Anónimo disse...
Você considera a escrita do Saramago limitada? Quem é você? Não será adequado perguntar-se se não será você um pouco… limitado? Este sim parece-me um comentário suficientemente pedante e envinagrado de alguém que aparenta perceber português desde que com menos de quatro sílabas. Quanto ao resto, é o habitual e tradicional ódio anti-comunista. Como citou o seu Lidador, atrás, citando Sartre, é o ódio próprio dos cães. Nada mais.
Digo eu
Você considera a escrita do Saramago limitada? Quem é você? Não será adequado perguntar-se se não será você um pouco… limitado? Este sim parece-me um comentário suficientemente pedante e envinagrado de alguém que aparenta perceber português desde que com menos de quatro sílabas. Quanto ao resto, é o habitual e tradicional ódio anti-comunista. Como citou o seu Lidador, atrás, citando Sartre, é o ódio próprio dos cães. Nada mais.
Digo eu
Meu caro anónimo:
Em primeiro lugar, aconselho-o a ler com mais atenção, antes de desatar a disparar histericamente em todas as direcções. É que o texto não é meu, é de Nicolau Saião, cuja biografia poderá ler se clicar em cima do nome. Limitei-me a transcrever o que ele escreveu no PÚBLICO. É o ponto de vista dele e manifesta-o, enquanto homem livre. E eu achei, no exercício da minha liberdade, que não alieno, dar-lhe voz aqui. Se concordo com ele ou não, darei conta publicamente se tal me apetecer.
Mas mesmo que tivesse sido eu a afirmar que a escrita de Saramago é limitada, o que é que isso pode ter a ver com uma eventual limitação minha? Armindo Rodrigues, esse grande poeta, decano dos poetas do PC, falecido em 1992, considerava António Gedeão como um poeta pouco mais que medíocre; Fernando Pessoa abominava Manuel Bandeira e não apreciava partcularmente a Geração de 70; Chesterton criticava ferozmente Bernard Shaw, de quem, alás, era amigo; Antero de Quental arrasou António Feliciano de Castilho; José Régio foi atacado pelos neo-realistas; e poderia dar aqui não dezenas, mas centenas de exemplos. Quem era limitado?
Há múltiplos aspectos sob os quais se pode detestar ou gostar de um escritor e, em geral, de um artista sem se ser, por isso, pedante ou envinagrado. E pode-se gostar de um artista pelo que reflecte na sua obra da condição humana, descontando o que se relaciona com o que consideremos aspectos errados ou mesmo condenáveis da sua postura e acção públicas. Ou pode pensar-se que nada nele se salva. Ou que é um artista mediano,mas uma grande figura cívica.
E então?
O seu comentário é que me parece estranho a tudo isso. Parece-me envinagrado, não pedante, mas provinciano, vindo de alguém que sabe de enciclopédias e de academismos, e pouco de criação estética ou, pelo menos, que a mistura em excesso com política e, pior, com interesses partidários de circunstância.
Mas deixe estar, vou escrever qualquer coisa sobre o Saramago um dia destes para que o meu amigo, se assim o entender, possa limpar a face da argolada que deu ou enterrar-se de vez.
Anónimo disse...
