Poder é coisa blasfema. Coisa de unilateralista, coisa que cheira a enxofre.
Para a esquerda, a autoridade é uma coisa que “tem que ser permanentemente posta em causa”. Parece tratar-se do velho discurso de desafio ao poder. Parece mas não é.
Se a autoridade for de esquerda, basta o passa-palavra entre irmãos de sangue e a autoridade estará, naturalmente, isenta de ser testada. Se a autoridade não for de esquerda o desafio à idoneidade da autoridade serve apenas como chavão para a condenação daquele que está à partida queimado.
Poder é coisa que a esquerda diz renegar mesmo quando o tem e exerce impiedosamente, e que imputa sistematicamente, como nuvem negra, fascista, não só a quem o exerce às claras mas mesmo a quem, não sendo de esquerda o não pretenda exercer.
Entre iguais, a autoridade pode ser exercida sem recurso a poder desde que seja naturalmente aceite. Se não for naturalmente aceite, a coisa turva-se.
Na escola, por muito que a esquerda estúpida insista, professor e alunos não são iguais e a autoridade não pode frequentemente ser exercida sem recurso a poder.
Claro que a esquerda se está nas tintas para a realidade, porque lhe basta o que vai na cabeça dela. Em último caso, se o bicho homem não se lhe adaptar a culpa é dele, ficando ao alcance de um poder infinito que já dizimou milhões de pessoas.
A esquerda, paulatinamente acompanhada por uma direita envergonhada, tem vindo a retirar ao professor não só poder como mesmo autoridade. Começou por retirar ao professor, directamente ou por via de labirínticas burocracias, o poder que lhe permitia manter as hostes suficientemente sossegadas para que pudessem ouvir, participar disciplinadamente e aprender. Depois inventou a aberração “escola democrática” que coloca professor e aluno ao mesmo nível. Em resultado, o poder, dentro da sala de aula e, por arrastamento, em toda a escola, caiu à rua.
O poder caiu à rua e a esquerda rejubilou. Estava para sempre afastada a ferramenta opressiva da besta fascista.
O problema é que quando o poder cai à rua pode ser apanhado por qualquer um. Pode demorar mais ou menos tempo, mas acabará por ser apanhado e exercido por alguém.
De mãos atadas em novelos ideológicos cujos nós foram sendo convenientemente desenhados por sindicatos a preceito, os professores, mesmo nos poucos casos em que a aceitação da democracia na sala de aula foi rejeitada, foram incapazes de levantar um dedo.
Caído à rua, o poder não ficou órfão. Inicialmente, indiferentes aos ideais da esquerda estúpida, os alunos foram abocanhando, cada um para seu lado, o bocadinho que achavam que tinham direito. Posteriormente foram-se formando gangs, alguns de rebentos militantes em causas da esquerda estúpida.
O Ministério da “Educação” não se alarmou. Tratava-se apenas de criativas formas de interacção enquadradas informalmente. O solipsismo é meta estável e, portanto, as tribos são coisas giras, informais.
Os chefes tribais, de pendor evidentemente caudilhista, estabelecem-se e controlam o território. A escola está por conta deles. Em miríades de pequenos grupos substancialmente guerreiros (também entre eles) controlam as salas de aula, por vezes a 2 ou 3 por turma. Pouco a pouco vão conquistando território a outros grupos e “interactivando” com estruturas de idêntico pendor fora da escola, vão estendendo os tentáculos a outras escolas.
Estamos portanto perante um cenário em que dentro da escola há nichos de poder de todos os tipos e para todos os gostos, nenhum deles exercido por quem de direito: o professor.
Perante a hecatombe, eis como o sistema se prepara para se subalternizar face aos novos e radiosos poderes:
A nova onda possa por se subalternizar o professor e a escola face a gangs. O que está a dar é conquistar gangs para se poder dar aulas. O gang já nada tem a conquistar, já tem poder e, por arrastamento, autoridade. O caudilho do gang manda, escudado pelo resto da tribo ou, se se quiser, por uma "informal" tropa de choque.
Enfim, uma escola fascista como nunca terá passado pela cabeça a Salazar.
Viva a esquerda.
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44 comentários:
A esquerda tontinha tem encontrado um bom aliado para a criação da escola totalitária numa certa direita dos interesses que não quer formar pessoas, mas «recursos humanos».
