O passeio militar russo na Geórgia não me surpreende, na medida em que sempre considerei que o sistema internacional é de natureza hobbesiana, com canhões apontados às fronteiras uns dos outros.
O poder tem horror ao vazio e se um determinado actor sente ter poder suficiente para mudar um status quo que não lhe agrada, agirá mais tarde ou mais cedo.
Sempre foi e sempre assim será, por muito que os utópicos em missão achem que “não devia ser assim”.
E isto é válido para todos os países, incluindo os EUA, o Irão, Israel, China, Rússia , Israel,etc.
Para quem observa a partir da Lua ou se acha alheio aos interesses em causa, não há de facto quaisquer diferenças.
Mas no mundo real todos nós temos identidades integradoras. Eu sou beirão, português, europeu, ocidental. Sinto-me parte de uma civilização com cujos valores me identifico e por isso entendo que, a um determinado nível, os meus interesses são também os do “grupo” de que faço parte.
É por isso que neste caso da Geórgia, estou naturalmente “do lado” dos georgianos, contra os russos.
Os russos não são “dos nossos”. Pertencem a uma civilização diferente e se no Kremlin se tirar o retrato de Medvedev, por detrás está o de Putin, e no fim da lista dos sucessivos czares, está o retrato de Pedro “o Grande”.
A “alma russa” é uma matrioska em cujo interior está Pedro “o Grande”. Estaline, Brejnev, Putin, etc., são apenas as sucessivas bonecas exteriores de Pedro “o Grande”.
Sendo que o que aconteceu na Geórgia é bom para os interesses russos, e mau para os interesses ocidentais, apesar de tudo as águas estão agora mais claras. A Rússia não é dos “nossos” e as suas acções nas questões importantes como o Irão, o terrorismo, etc., estão naturalmente relacionadas com os seus interesses que são claramente opostos aos nossos.
O “multilaterialismo” no seio da ONU, tão defendido por certas luminárias do nosso estupidificado socialismo, significa apenas inacção. Os países ocidentais devem portanto agir de acordo com os seus interesses, sem se deixarem tolher pelo que os russos pensam ou acham.
De volta ao mundo real, a Europa percebe de repente que a paz perpétua kantiana ainda não é desta e que a retórica pós-histórica pode ser muito bela, mas bastam alguns cossacos embarrilados em vodka, para a reduzir a cacos.
De repente a NATO e os EUA passam a ser vistos com novos olhos, por aqueles que já se tinham esquecido que viviam no mundo real.
O que deveras entristece neste caso, é que não houve manifestações “contra a guerra” por parte dos habituais “activistas da paz”.
Não vi cartazes a dizer “peace now”, não ouvi berros indignados a clamar que Putin e Medved são os “verddeiros terroristas”, não apareceram os famosos “escudos humanos”, o Dr Miguel Portas não zurrou desta vez que “somos todos georgianos”, o Bispo Torgal não assinou uma petição contra a “força desproporcionada”, o Dr Louça não apareceu a exigir o “fim da ocupação” e a Dra Ana Gomes não se referiu ainda aos voos do KGB e aos prisioneiros georgianos levados para a Rússia.
Pelo contrário, tenho até ouvido um interessante argumentário, sobre a culpa do presidente georgiano que terá feito umas maldades, pelo que a intervenção russa estará claramente justificada. Curiosamente pelas mesmíssimas pessoas que berram desalmadamente contra a “guerra do Iraque”, e juram a pés juntos que as maldades de Saddam, não justificavam uma intervenção armada.
A bem dizer, isto não me surpreende. Mas demonstra cabalmente a insuportável má-fé de uma certa esquerda suicidária, que odeia a civilização a que pertence e, no fundo, se odeia a si mesma ao ponto de se aliar prontamente de alma e coração, a todos os regimes autocráticos e totalitários, desde que estes ataquem os interesses da civilização ocidental.
It is quite gratifying to feel guilty if you haven't done anything wrong: how noble! (Hannah Arendt).
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Um dos pilares do liberalismo e do mercado livre, é a constatação, colhida da prática, de que a concorrência, a livre formação dos preços, ...
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Crise. Recessão. Depressão. Agora é que vai ser: os EUA vão entrar pelo cano e nós atrás deles. Talvez para a próxima. Para já, e pelo trigé...
20 comentários:
http://darussia.blogspot.com/2008/08/o-mal-ser-dos-tradutores-ou-das-linhas.html
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Uma boa razão talvez seja a mesma que impediu essas manifs aquando da primeira guerra do Golfo: foi a Geórgia quem atacou primeiro, violando o acordo que em 92 assinara com a Rússia. Ou nunca tinha ouvia falar nisso?