Em nenhuma parte do meu comentario sugeri wue tinha sido voce o autor do comentario, Gonsalo. Por isso a primeira parte da minha resposta nao era para si. Apesar de considerar que a opiniao que retransmite no blog nao foi escolhida por acaso. De qualquer forma, e resumidamente, que tem o desacordo e as ciumeiras de autores e artistas a ver com a validade de consideracoes acerca dos limites criativos e da qualidade da producao artistica? É esse o seu criterio? Nao disparei em lado nenhum, simplesmente é uma imbecilidade. Se fosse o Lobo Antunes a dizer que a escrita do Saramago era limitada, compreendia-se com um sorriso. E vice-versa do Saramago acerca do Lobo Antunes. Agora assim, sabe, parece... gratuito (…)
Digo eu
Em nenhuma parte do meu comentario sugeri wue tinha sido voce o autor do comentario, Gonsalo. Por isso a primeira parte da minha resposta nao era para si. Apesar de considerar que a opiniao que retransmite no blog nao foi escolhida por acaso. De qualquer forma, e resumidamente, que tem o desacordo e as ciumeiras de autores e artistas a ver com a validade de consideracoes acerca dos limites criativos e da qualidade da producao artistica? É esse o seu criterio? Nao disparei em lado nenhum, simplesmente é uma imbecilidade. Se fosse o Lobo Antunes a dizer que a escrita do Saramago era limitada, compreendia-se com um sorriso. E vice-versa do Saramago acerca do Lobo Antunes. Agora assim, sabe, parece... gratuito (…)
Digo eu
Caro anónimo:
Se reler o primeiro comentário que fez, facilmente verificará que todo ele aponta para mim. Enganou-se? Tudo bem.
Mas, uma vez mais, o meu amigo cai no argumento de autoridade. Se fosse o Lobo Antunes e o Saramago a mandarem setas envenenadas um ao outro, você compreenderia a ciumeira literária e sorriria... mas aceitaria, porque, a seu ver, se trata de dois grandes escritores. Eu, a quem a ciumeira artística faz vomitar, até porque a considero um sintoma da presença do que impede a total criação estética (sempre resultante de um diálogo) fá-lo-ia, para a devida limpeza do fígado. Mas a sua aceitação tem por base considerá-los como grandes. Da mesma forma que, por exemplo, os admiradores daquele que foi, para a elite intelectual da I República, o enorme escritor e erudito Júlio Dantas se escandalizaram com escritores menores como Almada, Pessoa, Sá-Carneiro ou António Botto que o consideravam, sem autoridade que se visse, um escritor medíocre, promovido pelo regime. O único livro que Pessoa viu publicado, como sabe, foi o 2º prémio que obteve no concurso do S.N.I.. Os restantes textos que publicou, foram-no em revistas literárias que, hoje consideradas decisivas, eram, à época, meramente marginais. Quanto aos outros, foi o que se sabe.
O meu amigo considera, de facto, sem que nada lhe possa conferir autoridade para o afirmar, que Nicolau Saião é movido, naquilo que escreve, por algo estranho aos aspectos literários. É você quem diz isto: “Você considera a escrita do Saramago limitada? Quem é você? Não será adequado perguntar-se se não será você um pouco… limitado? Este sim parece-me um comentário suficientemente pedante e envinagrado de alguém que aparenta perceber português desde que com menos de quatro sílabas.”. Não sou eu. Ora Nicolau Saião é um homem que, além de também ele já premiado (se isso para si for importante, embora menos do que Saramago), desenvolve uma actividade literária intensa, quer em Portugal quer no estrangeiro. Não tem direito a dar a sua opinião? O feitiço volta-se contra o feiticeiro: e quem é você para o dizer? Que o meu caro riposte e procure fazer valer o seu ponto de vista, acho que é normal, legítimo e bem-vindo. Que diga o que disse, já não.
Já agora, todos ouvimos falar em anti-comunismo primário. Mas, atenção, também existe o anti-anti-comunismo tão primário como ele. Algo que tem vindo a encher as caixas de comentários deste blog.
Se reler o primeiro comentário que fez, facilmente verificará que todo ele aponta para mim. Enganou-se? Tudo bem.