(Soube há dias que a expressão «recursos humanos» foi utilizada pela primeira vez por Estaline. Hoje pertence ao vocabulário de qualquer yuppie. Porque será que isto não me surpreende?)
'O problema é que quando o poder cai à rua pode ser apanhado por qualquer um.'
Grande frase Range, vai para o meu panteão de citações, vai ficar bem acompanhado, entre a Ramalhal figura e Richard Dawkins.
Range,
Estive a ver agora o vídeo e gostava de saber quem é a besta que está a debitar banalidades como se fosse a cantiga do infinito?
O homem precisa de ler urgentemente Theodore Dalrymple, ou levar uma carga de porrada de 36 alunos enfurecidos! Uma das duas, assim é que a coisa não pode ficar…
"Isso é o sentido da pedagogia"
LOL
[direita dos interesses que não quer formar pessoas, mas «recursos humanos»]
Então alguém formado em Gestão de Recursos Humanos é um fachista!?
CdR:
"Estive a ver agora o vídeo e gostava de saber quem é a besta que está a debitar banalidades como se fosse a cantiga do infinito?"
José Luís Pinto de Abreu, psicólogo, claro.
Disse ainda outras coisas 'giras'. Estou preparar outras. Dele e de outros.
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A "esquerda estúpida" não sabe o que é a autoridade, dizem vocês (ou, pelo menos, diz o Sr. Range-o-Dente).
Desde logo, há que sublinhar a linguagem ofensiva tão comum neste blog de intelectuais de pacotilha, mas sempre a resvalar para a chinela - e depois ainda acusam os divergentes de usarem argumentação rasca "de tasca" (vidé vossos posts).E bem podem estrebuchar, pois quem se der ao trabalho de ler os vossos posts, não tem dificuldade em listar centenas de insultos. Nem me vou dar ao trabalho de reproduzir a lista que mimos recolhi no blog.
Voltando ao assunto: pois é, acontece que a "esquerda estúpida" está no poder em Portugal e é normalmente acusada de abuso da autoridade. Aqui, acusam-na do contrário. Não deixa de ter graça.
O bom uso da autoridade é privilégio do Dr. Menezes, essa sumidade que vai oferecer mais 4 anos de poder à "esquerda estúpida". Têm dúvidas?
Agora vou trabalhar, que a mim não me pagam para ser "evangelista" ou "boxer neocon", como outros que, de manhã à noite, espalham fel (inimigo?) na blogosfera.
São tão democratas que às vezes até acabam a comentar os vossos post com indivíduos como o neo-fascista Mário Machado, do PNR.
Força, matem-nos, esfolem-nos, insultem-nos, destilem aí muito veneno em "off"...enquanto a vida segue lá fora...e ninguém vos passa billhete!
Até sempre!
Sotavento,
"mas sempre a resvalar para a chinela"
Aqui resvala-se para a chinela, mas nunca para a ferradura. É essa a sua especialidade.
"não tem dificuldade em listar centenas de insultos"
Óptimo. Não tendo dificuldade podem passar à parte sumarenta, falar da coisa propriamente dita.
"
Voltando ao assunto: pois é, acontece que a "esquerda estúpida" está no poder em Portugal e é normalmente acusada de abuso da autoridade. Aqui, acusam-na do contrário. Não deixa de ter graça."
Quem está no poder não é a esquerda estúpida, embora esteja nalgumas pastas. A esquerda estúpida está no poder dentro o ministério da educação e não é só ministra.
Quem acusa a "esquerda estúpida" de ser totalitária é esquerda Cro-Magnon, apenas porque não manda nada no poder propriamente dito.
Quem? O gajo do espermatozóide?
http://fiel-inimigo.blogspot.com/2008/03/o-novo-logo-do-psd.html
"Agora vou trabalhar,"
Experimente. Faz-lhe bem.
"São tão democratas que às vezes até acabam a comentar os vossos post com indivíduos como o neo-fascista Mário Machado, do PNR."
Não valorize o palermoide.
"enquanto a vida segue lá fora...e ninguém vos passa billhete! "
Ooops. Afinal estou a devolver o bilhete a uma abstracção. Bem me parecia.