Caro LR, há sempre "boas razões", para tudo. O tipo que espanca a mulher tb apresenta "boas razões".
No seu campo (o da esquerda folclórica), há até quem encontre "boas razões" para o bombismo suicida.
Todas as razões são "boas", quando o que se pretende é racionalizar o ódio e as visões hemiplégicas do mundo.
Na "boa razão" que apresenta, vejo assim a vôo de pássaro, alguns quid pro quos:
1- Tenho algumas dúvidas que as hordas de "activistas da paz", sejam conhecedores das minudências dos acordos e resoluções,ou sequer que saibam que houve acordos e resoluções.
2- Acho interessante que a sua versão da história do ovo e da galinha, tenha um início arbitrário, no exacto momento e episódio que lhe convém para ser uma "boa razão".
3- Em meu entender a má-fé, tal como Sartre a concebia, explica a coisa muito melhor..
4. Você talvez não se lembre,mas eu recordo-me razoavelmente bem dos anos 80, quando multidões de "activistas pela paz", encontravam "boas razões" para se manifestarem furiosamente contra a instalação de mísseis Pershing II na Europa, e nennhuma "boa razão" para sequer murmurarem contra as centenas de SS-20 que os soviéticos já tinham apontados às suas privilegiadas cabeças.
O que fazia alguma impressão, porque os Pershing eram exactamente a resposta aos SS-20.
Ah, na altura a invasão soviética do Afeganistão, passou tb largamente ao lado dos "actvistas da paz", certamente pelas mesmas "boas razões".
Não lhe parece que o padrão é o mesmo?
Eu lembro-me perfeitamente das manifestações contra a primeira guerra do golfo, com o slogan "no blood for oil".
Talvez o Luis Rainha possa usar o google para avivar a memória.
Um autocarro.
Não se mobiliza um autocarro com escudos humanos para interposição entre todas as forças e os civis?
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http://en.wikipedia.org/wiki/Human_shield_action_to_Iraq
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A propósito da 'inocência' da Rússia agredida (coitadinha):
http://fiel-inimigo.blogspot.com/2008/02/uma-lgica-russo-sovitica-propsito-do.html
”Pelo contrário, tenho até ouvido um interessante argumentário, sobre a culpa do presidente georgiano que terá feito umas maldades, pelo que a intervenção russa estará claramente justificada.”
Lidador,
Uf, ainda bem que você voltou de férias. Tenho perdido aqui um tempo a explicar isto mesmo e ninguém me acredita, vamos lá ver se você tem mais sorte…
”quando multidões de "activistas pela paz", encontravam "boas razões" para se manifestarem furiosamente contra a instalação de mísseis Pershing II na Europa, e nenhuma "boa razão" para sequer murmurarem contra as centenas de SS-20 que os soviéticos já tinham apontados às suas privilegiadas cabeças.”
E posso assegurar que isto é verdade. Esta história da instalação dos mísseis Pershing originou na Holanda a maior manifestação política de sempre, 550 mil almas – quase tudo de esquerda. E o recorde ainda não foi batido, e para mal dos meus pecados eu estive também presente no dia 23 de Outubro de 1983.
Hoje, tanto eu como o organizador da maior manifestação de sempre, Mient-Jan Faber, estamos arrependidíssimos – o Reagan afinal é que tinha razão.
Eu, que sou de esquerda mas não falo por ela, nem faço pacotes de fast-food para caracterizar a direita, tenho tendência a equilibrar a propaganda lida em período de guerra.
Se me entra muita propaganda de um lado, procuro as informações do outro lado e faço para que os outros também as conheçam.
Procuro também fugir ao maniqueísmo gregário do autor, capaz de identificar valores comuns, não a todos homens, mas a alguns deles delimitados num espaço geográfico a que ele chama "ocidente".
Em todo o caso, suspeito sempre das motivações panfletizadas que ignoram (obviamente) interesses, económicos, políticos, estratégicos, etc. A citação do Luís Oliveira - no blood for oil - permanece válida para a guerra do Iraque e não a descarto, por enquanto, para esta. Especula-se sobre a importância do pipeline BTC. Não sei. O que sei é que ele foi bombardeado.
"capaz de identificar valores comuns, não a todos homens, mas a alguns deles delimitados num espaço geográfico a que ele chama "ocidente"."
