Vota-se neste momento naquilo que a maioria dos analistas considera ser um referendo à divisão.
De um lado 6 milhões de "flamengos" que, de um modo geral, são liberais ( no sentido europeu), conservadores, no que toca às tradições e à cultura, e orientados para o mercado livre. É a parte rica e produtiva da Bélgica.
Do outro lado, 4 milhões de valões, que falam francês e votam geralmente nos partidos socialistas. É a parte mais pobre e subsídio-dependente, sustentada pelos impostos dos flamengos.
Os flamengos querem a divisão. Os valões não.
Saber-se-á hoje, ao fim do dia.
14 comentários:
A "divisão" belga não tem nada a ver com "subsídio-dependentes" (um disparate completo!) mas com razões culturais (basta ouvir a língua utilizada em cada região) e com políticas que remontam à criação da Bélgica como país. Ainda não há muito tempo (anos sessenta), a riqueza estava no Sul da Bélgica (Valónia) e os sentimentos de separação eram idênticos. Nessa época, as minas da Valónia, eram uma das riquezas mais rentáveis de todo o país e delas beneficiava também o Norte (Flandres).
Ainda em relação a "subsídios", os apoios sociais, ou outros (artes, cultura, por exemplo), são tão generosos na Valónia como na Flandres. Seria mais perspicaz tentar perceber porque é que os partidos xenófobos e racistas estão no Norte e não no Sul da Bélgica, para começar.
É o que dá quando fazermos análises superficiais, depois de uma visita a Mons, que não é necessariamente o centro do Mundo, como sabemos...
Caro HV, este poste não é uma análise.
E se calhar não viria mal ao mundo se deixasse de adjectivar com tanta raiva aquilo que não lhe agrada.
Conhece a história de Pedro e do Lobo?
Pois é, não abuse das palavras pois pode vir a necessitar delas, se calhar no seu próprio edifício intelectual, onde o racismo contra os judeus está em alta..
HV:
"A "divisão" belga não tem nada a ver com "subsídio-dependentes" (um disparate completo!) mas com razões culturais"
Pois. Nunca jamais em tempo algum o "dinheiro" pode ser causa de chatices.
Esperemos que consumando-se a divisão não chovam as acusações aos "ricos" por serem alérgicos à redistribuição e quererem ficar com a massa toda.
Na América do Sul tais acusações, com a bênção da esquerdalha, não têm faltado.
"E se calhar não viria mal ao mundo se deixasse de adjectivar com tanta raiva aquilo que não lhe agrada."
ora repita lá isso sem se rir ao espelho...
eh eh eh
"não abuse das palavras pois pode vir a necessitar delas, se calhar no seu próprio edifício intelectual"
lindo! edifício intelectual... ummm... em alta...
do melhor.
HV:
"Seria mais perspicaz tentar perceber porque é que os partidos xenófobos e racistas estão no Norte e não no Sul da Bélgica, para começar."
Tinha-me passado despercebida esta frase.
Pois os partidos "xenófobos" aparecem sempre que uma sociedade sente estar a ficar empestada de carraças.
Oh rio douro, uma pergunta:
- És louro?
Pela mentalidade de cota, talvez tenhas sido, mas agora supeito que estás careca e o sol esturricate os miolos. Olha faz como o rosa enfia um barrete nos cornos.
CdR,
A "divisão" belga não tem na sua génese razões político-partidárias ou de ideologia contemporânea, como pode parecer aos mais distraídos. Desde o século IX (sim, estás a ler bem!) que os povos, que sempre ocuparam a região, estão divididos por questões culturais e línguisticas (a região mais a nordeste, sempre teve uma cultura mais germânica e a região mais a sudoeste, sempre foi mais francófona). A Bélgica (como devias saber) é um país muito recente (180 anos de existência) e os sucessivos governos (independentemente da sua constituição) nunca conseguiram ultrapassar estas questões regionais e nacionalistas. Basta lembrar a polémica escolar, sobre o ensino da língua, nos anos sessenta, por exemplo. Também na questão colonial (ex-Congo Belga) os nacionalistas defenderam a manutenção das colónias em África e esse foi outro dos pontos de rotura na sociedade. Para obviar estes problemas, foram criadas as três grandes regiões nos anos setenta (Flandres, Valónia e a região de Bruxelas que, sendo francófona, está inserida na Flandres). As regiões têm um grau elevado de autonomia, mas o governo central decide sobre questões como a soberania nacional, a defesa (política externa) e a segurança social. Claro que os impostos (que são pagos por todos) têm de ser distribuidos equitativamente. Nem podia ser de outra forma. Só há um estado, ainda que haja culturas diferentes. Já houve um tempo em que o Sul era mais rico do que o Norte e os Flamengos não se queixavam tanto. Reduzir tudo a "bons" do Sul ou "maus" do Norte, explica muito pouco. A razão porque a Bélgica ainda não cindiu, prende-se com a sua importância geo-política para a Europa. Por alguma razão estão lá algumas das instituições europeias mais importantes (UE, NATO, etc.). Os nacionalismos são sempre maus por natureza (sejam de esquerda ou de direita). Também sabemos da História que os nacionalismos, andam de braço dado com o separatismo, a xenofobia e o racismo (cultural). Não perceber isto e repetir "soundbites" para a bancada, alivia o "ego", mas não responde às questões centrais. Mas isso resolve-se com facilidade: basta leres um bom livro de História e vais ver que percebes.
