Desde 1940 que a politica americana na Europa é essencialmente determinada pelo conceito geopolitico de evitar que um único poder controle a Eurásia.
Se a URSS conseguisse a hegemonia sobre os centros industriais do duplo continente, os EUA seriam forçados a alterar o seu sistema politico e económico de modo a poderem sobreviver numa competição global.
A OTAN destinava-se a fazer face à ameaça soviética e, para os europeus, o manto protector que a Aliança sobre eles estendeu durante 4 décadas, foi determinante para a manutenção da paz e para a criação de condições de progresso e bem-estar.
Com a derrocada soviética uma hegemonia única sobre a Eurásia era improvável num futuro imediato e, num primeiro momento, a OTAN parecia condenada a estiolar, vítima do seu próprio sucesso, fechada que estava na lógica da Guerra Fria.
Mas a Rússia retorna sempre a Pedro "o Grande" e já em 1992 a sua nova estratégia definia interesses globais, estabelecendo também uma linha vermelha ao recusar intervenções externas no “near abroad”, territórios não incluídos na Rússia mas que haviam integrado a URSS.
Enquanto a OTAN se questionava, os novos países saídos do Pacto de Varsóvia, batiam à porta com a intenção óbvia de fugir à esfera de influência do vizinho russo, que continuavam (e continuam) a ver como a verdadeira ameaça.
No início da década de 90, acreditava-se que só com a renovação de uma pressão externa, (leia-se a Rússia) a OTAN poderia ser revitalizada, mas a nova doutrina militar da Rússia , traduzindo um discurso mais musculado no xadrez internacional, introduziu medidas de cautela na questão do alargamento.
Que todavia se foi fazendo a passo de caracol, aproveitando a fraqueza da Rússia, por um lado porque em muitos destes países existiam problemas graves de nacionalismos por consumar, havendo o perigo de a OTAN trazer para o seu seio perigosas crises e tensões, e por outro porque muita gente achava que o alargamento, à procura da fronteira civilizacional com a Rússia, era um elemento fundamental na manutenção da própria OTAN.
Para os dirigentes russos o alargamento da OTAN representou o renovar do Complexo de Cerco e sentiram-se cada vez mais relegados para o velho papel de "maus-da-fita" , olhados com desconfiança pelos europeus cuja organização de segurança se perfilava subliminarmente contra o grande colosso russo a quem nunca reconheceram especial vocação democrática e em cuja herança genética se inscreve o Testamento de Pedro "O Grande".
Ieltsin, em 1995, queixava-se que “..o Ocidente pretende defender a Europa de Leste das negras intenções de Moscovo" e garantia que " Essas intenções não existem. Apesar de todas as contradições do período de transição, a Rússia é fiel à democracia”.
Ninguém acreditou nele e ainda bem.
Recentemente o alargamento à Geórgia e à Ucrânia, foi congelado por cautela da Alemanha e da França que se assustaram com as intrincadas questões de legitimidades étnicas e nacionalistas nesses países. Se tivessem sido admitidas, a Geórgia estaria protegida da invasão russa que dificilmente arriscaria um confronto militar com a OTAN.
Neste momento, a Rússia, tal como um gato bem alimentado que sai pela manhã, vai urinando nas esquinas para marcar o território, mas o renovar da ameaça russa, levará inevitavelmente ao reforço da OTAN, e à solidez da relação transatlântica, alicerçada nos interesses e nos valores comuns.
Mais tarde ou mais cedo, a Rússia perceberá que não só não tem alimento para sair todas as manhãs de patrulha, como há gatos maiores na vizinhança.
It is quite gratifying to feel guilty if you haven't done anything wrong: how noble! (Hannah Arendt).
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6 comentários:
"o alargamento, à procura da fronteira civilizacional com a Rússia"
Fronteira Civilizacional com a Rússia!? Quem foi o inergúmeo que escreveu isto?