Não mereço o seu elogio, meu caro. Acredito que até você, se estiver para aí virado, é capaz de identificar valores comuns nas mais variadas pertenças.
Por exemplo, entre nós dois, há pelo menos um valor comum: a língua que falamos.
Não, não é comum a "todos os homens".
E por aí adiante, desde os tipos que gostam de sardinha aos tipos que acham que o estado é mais imporante que o indivíduo, passando pelos que gostam de trincar os seus semelhantes,etc. Por muito que lhe custe a acreditar, nós, o sapiens, temos identidades.
Não lhe vou postar aqui o livro, mas recomendo-lhe vivamente a leitura de Amartya Sen (Identidade e violência) e, porque não, algo mais hard, tipo "O choque das civilizações", do Samuel H. Estão lá vivamente descritas as fracturas culturais que fazem com que as culturas e civilizações seja diferentes. Parece que tem a ver com diferentes valores, goste o meu amigo ou não.
Mas, sem ir tão longe, veja como até você se arrimou logo à pertença de esquerda.
Não será porque se identifica com determinados valores?
E ao fazê-lo, não reparou que estava a escrever um texto paradoxal?
Quanto ao "oil", a verdade, meu caro, é que neste caso da Rússia não houve manifes, nem irá haver.
E isso é que o devia interpelar...a não ser que não ache estranho.
Mas de nde me conhecerá você, para saber se sou "folcórico" ou não?
E não estou a ver onde é que respondeu ao essencial: que a Geórgia desrespeito os acordos de 92.
Quanto a manifs a propósito da primeira guerra do Golfo, estava a falar de Portugal.
E pode meter essa cantilena tonta dos "bombistas suicidas" e "visões hemiplégicas" no saquito. O que terá a Rússia a ver com esquerdas?
Mas, já que me sinto em maré caridosa, até vos esclareço esse mistério das manifestações. Reparem que é muito mais fácil à opinião pública exercer pressão sobre o seu governo e os governoa de aliados do que sobre o "adversário". Encenar protestos contra o Saddam era o mesmo que convocar manifestações contra os icebergues: de pouco adiantaria.
O que não impediu, imaginem lá, que muita malta "folclórica", mesmo em Lisboa, participasse em iniciativas de apoio aos curdos, quando eles andavam a ser massacrados pelo então amigo dos americanos... o mesmíssimo Saddam.
Imaginem: malta que protestava contra a ditadura iraquiana quando ela era "boa". Há coisas fantásticas, não é?
Mas disso não se deverão lembrar, não é?
Luís Rainha:
"Reparem que é muito mais fácil à opinião pública exercer pressão sobre o seu governo e os governoa de aliados do que sobre o "adversário". Encenar protestos contra o Saddam era o mesmo que convocar manifestações contra os icebergues: de pouco adiantaria."
Claro. É mais fácil bater na mulher que no vizinho que bate na mulher.
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LR,
«Reparem que é muito mais fácil à opinião pública exercer pressão sobre o seu governo e os governoa de aliados do que sobre o "adversário".»
Nós temos uma embaixada russa. Embaixada de icebergs é que não temos.
Caro LR, se você é o "Luis Rainha" que escreve no 5 dias e que está ligado ao Bloco de Esquerda, acredite que não é preciso conhecê-lo no sentido bíblico, para o arrimar automaticamente na prateleira da esquerda folclórica, festiva, enfim, o que lhe aprouver.
Para mim, o LR é o que escreve e o resto não me interessa. É pelo que escreve que se define. Se para além disso, gosta de feijoada, bebe uns canecos, é bom rapaz e conta umas boas anedotas no seu círculo de amigos,trata-se de algo que é do seu foro privado e não tem qq interesse para a discussão.
Assim, pelo que escreve, tenho todo o direito de o catalogar na esquerda folclórica, tal como tenho todo o direito de achar que Hitler era maluco, lendo aquilo que escreveu.
"a Geórgia desrespeito os acordos de 92."
Acredito que sim. Mas sabe, mesmo os pérfidos EUA, com o Iraque, que se fartou de desrespeitar acordos e resoluções, mandarem avisos, fizeram ultimatos, arrastaram tentativas diplomáticas, procuraram resoluções do CS, etc,etc.
E no fim atacaram. No fim...utilizando a força como a ultima ratio regis que é como ele se deve utilizar, a meu ver.
A Rússia não..a Rússia tinha uma força preparada ( e se o LR acredita que uma força daquele tamannho se organiza e despacha no intervalo da bica, está razoavelmente enganado) que utilizou imediatamente, sem avisos, sem ultimatos, sem tentativas diplomáticas, sem procura de resoluções, sem nada.