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Faltou um parágrafo:
"O bom uso da autoridade é privilégio do Dr. Menezes, essa sumidade que vai oferecer mais 4 anos de poder à "esquerda estúpida". Têm dúvidas?"
Quem? O gajo do espermatozóide?
http://fiel-inimigo.blogspot.com/2008/03/o-novo-logo-do-psd.html
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Luís Oliveira:
Um graduado em Gestão de Recursos Humanos pode ser ou não ser um fascista. Mas é com certeza uma criatura acrítica que nunca se deu ao trabalho de examinar filosoficamente a ideologia subjacente à sua área de estudos.
Quanto à ideologia em si, eu não lhe chamaria fascista. Tem mais a ver com uma mentalidade difusa a que eu costumo chamar, à falta de melhor nome, estalinismo de empresa.
Caros JLS e LO,
Eu também não gosto, embora perceba, do uso do termo 'recursos humanos'.
Cheira-me a eduquês.
A verdade é que não sei porque não gosto do termo. Como não gosto do termo 'colaboradores'.
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[Um graduado em Gestão de Recursos Humanos pode ser ou não ser um fascista.)
Nunca fiando.
[Mas é com certeza uma criatura acrítica]
Ah, isso de certeza.
GRALHA:
José Luís Pio de Abreu, psicólogo, claro.
Caro dentinho
O Pio Abreu não é psicólogo, claro, é psiquiatra, claro. Mas é apenas tangencial a esta guerra, limita-se a apresentar a estratégia Rudy Giulliani.
Como já lhe disse anteriormente e sem surpresa, o poder nas escolas básicas e secundárias começou a 'cair na rua' com a Manuela Ferreira Leite, que agora anda muito enjoadinha a assobiar para o lado. Provavelmente anda mal disposta com o bom uso que a esquerda estúpida faz do legado da direita estúpida. São suposições, sei lá. Vá lá saber-se o que a incomoda. E vá lá ainda que nem é das que mais escândalo mostra, o que abona em favor da senhora e até faz com que possa ser requalificada com alguns pontos mais no descritor 'Dimensão ética'.
Quanto aos recursos humanos, ele é omnipresente, o DGRHE, e com outro nome já teve à frente gente tão famosa como o ex-director da RTP, agora na EP a gerir o próprio salário, acho eu.
Gralha II.
De psicólogo passa a psiquiatra.
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"O Pio Abreu não é psicólogo, claro, é psiquiatra, claro. "
O ML tinha-se antecipado, e muito bem.
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Luís Oliveira:
Já deu para entender que antipatizo fortemente com a expressão «recursos humanos». Já antipatizava antes, e passei a antipatizar mais quando soube que tinha sido inventada por Estaline. E também já deve ter dado para entender que antipatizo com o universo "yuppie" que gosta de utilizar esta expressão, e com a indústria de cursos e cursinhos que se formou com base nele.
A razão da minha antipatia por isto tudo vem da minha incapacidade de aceitar que um ser humano possa ter como razão de existir os interesses duma qualquer entidade abstracta - e quanto a este ponto é-me indiferente se essa entidae abstracta é a Sonae ou o Estado Soviético. Para mim, um ser humano tem uma dignidade que está acima disso tudo
Mas mesmo que não antipatizasse com nada disto continuaria a não tolerar uma concepção de escola que parte do princípio que os alunos são a matéria-prima e as empresas são os clientes. Na minha concepção a escola não serve as empresas, serve os alunos. Se estes, mais tarde, no exercício da sua liberdade, escolherem pôr-se ao serviço duma empresa; ou se tiverem condições para pôr uma empresa ao seu serviço - isso já é assunto deles e a escola só tem que se congratular por ter contribuído para lhes dar a possibilidade de optar.
[é-me indiferente se essa entidae abstracta é a Sonae ou o Estado Soviético]
A Sonae é uma entidade abstracta? Boa.
[a indústria de cursos e cursinhos]
Faz a mais pequena ideia do que seja uma escola de gestão e do que se aprende lá? Não me parece. Caso não se tenha apercebido só frequenta o que apelida de cursinhos quem quer. Normalmente jovens que querem ir trabalhar para a Sonae, por mais incrível que isso lhe possa parecer, eque, pasme-se, consideram que esses "cursinhos" os valorizam.
