It is quite gratifying to feel guilty if you haven't done anything wrong: how noble! (Hannah Arendt).
Teste
teste
sábado, 30 de agosto de 2008
Eleições Norte-Americanas XIX
A eleição deste ano para a Presidência dos Estados Unidos da América continua absolutamente fantástica. Agora foi a vez de John McCain surpreender com a escolha de Sarah Palin para a vice-presidência dos Estados Unidos da América.
A maioria das casas de apostas dava claro favoritismo a Mitt Romney, que também concorreu para a Presidência este ano. Eu também esperava Romney no ticket e até era esta a opção que mais me agradava: Romney é muito popular nos Estados Unidos da América, captaria o voto evangélico (é Mormon), traria, pelo menos, um estado importante em disputa (Michigan, pois a sua família é muito conhecida neste estado) e arranjaria mais fundos para a campanha.
Em segundo lugar nas casas de apostas aparecia Tim Pawlenty. Seria também ele uma escolha positiva, por agradar à parte mais conservadora do partido e por ser relativamente novo.
No entanto, John McCain escolheu outra pessoa: Sarah Palin, governadora do estado do Alaska. Romney foi provavelmente descartado porque trazia inconvenientes (campanha ríspida pela nomeação Republicana) enquanto Tim Pawlenty não captaria tantos votos como o desejado, porque as hostes mais conservadoras do partido já declararam, na maioria, o apoio a John McCain, tal é o sentimento anti-Obama.
A campanha de Barack Obama apressou-se a comentar, afirmando que John McCain já não pode criticar Obama por falta de experiência: Palin está há apenas dois anos como governadora do estado do Alaska, pese embora conte com um cargo de Mayor e com uma larga experiência em matéria energética. A governadora tem apenas 44 anos.
A crítica em si não tem razão de ser pois, como sabemos, o vice-Presidente nos Estados Unidos é uma figura com um poder apenas em potência. Não participa no exercício do poder, não toma qualquer decisão, nem tão pouco possui autoridade sobre os secretários ou sobre a Administração.
O vice-Presidente é apenas uma cara que pode adquirir visibilidade se o Presidente lhe conceder missões importantes. Na maior parte dos casos, o vice limita-se a representar o Presidente em algumas cerimónias protocolares.
Mesmo preferindo a segurança dada por Mitt Romney, tenho que reconhecer que Sarah Palin pode ser uma escolha interessante. Substancialmente mais nova que o candidato para a Presidência, mãe de 5 filhos (um deles está, neste momento, a servir o país no Iraque), casada há já longos anos, anti-aborto e anti-casamento entre pessoas do mesmo sexo, muito religiosa (católica), mulher e com experiência na área energética, ou não fosse ela proveniente do rico estado do Alaska.
Toda a gente, sem excepção, ficou surpreendida com a escolha: na CNN recordou-se uma entrevista de Palin em Junho passado, na qual dizia que nunca estaria interessada no cargo.
No discurso de apresentação, Sarah Palin mostrou uma segurança invejável, não ao nível de Barack Obama como é óbvio (para isso era preciso trazer apitos para a plateia...). Piscou de imediato o olho ao eleitorado Hillary, referindo a fantástica campanha que teve em 2008, elogiou rasgadamente John McCain e não falou sobre Obama. Pareceu-me acérrima defensora da autonomia dos estados, bastante crítica, com espírito jovem, com grande imagem. Talvez aquilo que muitos dizem faltar a John McCain.
As possíveis vantagens na escolha de Sarah Palin são óbvias: poderá chamar o eleitorado feminino no geral, poderá chamar o eleitorado feminino de Hillary, poderá chamar gente jovem, vem dar segurança no estado do Alaska que poderia ser perdido este ano para os Democratas, vem dar um impulso à política energética de John McCain (de longe melhor que a de Barack Obama) e poderá chamar a descontente direita que elegeu Bush.
Será que vai aparecer o fenómeno Palin? Não vem isto também demonstrar a grande “singularidade” de candidatura de John McCain?
Pelos vistos não: no noticiário da SIC de ontem, pouca importância foi dada á escolha de John McCain. Limitaram-se a colocar uns pequenos clips da governadora, enquanto que o pivot afirmava: “isto pode ser um revés para McCain, que está sempre a falar da falta de experiência de Obama.” Obrigado pela redundância, o Português medíocre agradece. Para Obama tudo, para McCain nada.
Enquanto isto, no 5dias há quem se divirta a dizer que John McCain é o terceiro mandato Bush, que ele é uma figura ligada a muitos esquemas em Washington, que é demasiado velho, que a sua campanha é muito “negativa”, que ele não é in e que não fumou marijuana nem bebeu uns canecos como Obama fez enquanto era jovem.
A malta prepara-se para engolir uns sapos em Novembro ou, no máximo, a partir de Janeiro de 2009, quando Barack Obama demonstrar que não é a “mudança que o mundo precisa”.
Eleições Norte-Americanas XVIII
A cruzada da esquerda Mundial para fazer de Barack Hussein Obama o próximo Presidente dos Estados Unidos da América tem reflexo em todos os cantos do Mundo. Em Portugal os mensageiros do Messias são Mário Soares e Ana Gomes: um diz que Hussein seria uma volta de 360º graus na administração Americana, outra diz que com Barack Obama os atropelos aos Direitos Humanos em Guantánamo acabarão.
No livro “What we say goes – Conversations on US power in a changing World”, Noam Chomsky larga um desabafo sobre Barack Obama: “When I was driving home the other day and listening to NPR, they happened to have a long segment on Barack Obama. It was very favorable, really enthusiastic. Here is a new star rising in the political firmament. I was listening to see if the report would say anything about his position on issues-any issue. Nothing. It was just about his image. I think they may have had a couple words about him being in favor of doing something about the climate. What are his positions? It just doesn´t matter. You read the articles. It´s the same. He gives hope. He looks right into your eyes when you talk to him. That´s what´s considered significant. Not “Should we control our own resources? Should we nationalize our resources? Should we have water for people? Should we have a health care system? Should we stop carrying out aggression?” No. That´s not mentioned”.
O livro saiu no ano de 2007. O que dirá agora Noam Chomsky sobre Barack Obama? Manter-se-á este discurso? Porque é que não se leva à letra o slogan “O Noam diz, nós acreditamos”?
sexta-feira, 29 de agosto de 2008
Bombástico
"[...] e do Bloco de Esquerda ter afirmado ficar na expectativa sobre o resultado desta alteração à lei das armas."
Há um assunto sobre o qual o Bloco não tem opinião!
.
quarta-feira, 27 de agosto de 2008
Eleições Norte-Americanas XVII
Partilho o ponto de vista da ML quando diz que os erros acontecem e que errar é humano. Talvez por isso não tenha utilizado palavras similares às do Luís Rainha, quando este fala de "gaffes bizarras" cometidas por John McCain.
Obama não escapa às gaffes, e, como sabemos, Joe Biden muito menos:
Eleições Norte-Americanas XVI
Enquanto os Democratas reúnem em Denver, John McCain tem estado a viajar pelo país, participando em diversas iniciativas. Na passada 2ª Feira, o candidato Republicano para a Presidência dos Estados Unidos deslocou-se ao Tonight Show de Jay Leno. McCain falou de Joe Biden, da sua experiência no Vietname, do pai de Cindy McCain e demonstrou um grande sentido de humor:
A Rússia urinando nas esquinas
Desde 1940 que a politica americana na Europa é essencialmente determinada pelo conceito geopolitico de evitar que um único poder controle a Eurásia.
Se a URSS conseguisse a hegemonia sobre os centros industriais do duplo continente, os EUA seriam forçados a alterar o seu sistema politico e económico de modo a poderem sobreviver numa competição global.
A OTAN destinava-se a fazer face à ameaça soviética e, para os europeus, o manto protector que a Aliança sobre eles estendeu durante 4 décadas, foi determinante para a manutenção da paz e para a criação de condições de progresso e bem-estar.
Com a derrocada soviética uma hegemonia única sobre a Eurásia era improvável num futuro imediato e, num primeiro momento, a OTAN parecia condenada a estiolar, vítima do seu próprio sucesso, fechada que estava na lógica da Guerra Fria.
Mas a Rússia retorna sempre a Pedro "o Grande" e já em 1992 a sua nova estratégia definia interesses globais, estabelecendo também uma linha vermelha ao recusar intervenções externas no “near abroad”, territórios não incluídos na Rússia mas que haviam integrado a URSS.
Enquanto a OTAN se questionava, os novos países saídos do Pacto de Varsóvia, batiam à porta com a intenção óbvia de fugir à esfera de influência do vizinho russo, que continuavam (e continuam) a ver como a verdadeira ameaça.
No início da década de 90, acreditava-se que só com a renovação de uma pressão externa, (leia-se a Rússia) a OTAN poderia ser revitalizada, mas a nova doutrina militar da Rússia , traduzindo um discurso mais musculado no xadrez internacional, introduziu medidas de cautela na questão do alargamento.
Que todavia se foi fazendo a passo de caracol, aproveitando a fraqueza da Rússia, por um lado porque em muitos destes países existiam problemas graves de nacionalismos por consumar, havendo o perigo de a OTAN trazer para o seu seio perigosas crises e tensões, e por outro porque muita gente achava que o alargamento, à procura da fronteira civilizacional com a Rússia, era um elemento fundamental na manutenção da própria OTAN.
Para os dirigentes russos o alargamento da OTAN representou o renovar do Complexo de Cerco e sentiram-se cada vez mais relegados para o velho papel de "maus-da-fita" , olhados com desconfiança pelos europeus cuja organização de segurança se perfilava subliminarmente contra o grande colosso russo a quem nunca reconheceram especial vocação democrática e em cuja herança genética se inscreve o Testamento de Pedro "O Grande".
Ieltsin, em 1995, queixava-se que “..o Ocidente pretende defender a Europa de Leste das negras intenções de Moscovo" e garantia que " Essas intenções não existem. Apesar de todas as contradições do período de transição, a Rússia é fiel à democracia”.
Ninguém acreditou nele e ainda bem.
Recentemente o alargamento à Geórgia e à Ucrânia, foi congelado por cautela da Alemanha e da França que se assustaram com as intrincadas questões de legitimidades étnicas e nacionalistas nesses países. Se tivessem sido admitidas, a Geórgia estaria protegida da invasão russa que dificilmente arriscaria um confronto militar com a OTAN.
Neste momento, a Rússia, tal como um gato bem alimentado que sai pela manhã, vai urinando nas esquinas para marcar o território, mas o renovar da ameaça russa, levará inevitavelmente ao reforço da OTAN, e à solidez da relação transatlântica, alicerçada nos interesses e nos valores comuns.
Mais tarde ou mais cedo, a Rússia perceberá que não só não tem alimento para sair todas as manhãs de patrulha, como há gatos maiores na vizinhança.
Se a URSS conseguisse a hegemonia sobre os centros industriais do duplo continente, os EUA seriam forçados a alterar o seu sistema politico e económico de modo a poderem sobreviver numa competição global.
A OTAN destinava-se a fazer face à ameaça soviética e, para os europeus, o manto protector que a Aliança sobre eles estendeu durante 4 décadas, foi determinante para a manutenção da paz e para a criação de condições de progresso e bem-estar.
Com a derrocada soviética uma hegemonia única sobre a Eurásia era improvável num futuro imediato e, num primeiro momento, a OTAN parecia condenada a estiolar, vítima do seu próprio sucesso, fechada que estava na lógica da Guerra Fria.
Mas a Rússia retorna sempre a Pedro "o Grande" e já em 1992 a sua nova estratégia definia interesses globais, estabelecendo também uma linha vermelha ao recusar intervenções externas no “near abroad”, territórios não incluídos na Rússia mas que haviam integrado a URSS.