Você acha que é igual, pronto, mas eu ouso acreditar que nem para si será igual se um dia calha passar à frente de dois calmeirões na fila e um deles o avisa de que deve voltar ao seu lugar, enquanto o outro lhe assenta imediatamente um murro no alto do cachaço e o reduz a papa.
Em amnbos os casos, você "desrespeitou os acordos", mas o primeiro calmeirão deu-lhe oportunidade para pensar nas consequências.
O 2º não.
E todavia você acha que é mais lógico berrar contra o 1º.
A lógíca é realmente uma batata, no mundo maravilhoso da esquerda tonta.
Sobre a questão curda, gostei de ver que o LR não desconhece que Saddamn afinal utilizou armas de destruição massiva no Curdistão..provavelmente as tais que "não existiam".
Você tem mesmo “todo o direito” de escrever o que quiser. O disparate nem imposto paga. E eu até lhe facilito a vida, ao assinar com o meu nome o que escrevo; pode ser que um dia a recíproca seja verdade.
Como você certamente imagina, há um mundo de diferenças entre as situações que refere: o Iraque não atacou um contingente militar dos EUA, nem bombardeou populações com grande percentagem de detentores de passaportes americanos. Em comum, há a estratégica vontade de invadir mesmo, usando todos os argumentos, reais e imaginários. Nenhum dos casos parece aceitável. Mas atribuir neste caso a culpa a 100% à Rússia é absurdo. Mas depois sou eu que penso por “cartilhas”. Claro.
É preciso “reconhecer” alguma coisa quanto ao uso iraquiano de armas de destruição em massa? Facto comprovado é que elas não existiam mesmo aquando da invasão. Ou ainda anda à procura delas?
Quanto ao tal “Tarzan”, vejo que ele ainda não percebeu um simples facto político: a pressão da opinião pública funciona quando aplicada sobre as próprias autoridades ou os governos de aliados. Protestar junto aos “adversários” é perda de tempo, na esmagadora maioria dos casos.
”Reparem que é muito mais fácil à opinião pública exercer pressão sobre o seu governo e os governos de aliados do que sobre o "adversário".”
Caro Luis Rainha,
Tem toda a razão, sobretudo quando o governo em questão, o russo, tem por hábito limpar o sebo a quem se arrisca a ter opiniões públicas contrárias, como aconteceu há bem pouco tempo com a jornalista Anna Politovskaya. Nem todos os jornalistas têm a sorte de viver em países em que a opinião pública tem o direito de exercer pressão. Nem todos os jornalistas têm a sorte de Michael Moore…
Mas Range-o-Dente explica isto bem melhor: ” É mais fácil bater na mulher que no vizinho que bate na mulher.”
E na questão curda você também tem razão, aliás como o Lidador se apressou a reconhecer, porque só na povoação de Halabya foram gaseados no dia 16 de Março de 1988 5000 curdos às ordens de Saddam. E muitos mais foram gaseados, e é por essas e por outras que hoje os curdos dizem, para quem quer ouvir: THANK YOU MISTER BUCH…
Mas uma coisa que eu acho estranhíssima é a esquerda espanhola (mas não só), que se apressou na altura a manifestar em massa – lembra-se certamente das enormes manifestações em Barcelona - contra a ocupação do Iraque pelas tropas americanas (tropas essas que, pergunte-se aos curdos e a muitos chiitas, até fizeram assim umas coisitas boas, tropas essas que mal os iraquianos possam tomar conta do barco se pôem nas putas o mais depressa possível) não se manifestarem contra a ocupação há séculos de Ceuta e Melilla pelas tropas espanholas!!!
Vá lá uma pessoa entender esta gente…
"Como você certamente imagina, há um mundo de diferenças entre as situações que refere"
LR, há sempre um "mundo de diferenças",quando se trata de disfarçar a hipocrisia.
"o Iraque não atacou um contingente militar dos EUA, nem bombardeou populações com grande percentagem de detentores de passaportes americanos."
Não, mas fez outras maldades. Por exemplo, recusou os ultimatos, atentou contra a vida de Bush pai, correu com os inspectores da ONU, desrespeitou os acordos de cessar fogo, recusou apresentar provas de que tinha destruído as ADM, como afirmava, atacou gente que se fartou, pagou a famílias de bombistas suicidas palestinianos, etc,, enfim, tudo coisas que, para o LR, não passam de pequenos fait divers ao lado da magnitude e gravidade da agressão Mãe Rússia.