É graças a esses fachistas acríticos que pode ir a um supermercado comprar um kg de arroz por 30 cêntimos.
’Agora vou trabalhar, que a mim não me pagam para ser "evangelista" ou "boxer neocon", como outros que, de manhã à noite, espalham fel (inimigo?) na blogosfera.’
Nuno Eduardo,
Gostaria muito de te responder, mas vais ter que ter paciência. Eu também tenho ainda muito que labutar. Tenho que analisar os dados das respostas sobre Wilders, e ainda escrever algo de jeito sobre o assunto, tarefa nada fácil, sobretudo quando há gente à minha volta a berrar-me aos ouvidos que eu sou racista e fascista…como o Wilders! Não me refiro especialmente a ti.
E a CIA não me paga para eu melhorar a minha relação com a família.
CR,
Ofereça-lhe um nível para ele instalar na câmara:
http://bp2.blogger.com/_Z7gLKrLDmA0/R-RFeOu4qGI/AAAAAAAAAA8/IqRq5OrVYdk/s1600-h/view1.jpg
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Pingback manual:
A escola portuguesa, o eduquês e os «bons selvagens» (4)
Luís Oliveira,
Não sei se reparou que o meu ponto é precisamente que os jovens devem ter toda a liberdade de ir trabalhar para a Sonae. O que pressupõe, evidentemente, que também devem ter toda a liberdade de optar por outros percursos de vida. E isto por sua vez pressupõe que a escola generalista não tem que estar ao serviço nem da Sonae, nem da PT, nem do Estado, nem da Igreja Católica, nem do Benfica, mas sim e exclusivamente ao serviço dos seus alunos. Ou seja, e para fechar o círculo: não tem que fabricar «recursos humanos», mas sim que formar pessoas.
As empresas não são entidades abstractas? Boa.
[Não sei se reparou]
O que eu reparei foi que rotulou de fascistas acríticos as pessoas que não escolhem os seus caminhos para aquilo que vc considera ser valorização pessoal.
[As empresas não são entidades abstractas?]
Abstractas em que sentido? Não sabe onde fica a sede da SOnae? Não sabe quem são os donos? Que produtos vendem? Nunca foi ao Continente? Para já não falar de ser provavelmente o maior empregador privado português? Essas milhares de pessoas que trabalham na Sonae garanto-lhe que não vêem nada de abstracto na empresa. Mas claro, estou a falar de pessoas que vivem no mundo real...
Caro Luís Oliveira:
É uma pena que nos cursos de Gestão de Recursos Humanos não se estude Filosofia nem Lógica, de modo a evitar que os seus graduados confundam «abstracto» com «irreal». Acontece, meu caro, que eu, como não sou tolinho, estou perfeitamente consciente da existência e da realidade da Sonae. Mas o facto de a Sonae ser real não impede que seja uma entidade abstracta. A sede da Sonae é um objecto concreto, sem dúvida; mas não é a Sonae. Os donos da Sonae são pessoas concretas (pelo menos aqueles que não são eles próprios empresas); mas nenhum deles é a Sonae; mesmo todos eles no seu conjunto não são a Sonae. Os produtos da Sonae são todos reais: mas concretos, só os bens materiais, porque os serviços são realidades abstractas. Os empregados da Sonae são pessoas concretas, mas também não são a Sonae.
Se amanhã mudar a sede da Sonae, e os donos, e os produtos, e os empregados, de modo a que não subsista nada do que hoje é material na Sonae, a Sonae continuará a existir - como entidade abstracta que é. E inversamente: se amanhã a Sonae se dissolver, deixará de existir mesmo que subsistam todas as suas componentes concretas.
O mesmo é verdade em relação ao Estado, à escola onde você andou, ao Benfica, à Igreja Católica, aos Rotários, etc: todas estas entidades existem em abstracto independentemente dos edifícios que possam ocupar, das pessoas que possam enquadrar e dos objectos concretos ou abstractos que possam produzir.
Mas estamos a ocupar demasiado tempo e espaço a discutir um aspecto acessório do meu pensamento. O meu ponto essencial é que nenhum ser humano concreto existe para servir qualquer entidade abstracta (ou colectiva, se esta expressão lhe causar menos engulhos). Discorda disto?