Enquanto a OTAN se questionava, os novos países saídos do Pacto de Varsóvia, batiam à porta com a intenção óbvia de fugir à esfera de influência do vizinho russo, que continuavam (e continuam) a ver como a verdadeira ameaça.
No início da década de 90, acreditava-se que só com a renovação de uma pressão externa, (leia-se a Rússia) a OTAN poderia ser revitalizada, mas a nova doutrina militar da Rússia , traduzindo um discurso mais musculado no xadrez internacional, introduziu medidas de cautela na questão do alargamento.
Que todavia se foi fazendo a passo de caracol, aproveitando a fraqueza da Rússia, por um lado porque em muitos destes países existiam problemas graves de nacionalismos por consumar, havendo o perigo de a OTAN trazer para o seu seio perigosas crises e tensões, e por outro porque muita gente achava que o alargamento, à procura da fronteira civilizacional com a Rússia, era um elemento fundamental na manutenção da própria OTAN.
Para os dirigentes russos o alargamento da OTAN representou o renovar do Complexo de Cerco e sentiram-se cada vez mais relegados para o velho papel de "maus-da-fita" , olhados com desconfiança pelos europeus cuja organização de segurança se perfilava subliminarmente contra o grande colosso russo a quem nunca reconheceram especial vocação democrática e em cuja herança genética se inscreve o Testamento de Pedro "O Grande".
Ieltsin, em 1995, queixava-se que “..o Ocidente pretende defender a Europa de Leste das negras intenções de Moscovo" e garantia que " Essas intenções não existem. Apesar de todas as contradições do período de transição, a Rússia é fiel à democracia”.
Ninguém acreditou nele e ainda bem.
Recentemente o alargamento à Geórgia e à Ucrânia, foi congelado por cautela da Alemanha e da França que se assustaram com as intrincadas questões de legitimidades étnicas e nacionalistas nesses países. Se tivessem sido admitidas, a Geórgia estaria protegida da invasão russa que dificilmente arriscaria um confronto militar com a OTAN.
Neste momento, a Rússia, tal como um gato bem alimentado que sai pela manhã, vai urinando nas esquinas para marcar o território, mas o renovar da ameaça russa, levará inevitavelmente ao reforço da OTAN, e à solidez da relação transatlântica, alicerçada nos interesses e nos valores comuns.
Mais tarde ou mais cedo, a Rússia perceberá que não só não tem alimento para sair todas as manhãs de patrulha, como há gatos maiores na vizinhança.
terça-feira, 26 de agosto de 2008
Espiral
A bola de neve rola.
Na quinta da Fonte um tiroteio generalizado passou incólome. Toda a gente viu que o estado era incapaz de reagir.
Na quinta da Fonte foram feitas ameaças públicas e mais ameaças públicas. Toda a gente viu que o estado era incapaz de reagir.
Um pouco por todo o lado a criminalidade foi-se manifestando e cada vez mais se foi vendo que o estado era incapaz de reagir.
A cada dia que passa a criminalidade aumenta, de todas as formas e feitios, e confirma-se, diariamente, que o estado é incapaz de reagir.
As polícias estão atascadas. Enquanto um polícia se dirige para um qualquer local de crime cometem-se mais dois crimes que esse mesmo polícia terá que 'investigar'.
São difundidas notícias sobre crimes com violência. Mas também o crime sem violência sobre pessoas está a aumentar rapidamente. A mensagem vai correndo pelo vento que passa e a trova vai engrossando.
O estado é incapaz de reagir porque, na busca de uma legislação perfeita, foi-se acorrentando em tais teias legislativas que se encontra de mãos atadas.
Pensa, meia dúzia de parolos, que isto se resolve apenas com mais polícia. Poderá resolver. Mas enquanto os tribunais não funcionarem, será difícil. E enquanto não forem revogadas as políticas (e as leis) de pendor "compreensivo" face aos desvios de comportamento, não resolverá.
Já com o caldo entornado e a derramar-se pelo chão fora, vem o Gabinete Coordenador de Segurança declarar que a publicitação da criminalidade gera criminalidade. Já é tarde. A publicitação apenas confirma o que já toda a gente tinha percebido.
O Gabinete só agora percebeu (ou quer fazer crer que assim pensa) o estado a que as coisas chegaram. Já toda a gente o tinha percebido pelo tiroteio da Quinta da Fonte.
A vox populi vai dizendo: enquanto não limparem uns tantos, não resolvem o problema.
Eu diria que é ainda necessário que desapareçam as políticas apalermadas e uns tantos iluminados implementadores das ditas, directos responsáveis por terem conduzido as coisas ao que chegaram.
É ainda necessário encurralar os floribélicos e nenufaríngeos idiotas que sustentam 'ideologicamente' as imbecis medidas que lhes permitem angariar votantes entre os 'clientes' das medidas. São chulos e padrinhos da escumalha criada no caldo "cultural" que dizem defender. Dizem e defendem, pois claro. Para eles, faz sentido que defendam. Mas ficam do outro lado da exacta barricada que tenho em frente.
.
Horror
Os redomas
A ASAE anda em cruzada contra a colocação de flores em bolos de aniversário e em balcões de estabelecimentos de alimentação. As vilãs da história são "as poeiras".
As flores libertam poeiras.
Pois. As flores libertam poeiras. Libertam sim. Libertam poeiras e, em especial, libertam pólen. Muuuuiiito pólen. Batatais de pólen.
Só pode desconhecer o banho de pólen em que se vive imerso na primavera quem nada tem a ver com o assunto ou quem não é alérgico aos pólens. A ASAE desconhece de certeza, ou teria que proibir que os pólens levantassem voo e entrassem por tudo quanto é frincha muitos e muitos quilómetros à volta do local de onde partem.
Mas ... os alimentos não podem apanhar "poeiras" vindas das flores.
Pois.
... cretinisses.
...
... é pá. E se a ASAE descobre que o mel tem "poeiras" por tudo quanto é sítio?
.
Fatalidade?
Há quem diga que a segunda guerra mundial teve lugar em consequência do povo alemão não ter percebido porque teria perdido a primeira guerra.
Alexei Malachenko, analista do Centro Carnagie de Moscovo, defende, [...] que o Kremlin deverá “deixar isso (reconhecimento da independência) como instrumento político”. “Penso que a situação não se manterá tão nervosa e aguda... Mais tarde ou mais cedo, vamos voltar ao problema da independência e, então, Moscovo terá no bolso mais um trunfo”, declarou.“Se se utilizar agora esse trunfo, restará apenas o vazio”, concluiuTerão os russos percebido porque derrocou o bloco soviético?
[Da Russia]
E do horror que a natureza parece ter ao vazio?
=======
Actualização:
Parece que a possibilidade borregou.
.
ENQUANTO HÁ GIRO HÁ ESPERANÇA…
Cartaz do Partido Socialista Pacífico: representativo dos anos 70 na Holanda.
No seguimento do poste do meu colega Ricardo Brilhante Deverá a UE criticar a Rússia, onde ele me dá en passant umas lições de economia que eu agradeço imenso, e onde a uma certa altura até me tenta fazer compreender a diferença entre RIQUEZA INATA e RIQUEZA GERADA, lembrei-me agora de repente da existência de uma terceira riqueza: RIQUEZA GIRADA
Eu explico-me.
Na Holanda, o Banco Nacional dos Correios, Postbank (actualmente privado fazendo parte do grupo ING), chamava-se antigamente GIRO. O giro deste Banco é que nos anos 70 emitia uns livrinhos de cheques para uso dos clientes, indiferentemente se tinham muita guita no banco ou a conta negativa, de onde estes podiam levantar no máximo 300 florins por cada cheque. O que na altura equivalia à módica quantia de 30 contos. Mas atenção, estes cheques serviam apenas para levantar dinheiro na Holanda ou em qualquer país da Europa (menos na Rússia) durante as férias, mas só nos correios…
Eu falei em ‘contos’ porque não era de maneira nenhuma o único que ia munido dos famosos cheques quando ia de férias para Portugal. Toda a minha geração, todos de esquerda mais ou menos marxizante e sempre à rasca de maças, levava sempre consigo na bagagem um livrinho de cheques do Giro, e….. umas gramas de haxixe, quando nos saudosos anos 70 iam a Portugal de férias.
Estão já a antever a cena. Ao chegar ao nosso jardim era só ir aos correios mais próximos - de preferência em centros urbanos porque na província acontecia frequentemente os correios não terem 30 contos na caixa (!) ou os funcionários não conheciam o sistema e punham-se com merdas - e, só com um chequezinho, toca de levantar 30 contos, que na altura, em Portugal, era mesmo muito papel, para os derreter o mais depressa possível basicamente em copos, charros ou gajas, conforme a preferência de cada um.
É evidente que os nossos jovens refugiados, quando voltavam para a Holanda, terminadas as férias, tinham as contas bancárias feitas num oito. Mas o que é que isso importa, pelo menos passaram umas férias do caralhão. E não há como o sol, o haxixe ou o tinto para uma pessoa esquecer, por algum tempo, futuras contrariedades financeiras.
Não quero com isto de maneira nenhuma dizer que a minha geração, na sua totalidade, não pensasse nas consequências e chatices de uma conta bancária desfalcada ao chegar de férias. Talvez pensasse, mas só nos momentos de repouso. Quero eu dizer, entre um charro, uma queca ou uma piela com os amigos, jovens refugiados havia - naturalmente os mais ajuizados, rapazes que apesar de muito jovens já se punham a cogitar sobre alta finança - que estando ainda em Portugal de férias, e antevendo a desastrosa situação bancária se confortavam com esta máxima que toda a minha geração conhece, e que certamente vai ficar para a história dos refugiados políticos na Holanda: ENQUANTO HÁ GIRO HÁ ESPERANÇA…
Como eu já disse estes cheques do Giro serviam apenas para levantar dinheiro nos correios, mas NÃO serviam para fazer pagamentos. Eu, por exemplo, numa das minhas primeiras viagens a Portugal depois do 25 de Abril de 74, meti logo a pata na poça: paguei inocentemente com um dos tais cheques (provavelmente não tinha francos suficientes e sabia lá eu dessas coisas) num Auberge em Barbézieux, na estrada nacional 10 entre Bordéus e Angoulême, onde dormi uma noite com mulher e filha e comi o melhor civet de lapin da minha vida.
Mais tarde, estaria eu já provavelmente muito perto de Vilar Formoso, quando o dono da estalagem ao tentar levantar o cheque deve ter ouvido do seu banco que este tinha o mesmo valor que um boletim do totobola não preenchido. Mas como no cheque estava estampado o meu nome e a minha morada, encontrei, quando voltei de Portugal de férias, uma cartinha na caixa do correio do homem da estalagem a pedir-me, très gentiment, que lhe enviasse a quantia porque não conseguia levantar o meu cheque. Coisa que imediatamente fiz, apesar de na altura eu ver no dono da estalagem um inimigo de classe, mas tomei em conta o divinal lapin que ele me serviu.
É evidente que também paguei assim umas coisitas do género em Portugal, mas como irão compreender não vou aqui especificar onde e quem- até porque já nem me lembro precisamente e estes eram mesmo capitalistas...
Ora, de Portugal NEM UMA CARTINHA! Nem repararam, ou se repararam, desconfiados como o costume, julgaram que o nome e o endereço que estava escarrapachado no cheque era irremediavelmente falso… Não era!