" Em comum, há a estratégica vontade de invadir mesmo, usando todos os argumentos, reais e imaginários."
Foi exactamente isso que eu disse. Acontece que eu não faço nem entro em manifes, nem chamo "terrorista" ao Putin, nem acho que seja "idiota", nem faço sequer avaliações arrogantes do alto de uma moralidade depacotilha.
E os amigos do LR fizeram-nas quando o "vilão" eram os EUA, mas assobiaram para o ar quando o vilão é a Rússia.
Entende a dualidade, meu caro?
É que nem sequer é um caso isolado....o modus operandi é SEMPRE o mesmo.
"atribuir neste caso a culpa a 100% à Rússia é absurdo"
Quero lá saber da culpa. Você é que se afana em enquadrar os fenómenos em visões religiosas. Necessita de "culpados", de "pecadoes", de maus, etc.
E, como é dos livros, irá encontrá-los sempre do mesmo lado, como os maluquinhos que procuram a chave, não onde a perderam, mas junto ao poste onde há luz.
"depois sou eu que penso por “cartilhas”. Claro."
Eu não diria melhor, caro LR.
"Facto comprovado é que elas não existiam mesmo aquando da invasão. Ou ainda anda à procura delas?"
A conversa levar-nos-ia longe. Mas ainda bem que reconhece que só se sabe que elas já não existiam, após a invasão. Os adivinhos do passado são muito interessantes, mas as decisões têm de ser tomadas antes do futuro e com a informação disponível no momento.
Na verdade a discussão na altura não era sobre as armas e os programas de Saddam (que as tinha, estavam documentadas e declaradas e nunca fez prova cabal de que já as tinha destruído, como alegava) mas sim sobre a melhor forma de o obrigar a isso.
Os "iluminados" de agora, contam com a fraca memória e a forte ignorância, para se gabarem a eles mesmos de ter estado do "lado certo".
Ou seja, trocando por miúdos
1.O Iraque tinha ADM (de facto até as usou bastante, como o LR reconheceu)
2.O Iraque assinou uma rendição em 1991 na qual se comprometeu a destruir as ADM e a desmantelar os programas.
3.Em 1998, correu com os inspectores das NU a pontapé e na altura, como consta de resoluçoes da ONU ainda tinha ADM.
4.Se ler o Relatório Blix, verificará que nunca apresentou provas da sua destruição. (e como sabe, destruir várias toneladas de produtos químicos deixa testemunhas, documentos, resíduos, etc,etc)
Então que conclui o LR de tudo isto?
As armas evaporaram? Ou o génio da lâmpada fez uma mágica ? Espero a sua solução para o enigma....., não esquecendo que várias dezenas de caças MIG foram parar ao Irão e que a Siria tem andado empenhada em programas nucleares.
Mas, caro caro LR, eu não me tenho pr ingénuoo.
Claro que a guerra não foi só por isso.
Basta ler as entrelinhas do que dizem os estrategas americanos para perceber que o petróleo, as armas de destruição maciça, o totalitarismo do regime iraquiano, o complexo industrial-militar, etc, etc, são meros adereços do ramalhete. Têm evidentemente alguma importância , quanto mais não seja para alimentar a boa consciência das multidões que anseiam por slogans de fácil compreensão e recitação, mas fazer deles “A Causa”, é tomar a nuvem por Juno.
A causa era e é geopolítica: a eventual democratização do Iraque seria um movimento decisivo que, a obter sucesso, constituiria uma poderosa machadada no irredentismo islâmico que promove o terrorismo e um aviso claro aos apoiantes discretos e indiscretos da jihad (Irão, Síria, Arábia Saudita, etc).
Porquê o Iraque e não outro país? Porque, como se costuma dizer, se pôs a jeito!
Foi uma estratégia bem sucedida? Neste momento não se pode ainda fazer um juízo, mas o mesmo podiam dizer os ingleses da decisão de CHurchill em ir para a guerra, quando em 1941, as bombas choviam em Londres e a coisa parecia estar a correr mal.
O LR que é que acha?
"Tal de" LR,
«Protestar junto aos “adversários” é perda de tempo, na esmagadora maioria dos casos.»
Então o Bloco e sus muchachos vão deixar-se de manif's à porta da embaixada de Israel?
Vão passar a fazer manifestações sempre à porta da AR, embaixada dos EUA, embaixada da Grã-bretanha, embaixada de França, embaixada de Itália, embaixada da Venezuela, etc...?
Mas isso faz algum sentido?
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