[É uma pena que nos cursos de Gestão de Recursos Humanos não se estude Filosofia nem Lógica, de modo a evitar que os seus graduados confundam «abstracto» com «irreal»]
O meu dicionário online define abstracto com "o que se considera existente só no domínio das ideias e sem base material".
A Sonae e a escola onde eu andei dificilmente se enquadram nesta categoria. O mesmo para o Benfica. Nem diga isso ao cdr que lhe dá um fanico.
Mas se calhar esse dicionário foi elaborado por pessoas que não estudaram filofia nem lógica.
[O meu ponto essencial é que nenhum ser humano concreto existe para servir qualquer entidade abstracta (ou colectiva, se esta expressão lhe causar menos engulhos). Discorda disto?]
Não percebo o que é que quer dizer com isso. A sociedade humana funciona e sobrevive através das suas organizações (conjuntos de pessoas que se juntam para atingir objectivos comuns). Quando vai ao supermercado está a "servir a Sonae"? ou está a usar a Sonae para servi-lo a si? Da mesma forma, os trabalhadores da Sonae, são "explorados" pelo patrão, ou usam a Sonae para atingir os seus objectivos, nomeadamente uma remuneração mensal?
A sua visão do mundo é a do típico marxista. Quem anda a "desconstruir o capitalismo" anda na senda da valorização pessoal, quem anda a construi-lo é um "fascista acrítico" que tirou um "cursinho" onde "não se aprende a pensar". É exactamente a mesma conversa com que andava o Rui Tavares ainda há dias. O João Miranda recomendou-lhe que juntasse todos esses iluminados que realmente "sabem pensar" e abrisse uma empresa! O sucesso seria garantido! Bem metida, não acha!?
Actualize-se, homem! A sua retórica anti-capitalista é uma banha da cobra que já poucos feirantes conseguem despachar.
A população quer comprar o arroz a 30 cêntimos o kg, daí a Sonae não contratar pessoas com formação em lògica mas sim em logística.
Há aqui portanto alguém que não está a ver bem a coisa, e acho que não é a população nem a Sonae...
E garanto-lhe, para conseguir vender o arroz a 30 paus é preciso pensar, e muito!
"O meu ponto essencial é que nenhum ser humano concreto existe para servir qualquer entidade abstracta"
O JLS ter-se-á evidentemente em grande conta, a avaliar pela pesporrência com que debita frases g gongóricas, mas talvez não fosse má ideia informá-lo que ninguém o mandatou para decidir as razões pelas quais e para as quais o "ser humano" existe.
Tanto quanto se sabe, apenas se representa a si mesmo e por isso seria de bom tom que evitasse sentenças majestáticas como as que aqui vai largando.
Na parte que me toca, como ser humano, pretendo ser eu mesmo a decidir as razões da minha existência, sem ter o JLS à perna a explicar-me as suas elevadas teorias filosóficas que, salvo erro, já li algures numa cagadeira da estação de Ovar.
Quanto à Lógica, refere-se à booleana, à de Peanno ou à da batata?
(ou colectiva, se esta expressão lhe causar menos engulhos). Discorda disto
A definição que encontrou no seu dicionário é perfeitamente correcta do ponto de vista da Filosofia e da Lógica. Assume a possibilidade de as coisas abstractas existirem, ainda que só como ideias e sem base material.
Vou-lhe dar um exemplo, que o vai chocar, de outra coisa que todos tendemos a considerar concreta mas é de facto abstracta: o dinheiro. Tendemos a pensar nele como uma coisa concreta porque as notas e as moedas são objectos materiais, mas as notas e as moedas não passam de representações da realidade. O dinheiro que eu tenho depositado no banco não existe sob a forma de matéria - não tem base material - mas apenas sob a forma de um registo - que é uma ideia. É, portanto, e de acordo com a definição que lhe dá o seu dicionário, uma abstracção. Mas se eu possuísse essa abstracção em dobro ficaria bem contente!
Quanto ao "servir", eu tive o cuidado de ser exacto na minha linguagem: não disse que as pessoas não devem servir, disse que não devem existir para servir. Está a ver a diferença?
Quanto ao meu "marxismo", desculpe-me que lhe diga, mas deve ser daquele que certas pessoas encontram debaixo da cama. Então eu não comecei por dizer que uma das razões da minha antipatia pela expressão «recursos humanos» era a sua origem estalinista?