Na Holanda, o Banco Nacional dos Correios, Postbank (actualmente privado fazendo parte do grupo ING), chamava-se antigamente GIRO. O giro deste Banco é que nos anos 70 emitia uns livrinhos de cheques para uso dos clientes, indiferentemente se tinham muita guita no banco ou a conta negativa, de onde estes podiam levantar no máximo 300 florins por cada cheque. O que na altura equivalia à módica quantia de 30 contos. Mas atenção, estes cheques serviam apenas para levantar dinheiro na Holanda ou em qualquer país da Europa (menos na Rússia) durante as férias, mas só nos correios…
Eu falei em ‘contos’ porque não era de maneira nenhuma o único que ia munido dos famosos cheques quando ia de férias para Portugal. Toda a minha geração, todos de esquerda mais ou menos marxizante e sempre à rasca de maças, levava sempre consigo na bagagem um livrinho de cheques do Giro, e….. umas gramas de haxixe, quando nos saudosos anos 70 iam a Portugal de férias.
Estão já a antever a cena. Ao chegar ao nosso jardim era só ir aos correios mais próximos - de preferência em centros urbanos porque na província acontecia frequentemente os correios não terem 30 contos na caixa (!) ou os funcionários não conheciam o sistema e punham-se com merdas - e, só com um chequezinho, toca de levantar 30 contos, que na altura, em Portugal, era mesmo muito papel, para os derreter o mais depressa possível basicamente em copos, charros ou gajas, conforme a preferência de cada um.
É evidente que os nossos jovens refugiados, quando voltavam para a Holanda, terminadas as férias, tinham as contas bancárias feitas num oito. Mas o que é que isso importa, pelo menos passaram umas férias do caralhão. E não há como o sol, o haxixe ou o tinto para uma pessoa esquecer, por algum tempo, futuras contrariedades financeiras.
Não quero com isto de maneira nenhuma dizer que a minha geração, na sua totalidade, não pensasse nas consequências e chatices de uma conta bancária desfalcada ao chegar de férias. Talvez pensasse, mas só nos momentos de repouso. Quero eu dizer, entre um charro, uma queca ou uma piela com os amigos, jovens refugiados havia - naturalmente os mais ajuizados, rapazes que apesar de muito jovens já se punham a cogitar sobre alta finança - que estando ainda em Portugal de férias, e antevendo a desastrosa situação bancária se confortavam com esta máxima que toda a minha geração conhece, e que certamente vai ficar para a história dos refugiados políticos na Holanda: ENQUANTO HÁ GIRO HÁ ESPERANÇA…
Como eu já disse estes cheques do Giro serviam apenas para levantar dinheiro nos correios, mas NÃO serviam para fazer pagamentos. Eu, por exemplo, numa das minhas primeiras viagens a Portugal depois do 25 de Abril de 74, meti logo a pata na poça: paguei inocentemente com um dos tais cheques (provavelmente não tinha francos suficientes e sabia lá eu dessas coisas) num Auberge em Barbézieux, na estrada nacional 10 entre Bordéus e Angoulême, onde dormi uma noite com mulher e filha e comi o melhor civet de lapin da minha vida.
Mais tarde, estaria eu já provavelmente muito perto de Vilar Formoso, quando o dono da estalagem ao tentar levantar o cheque deve ter ouvido do seu banco que este tinha o mesmo valor que um boletim do totobola não preenchido. Mas como no cheque estava estampado o meu nome e a minha morada, encontrei, quando voltei de Portugal de férias, uma cartinha na caixa do correio do homem da estalagem a pedir-me, très gentiment, que lhe enviasse a quantia porque não conseguia levantar o meu cheque. Coisa que imediatamente fiz, apesar de na altura eu ver no dono da estalagem um inimigo de classe, mas tomei em conta o divinal lapin que ele me serviu.
É evidente que também paguei assim umas coisitas do género em Portugal, mas como irão compreender não vou aqui especificar onde e quem- até porque já nem me lembro precisamente e estes eram mesmo capitalistas...
Ora, de Portugal NEM UMA CARTINHA! Nem repararam, ou se repararam, desconfiados como o costume, julgaram que o nome e o endereço que estava escarrapachado no cheque era irremediavelmente falso… Não era!
segunda-feira, 25 de agosto de 2008
A encrenca
"Reparem que é muito mais fácil à opinião pública exercer pressão sobre o seu governo e os governos de aliados do que sobre o "adversário". Encenar protestos contra o Saddam era o mesmo que convocar manifestações contra os icebergues: de pouco adiantaria."
Estas frases de Luís Rainha (clicar em comentários) são a estampa da forma de pensar da esquerda floribélia e nenufaríngea.
Parece razoável concluir-se que as manifestações não são feitas com qualquer intuito relativo ao conflito em causa (guerra no Iraque), mas apenas em conseguir provocar-se um qualquer efeito - muito efeito. Talvez vibração das moléculas de ar, gasto de solas de sapato, rouquidão, obrigar a polícia a fazer horas extra (que não lhes são pagas), reencontro de amigos que acabam nos copos, propiciar uns detourzitos entre lençóis com uns/umas antigos/as colegas (seja em que combinação for). Tanto se lhes dá protestar contra A como contra B (dizem eles). É preciso é berrar.
Em boa verdade, se o único critério na escolha do “adversário” contra quem protestam, é o de ser “mais fácil”, porque não se atiram ao Tejo? É a descer, e interactivando com caranguejos, poupariam gastos nas oficinas onde vão fazer buracos para enfiar piercings.
... e estaria armada uma encrenca monumental, a de desentupir o rio. Quem sabe, até talvez Saddam desse conta dela.
.
Madona
O mundo artístico, de um modo geral, considera-se "progressista" e "esclarecido" e assenta a sua percepção das coisas em simplistas visões conspiratórias e/ou românticas, agarrando-se a preconceitos impraticáveis, maniqueístas e floribélicos que, de resto, não aplica nas suas próprias vidas.
O caso de Jane Fonda é apenas um de uma longa lista de imbecis que, em determinado momento, se convencem que são uns gajos do caraças e que na sua cabecinha assentou praça a consciência moral do mundo.
Aqueles, poucos, que denunciam a formatação tendem a ser condenados por apostasia e afastados do círculo dos iluminados.
É arriscado...
Em resumo, os artistas são o protótipo daquilo que nos EUA se adjectiva carinhosamente de "brain-dead liberal" e quase todos acham que devem fazer arte de "intervenção", para educar os pobres analfabrutos e levá-los ao caminho "certo".
Por cá, em 1975, tivemos disto à pazada, e até o Herman José andou para aí a cantar o "Força, força companheiro Vasco", saltitando ao lado do José Alberto Moniz.
Felizmente cresceu e amadureceu a sua noção de ridículo, algo que muitos outros não foram capazes de fazer, para mal dos nossos pecados e dos nossos ouvidos.
Vem isto a propósito da Madona que ontem, em Gales, iniciou um espectáculo que a irá levar a vários países.
Madona, para além das manias da Cabala, e de uma espantosa capacidade para, no execrado sistema capitalista, fazer e gastar dinheiro, resolveu, à Michael Moore, intervir nas presidenciais americanas, absolutamente crente de que quem paga para ir aos seus concertos, não o faz para a ouvir cantar, ou apreciar o razoável estado das suas pernas, mas para ser doutrinado com as suas lamentáveis convicções políticas.
E introduziu no espectáculo um vídeo que retrata , por um lado, em alinhamento sequencial, aquecimento global, destruição, Mugabe, Hitler e John McCain, ou seja, o "Mal", e por outro lado, também em alinhamento sequencial, John Lennon, Al Gore, Ghandi e...Obama, enfim, o "Bem".
É patético, é imbecil, é desonesto, mas é neste tipo de associações primárias e cínicas, que se encontra toda a profundidade do "pensamento politicamente correcto".
O caso de Jane Fonda é apenas um de uma longa lista de imbecis que, em determinado momento, se convencem que são uns gajos do caraças e que na sua cabecinha assentou praça a consciência moral do mundo.
Aqueles, poucos, que denunciam a formatação tendem a ser condenados por apostasia e afastados do círculo dos iluminados.
É arriscado...
Em resumo, os artistas são o protótipo daquilo que nos EUA se adjectiva carinhosamente de "brain-dead liberal" e quase todos acham que devem fazer arte de "intervenção", para educar os pobres analfabrutos e levá-los ao caminho "certo".
Por cá, em 1975, tivemos disto à pazada, e até o Herman José andou para aí a cantar o "Força, força companheiro Vasco", saltitando ao lado do José Alberto Moniz.
Felizmente cresceu e amadureceu a sua noção de ridículo, algo que muitos outros não foram capazes de fazer, para mal dos nossos pecados e dos nossos ouvidos.
Vem isto a propósito da Madona que ontem, em Gales, iniciou um espectáculo que a irá levar a vários países.
Madona, para além das manias da Cabala, e de uma espantosa capacidade para, no execrado sistema capitalista, fazer e gastar dinheiro, resolveu, à Michael Moore, intervir nas presidenciais americanas, absolutamente crente de que quem paga para ir aos seus concertos, não o faz para a ouvir cantar, ou apreciar o razoável estado das suas pernas, mas para ser doutrinado com as suas lamentáveis convicções políticas.
E introduziu no espectáculo um vídeo que retrata , por um lado, em alinhamento sequencial, aquecimento global, destruição, Mugabe, Hitler e John McCain, ou seja, o "Mal", e por outro lado, também em alinhamento sequencial, John Lennon, Al Gore, Ghandi e...Obama, enfim, o "Bem".
É patético, é imbecil, é desonesto, mas é neste tipo de associações primárias e cínicas, que se encontra toda a profundidade do "pensamento politicamente correcto".
Milenarismos
Foi inventada uma nova religião: ambientalismo. O aparecimento do ambientalismo tem paralelo em tempo e em lugar ao declínio do cristianismo e do socialismo. A religião ambientalismo tem horror à dúvida, ao cepticismo e à incerteza e, apesar disso, reclama estar firmada em ciência. É uma religião fundamentalista de temor à natureza. Tem altos sacerdotes, como Al Gore, e escritos, como os relatórios do IPCC. Como outras religiões, poucos dos seus seguidores alguma vez leram ou perceberam os livros sagrados de uma ponta a outra.
Como muitas religiões fundamentalistas, atrai crentes pelo anúncio de calamidades apocalípticas caso não alteremos o nosso comportamento. O seu crer é repetido vezes sem conta e uma nova linguagem foi inventada. Não é permitida lógica, existência de dados de sentido contrário ou questionamento. Os hereges são destruídos inquisitorialmente.
[Tradução deste artigo]
.
domingo, 24 de agosto de 2008
Medalhas e júris
Em tempos pratiquei esgrima. Não por gosto, mas porque era uma actividade curricular, cuja avaliação se fazia na performance em campeonatos anuais.
Na altura havia duas modalidades obrigatórias: o sabre e a espada.
Eu obtive uma razoavelmente boa avaliação em espada e medíocre em sabre apesar de, em combates, ter arrochado valentes bordoadas em adversários que depois me “ganharam”.
Qual a diferença?
É que na espada só se usa a ponta e no sabre usa-se também o gume. A espada tinha um sistema eléctrico que acendia uma luz quando se tocava no adversário, pelo que o resultado era objectivo.
No sabre não existia tal sistema e a decisão do combate resultava do palavreado do árbitro e dos acenos e cabeça dos juízes.
Muitas vezes me aconteceu ter sido eu “tocado”, ao invés do adversário, porque o árbitro achava que era uma “continuação de ataque sobre a parada e bla-bla-bla”.
Na altura ganhei aversão aos desportos em que um juiz decidia o resultado.
