança no "Estado".
O socialismo nunca será possível num país cuja população, principalmente a Norte do Tejo, é profundamente individualista e capaz de matar o vizinho à sacholada por um cm a menos na divisoria da courela.

O problema está nos vendedores da banha da cobra, os Louçãs, Jerónimos e quejandos, que arrebanham o voto desta gente enganada e ganham uma dimensão escandalosa.
E se estes demagogos alcançam poleiros ou capacidade de influenciar políticas, então aí sim, a coisa complica-se.

Mas já houve momentos piores. Você não imagina o que eram os liceus em 1976....
E hoje, nos media e nas universidades, já começam a aparecer pessoas de excelência que escapam à formatação e têm capacidade para protagonizar o debate, expondo o simplismo religioso das crenças esquerdistas.

Quanto ao antiamericanismo, é hoje basicamente o denominador comum da esquerda, à mingua de modelos e orfã das certezas "científicas" do séc XX.
Ser de esquerda hoje, significa em síntese, ser "antiamericano" (ou anti-bush, como eles gostam de disfarçar)

Unknown disse...

P.S. Hoje vou andar aí por perto. Há um almoço de "retornados" em Pombal, no Manjar do Marquês.

ml disse...

Não se atormente, meu caro RB, e pense que o mundo pode não ser exactamente como o pensa e os frutos resultarem até muito melhores do que os do seu quintal. Está tão convencido das suas certezas como os outros estão das deles, e depois é só uma questão de circunstâncias. Muito pouco, como vê.

Mas também não pretende que se nasça já com as cotações da bolsa na mão ou a contar os barris de petróleo do Iraque, pois não? Não sei se isso será muito entusiasmante para os jovens.

E onde é que a direita vai buscar ícones em que os jovens se revejam? Assim de repente, não estou a lembrar-me de um único. Se lhe ocorrer, chute.
A maioria, principalmente enquanto estudante, passa por aí, por uma ideia de mundo reformável, depois é que alguns se vão encascando e fazendo apenas pela vidinha. Não é que a vidinha seja incompatível, mas preferem agarrar-se a teorias autojustificativas. Mas cada qual sabe de si, é-me indiferente o que cada um pensa.

Pergunte à sua volta àquela gente de cara muito séria e que só fala números onde navegavam nos verdes anos. Se forem sinceros, vai ver a surpresa que tem. Os fanáticos de então são os fanáticos de agora sempre de dedos esticado. Comece pelos políticos e vá alargando o círculo.

Não desespere, está um lindo dia de sol.

Bom 25!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

RioDoiro disse...

ML:
"E onde é que a direita vai buscar ícones em que os jovens se revejam?"

E, porque carga de água, devem estar o jovens dependentes da existência deste ou daquele ícone?

ml disse...

Não sei se não não têm, caro dente, e a verdade é que não me aponta uma única geração que não os tivesse, e pode começar pelos clássicos. Aí até eram incentivados e cultivados.
E não se trata de dependência, mas de modelos. E os modelos são, para fazer a ponte com o post do PP, uma aquisição espontânea. Vai ver que se trata de uma necessidade.

David Lourenço Mestre disse...

"Pergunte à sua volta àquela gente de cara muito séria e que só fala números onde navegavam nos verdes anos. Se forem sinceros, vai ver a surpresa que tem."

you talking to me, punk?

o seu ponto sobre os modelos é interessante e sintomático de que a direita, ceptica, passiva, reactiva, ignora olimpicamente, e nao é uma questao meramente civilizacional, é eminentemente politica, o combate politico é a mais das vezes cultural

se a esquerda viciou o jogo e soube vender idolos e modelos - paradoxalmente sob os mecanismos do mercado - foi por falta de comparecencia de adversario

Anónimo disse...

Bom texto (mais uma vez), não posso ficar mais de acordo contigo. Todas as pessoas são livres de escolherem a sua posição politica, mas um facto é que essas faixa etária ( e contra mim falo, visto que me encontro numa dessa faixas), só pensam nos nomes, como Che Guevara ( aquele tipo que aparece em fitas t-shirts e etc, porque se perguntar-mos a pessoas que tenham coisas com a cara desse senhor, não sabem quem é ele. Ou melhor até sabem o nome, mas não sabem o que ele fez, como fez e etc) quem fala em Che Guevara, fala em Mao, e etc etc.

''Porém, eles sabem que esta esquerda lhes dá, de certa forma, a base para o acto de fumar substâncias ilícitas e de beber álcool que nem Alemães.'' Impossível de discordar. é impressionante depararmos com estas situações. É que se estas pessoas só são de esquerda para poderem beber e fumar qualquer tipo de substancia, é melhor informa-las que se forem de direita também o podem fazer.

. No outro dia fiquei chocada, porque um amigo me dizia que se ia filiar num partido. Quando ele me ia para dizer em qual se ia filiar, eu fiz a pergunta :
- Bloco de Esquerda, certo? Certíssimo ganhou 250.000 € . Este é o exemplo daqueles que se consideram bloquistas, porque a única que coisa que sabem fazer bem , é beber (até não dar mais) e fumar substancias ( ate acordarem no dia seguinte, e não se lembrarem de nada) .
Isto é algo de preocupante, porque com a adesão deste pessoal ( inculto sem formação e etc. ) o nosso pais tende a caminhar para a degradação. porque enquanto agora em eleiçoes, os partidos mais votados são o Ps e PSD, daqui a uns anos, teremos o bloco de esquerda. ( espero, que tal não venha a acontecer).

Quanto ao facto do anti-americanismo, não há nada a dizer. Este pessoal precisa de levar uma injecção de cultura e de umas boas aulas de historia e depois poderão dar livremente a sua opinião.

''A formatação ideológica impera nas escolas. Os manuais e os professores ajudam. A imparcialidade não existe.''
- é chato, mas se existirem alunos que também revelem a sua imparcialidade, é bom.

( desculpa a invasão, mas gosto do que escreves)

ml disse...

se a esquerda viciou o jogo e soube vender idolos e modelos - paradoxalmente sob os mecanismos do mercado - foi por falta de comparecencia de adversário

Não se trata de viciar o jogo mas de jogar com armas idênticas e a vantagem é mútua. Quem hoje ajuda a vender os ícones de esquerda venderia o Bush ou o William Calley fossem eles vendáveis, a ideologia é o que menos interessa quando o objectivo é fazer dinheiro. Esquerda e direita embarcam nesta joint-venture bastante rentável para ambos e chamam a isso vencer o adversário na sua própria casa. Um jogo só com ganhadores.

Mas quem colaborou com a colocação desse imaginário na praça só tarde demais constatou que não tem mercadoria própria e agora queixa-se da própria incapacidade.
Não me parece que seja tanto por falta de comparência, os Rambos e os ‘O caçador’ não faltam, mas são de desgaste rápido e acabadas as cenas de pancadaria nada fica.

Mas nem sempre foi assim, ainda não há muito tempo não havia grandes meios de vender o que quer que fosse a não ser porta a porta, o que é demasiado artesanal para o objectivo de lucro em larga escala. O Salazar tinha a estátua do Mussolini em cima da secretária, o Hitler a fotografia do Henry Ford na parede, e não me lembro de muitos mais exemplos públicos porque se limitavam a quatro paredes.