Mas, uma vez mais, o meu amigo cai no argumento de autoridade. Se fosse o Lobo Antunes e o Saramago a mandarem setas envenenadas um ao outro, você compreenderia a ciumeira literária e sorriria... mas aceitaria, porque, a seu ver, se trata de dois grandes escritores. Eu, a quem a ciumeira artística faz vomitar, até porque a considero um sintoma da presença do que impede a total criação estética (sempre resultante de um diálogo) fá-lo-ia, para a devida limpeza do fígado. Mas a sua aceitação tem por base considerá-los como grandes. Da mesma forma que, por exemplo, os admiradores daquele que foi, para a elite intelectual da I República, o enorme escritor e erudito Júlio Dantas se escandalizaram com escritores menores como Almada, Pessoa, Sá-Carneiro ou António Botto que o consideravam, sem autoridade que se visse, um escritor medíocre, promovido pelo regime. O único livro que Pessoa viu publicado, como sabe, foi o 2º prémio que obteve no concurso do S.N.I.. Os restantes textos que publicou, foram-no em revistas literárias que, hoje consideradas decisivas, eram, à época, meramente marginais. Quanto aos outros, foi o que se sabe.
O meu amigo considera, de facto, sem que nada lhe possa conferir autoridade para o afirmar, que Nicolau Saião é movido, naquilo que escreve, por algo estranho aos aspectos literários. É você quem diz isto: “Você considera a escrita do Saramago limitada? Quem é você? Não será adequado perguntar-se se não será você um pouco… limitado? Este sim parece-me um comentário suficientemente pedante e envinagrado de alguém que aparenta perceber português desde que com menos de quatro sílabas.”. Não sou eu. Ora Nicolau Saião é um homem que, além de também ele já premiado (se isso para si for importante, embora menos do que Saramago), desenvolve uma actividade literária intensa, quer em Portugal quer no estrangeiro. Não tem direito a dar a sua opinião? O feitiço volta-se contra o feiticeiro: e quem é você para o dizer? Que o meu caro riposte e procure fazer valer o seu ponto de vista, acho que é normal, legítimo e bem-vindo. Que diga o que disse, já não.
Já agora, todos ouvimos falar em anti-comunismo primário. Mas, atenção, também existe o anti-anti-comunismo tão primário como ele. Algo que tem vindo a encher as caixas de comentários deste blog.
Entretanto, enquanto eu redigia isto, Nicolau Saião escreveu na caixa de comentários:
Creio que não precisava de responder ao cobarde anónimo (anónimo porque cobarde?), mas por uma questão de respeito pelos leitores deste blog e pela verdade histórica e literária, respondo.
Quem eu sou mostra, com modéstia mas digna altivez, o que está patente seja na Net seja nos jornais e revistas e livros. Eu não preciso de um Nobel para me acalentar.
Até hoje, nenhum anónimo ou sem ser anónimo, cobarde ou não, me achincalhou nesse plano - não teria credibilidade.Você ou é um inculto ou um iletrado. Ou as duas coisas.
Sem dúvida, é um desonesto intelectualmente. E ponto.
Mas o que importa é dizer: Saramago, que Csezlaw Milozs (este também era invejoso?) classificou e muito bem como um escritor de segunda ordem alcandorado pela nova diplomacia, serviu apenas para trazer ao redil da doçura os estalinistas que sobravam (que sobram). Foi um prémio de consolação aos implodidos.
Não é por ser comunista, um mau comunista convenhamos, que Saramago não me interessa. Se Você não fôsse um primário saberia que tanto em Portugal como no estrangeiro (e não somente em jornais ou revistas pequenas, mas nalgumas onde o próprio Saramago escreveu tb) que autores como Aragon, Enrique Moriel ou Cesare Pavese os tenho epigrafado como geniais e significativos (que o eram).Você, como filho espiritual de Beria, não consegue ver além disto.
E a finalizar: o tentar amesquinhar-me, sem pelos vistos nunca me ter lido, é galardão que me dá. Pois foi também contra os tipos do seu jaez que fui construindo o que escrevo e faço.
Não é com desprezo que o encaro - mas com simples comiseração. Pois Saramago "explica" gente como Você.
nicolau saião
5 comentários:
Se o Saramago merecia um Nobel quantos é que não merecia o Pessoa ou o Borges, ...?
Um detalhe que me escapara: o anónimo que se me dirige a certa altura e em remate fala em cães.