Vem isto a propósito das medalhas chinesas nos Jogos Olímpicos. Quem faça a contabilidade facilmente verificará que uma extraordinária porção das medalhas chinesas foi obtida em desportos cujo resultado é decidido por um júri: ginástica, saltos para a água, etc. Há até casos escandalosos, como o daquele ginasta que aterrou de joelhos e mesmo assim abichou a medalha de bronze.
Pela minha parte não tenho grandes dúvidas sobre o enviesamento de muitas das classificações de júri em favor dos atletas chineses.
Isto para não falar da idade de algumas ginastas.
Mas enfim, a China parece ter acordado para o desporto como escaparate do regime, seguindo as pisadas firmes da ex-RDA, de Cuba, etc.
Bom proveito e votos de igual sucesso.
Na altura havia duas modalidades obrigatórias: o sabre e a espada.
Eu obtive uma razoavelmente boa avaliação em espada e medíocre em sabre apesar de, em combates, ter arrochado valentes bordoadas em adversários que depois me “ganharam”.
Qual a diferença?
É que na espada só se usa a ponta e no sabre usa-se também o gume. A espada tinha um sistema eléctrico que acendia uma luz quando se tocava no adversário, pelo que o resultado era objectivo.
No sabre não existia tal sistema e a decisão do combate resultava do palavreado do árbitro e dos acenos e cabeça dos juízes.
Muitas vezes me aconteceu ter sido eu “tocado”, ao invés do adversário, porque o árbitro achava que era uma “continuação de ataque sobre a parada e bla-bla-bla”.
Na altura ganhei aversão aos desportos em que um juiz decidia o resultado.
Vem isto a propósito das medalhas chinesas nos Jogos Olímpicos. Quem faça a contabilidade facilmente verificará que uma extraordinária porção das medalhas chinesas foi obtida em desportos cujo resultado é decidido por um júri: ginástica, saltos para a água, etc. Há até casos escandalosos, como o daquele ginasta que aterrou de joelhos e mesmo assim abichou a medalha de bronze.
Pela minha parte não tenho grandes dúvidas sobre o enviesamento de muitas das classificações de júri em favor dos atletas chineses.
Isto para não falar da idade de algumas ginastas.
Mas enfim, a China parece ter acordado para o desporto como escaparate do regime, seguindo as pisadas firmes da ex-RDA, de Cuba, etc.
Bom proveito e votos de igual sucesso.
Socialismo reciclante
Cá está. O povo não presta.
"Faço um apelo a que se constitua uma nova classe trabalhadora venezuelana, com valores e práticas socialistas, comprometida com o povo, consciente do seu papel na transformação socialista do país, que não se subordine ao Governo mas sim ao interesse popular e à soberania nacional"
Primeiro, quer uma nova classe trabalhadora que coexista (comprometida) com o povo.
Mas, a não subordinação da nova classe trabalhadora ao governo, parece indicar que, caso não se consiga manter no poder (apesar de o estar a tentar a todo o custo), prepara terreno para que a "nova classe trabalhadora" possa vir a manter a Venezuela no trilho dos mais altos "interesses populares" e de "soberania nacional". Não explica se os "interesses populares" se referem aos interesses do presente povo, ou se serão os interesses de um novo e cantante povo pós-cremação do anterior.
.
sábado, 23 de agosto de 2008
I love America. It's why it needs to be destroyed
Diziam as más línguas, há uns 4 anos, que o filme Fahrenheit 9/11, de Michael Moore, tinha sido decisivo para que George Bush tivesse obtido o segundo mandato.
O filme provocou uma romaria das esquerdas tontas à masturbação anti EUA, querendo fazer passar a ideia que não percebia que se tratava de um filme que reunia todas e as mais refinadas técnicas de propaganda. Os idiotas úteis então auto-mobilizados, classificavam a coisa como 'documentário'.
O filme ganhou uma Palma de Ouro em Cannes e recebeu uma ovação de 15 a 20 minutos. Correm rumores que a ovação de Hussein Obama na Alemanha terá tido idêntico valor.
O mesmo artista prepara um novo filme que, infelizmente, só sairá em 2009. Que pena.
...
Não esqueçamos, entretanto, que o novo Sebastião das esquerdas pós-modernas prometeu, na Alemanha, um maior envolvimento dos Estados Unidos no Afeganistão, justamente quando, face à evidente pacificação, se vai falando mais consistentemente em retirada do Iraque, e quando os talibans causam mais baixas no Afeganistão*.
Ah grande Hussein. Será que ele ainda irá a tempo de figurar no novo filme de Moore?
* Atenção, esquerdas tontas, não esqueçam que a invasão ao Afeganistão foi, de início, abençoada pela ONU e foi uma acção multilateralista em que os múltiplos lados era suposto darem o corpo ao manifesto. Mas, entretanto, se quiserem que se dê de frosques basta que se pergunte a Zapatero como se faz.
.
Alma Russa e idiotas úteis
O passeio militar russo na Geórgia não me surpreende, na medida em que sempre considerei que o sistema internacional é de natureza hobbesiana, com canhões apontados às fronteiras uns dos outros.
O poder tem horror ao vazio e se um determinado actor sente ter poder suficiente para mudar um status quo que não lhe agrada, agirá mais tarde ou mais cedo.
Sempre foi e sempre assim será, por muito que os utópicos em missão achem que “não devia ser assim”.
E isto é válido para todos os países, incluindo os EUA, o Irão, Israel, China, Rússia , Israel,etc.
Para quem observa a partir da Lua ou se acha alheio aos interesses em causa, não há de facto quaisquer diferenças.
Mas no mundo real todos nós temos identidades integradoras. Eu sou beirão, português, europeu, ocidental. Sinto-me parte de uma civilização com cujos valores me identifico e por isso entendo que, a um determinado nível, os meus interesses são também os do “grupo” de que faço parte.
É por isso que neste caso da Geórgia, estou naturalmente “do lado” dos georgianos, contra os russos.
Os russos não são “dos nossos”. Pertencem a uma civilização diferente e se no Kremlin se tirar o retrato de Medvedev, por detrás está o de Putin, e no fim da lista dos sucessivos czares, está o retrato de Pedro “o Grande”.
A “alma russa” é uma matrioska em cujo interior está Pedro “o Grande”. Estaline, Brejnev, Putin, etc., são apenas as sucessivas bonecas exteriores de Pedro “o Grande”.
Sendo que o que aconteceu na Geórgia é bom para os interesses russos, e mau para os interesses ocidentais, apesar de tudo as águas estão agora mais claras. A Rússia não é dos “nossos” e as suas acções nas questões importantes como o Irão, o terrorismo, etc., estão naturalmente relacionadas com os seus interesses que são claramente opostos aos nossos.
O “multilaterialismo” no seio da ONU, tão defendido por certas luminárias do nosso estupidificado socialismo, significa apenas inacção. Os países ocidentais devem portanto agir de acordo com os seus interesses, sem se deixarem tolher pelo que os russos pensam ou acham.
De volta ao mundo real, a Europa percebe de repente que a paz perpétua kantiana ainda não é desta e que a retórica pós-histórica pode ser muito bela, mas bastam alguns cossacos embarrilados em vodka, para a reduzir a cacos.
De repente a NATO e os EUA passam a ser vistos com novos olhos, por aqueles que já se tinham esquecido que viviam no mundo real.
O que deveras entristece neste caso, é que não houve manifestações “contra a guerra” por parte dos habituais “activistas da paz”.
Não vi cartazes a dizer “peace now”, não ouvi berros indignados a clamar que Putin e Medved são os “verddeiros terroristas”, não apareceram os famosos “escudos humanos”, o Dr Miguel Portas não zurrou desta vez que “somos todos georgianos”, o Bispo Torgal não assinou uma petição contra a “força desproporcionada”, o Dr Louça não apareceu a exigir o “fim da ocupação” e a Dra Ana Gomes não se referiu ainda aos voos do KGB e aos prisioneiros georgianos levados para a Rússia.
Pelo contrário, tenho até ouvido um interessante argumentário, sobre a culpa do presidente georgiano que terá feito umas maldades, pelo que a intervenção russa estará claramente justificada. Curiosamente pelas mesmíssimas pessoas que berram desalmadamente contra a “guerra do Iraque”, e juram a pés juntos que as maldades de Saddam, não justificavam uma intervenção armada.
A bem dizer, isto não me surpreende. Mas demonstra cabalmente a insuportável má-fé de uma certa esquerda suicidária, que odeia a civilização a que pertence e, no fundo, se odeia a si mesma ao ponto de se aliar prontamente de alma e coração, a todos os regimes autocráticos e totalitários, desde que estes ataquem os interesses da civilização ocidental.
O poder tem horror ao vazio e se um determinado actor sente ter poder suficiente para mudar um status quo que não lhe agrada, agirá mais tarde ou mais cedo.
Sempre foi e sempre assim será, por muito que os utópicos em missão achem que “não devia ser assim”.
E isto é válido para todos os países, incluindo os EUA, o Irão, Israel, China, Rússia , Israel,etc.
Para quem observa a partir da Lua ou se acha alheio aos interesses em causa, não há de facto quaisquer diferenças.
Mas no mundo real todos nós temos identidades integradoras. Eu sou beirão, português, europeu, ocidental. Sinto-me parte de uma civilização com cujos valores me identifico e por isso entendo que, a um determinado nível, os meus interesses são também os do “grupo” de que faço parte.
É por isso que neste caso da Geórgia, estou naturalmente “do lado” dos georgianos, contra os russos.
Os russos não são “dos nossos”. Pertencem a uma civilização diferente e se no Kremlin se tirar o retrato de Medvedev, por detrás está o de Putin, e no fim da lista dos sucessivos czares, está o retrato de Pedro “o Grande”.
A “alma russa” é uma matrioska em cujo interior está Pedro “o Grande”. Estaline, Brejnev, Putin, etc., são apenas as sucessivas bonecas exteriores de Pedro “o Grande”.
Sendo que o que aconteceu na Geórgia é bom para os interesses russos, e mau para os interesses ocidentais, apesar de tudo as águas estão agora mais claras. A Rússia não é dos “nossos” e as suas acções nas questões importantes como o Irão, o terrorismo, etc., estão naturalmente relacionadas com os seus interesses que são claramente opostos aos nossos.
O “multilaterialismo” no seio da ONU, tão defendido por certas luminárias do nosso estupidificado socialismo, significa apenas inacção. Os países ocidentais devem portanto agir de acordo com os seus interesses, sem se deixarem tolher pelo que os russos pensam ou acham.
De volta ao mundo real, a Europa percebe de repente que a paz perpétua kantiana ainda não é desta e que a retórica pós-histórica pode ser muito bela, mas bastam alguns cossacos embarrilados em vodka, para a reduzir a cacos.
De repente a NATO e os EUA passam a ser vistos com novos olhos, por aqueles que já se tinham esquecido que viviam no mundo real.
O que deveras entristece neste caso, é que não houve manifestações “contra a guerra” por parte dos habituais “activistas da paz”.
Não vi cartazes a dizer “peace now”, não ouvi berros indignados a clamar que Putin e Medved são os “verddeiros terroristas”, não apareceram os famosos “escudos humanos”, o Dr Miguel Portas não zurrou desta vez que “somos todos georgianos”, o Bispo Torgal não assinou uma petição contra a “força desproporcionada”, o Dr Louça não apareceu a exigir o “fim da ocupação” e a Dra Ana Gomes não se referiu ainda aos voos do KGB e aos prisioneiros georgianos levados para a Rússia.
Pelo contrário, tenho até ouvido um interessante argumentário, sobre a culpa do presidente georgiano que terá feito umas maldades, pelo que a intervenção russa estará claramente justificada. Curiosamente pelas mesmíssimas pessoas que berram desalmadamente contra a “guerra do Iraque”, e juram a pés juntos que as maldades de Saddam, não justificavam uma intervenção armada.