Lidador, ninguém me mandatou para decidir, nem eu quero, mas também ninguém me proibiu de opinar. A não ser você, mas a sua proibição sabe onde a pode meter.
[disse que não devem existir para servir. Está a ver a diferença?]
Não. Para dizer a verdade não percebo nada do que está para aí a dizer.
[o meu "marxismo"]
Fala como um marxista, pensa como um marxista, mas não é marxista. Vc lá saberá o que tem debaixo da cama. Coisa boa não é de certeza.
Como subiu agora para a estratosfera da metafísica, talvez se tenha esquecido: chamou fascistas acríticos com "cursinhos" às pessoas que lhe poêm o arroz no prato a 30 paus.
[A definição que encontrou no seu dicionário é perfeitamente correcta do ponto de vista da Filosofia e da Lógica. Assume a possibilidade de as coisas abstractas existirem, ainda que só como ideias e sem base material.]
Como o Benfica e a minha antiga escola, portanto.
1. Se não vê a diferença entre servir e existir para servir, como diabo é que conseguiu tirar um curso seja no que for? Subornou os professores?
2. Não chamei fascista a ninguém: admiti a possibilidade de haver fascistas entre os graduados em gestão de recursos humanos, como a há em qualquer outro grupo de pessoas.
3. Na mesma frase em que falei em "cursinhos" falei em "cursos". Você lá saberá se tirou uma coisa ou outra.
4. Nem todos os graduados em gestão de recursos humanos me põem o arroz na mesa a 30 paus.
5. Nem todos os que me põem o arroz na mesa a 30 paus são graduados em gestão de recursos humanos. Alguns até podem ser graduados em Literaturas Clássicas: o que interessa às empresas é gente que saiba pensar para além do imediato.
6. Se acha que falo como um marxista, o problema está nos seus ouvidos.
7. Os marxistas não costumam ligar muito à metafísica. Mais um pormenor em que se parecem com os estalinistas de empresa.
8. Ainda bem que finalmente percebeu que o Benfica e a sua antiga escola são entidades abstractas. Não há cabeça tão dura que não acabe por entrar nela alguma ideia.
9. Tomo nota da sua relutância em discutir Estaline e a sua contribuição para o jargão "yuppie". Que ingratidão a sua!
O JLS é um achado. Julguei que já não se fabricava disto...na verdade já não lia metafísica desta desde as cagadeiras do liceu.
E vivia-se o PREC...
[Não chamei fascista a ninguém: admiti a possibilidade de haver fascistas entre os graduados em gestão de recursos humanos]
Essa foi à Pinto. Ele também não chamou fascista a ninguém, apenas disse que aqui no blog andávamos de braço dado com a direita neo-nazi. Está a ver o que quero dizer com "falar e pensar como um marxista"!? Está em boa companhia.
[Alguns até podem ser graduados em Literaturas Clássicas]
Sim. Costumam estar nos call centers porque sabem-pensar-muito-bem na melhor maneira de atender o cliente. Também contribuem.
[Tomo nota da sua relutância em discutir Estaline e a sua contribuição para o jargão "yuppie"]
Relutância? Que tipo de comentário é que quer? Os yuppies da sua imaginação nem sabem quem foi o Staline... Logística é um termo de origem militar. Quer que conclua que as pessoas que trabalham nisso andam a matar pessoas? É esse o tipo de "raciocínio" que quer que faça?
[Ainda bem que finalmente percebeu que o Benfica e a sua antiga escola são entidades abstractas.]
Estava a gozar como perfeitamente percebeu. Fazer-se de estúpido é também uma boa velha táctica marxista. Pergunte ao ml.
Vc vem para aqui armado em carapau de corrida como o gajo-que-realmente-sabe-pensar-poruqe estudou-lógica-e-filosofia, mas só lhe saem bostadas. Se esses cursos ensinam a realmente-pensar como diz, porque é que não aprendeu!?
