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domingo, 17 de agosto de 2008

Quem está refém não é o gerente do BES: é Portugal


Um recluso evade-se da cadeia e, posteriormente, é detido em flagrante de delito durante um assalto. Sai em liberdade, depois de apresentar um Bilhete de Identidade falso.

Dois assaltantes estrangeiros assaltam uma dependência bancária, fazem seis reféns, deixando, no decorrer da tarde, quatro destes saírem. Sobram dois: uma mulher e um homem. Ambos estão com armas apontadas à cabeça, durante minutos a fio, à porta do banco. A polícia decide agir, um assaltante é morto e outro fica ferido. No fim, descobre-se que o assaltante ferido pode ver a sua já pequena pena substancialmente reduzida caso peça extradição para o seu país de origem.

Na Quinta da Fonte, dois grupos rivais (Africanos e Ciganos), batem-se pelo controlo do bairro. Envolvem-se em conflitos com variadas armas de fogo, algumas de Guerra, e a polícia faz apenas duas detenções, quando os grupos tinham algumas dezenas de "combatentes". Os Ciganos, despojados do "poder" no bairro, concentram-se à porta da Câmara Municipal de Loures, reclamando novas casas, mais seguras, longe dos malditos Africanos. O contribuinte, se for preciso, paga: é o preço da multiculturalidade.

Hoje, na Quinta do Mocho, novos tumultos: brigas, disparos, assaltos. Posteriormente, um assassinato. O infeliz jovem é, também, estrangeiro.

Quatro casos distintos, a mesma pergunta: será Portugal um país seguro?

É óbvio que não se pode responder a esta pergunta com base em quatro casos singulares (serão mesmo singulares?). Mas são talvez estes os casos que fazem mais pensar os Portugueses, demasiadamente distraídos com a sua vida. Porém, basta olhar para o nosso quotidiano para nos apercebermos da falta de segurança do nosso país.

Indo por casos, o primeiro caso é um caso que, apesar de triste, é insólito. Durante este assalto, o foragido fazia-se acompanhar por duas pessoas, entre eles um menor. Esta criança foi colocada no meio de um crime pelo seu pai (o foragido), creio que ainda não se apurou com que intenção. Foi baleada mortalmente por um polícia, a quem já foi instaurado um processo disciplinar. Possivelmente, o infeliz polícia, que deve ter chegado à conclusão que mais vale um tipo estar quieto, poderá também ser acusado de homicídio.

Presentes ao juiz, o foragido apresentou um Bilhete de Identidade falso e, aproveitando-se da sempre vigorosa medida de coacção aplicada pelos tribunais Portugueses, pôs-se a milhas. Só mais tarde a polícia descobriu quem era verdadeiramente o indivíduo.

Alguns amigos prontificaram-se, a seguir ao assalto, a fazer manifestações à porta do tribunal. Eram todos inocentes. Tudo boas pessoas. Tudo de boas famílias. Tudo gente pacata. Nós, Portugueses, é que não sabemos acolher os imigrantes e as pessoas diferentes. Somos um povo de racistas e xenófobos.

No meio disto tudo, quem tem menos culpa é a criança cigana. Aliás, muitas das crianças ciganas que, inseridas dentro de um meio que as incita directa ou indirectamente ao crime (contrabando, assalto, entre outros) são "ensinadas" desde pequeninas a fazer coisas de grandes. É pena, mas é verdade.

Felizmente existem já, na sociedade Portuguesa, muitas excepções àquela que era a regra. Os ciganos cada vez se integram mais na sociedade. Mas estes, os que lutam pela vida e não esperam que o estado lhes pague uma casa, acabam por sofrer de discriminação por conta de outros. Não é que a culpa seja dos demais habitantes em Portugal, mas a generalização é algo que ocorre irracionalmente.

No caso da dependência bancária, a polícia pecou pelo tempo demorado. Espremida até à última instância, a hipótese de rendição, a mais sensata e certamente a melhor para todos, acabou por não ocorrer. A polícia actuou bem, mas fica a sensação de que o caso poderia ter ganho outros contornos.

Sejam Brasileiros ou Portugueses, a conduta da polícia tem que ser exactamente a mesma: defender o cidadão que é privado da sua liberdade por outrém. Seja com recurso à bala, ao diálogo, ao chicote ou ao xadrez. É necessário vencer os criminosos e salvar os reféns.

A última instância deve ser a da bala. Mas, por ser a última, não deve ser posta automaticamente, como muitas vezes se faz, de parte.

Imagino o quão será frustrante para as vítimas do rapto saberem que, depois de tudo aquilo que sofreram, o criminoso não terá uma pena condizente com o mal que lhes foi feito. O código penal Português é assim mesmo, demasiadamente brando a meu ver, (vá-se lá saber porquê). Eu até acho que, este código penal se torna, muita vez, um incentivo para os criminosos.

Passar meia dúzia de anos na prisão (cuidado com as condicionais e com o "bom comportamento") ou tentar um assalto lucrativo e levar uma vida bem melhor?

No caso da Quinta da Fonte, uma zona que me faz lembrar as zonas "libertadas" de Paris, existe a lei da bala. Ou morres ou matas. A polícia, por aquelas bandas e por outras, está em menor número e com material inferior a nível tecnológico. Como manter a lei sem que os polícias detenham o material necessário, a confiança dos cidadãos e do Estado, a convicção típica da polícia em praticar o bem para o bem da população?