A bem dizer, isto não me surpreende. Mas demonstra cabalmente a insuportável má-fé de uma certa esquerda suicidária, que odeia a civilização a que pertence e, no fundo, se odeia a si mesma ao ponto de se aliar prontamente de alma e coração, a todos os regimes autocráticos e totalitários, desde que estes ataquem os interesses da civilização ocidental.
Eleições Norte-Americanas XV
Retirado do site de John McCain:
"I am pleased that, following the surge strategy led by General David Petraeus and our brave men and women in uniform, security in Iraq has improved to the point at which we can responsibly talk with our Iraqi allies about U.S. troop withdrawals. Because of the hard-won success of this strategy, the Iraqi security forces are able to take on ever greater responsibility for security in their country. We should not forget that this is possible only because of the surge -- a strategy many predicted would fail and that some cannot, even today, recognize as a stunning success."
"While negotiations with the Iraqi government are ongoing, reports indicate that all dates included in the draft security agreement are aspirational goals, based on conditions on the ground. Conditions-based withdrawals of U.S. troops are the precise opposite course of that advocated by Senator Obama. Senator Obama seeks to withdraw all U.S. combat forces regardless of the consequences for Iraq or for American national security, and in disregard of our commanders' best counsel. Had we followed his course, Iraq could have easily descended into chaos and America would have suffered a catastrophic defeat. Instead, we are today negotiating a conditions-based agreement that will enable us to withdraw troops in victory and with honor."
John McCain - 22 August 2008 - Darlington, Virginia
Eleições Norte-Americanas XIV
Aí está o ticket do Partido Democrata. Não é Hillary Clinton, não é John Edwards, não é Bill Richardson, não é Tim Kaine, não é Evan Bayh. É Joseph Biden.
Joseph Biden é um homem muito diferente de Obama: tem anos e anos de senado (entrou com apenas 30 anos, agora tem 65), é especialista em relações internacionais e prima pela sensatez nas suas intervenções políticas. Biden chegou a concorrer para as Primárias deste ano, mas desistiu, tal como fez em 1988, quando reconheceu ter plagiado um discurso de Neil Kinnock, ex-líder do Partido Trabalhista Britânico.
É senador pelo estado do Delaware (já de longe ganho por Obama e que tem poucos delegados para oferecer) o que lhe retira a potencialidade de um Tim Kaine ou de um Evan Bayh, que poderiam ganhar estados importantes para os Democratas.
Eu considero uma escolha normal de Barack Obama: uma pessoa experiente, conhecida e que lida facilmente com temas ligados às Relações Internacionais.
Por outro lado, Joseph Biden não é, como disse acima, um suplemento para ganhar votos num estado importante. Convém também relembrar que este Senador votou a favor da invasão do Iraque e criticou muito Obama pela sua falta de experiência quando ainda era candidato para a Presidência deste ano.
Em 2007, Biden referiu-se a Obama da seguinte forma: "Ele (Obama) é o primeiro Afro-Americano articulado, inteligente, lavadinho e com bom aspecto".
Então e a mudança?
sexta-feira, 22 de agosto de 2008
O Anti-Americanismo marca o início deste século
Os teóricos divergem quanto àquele que acham que vai ser o principal desafio do século XXI: uns falam das alterações climáticas, outros do terrorismo, outros da exploração dos recursos. Mas o fenómeno que, para mim, marca o início deste novo século é, sem sombra para dúvidas, o (re)nascer do anti-Americanismo um pouco por todo o Mundo.
Seja na Ásia, no Médio Oriente, em África, na América Latina ou na Europa o fenómeno está sempre lá. Os motivos são diferentes consoante a região, mas existe pelo menos um que é repetido por todos: o tubarão (é este um dos últimos slogans do Bloco de Esquerda, mas para se referir ao Primeiro-Ministro Português), o capitalismo agressivo e desumano, os interesses. Os Estados Unidos da América, o símbolo maior do "estado de penúria da economia Mundial", o responsável pela fome no Mundo.
As teorias da conspiração servem, muitas vezes, para justificar tanto ódio aos Estados Unidos da América, mas, geralmente, quem usa este tipo de opinião é o indivíduo mais sabido da poda, o militante da esquerda moderna. Mas é óbvio que continuam a existir aqueles intelectuais que não se fazem valer das suas valorosas leituras (Noam Chomsky à cabeça...), e continuam no remoinho antigo: é o capitalismo, é as desigualdades sociais, é a fome em África, é a morte de crianças e mulheres inocentes, é os coitados dos Palestinianos, é os maléficos dos judeus. Enfim, os militantes da esquerda moderna, da esquerda velha e ultrapassada, da direita Gaullista Europeia, e da extrema-direita continuam a usar tudo da forma que mais lhe convém. Tudo o que vem à rede é peixe.
Na Europa, reinam duas importantes visões sobre os Norte-Americanos. A primeira estabelece o Norte-Americano rude, machista, durão, cowboy, ignorante e interesseiro. É desta colheita que pertence o Presidente dos Estados Unidos da América, o maléfico George W. Bush, que governou o estado onde reina esta classe de Americanos: o Texas.
A segunda visão estabelece o Norte-Americano pobre, a viver em roullotes e parques de campismo, a pedir esmola nas ruas, a mal ter o que comer. São as minorias que fazem parte desta fatia da população, especialmente os negros, mas também os hispânicos. É daqui que provém Barack Obama, filho de pai Queniano e de mãe do Kansas.
É o país dos ricos e dos pobres, dos privilegiados e dos explorados. Os cowboys pertencem maioritariamente ao Partido Republicano, um partido retrógrado e que vence eleições com menos votos que os adversários. Neste partido Republicano existem variados lobbys, das armas aos sionistas, passando pelo petróleo.
É por causa desta visão distorcida que a Europa e todo Mundo adoram Obama. Ele vai contra o establishment, é amigo dos pobres, vai mudar o Mundo, não tem interesses, vem de uma minoria que é negligenciada e explorada, é Democrata, é jovem e é bom rapaz. Tem um sorriso lindo, é apoiado pela Oprah e por estrelas de Hollywood. É uma gota num oceano de trevas. A incapacidade para ir para além dos partidos, das ideias pré-concebidas, dos ódios e das falácias faz com que Obama reine em popularidade um pouco por todo o Mundo.
Menos na Geórgia. E talvez no Kosovo, no Iraque e em Israel.
Hoje, quando se soube que duas sedes de campanha de John McCain tinham recebido envelopes com pó branco, não faltou quem saísse do seu buraco para montar as TC (Teorias da Conspiração). Tinham sido os malvados Republicanos, sabidos que a arma do medo é a melhor arma para ganhar as eleições, que inventaram isto tudo.
Lições de moral choveram de todos os cantos do país, dizendo que aquilo que se passa nos Estados Unidos da América é uma vergonha, que se Obama for eleito lhe acontece o mesmo que Kennedy. A Europa é que tem uma democracia do camandro, durável, onde tudo é justo.
Não sei quem terá ensinado a disciplina de História a estes bons malandros. Muitos deles vêm-se livres dela no 9º ano. Outros tiveram o azar de apanhar com um professor-militante (como eu apanhei) e de não pensar por eles próprios. Formatação = Done.
Mas como este humilde servo está aqui para ajudar, aqui vai: os Estados Unidos da América têm 300 anos de democracia. Quando nós ainda nem andávamos a cortar as cabeças aos reis, já os Estados Unidos da América tinham uma declaração e uma constituição. Foi isto que influenciou a França em 1789 e que levou, pouco tempo depois, toda a Europa para as lutas liberais.
Os Estados Unidos da América nunca passaram por fascismos e por comunismos, invenções da democrática Europa. O Estados Unidos participaram nas nossas duas guerras civis Europeias (1914-1918; 1939-1945) e decidiram a Guerra para o lado dos bons. Os Estados Unidos ajudaram à criação da CECA e da CEE, que deram origem à actual UE. Deram fundos e protecção.
Os Estados Unidos são os responsáveis pela Europa Ocidental não ter caído nas garras Soviéticas.
Dobrai a língua senhores. Não mordeis na mão que tanta vez vos deu de comer.
quinta-feira, 21 de agosto de 2008
Coincidências
Estava eu hoje a dar uma vista de olhos a uma publicação que recebo regularmente, quando reparei que o especto de ruído de um circuito integrado era semelhante a um outro gráfico, do fantasmagórico
Aposto que há aqui mãozinha de Bush.
.
Eleições Norte-Americanas XIII
Segundo várias sondagens até agora disponíveis:
Alabama(9) - John McCain mantém vantagens sólidas neste estado, sempre claramente acima dos dois dígitos de diferença para Barack Obama.
Alaska(3) - Estado tradicionalmente Republicano mas que este ano se encontra mais dividido. John McCain tem vantagens entre os 4 e os 10%.
Arizona(10) - Estado de onde John McCain é Senador. Vantagens avultadas para John McCain (na ordem dos dois dígitos) no estado onde brilha Steve Nash.
Arkansas(6) - Estado sem espinhas para Bush em 2004. John McCain, no entanto, tem vantagens ainda maiores do que as do actual inquilino da Casa Branca.
California(55) - A Califórnia já não dá os seus votos aos Republicanos desde que Bush (pai) ganhou o estado em 1988. Este ano a situação não se vai inverter: Obama tem vantagens na ordem dos dois dígitos.
Colorado(9) - O estado onde se vai realizar a Convenção Democrata deste ano é vermelho desde 1996. Bush ganhou por 8.4% em 2000 e por 4.7% em 2004. Este ano as coisas podem virar azul, pese embora as últimas sondagens estarem a dar vitórias mínimas a McCain.
Connecticut(7) - Este pequeno estado da costa Leste foi para Kerry e para Gore sem espinhas nas últimas duas eleições. Este ano, Obama goza de vantagens na ordem dos 16%.
Delaware(3) - Este estado também não terá história em 2008. Será azul.
Florida(27) - O estado da discórdia em 2000 foi ganho de forma mais folgada em 2004 por Bush. John McCain tem supremacia nas sondagens, em parte pelo apoio à exploração das reservas de petróleo da costa Americana, e o mais provável é que vença no Sunshine state. As suas vantagens oscilam entre os 2/3% e os 6/7%.
Georgia(15) - O estado vizinho da Florida foi para Bush em 2000 e em 2004 por margens nunca inferiores a dois dígitos. John McCain mantém diferenças boas, na ordem dos 10%. A última sondagem de que tive conhecimento, no dia 14 deste mês, dava vitória a McCain por 9%.
Hawaii(4) - O estado onde Barack Obama nasceu dará os seus quatro delegados ao Afro-Americano, que goza de vantagens bastante elevadas no estado cuja capital é Honolulu.
Idaho(4) - John McCain ganha este estado conhecido por ser atravessado pelas Rocky Montains.
Illinois(21) - O estado onde Michael Jordan brilhou ao serviço dos Chicago Bulls e de onde Barack Obama é Senador irá dar os seus votos a Obama. Vantagens a rondar os 15%.
Indiana(11) - Bush ganhou Indiana em 2004 por 20.7%. Este ano, John McCain vê as coisas bem mais complicadas, embora as últimas notícias sejam favoráveis: uma sondagem da SurveyUSA de há 3 dias atrás dá vitória de McCain por 6% de diferença (50-44). As casas de apostas dão Indiana como Republicano, apesar da aproximação dos Democratas.
Iowa(7) - Bush ganhou este estado por menos de 1% em 2004 e perdeu-o em 2000 também por menos de 1%. O estado do Iowa é o maior produtor de etanol e de soja dos Estados Unidos da América. Este ano, o estado virará provavelmente azul, pois Barack Obama mantém consistentes vantagens na ordem dos 6/7%.