Vá a Londres, vá a Frankfurt, vá a Atenas e dê uma volta por Lisboa. Depois vá a Moscovo ou São Petresburgo e depois se quiser a Varsóvia para confirmar e diga-me qual é a "fronteira Civilizacional". Depois talvez queira ir a Marrocos ou ás Américas, á China ou á Índia para saber do que está a falar.
Sinceramente Lidador, fazia bem melhor figura quando era obsecado pela Dona Câncio no Porcos e qualquer coisa.
Agora, ficar sentado no seu sofá na linha de Sintra e palrear acerca do que não sabe fica-lhe mal.
Bem, espero que o seu herói McCain fique bem consigo e que continue a exportar a sua amada democracia como sucedeu com o Afeganistão ou... o Iraque mais explicitamente... ou será que tudo isto foi apenas para "apertar a Rússia"
"Há gatos maiores na vizinhança"
Tem assim tanta certeza?
E, serão esses gatos mais espertos?
Provavelmente, esses gatos maiores serão já obesos...
Vossê é que parece que vai urinando por aqui e por ali, qual cão doido por ter um território, mas que está preso ao dono e tem de voltar a casa quando a cadela com o cio está a passar pela rua.
Resultado? O Lidador fica a assistir a cadela sendo emprenhada pela janela.
Uiva, uiva filho! Uiva!
Afinal quem iniciou as hostilidades que desencadearam a invasão descabelada do imperialismo?
http://www.midiasemmascara.com.br/artigo.php?sid=6837&language=pt
ds2:
"á" escreve-se "à"
"vossê" escreve-se "você".
"obsecado" escreve-se "obcecado" Está a precisar de um curso nas novas oportunidades e alguma civilização!
Caro/a Carmo da Rosa,
Obrigado por se pôr em minha defesa mas tenho de dar a mão á palmatória e concordar com o anónimo. É que aqueles atentados á língua Portuguesa não devem ser cometidos. Devem sim ser severamente reprimidos:
A ignorância combate-se, a estupidez despreza-se.
Tal como a mesquinhez de quem reclama com o meu á, sim, porque não me vou dar ao trabalho de ir pressionar a tecla shift de cada vez que quiser escrever um á...
Agora, como você diz, sim, realmente é verdade, atacar a substância não é para qualquer um, só para uns poucos eleitos...
Deixe-me só dizer-lhe uma coisa:
"Vamos lá ver qual dos dois candidatos americanos tem a firmeza de uma Tatcher ou de um Ronald Reagan."
Nenhum dos dois. São os dois uns grandes palhaços. Agora, apoio incondicionalmente o sr. McCain, porque o Messias, se for eleito destruirá por completo os Estados Unidos...
Habitualmente começa por haver um só palhaço, sendo o outro o salvador do mundo.
O tempo vai decorrendo, e à medida que o messias se revela, passa a palhaço.
O messias Clinton ganhou e, passado tempo, os que o tinham idolatrado (na Europa) diziam que tinha invadido a Jugoslávia para distrair as atenções das cuecas da Mónica.
.
Dúvido que o/a Carmo da Rosa continue a ler isto, mas aqui vai:
Concordo plenamente consigo, quando diz que declarações daquele tipo são próprias de uma conversa de café, mas eu pensei que você já estivesse um pouco mais receptiva á minha adjectivação de tais personagens.
O Obama é um palhaço: 1)Pela figura que faz (não tem ideias "We...change"... e mai nada) 2) Pelo livro que escreveu acerca da sua História pessoal. Uma pessoa que escreve o que ele escreveu não pode ser o "Homem mais poderoso do Mundo".
O sr. McCain, porque faz declarações do tipo "KGB nos olhos do Putin", atacou a Rússia (antes do advento na Geórgia) afirmando que não os convidaria para integrar o G8, é louco pela presença Americana no Afeganistão e no Iraque... poderia continuar e continuar...
Agora, Carmo da Rosa:
"O Clinton para messias tem os pés muito grandes, como se costuma dizer, mas pessoalmente acho que foi um dos melhores presidentes dos EUA dos últimos tempos."
Esta é uma frase com a qual eu não posso concordar, nem por sombras. A menos que... se esteja a referir a rapidinhas com secretárias...
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