Um assaltante, em Portugal, tem mais direitos que um polícia.

Estes casos mais gritantes de deliquência, violência e crime acontecem em zonas periféricas das grandes cidades, mas começam alastrar por todo o Portugal. São praticados por todos os grupos etários, étnicos e religiosos. Não existem só uns culpados.

Mas existem grupos onde o foco é maior. Nomeadamente entre os jovens e entre os imigrantes.

É preciso fazer alguma coisa. Multiculturalidade sim, mas não a todo o custo. Liberdade sim, mas não a todo o custo.

Quem se encontra refém não é o gerente do BES: é Portugal.

8 comentários:

R disse...

«Porém, basta olhar para o nosso quotidiano para nos apercebermos da falta de segurança»



O RB fala como se tivesse acompanhado o inquérito e soubesse tudo sobre violência social e estigmas.
Defender mais segurança é diferente de defender penas mais pesadas. Defender "mais" segurança é legitimar mais capital para as áreas da segurança que já de si são mal formadas mas todos os quadros mamam. Defender mais segurança é legitimar o actual governo socialista.


E que tal, se começar a defender um quadro que se adapte à nossa cultura e contexto social?!

Que tal, aplicar penas pesadas de forma célere e institucionalizar os rebentos que andam distorcidos?!

Ou, vamos criar mais "segurança" e delapidar o erário público para encher o pequeno orifício das polícias tããão bem formadas?!

Ou, como sempre foi, deixar que essa grande empresa chamada de "sindicato" continue a colocar polícias sobre polícias a horas diurnas, enquanto que as nocturnas pairam os novitos?!




Portugal não está refém de grupos armados nem de violência sub-urbana generalizada.
Portugal está refém de um quadro "administrativo" que tutela o Estado, e para isso coloca na boca do povo meia-cenoura e o resto dá aos cães para se degladiarem. Mas, nesta triste estória, os cães precisam de ter um dono, que por acaso estudou e leu; adivinhe quem se chega à frente?!

Anónimo disse...

''Somos um povo de racistas e xenófobos. ''
- Não sei se é melhor sermos assim, e Portugal ser seguro ... do que continuar com actos de vandalismo puro.

É lógico que os portugueses puros também fazem este tipo de coisas, mas já basta estes quanto mais os ''intrusos'' a fazerem.

Há que haver regras, e acima de tudo cumpri-las e caso estas não se cumpram há que actuar de forma severa. Não é ir a julgamento e ser condenado a 3anos com 4anos de pena suspensa.

ablogando disse...

http://aperoladanet.blogspot.com/2008/07/do-crime-de-alguns-e-do-castigo-de.html

http://aperoladanet.blogspot.com/2008/07/na-sequncia-do-post-anterior.html

http://aperoladanet.blogspot.com/2008/08/breve-que-estou-farto-de-estar-em-casa.html

http://aperoladanet.blogspot.com/2008/07/os-gloriosos-herdeiros-de-monthy-python.html

Renato Bento disse...

"O RB fala como se tivesse acompanhado o inquérito e soubesse tudo sobre violência social e estigmas."

Você sabe? Alguém sabe?

"Defender mais segurança é diferente de defender penas mais pesadas."

Claro que é. Alguém disse o contrário? Mas as penas pesadas surgem como meio de atenuar a insegurança, visto que poderá ser um meio dissuasor de possíveis criminosos e mantém os mesmos mais tempo na cadeia.

"Defender "mais" segurança é legitimar mais capital para as áreas da segurança que já de si são mal formadas mas todos os quadros mamam."

Ora aí está! Mal formadas, com más receitas, com má legitimação. É esta a nossa polícia.

"E que tal, se começar a defender um quadro que se adapte à nossa cultura e contexto social?!"

Que quadro é esse?

Os nossos raptores são vários...

Renato Bento disse...

"Não sei se é melhor sermos assim, e Portugal ser seguro ... do que continuar com actos de vandalismo puro."

E vão dois. Mas qualquer coisa que se faça é logo discriminação / racismo / xenofobia. Ser-se diferente não deve ser igual a ser-se tratado de maneira diferente.

Renato Bento disse...

Não me debrucei tão profundamente como o vicissitude(s) queria. Limitei-me a analisar os casos e a tecer uma ou outra análise. Nada mais. Mas poderei, se desejar, e se o tempo ajudar, postar qualquer coisa mais profunda entretanto.

Renato Bento disse...

"Ora aí está! Mal formadas, com más receitas, com má legitimação. É esta a nossa polícia."

Corrigir para: mal formadas, com pouco material, sem legitimação

Anónimo disse...

''Mas qualquer coisa que se faça é logo discriminação / racismo / xenofobia.''

- Talvez no fundo denominem logo com estes nomes, mas mais por uma questão de parecer bem aos olhos dos outros, porque no geral as pessoas sentem estes problemas e e gostem ou não gostem dos imigrantes sabem que a maioria vem para cá causar distúrbios.

E depois temos o vergonhoso exemplo do sujeito brasileiro que poderá ter a sua pena suavizada caso vá para o seu país.

Não percebo a ideia, mas entrar num banco fazer reféns durante horas a fio .. não deve ser suficientemente grave.