Kansas(6) - O centro dos Estados Unidos e da América do Norte são aqui. Bush venceu o estado em 2004 por 25% de vantagem e McCain não terá, tal como Bush, problemas em ganhar.
Kentucky(8) - Estado ganho facilmente por Bush em 2004 e em 2000. Mesma história em 2008 para John McCain.
Louisiana(9) - Este estado foi comprado pelos Estados Unidos à França em 1803. Ainda se fala Francês por estas bandas. John McCain goza de vantagem larga no Louisiana, que faz fronteira com o Texas.
Maine(4) - Estado do litoral Americano, onde Barack Obama goza de uma vantagem superior a dois digítos. Este é um dos dois estados Americanos onde não vigora a regra do winner take all.
Maryland(10) - O estado de onde é natural Michael Phelps irá para Barack Obama. A última sondagem dá vantagem de 10% a Barack Obama (53-43).
Massachussets(12) - Ganho pelos dois oponentes de W. Bush por margens enormes (26%), o estado onde jogam os actuais campeões da NBA, os Boston Celtics, irá também para Barack Obama, que goza de vantagens na ordem dos 10%.
Michigan(17) - Em Maio, três sondagens de três empresas diferentes davam vitórias pequenas a John McCain. O estado foi ganho por Al Gore e por Kerry contra Bush, mas por pouco. As últimas sondagens apontam vitória de Obama (3/4%). Um importante Toss Up, que provavelmente virará Republicano se McCain escolher Mitt Romney para vice-Presidente.
Minnesota(10) - Os Republicanos vão reunir neste estado para a Convenção. Talvez por isso, as últimas sondagens apontam Obama na frente por pequenos pontos percentuais (2/4%). Kerry e Al Gore ganharam Minnesota por 3.5% e 2.4%, respectivamente. É preciso recuar até 1972 para ver uma vitória Republicana aqui. Nem mesmo Ronald Reagan!
Mississippi(6) - O rio deu o nome ao estado, o estado dá os votos aos Republicanos. John McCain lidera nas sondagens com vantagens nunca inferiores a 10%.
Missouri(11) - Este estado é um típico swing state nas eleições Norte-Americanas. Bush ganhou por 7% em 2004 e por 3% em 2000. Bill Clinton ganhou Missouri nas duas vezes em que concorreu para a Casa Branca. Este ano, as coisas estão para o lado dos Republicanos: depois da nomeação de Obama, este subiu nas sondagens e ultrapassou McCain. Mas as mais recentes sondagens dão vantagens a McCain à beira dos dois dígitos.
Montana(3) - No quarto maior estado em área dos Estados Unidos da América, a tradição é os Republicanos ganharem. Este ano as coisas não se devem inverter, pese embora McCain tenha pequena vantagem. Os analistas estão de acordo e atribuem favoritismo a McCain: o estado é classificado como leaning McCain.
Nebraska(5) - Este é o segundo estado dos Estados Unidos onde não vigora a regra do winner take all. John McCain goza de grandes vantagens neste estado, tendo sempre avanços a rondar os 20%.
Nevada(5) - Importante, crucial. É em estados como este (pequeno em população, diga-se, mas em termos de área é o 7º maior dos EUA) que se decidem muitas vezes as eleições. George W. Bush ganhou o Nevada nas suas duas vitórias, mas com margens muito pequenas: a rondar os 3%. Em Fevereiro as sondagens apontavam para uma vitória surpreendentemente calma de Obama, mas as coisas inverteram-se muito até agora. Existem sondagens com empates técnicos, com lutas muito renhidas. Mas o que é certo é que McCain leva agora uma pequena vantagem, confirmada por várias sondagens.
New Hampshire(4) - É este o local onde tudo começou. Estado ganho por Bush em 2000, foi perdido para Kerry em 2004 por 1.4%. As sondagens para este ano ditam uma perigosa proximidade entre McCain e Obama. Como confirmação, basta ver que a sondagem saída ontem no site RasmussenReports referente a este estado dá Obama na frente.... por 1% de vantagem.
New Jersey(15) - Vizinho de New York, este estado foi ganho por Kerry (6.7%) em 2004. Este ano Obama mantém vantagem na ordem dos 10%.
New Mexico(5) - Ninguém fala que o Novo México foi ganho por Gore em 2000 por 0,1%, à semelhança do que aconteceu na Florida, mas neste estado foi Bush a ganhar. A comunidade hispânica tem um papel importantíssimo aqui, como é de esperar pelo seu próprio nome. Bush conquistou o Novo México em 2004 por 0,7%. É provável que as coisas se mantenham com diferenças nestas ordens para 2008. Porém, o favoritismo vai para Obama, que tem no voto hispânico uma boa arma.
New York(31) - Hillary é Senadora por este estado, que vai obviamente direitinho para Barack Obama. As vantagens deste raramente baixam dos dois dígitos.
North Carolina(15) - George W. Bush ganhou nas calmas a Carolina do Norte em 2004 e em 2000. Nenhumas das 22 sondagens saídas até hoje dá derrota a McCain neste estado, mas os valores de vantagem situam-se na ordem dos 5%. É preciso recuar até 1976 para ver uma vitória Democrata aqui. Porém, a forte comunidade Afro-Americana presente neste estado (quase 25% da população) dá certamente a esmagadora maioria dos votos a Obama. É o voto racial a imperar... No entanto, McCain deve ganhar.
North Dakota(3) - A capital do estado homenageia Otto von Bismarck (Bismarck é o nome da capital). Se a razão imperar, John McCain ganha.
Ohio(20) - O estado onde jogam os Cleveland Cavaliers de Lebron James (sou um adepto fervoroso dos Cavs) é importantíssimo para a eleição. Bush ganhou nas últimas duas eleições, por 2.1% (2004) e 3.5% (2000). 11 das 29 sondagens no Ohio dão vitória a Obama. Recentemente, John McCain ganhou importante terreno: uma sondagem de ontem dá vitória por 5% a McCain. Este estado é muito importante para John McCain: se o perde poderá, provavelmente, dizer adeus à sua eleição. Porém, é de crer que McCain vença.
Oklahoma(7) - Grande produtor de gás natural e de petróleo, Oklahoma irá para John McCain, que tem vantagens na ordem dos 30%.
Oregon(7) - O vizinho a norte da Califórnia deu os seus delegados a Al Gore (por 0,5%) e a Kerry. É de crer que Obama ganhe Oregon, mas com vantagem a rondar os 5%.
Pennsylvania(21) - Este estado ama Hillary Clinton. Em quem votarão os apoiantes da Senadora? Os votos vão-se dividir, e aí McCain poderá ter uma palavra a dizer. As sondagens dão magras vitórias a Obama (na casa dos 4/5%), e McCain já chegou a liderar algumas sondagens. A Pennsylvania foi para Kerry e Al Gore, mas por vantagens de menos de 5%. Obama tem que forçosamente ganhar este estado e tem o favoritismo para isso, mas os votos de Hillary poderão sair-lhe caro.
Rhode Island(4) - Mais pequeno que este estado só o estado de Washington DC. Os 4 delegados vão para Obama, que goza de vantagens bem elevadas neste estado.
South Carolina(8) - Este estado vai para John McCain, que goza de vantagens a rondar os 8%.
South Dakota(3) - Histórico estado Republicano, irá sem espinhas para McCain.
Tennessee(11) - Vantagens de 15% para John McCain no Tennessee. Sem história.
Texas(34) - O segundo maior estado dos Estados Unidos da América (em população e em área), foi governado por Bush de 1995 até 2000. É também o segundo estado em matéria de PIB (Produto Interno Bruto). Está normalmente associado, na Europa, ao Estado dos ranchos, dos homens duros e valentões, a terra dos cowboys. O Texas só tem mais 3 delegados eleitorais que Nova Iorque, mas tem quase mais 5 milhões de habitantes que a cidade símbolo do Capitalismo! Isto faz com que a população representada num único delegado do Texas seja consideravelmente maior que a de um delegado de Nova Iorque. O Texano representa mais 80 mil pessoas que um Nova-Iorquino! O estado irá para John McCain, que goza de vantagens na ordem dos 12%.
Utah(5) - Salt Lake City. A terra dos Mormons. São as palavras que me ocorrem quando falam do estado de Utah. John McCain goza de vantagens superiores a 20%.
Vermont(3) - Quem estiver na capital deste estado pensa que está em França (Montpelier é o nome da capital). Vermont não terá história em 2008: irá direitinho para Barack Obama.
Virginia(13) - Bush ganhou este estado por 8% em 2000 e em 2004 e John McCain também goza de favoritismo, mas as suas vantagens são muito curtas (1%,2%). Os indecisos terão um papel importantíssimo no dia das eleições. Este estado é um estado-chave para este ano.
Washington(11) - Barack Obama tem sólidas vantagens neste estado da costa Oeste dos Estados Unidos da América. A sua vantagem cifra-se na casa dos 10%. Sem problemas de maior para o Democrata.
Washington DC(3) - A capital dos Estados Unidos da América dará, como hábito, os seus 3 delegados a Barack Obama. Passeio.
West Virginia(5) - Este estado nasceu durante a Guerra Civil Americana. Não vai seguir o exemplo do estado de Virginia (onde tudo está muito empatado), e dará uma vitória mais clara a John McCain.
Wisconsin(10) - Mais um estado ganho à rasca por Al Gore em 2000 (0,2%). Porque é que ninguém fala destes? Este ano as coisas estão mais azuis, sendo de esperar uma vitória de Barack Obama que tem vantagens de 5% nas sondagens.
Wyoming(3) - É o mais pequeno estado em população dos Estados Unidos da América. Os seus três delegados irão para John McCain.
Isto é apenas uma mera previsão a dois meses das eleições. As campanhas vão focar os votantes indecisos e os estados muito divididos. Pode surgir, daí, mudanças nos cenários traçados agora.
Vamos a ver se as minhas contas saem furadas ou não. De qualquer das formas, as coisas nunca sairão muito destes números. Como vêm, as eleições vão ser decididas por dezenas de votos. Espero não ter que ver John McCain a falar do Aquecimento Global...
Eleições Norte-Americanas XII
A campanha irrepreensível do candidato Republicano para a Presidência dos Estados Unidos da América começa a dar frutos.
Numa eleição em que seria de esperar o regresso dos Democratas ao poder, apenas um candidato diferente do Partido Republicano poderia inverter esta tendência. A escolha recaiu em John Sydney McCain, herói de Guerra Americano, antigo prisioneiro de Guerra no Vietname, conhecidíssimo um pouco por todo o lado em terras do tio Sam, com muitos anos de Senado, "amigo do ambiente" e apelidado por muitos como um Maverick.
Os Norte-Americanos estão profundamente desagradados com o desempenho da Administração Bush (35% aprovam o trabalho de W. Bush, 65% não) e, é preciso que se note, no último século raríssimas foram as vezes em que qualquer um dos dois Partidos ficou mais que duas vezes seguídas na Casa Branca. Recordo-me, de cabeça, de Franklin Delano Roosevelt pelos Democratas e dos 2 mandatos de Reagan completados com mais 1 de Bush pai. Para além da conjuntura, a história do século XX está contra John McCain.
É óbvio que nenhum candidato é perfeito, e John McCain também tem pontos vistos como incómodos pelos cidadãos dos Estados Unidos: nomeadamente a sua idade (71 anos). Mas, contrastando com a idade do seu principal oponente, Barack Obama, e com a experiência deste (pouco relevante), McCain conseguiu afastar o rótulo de velho incapaz para adquirir outro: o de velho capaz. O do velho energético, o do velho com bom humor, o do velho patriota.