ena pá mandar o rosa ler um livro de historia, se ainda fosse um boa "pomada"
"Reduzir tudo a "bons" do Sul ou "maus" do Norte, explica muito pouco."
Tem razão. Mas foi exactamente isso que o HV fez ao taxar de "racistas" e "xenófobos", os partidos do Norte.
" Os nacionalismos são sempre maus por natureza"
Asneira da grossa e ainda por cima vinda de quem sempre viveu em nações, num mundo onde as nações são ainda o elo que liga os mortos, os vivos e os que ainda não nasceram, na expressão de Burke.
Você não entende que os seres humanos necessitam de uma pertença?
OLhe, ligue o televisor e veja o Campeonato do Mundo de Futebol. Talvez entenda alguma coisa do tipo de forças que movem milhões de seres humanos.
" os nacionalismos, andam de braço dado com o separatismo, a xenofobia e o racismo (cultural)"
A hemiplegia ideológica dá nisto.
É verdade que o nacionalismo, tem foi a fonte de intensos conflitos no século XX. Mas é uma forma de legitimidade mais igualitária que outras. Os nacionalistas pretendem ver reconhecida a dignidade do grupo e o choque com idênticas reivindicações de legitimidade grupal está na origem dos conflitos de raíz nacionalista, que vieram substituir as anteriores legitimidades dinásticas e religiosas as quais marcaram anteriormente os conflitos na Europa.
Foi o peso do nacionalismo que fez ruir os Impérios Multinacionais dos Habsburgos, dos Otomanos, e dos czares vermelhos. O comunismo soviético considerava o nacionalismo uma mera excrescência da questão mais fundamental da luta de classes e acreditava tê-lo resolvido para sempre.
Não deixa de ser irónico confrontar tais crenças "científicas" com as chamas nacionalistas que amputaram o Império Soviético de grandes fatias do seu território.
De qualquer modo trata-se de um fenómeno muito recente e a própria história nos mostra que as redefinições nacionais são um fenómeno quotidiano.
Nos nossos dias já não é do tipo expansionista.
Para os grupos nacionais cuja identidade é mais segura e antiga, a Nação, enquanto fonte de identificação psicológica é muito menos intensa que a correspondente a Nações jovens, cuja "luta pelo reconhecimento" ainda provoca fortes paixões populares.
Os nacionalismos não constituem já para as velhas Nações uma razão suficientemente forte para agredirem outras.
É um nacionalismo de estimação, de carácter marcadamente exclusivista, como que a pretender reservar um espaço privado.
É um fenómeno muito parecido com a religião.
Cada um tem a sua e de um modo geral desconfiamos sempre do tipo que tem uma religião "esquisita".
Mas não lhe vamos furar os pneus do carro por causa disso!
A grande conflitualidade do nacionalismo revela-se em Nações cuja Identidade Nacional esteve subjugada ou nasceu recentemente e que passam por um período de procura de uma identidade grupal.
Muita de força auto-afirmativa do moderno nacionalismo apareceu em regiões que nunca tinham existido como Nações ou cuja nacionalidade estava diluida num todo maior, substituindo as legitimidades dinásticas, religiosas, marxistas, etc (Indochina, África, Jugoslávia, URSS, etc)
Oh lidador, tens razão.
Essa é a razão intrínseca da pedradas que sempre aconteciam quando jogavam o avintes e o oliveira do douro. Uma chatice: 2 freguesias vizinhas, mas muitos independentistas. Era mais inveja da brôa.
Olha, um anónimo de VNG. E lembre-se tb de Vilar de Andorinho, que jogava do lado dos de Avintes.
EJSantos
Pelos vistos essa militância de martelanço já lhe vem da infância.
Estes aqui a defender os flamengos, os grandes aliados do Hitler!
O mundo dá muita volta! Ou estes gajos são uns tontos e nasceram ontem...
Enviar um comentário