Olhe, Luís, estou a ficar um bocado farto desta conversa de chacha sobre questões perfeitamente laterais. O Range-o-dente disse que a culpa do delírio educativo era duma certa esquerda a que ele chama "estúpida" e a que eu há muito tempo chamo "tontinha". Entrei nesta caixa de comentários com a intenção de ter uma conversa cordata, de exprimir a minha concordância com ele, e de acrescentar que a essa esquerda se junta uma certa direita que quer pôr a escola ao seu serviço em vez de permitir que fique ao serviço dos alunos. A este propósito mencionei a minha aversão à expressão «recursos humanos» e o facto curioso de ela ter sido usada pela primeira vez por Estaline.
Aqui entrou você. E em vez do tom cordato que eu estava a usar começou logo a usar um tom agressivo, talvez por se sentir atingido pela minha referência àquela minha aversão.
Depois, a cada comentário meu, começou a implicar com os pormenores sem nunca abordar a ideia geral. Lá diz o ditado: quem quer pegar, pega por tudo.
Quer por força colar-me um rótulo que não me serve: pronto, está bem, se não gostar de Estaline, nem de yuppies, nem da expressão «recursos humanos», nem duma certa cultura de empresa muito em voga em Portugal é ser marxista, chame-me lá marxista à vontade: não é verdade mas também não é insulto.
Se quiser ter comigo uma discussão civilizada e cordata sobre estes assuntos ou outros quaisquer, estou à sua disposição. Se quiser a continuar como o lobo da fábula que dizia "se não foste tu, foi o teu pai", então não vale a pena. Te3nho interlocutores muito mais interessantes e bem intencionados com quem conversar.
Essa foi à Pinto. Ele também não chamou fascista a ninguém, apenas disse que aqui no blog andávamos de braço dado com a direita neo-nazi.
Esclareça-me: isso é só desonestidade ou você, luisinho, simplesmente não sabe ler?
É um novo recorde da bastardia pária, um resultado aberrante da mentalidade esquerdista contrária à ordem instituída: uma vez que a Esquerda considera que, no fundo, toda a ordem é arbitrária e baseada na força, mal por mal dá preferência à ordem arbritrária e brutal instituida... pelas amadas minorias e marginalidades várias.
Um psicólogo dum país europeu a legitimar a postura criminosa e opressiva de «tineiges»... pensava eu que era só no Brasil que as autoridades eram obrigadas a negociar com criminosos.
[O Range-o-dente disse que a culpa do delírio educativo era duma certa esquerda a que ele chama "estúpida" e a que eu há muito tempo chamo "tontinha".]
Pois quem desata, como vc fez, a chamar fachista a todo e qualquer macaco que não tem as ideias "deles", não tirou os cursos "deles", não quer saber dos livros "deles", nem vive na pré-história das ideias como eles é precisamente a esquerda tonta cripto-marxista. Já que fala em lobos, se não quer ser um, não lhe vista a pele.
E se a sua sensibilidade se fere facilmente, olhe que está no sítio errado. Se quer chamar aos gestores de recursos humanos "fachistas acríticos" em tom cordato, como diz, e até ser aplaudido por isso, tem o arrastão, o 5 dias, etc. Em blogs fachistas como este, leva tratos de polé.
[Esclareça-me: isso é só desonestidade ou você, luisinho, simplesmente não sabe ler?]
Vc é que não sabe ler, seu burro! Concordei consigo!!! Vc não chamou fascista a ninguém!
Continuo na dúvida se você é baixo e desonesto ou apenas analfabeto. De qualquer forma, deixe estar, luisinho, não é coisa que tenha assim tanta pressa em saber.
[Continuo na dúvida se você é baixo e desonesto ou apenas analfabeto.]
Sarmento, está a ver a proficiência do pinto? São anos e anos de "luta"...
Ó Luís, e o que é que eu tenho a ver com as opiniões do Sérgio Pinto? Até podem estar muito certas, mas eu nem as li...
Quanto a nós, estamos entendidos. Apareci por aqui porque achava que as ideias do range-o-dente sobre os delírios do eduquês estavam em razoável consonância com as minhas. Mas se você diz que o blogue é fascista, pronto, então é fascista. Não apareço mais por aqui.
[Mas se você diz que o blogue é fascista]
Fachista.
[Não apareço mais por aqui.]
Não acredito. E perder as piadas do fusível e do neurónio? Ninguém passa sem isso!
[as opiniões do Sérgio Pinto? Até podem estar muito certas, mas eu nem as li...]
Já viu isto, pinto? Isto é o que eu chamo "lutar" para aquecer...
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