Outra pedra no sapato de McCain tem sido a crescente propaganda que vai contra a sua história de Prisioneiro de Guerra. John McCain raramente fala da sua experiência, não se sabe muito bem porquê, e o Partido Republicano tenta a todo o custo que ele se refira a pormenores dos 5 anos que passou no Vietname. Ele lá se vai defendendo, dizendo que Obama nem sequer cumpriu serviço militar...
As sondagens são bem elucidativas: os Norte-Americanos têm muito mais medo de Obama a Presidente do que de McCain. O número de pessoas que afirmam que Obama é muito inexperiente para Presidente ultrapassa mais que o dobro aquelas que pensam que McCain é muito velho para ser Presidente.
Os "ventos da mudança" estão cada vez mais ténues, segundo a última vaga de sondagens. As distâncias já vinham a ser encurtadas desde há algum tempo por McCain, quer a nível nacional quer a nível de estados considerados swing states. Noutros estados, tem ganho terreno.
A inteligência dos Republicanos tem sido abismal: aproveitar tudo para jogar contra Obama e a favor de McCain. Aproveitaram-se, e bem, da situação na Geórgia: o senador do Arizona falou descontraidamente em comícios sobre o assunto, clarificando a sua visão sobre a questão, atacando em todas as frentes a Rússia, ainda muito odiada nos Estados Unidos; aproveitaram-se dos deslizes típicos de campanha eleitoral: a gaffe de Obama referente aos 57 estados dos Estados Unidos da América; a suposta gaffe de Obama, desta vez no que diz respeito à questão de Jerusalém; o aceitar e a posterior recusa dos fundos eleitorais por parte do Democrata; o flip-flop referente ao Iraque e a outras questões; e, por fim, aproveitaram-se de Obama: os seus discursos de fazer chorar meio Mundo; os seus apoiantes, que não sabem bem justificar porque votam Obama; a sua inexperiência.
Voltando atrás, hoje apareceu, pela primeira vez, uma sondagem a dar uma vitória considerável a John McCain a nível nacional: 46% para 41%. Já aqui frisei anteriormente que pouca importância dou a estas sondagens, uma vez que, como sabemos, é perfeitamente possível um candidato perder a nível nacional e ganhar a eleição. Mas não deixa de ser uma sondagem digna de registo.
Este processo de aproximação de McCain vem desde há algum tempo, depois do boom de Obama nas sondagens, após a conquista da sua nomeação. A aproximação agora efectivou-se, as casas de apostas já mexem nas chamadas odds...
Desengane-se, porém, quem pensa que isto ficará por aqui até às eleições: ao ritmo a que a coisa anda, tudo pode acontecer. As coisas vão continuar loucas até ao último dia de campanha.
John McCain tem que continuar a sua recolha de Democratas independentes e de Democratas mais moderados (Joe Lieberman pode ser um bom trunfo); tem que continuar a lutar pelos votos dos não-filiados, que continuam a estar muito divididos entre os dois candidatos; tem que arranjar uma maneira de penetrar no eleitorado feminino, claramente mais chegado a Obama; não tem, forçosamente, que conquistar o voto hispânico como o fez Bush há 4 anos atrás, mas convém não perder o eleitorado de olho.
Mas John McCain também já tem outras frentes livres: os Republicanos estão cada vez mais unidos, e o sentimento NOBAMA prolifera por aquelas bandas; os Evangélicos aparecem cada vez mais, como é norma, chegados ao candidato Republicano.
Uma aposta minha: os indecisos até perto das eleições, votarão McCain. É o chamado "voto seguro".
Tanto um como outro têm reais chances de ganhar em Novembro. A diferença entre perder e ganhar nesta eleição é muito pequena: basta perder 1 estado e tudo vai por água a baixo. Cada voto conta, cada segundo de campanha é importante.
quarta-feira, 20 de agosto de 2008
Feira da Ladra
O Presidente da República vetou o Regime Jurídico do Divórcio. Baseado no que tenho ouvido, superficialmente, o moribundo estará pejado de “opções” pós-modernas.
Uma delas parece estar relacionada com uma tal de ‘conta-corrente’ que, segundo percebi, permitiria aos cônjuges que a mantivessem, e em caso de divórcio, saber quem contribuiu com quê. Enfim. Só faltava esta. A ser assim tratar-se-ia de casamento por quotas.
Esquivando-me aos pormenores cirúrgicos, diria que a nossa constituição estabelece dois ‘tipos’ de pilares (órgãos de soberania): o poder legislativo e o poder judicial. Daqui parece decorrer um dos mais sacrossantos mandamentos do nosso edifício constitucional: a independência do poder judicial (tribunais e respectivos juízes) face aos outros órgãos de soberania.
Independência, significa isolamento. Significa quintais separados. O poder legislativo deve legislar, os juízes devem julgar sem botar sentença política, e o poder legislativo deve abster-se de meter a colherada em decisões judiciais.
Quando, por via dos cordéis de poder político o poder judicial sente estar em causa a sua independência, faz sentir, e muito bem, que sente atacado o respectivo pilar.
Voltando à carga à história do veto presidencial, parece-me comentário a nível de varina (perdoem-me caras senhoras pregoeiras de peixe fresco), o que foi declarado à imprensa pelo presidente da Associação Sindical dos Juízes:
O presidente da Associação Sindical dos Juízes considera que o veto presidencial ao Regime Jurídico do Divórcio é consequência da «arrogância e autismo» do PS.Que tem um delegado sindical de debitar postas de pescada sobre assuntos não sindicais (dando de barato que a própria existência de um sindicato de juízes não é já algo bizarro)?
Para António Martins, a maioria parlamentar socialista têm demonstrado arrogância ao pensar que têm todas as soluções e que não precisam de ouvir ninguém», demonstrando depois autismo ao ouvir, mas na prática ao não ligar ao que ouve.
«Isto não é a atitude de bom senso de quem quer legislar procurando encontrar soluções. Isto é a atitude de quem se acha dono da verdade e que considera pura e simplesmente que as suas ideias são as únicas que devem merecer acolhimento», adiantou, em declarações à TSF.
António Martins defendeu ainda que a legislação aprovada pela maioria socialista em Abril «é globalmente má» e que o Regime Jurídico do Divórcio não precisa de qualquer alteração de fundo, apenas de pequenas alterações em relação ao sistema actual. [TSF]
Não devem os juízes (ou o delegado sindical fala por quem?) manter independência face ao poder legislativo? O alijamento de independência quererá significar que estará a ‘classe’ receptiva à instalação, entre portas, de cadernais para os cordelinhos do poder legislativo?
Estará o delegado sindical a mostrar disponibilidade aos partidos da oposição? E a disponibilidade será dele, pessoal, ou disponibilidade do corpo (todo ou parte) que parece representar?
....
PS.
Já agora, caso o Presidente da República não tivesse vetado a legislação, diria o sindicalista, também do Presidente, o mesmo que disse do PS?
.
terça-feira, 19 de agosto de 2008
Nova vítima: o "buraco"
As recentes derrocadas da “ciência” do aquecimento global vão fazendo moça. Os estúpidos de serviço andam mais tontos que o nunca e sabem, também, que levarão facilmente nas orelhas caso insistam em meter a pata na poça culpando o CO2 pelo “aquecimento” que, por esta altura, de acordo com os palermoides do IPCC e respectivos kiotistas, já deveriam ter reduzido todo o ser vivo a churrasco.
De qualquer forma o CO2 por aí continua e há que encontrar um malefício que permita culpar a indústria, o mundo civilizado em geral e George Bush em particular.
Já algumas vezes tinha ouvido esta e hoje, na SIC, voltei a ouvir. O nova vítima do CO2, das indústrias, da civilização, do capitalismo e de Bush é ... o buraco do ozono. Nem mais.
Podia ser a passarada que é cortada em fatias de cada vez que cruza o plano de rotação de uma eólica, mas não. É o buraco do ozono.
Podia ser a fauna que, em geral, desapareceu das zonas onde foram instaladas as torres dos moinhos que todos pagaremos com língua de palmo, mas não. É o buraco do ozono.
Podia ser a maior incidência de sida em grupos de risco, o racismo de pedra e cal nos bairros habitados por gente culturalmente alternativa. Mas não, é o buraco do ozono.
E eu a pensar que o buraco no ozono era provocado pelo excesso de actividade dos ceramistas das Caldas da Rainha.
.
De qualquer forma o CO2 por aí continua e há que encontrar um malefício que permita culpar a indústria, o mundo civilizado em geral e George Bush em particular.
Já algumas vezes tinha ouvido esta e hoje, na SIC, voltei a ouvir. O nova vítima do CO2, das indústrias, da civilização, do capitalismo e de Bush é ... o buraco do ozono. Nem mais.
Podia ser a passarada que é cortada em fatias de cada vez que cruza o plano de rotação de uma eólica, mas não. É o buraco do ozono.
Podia ser a fauna que, em geral, desapareceu das zonas onde foram instaladas as torres dos moinhos que todos pagaremos com língua de palmo, mas não. É o buraco do ozono.
Podia ser a maior incidência de sida em grupos de risco, o racismo de pedra e cal nos bairros habitados por gente culturalmente alternativa. Mas não, é o buraco do ozono.
E eu a pensar que o buraco no ozono era provocado pelo excesso de actividade dos ceramistas das Caldas da Rainha.
.
Michael Phelps... x 8
O anti-Americanismo convulso chega a níveis estratosféricos. O mais recente alvo é Michael Phelps, vencedor de oito medalhas de ouro em Pequim (com 7 recordes mundiais e 1 recorde olímpico).
O atleta Norte-Americano bateu o anterior recorde do seu compatriota Mark Spitz que, em Munique (1972), tinha conquistado sete medalhas de ouro.
Por entre as desconfianças de todo o Mundo (em especial da Europa), Michael Phelps responde: "Sou um rapaz normal: gosto de pizzas e de hamburgueres". É o American way of life...
Em vários sites de informação nacional (Público, Record, entre outros) e internacionais, alguns adeptos de Chávez, do Hamas, da Al-Qaeda e fervorosos críticos dos malditos capitalistas que compram atletas aos países mais pobres, lançam teorias sobre o sucesso de Phelps. "É o doping"; "É a profundidade da água"; "É o fato especial feito em Portugal"; "São os júris e os árbitros".
A margem disto tudo, Michael Phelps cumpriu todos os seus objectivos. Em Londres 2012, vai alcançar o feito de ser o atleta mais medalhado de sempre nos Jogos Olímpicos. Mais sapos se engolirão, certamente.
Ainda há quem se vá entretendo a fazer contas, dizendo que todos os países da União Europeia têm mais medalhas que os Estados Unidos da América. Não admira: os Estados Unidos têm limitações iguais às de um mero país Europeu como Portugal quando leva a sua delegação e, como tal, a União Europeia pode levar 27 vezes mais atletas que os Estados Unidos. Para além disso, convém não esquecer que quando um Alemão ganha a medalha de ouro não ouve a 9ª sinfonia de Ludwig Van Beethoven mas sim a Das Lied der Deutschen (A canção dos Alemães) porque a União Europeia não é um país!
Os Estados Unidos da América são a maior delegação. São o país com mais medalhas nestes Jogos (até agora), pese embora a China tenha mais medalhas de ouro.
segunda-feira, 18 de agosto de 2008
Deverá a UE criticar a Rússia?