Digo apenas que respeito profundamente os cães. Estima, não apenas respeito, acrescento.
E, para seu benefício e um pouco para que possa fazer a sua educação sentimental de humano peculiar, aqui lhe deixo o meu poema O CÃO:
1.
Um cão é por vezes
uma parábola, um conto, uma quimera
diferente do gato por ter a mais
o latido negro e o olhar raiado
de anos
de sangue e de histórias pavorosas.
Tanto cansaço
por um cão! Porque o dia
desfaz-se em pedaços
e subjuga-nos
e já nada é lonjura
limite, precaução
na memória.
Lovecraft
teria tido um cão?
E o cão de Rilke
forma desenhada
exercitando o estro
do seu dono ausente?
Qual o nome
do cão de Diana caçadora?
Não o preferido, o outro
que falhava perdizes e raposas
se adregava de quedar-se
no bosque prematuro
a mijar na caruma, contemplando
lá no alto uma brusca ameaça de luz.
Cão - recorte
de muitas linhas
que se confundem
estranhamente
na ardósia efémera
uma e outra vez
- nada nos dirá nunca
com seu focinho liberto
e sonolento.
2.
“Ninguém para mim morre. Sempre haverá
o movimento que foram e não foram
os homens, as flores, o infinito.
Celebro
não apenas o instante
mas o véu que nos dá
obras e paixões.
Inscrição sobre um muro
que se impõe, silenciosa
como se nela entrasse
o perene sussurro
da mais pura tristeza.
Unindo eternamente
olhos, vozes, planetas”.
in "Os objectos inquietantes"
ns
Belo poema, meu caro!
Obrigado, Gonsalo.
Eu, nisto tudo, importo pouco. O que importa é esclarecer isto e peço um pouco de atenção aos leitores: foi para que os ratões amáveis como o Anónimo anónimo pudesse invocar o argumento de autoridade, que os apaniguados, com influencia em Estocolmo, deram o prémio a Saramago. Ou seja: Saramago tem servido, fundamentalmente, para que certo tipo de gente possa dizer imperativamente: tu, que contestas o "comunismo" (na verdade capitalismo de Estado)cala-te e curva a espinha - pois temos aqui ao lado um estadulho, o prémio nobel Saramago. Tu não existes, pois a existencia de Saramago é a prova disso.
Para que nós possamos ser remetidos, como se fazia aos judeus, para o nada, é preciso que Saramago seja o tudo. Por isso é que eu disse que a existencia de Saramago nobel explica o lacaio mental Anónimo.
Era asim que na URSS e em todos os paraísos criminais de Leste se podia prender e sufocar Isaac Babel ou Bulgakov - porque havia um Cholokov nobelizado.(Que, como hoje se sabe, roubou a um preso no gulag o "seu" livro galardoado).
Saramago serviu, e serve, para que um desqualificado cinzento como Harold Bloom possa dizer do alto da sua cátedra meio-imposta: "Saramago é o maior escritor do mundo". Ele, que disse outra inanidade semelhante: "Yates é o maior poeta do tempo moderno". Yates (!!!).
E é gente desta que Saramago consola literariamente...
Ou seja: Saramago como exemplar adequado para o extermínio moral/artístico/cultural/societário.
E depois vem um Anónimo desta qualidade chamar nomes a O-Lidador?
Proh pudor!
E não é desesperante, em tempos de contemporaneidade, termos de nos ocupar de coisas assim sórdidas?
ns
Nicolau Saião:
No tempo em que a acontecia o que está acontecendo agora / E os homens pasmavam de isso ainda acontecer no tempo deles / Parecia-lhes a vda podre e reles / E suspiravam por viver agora.
A suspirar e a protestar morreram / E hoje, quando se abrem as covas, / Ouve-se os dentes com que rangeram /Tão brancos como se as dentaduras fossem novas.
António Gedeão (cito de memória)
Abraço.
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