A Europa tem dado especial importância aos desenvolvimentos no Cáucaso. Capas de jornais, notícia de entrada dos telejornais, motivo de discussão entre valorosos intelectuais Portugueses e Europeus. É compreensível, na medida em que este conflito põe a Europa, nomeadamente a União Europeia, numa situação bastante difícil: criticar a Rússia pela sua ingerência nos assuntos internos da Geórgia, pela sua iniciativa que roubou a vida a alguns milhares de pessoas, que acabou com o status quo que vigorava há algum tempo ou, por outro lado, continuar refém das importantíssimas relações comerciais da União Europeia com a Rússia?
A decisão de Sarkozy foi uma decisão aceitável, dentro do previsto. Apesar da pressão enorme exercida pelos países do Báltico, o Presidente Francês sabia que não convinha levantar muitas ondas com os Russos: caso contrário a União Europeia veria substancialmente reduzidas as quantidades de gás e de petróleo provenientes da Rússia. Jogou, portanto, pelo seguro: criticou a Rússia, realçou o integridade territorial da Geórgia, mas não atacou fortemente a Rússia, ao contrário daquilo que têm feito outros líderes de países do Leste Europeu (Polónia, Lituânia, Ucrânia, etc.). Até a própria administração Americana, que sabe que este conflito não lhe diz particular respeito, teve uma acção muito mais energética do que a União Europeia.
Existem países na União Europeia muito menos dependentes da Rússia que outros. Portugal e Espanha, por exemplo, com o gás proveniente do Magrebe, estão "tranquilos" no que toca a esta questão. Será de esperar uma posição muito mais aliada aos países do Báltico, quando comparado com países do centro da Europa.
Os Estados Unidos da América anunciaram a possibilidade de boicote, a vários níveis, à Rússia de Vladimir Putin. Esta possibilidade fracassará com o certo recusar da União Europeia desta hipótese.
Entretanto, a República Checa selou com os Estados Unidos da América o acordo para colocar um escudo de defesa antimíssil na Europa Central. A República Checa junta-se desta forma à Polónia. O escudo visa proteger a Europa e os Estados Unidos de um possível ataque de Teerão aos países ocidentais. Putin diz que não: é o regresso à Guerra Fria.
Vi em rodapé, na televisão, que Chávez atribuía a crise na Geórgia aos Estados Unidos. O melhor amigo de Sócrates está cada vez mais afectada pela doença, e já não diz coisa com coisa. Mas, ao que consta, Chávez é dos mais adorado políticos à escala Mundial. Vá-se lá saber porquê...
No primeiro artigo sobre esta questão, o meu colega Carmo da Rosa, discordou daquilo que disse. Mas eu mantenho a minha: o conflito foi desencadeado pela intervenção militar da Geórgia na Ossétia, e é esta a razão que levou ao abrir do fogo. Outra questão, e é o que o meu caro colega Carmo estava obviamente a defender, é que a Rússia não invadiu a Geórgia por causa da acção desta na Ossétia. Mas isso já é outra questão. E eu concordo, obviamente, com ele.
Nas eleições para a Presidência dos Estados Unidos, esta questão deu um importante impulso a McCain. Vários analistas destacaram as suas intervenções, de forte crítica à Rússia (McCain defende, até, a saída da Rússia do G8), dizendo que McCain está como "peixe na água" neste assunto. Os Americanos mostraram, em algumas sondagens, preocupação com as últimas acções da Rússia e isto é, claramente, uma boa notícia para John Sydney McCain.
domingo, 17 de agosto de 2008
Quem está refém não é o gerente do BES: é Portugal
Um recluso evade-se da cadeia e, posteriormente, é detido em flagrante de delito durante um assalto. Sai em liberdade, depois de apresentar um Bilhete de Identidade falso.
Dois assaltantes estrangeiros assaltam uma dependência bancária, fazem seis reféns, deixando, no decorrer da tarde, quatro destes saírem. Sobram dois: uma mulher e um homem. Ambos estão com armas apontadas à cabeça, durante minutos a fio, à porta do banco. A polícia decide agir, um assaltante é morto e outro fica ferido. No fim, descobre-se que o assaltante ferido pode ver a sua já pequena pena substancialmente reduzida caso peça extradição para o seu país de origem.
Na Quinta da Fonte, dois grupos rivais (Africanos e Ciganos), batem-se pelo controlo do bairro. Envolvem-se em conflitos com variadas armas de fogo, algumas de Guerra, e a polícia faz apenas duas detenções, quando os grupos tinham algumas dezenas de "combatentes". Os Ciganos, despojados do "poder" no bairro, concentram-se à porta da Câmara Municipal de Loures, reclamando novas casas, mais seguras, longe dos malditos Africanos. O contribuinte, se for preciso, paga: é o preço da multiculturalidade.
Hoje, na Quinta do Mocho, novos tumultos: brigas, disparos, assaltos. Posteriormente, um assassinato. O infeliz jovem é, também, estrangeiro.
Quatro casos distintos, a mesma pergunta: será Portugal um país seguro?
É óbvio que não se pode responder a esta pergunta com base em quatro casos singulares (serão mesmo singulares?). Mas são talvez estes os casos que fazem mais pensar os Portugueses, demasiadamente distraídos com a sua vida. Porém, basta olhar para o nosso quotidiano para nos apercebermos da falta de segurança do nosso país.
Indo por casos, o primeiro caso é um caso que, apesar de triste, é insólito. Durante este assalto, o foragido fazia-se acompanhar por duas pessoas, entre eles um menor. Esta criança foi colocada no meio de um crime pelo seu pai (o foragido), creio que ainda não se apurou com que intenção. Foi baleada mortalmente por um polícia, a quem já foi instaurado um processo disciplinar. Possivelmente, o infeliz polícia, que deve ter chegado à conclusão que mais vale um tipo estar quieto, poderá também ser acusado de homicídio.
Presentes ao juiz, o foragido apresentou um Bilhete de Identidade falso e, aproveitando-se da sempre vigorosa medida de coacção aplicada pelos tribunais Portugueses, pôs-se a milhas. Só mais tarde a polícia descobriu quem era verdadeiramente o indivíduo.
Alguns amigos prontificaram-se, a seguir ao assalto, a fazer manifestações à porta do tribunal. Eram todos inocentes. Tudo boas pessoas. Tudo de boas famílias. Tudo gente pacata. Nós, Portugueses, é que não sabemos acolher os imigrantes e as pessoas diferentes. Somos um povo de racistas e xenófobos.
No meio disto tudo, quem tem menos culpa é a criança cigana. Aliás, muitas das crianças ciganas que, inseridas dentro de um meio que as incita directa ou indirectamente ao crime (contrabando, assalto, entre outros) são "ensinadas" desde pequeninas a fazer coisas de grandes. É pena, mas é verdade.
Felizmente existem já, na sociedade Portuguesa, muitas excepções àquela que era a regra. Os ciganos cada vez se integram mais na sociedade. Mas estes, os que lutam pela vida e não esperam que o estado lhes pague uma casa, acabam por sofrer de discriminação por conta de outros. Não é que a culpa seja dos demais habitantes em Portugal, mas a generalização é algo que ocorre irracionalmente.
No caso da dependência bancária, a polícia pecou pelo tempo demorado. Espremida até à última instância, a hipótese de rendição, a mais sensata e certamente a melhor para todos, acabou por não ocorrer. A polícia actuou bem, mas fica a sensação de que o caso poderia ter ganho outros contornos.
Sejam Brasileiros ou Portugueses, a conduta da polícia tem que ser exactamente a mesma: defender o cidadão que é privado da sua liberdade por outrém. Seja com recurso à bala, ao diálogo, ao chicote ou ao xadrez. É necessário vencer os criminosos e salvar os reféns.
A última instância deve ser a da bala. Mas, por ser a última, não deve ser posta automaticamente, como muitas vezes se faz, de parte.
Imagino o quão será frustrante para as vítimas do rapto saberem que, depois de tudo aquilo que sofreram, o criminoso não terá uma pena condizente com o mal que lhes foi feito. O código penal Português é assim mesmo, demasiadamente brando a meu ver, (vá-se lá saber porquê). Eu até acho que, este código penal se torna, muita vez, um incentivo para os criminosos.
Passar meia dúzia de anos na prisão (cuidado com as condicionais e com o "bom comportamento") ou tentar um assalto lucrativo e levar uma vida bem melhor?
No caso da Quinta da Fonte, uma zona que me faz lembrar as zonas "libertadas" de Paris, existe a lei da bala. Ou morres ou matas. A polícia, por aquelas bandas e por outras, está em menor número e com material inferior a nível tecnológico. Como manter a lei sem que os polícias detenham o material necessário, a confiança dos cidadãos e do Estado, a convicção típica da polícia em praticar o bem para o bem da população?
Um assaltante, em Portugal, tem mais direitos que um polícia.
Estes casos mais gritantes de deliquência, violência e crime acontecem em zonas periféricas das grandes cidades, mas começam alastrar por todo o Portugal. São praticados por todos os grupos etários, étnicos e religiosos. Não existem só uns culpados.
Mas existem grupos onde o foco é maior. Nomeadamente entre os jovens e entre os imigrantes.
É preciso fazer alguma coisa. Multiculturalidade sim, mas não a todo o custo. Liberdade sim, mas não a todo o custo.
Quem se encontra refém não é o gerente do BES: é Portugal.
sábado, 16 de agosto de 2008
A máquina total
A propósito da mania que o estado tem de meter o nariz onde não é chamado, pense-se nas "enormes" vantagens que um chip para humanos teria, devidamente colocado entre as omoplatas.
Parece que a ideia, aplicada a cães, gatos, bébés e a automóveis está a caminho.
Espera-se que a implementação do chip em humanos, equipado com um periférico instalado em local apropriado, venha a permitir alertar o Polvo que determinados contribuintes têm "comportamentos de risco" capazes de provocar, a prazo, gastos significativos em tratamentos hospitalares. Esta medida permitirá, de imediato, congelar a devolução de IRS aos contribuintes que trilhem os caminhos da prevaricação.
Para assegurar a aceitação e integração harmoniosa do chip pessoal a médio e longo prazos, será já implementada no próximo ano lectivo a medida fulcral que permitirá a convivência pacífica com esta nova tecnologia. Subsiste a dúvida, neste último caso, sobre quem será periférico de quem: se o computador do ser humano se o ser humano do computador.
De uma forma ou de outra, tudo indica que, ciberneticamente falando, o futuro é risonho.
.
Escaqueirou-se o Hockey Stick
O lapso é humano, mas apenas os vigaristas pretendem conseguir manter a mentira, como verdade, ano após ano, após ano.
Parece que o Hockey Stick mais famoso quebrou de vez (há outras versões). Teimou pela trafulhice, pela manobra de diversão, pela surdez, pelo conluio de um grupo de idiólogos "cientistas" convenientemente dedicados a "verdades" formatadas à vontade de outros ideólogos também iluminados, e engajados às Nações Unidas e respectivo IPCC.
Em ciência, tão grande é o desafio em propor uma teoria como de a manter de pé. E é desafio porque se sabe, à partida, que terá que ser defendida com unhas e dentes. As trafulhices, são apenas isso, trafulhices. São coisa de gente reles que apenas desenvolve esforço enquanto pretende evitar o desmascaramento.
Neste caso, foram anos. Anos, com o beneplácito do IPCC, das Nações Unidas e dos governos de pendor pós-moderno, apostados em demonstrar que a realidade é capaz de ser dobrada de acordo com os seus doutos idiais.
(Via EcoTretas.)
.
Subscrever:
Mensagens (Atom)
-
Um dos pilares do liberalismo e do mercado livre, é a constatação, colhida da prática, de que a concorrência, a livre formação dos preços, ...
-
Crise. Recessão. Depressão. Agora é que vai ser: os EUA vão entrar pelo cano e nós atrás deles. Talvez para a próxima. Para já, e pelo trigé...