It is quite gratifying to feel guilty if you haven't done anything wrong: how noble! (Hannah Arendt).
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quarta-feira, 8 de outubro de 2008
Eleições Norte-Americanas XXII
Hoje escrevo o artigo 22 sobre as eleições Norte-Americanas deste ano. Já não me lembro do que escrevi no artigo 8, mas sei que a minha opinião sobre os protagonistas (ambos os candidatos), sobre os possíveis resultados das eleições, entre outras coisas, se alteraram ao longo dos meses que passaram.
Não encarei a figura de ambos os candidatos e as suas respectivas ideias como algo absoluto ou imutável. Nem era de todo coerente fazê-lo pois, tanto McCain ao longo das mais de duas décadas de Senado, como Obama ao longo desta campanha eleitoral, demonstraram não ser pessoas de ideias fixas. Nesta campanha tanto Obama como McCain ficaram conhecidos por serem flip-floppers derivado à mudança de algumas das suas opiniões (lembro-me, de cabeça, da posição de Obama no que toca ao Iraque).
Apesar disto, não deixei de ficar surpreendido com aquilo que Obama fez depois da vitória nas Primárias. Barack transfigurou-se, tornou-se um homem com ideias e soube transmiti-las (tanto nos debates como em entrevistas) e abandonou (embora que não completamente) a política populista que alimentou a sua nomeação.
Este abandonar da estratégia que o levou a vencer as Primárias, tornou-o um candidato mais forte para a Casa Branca. Como já aqui frisei no blog, Barack Obama não teria a mínima hipótese se continuasse a fazer o tipo de política que derrotou Hillary: o eleitorado das eleições gerais é substancialmente maior e mais diverso do que o das Primárias Democratas, exigindo dessa forma mais atenção aos tópicos e menos à palhaçada.
Após algumas hesitações iniciais, a escolha de Joe Biden demonstrou que Obama ia mudar de estilo. Já a escolha de John McCain para a vice-Presidência obrigou Barack a dar a ruptura total. Obama tinha a necessidade de se afirmar como um candidato astuto e capaz, o contrário da ingenuidade que lhe era atribuída como característica.
O desviar das atenções para Palin foi muito importante para Obama conseguir fazer esta transformação, lentamente, sem ninguém dar por isso. Não deixou, dessa forma, de contar com o apoio dos jovens que são, como sabemos, a principal base de apoio do Democrata (mas também a mais frágil...).
No primeiro debate foi totalmente visível esta nova posição de Obama, a sua perspectiva mais realista dos Estados Unidos e do Mundo sem, no entanto, dar um arzinho da sua graça aqui e ali. Temas económicos foram dominados pelo afro-americano, pese embora fosse visível uma resposta muito capaz de John McCain, ao contrário do que seria, para muitos, de prever.
O "velhote" portou-se muito bem neste aspecto, mas foi na política externa que se destacou. Conhecedor dos palcos de guerra em que os Estados Unidos combatem hoje, com uma visão geo-estratégica absolutamente incrível, com um conhecimento abrangente em todas as áreas de relevo no domínio da política externa, McCain demonstrou que tem um conhecimento ímpar do Globo. Obama deixou-se ir atrás da onda neste debate, repetindo several times: "John is right. John is right".
McCain foi para mim o vencedor deste primeiro debate, mas a diferença entre ele e Obama não foi o que ele esperava. Talvez por isso o empate técnico é o defendido pela maioria dos analistas.
Voltando agora um pouco atrás, o mapa das eleições sofreu, nas últimas semanas, mudanças importantes, na sua maioria em favor de Obama, não só pelo acabar do fenómeno Palin (que se revelou éfemero e não trouxe, pelo menos nas sondagens, o voto feminino) mas também pela tal mudança estratégica de Obama e ainda pela crise económica Global.
Tenho algumas reticências em encarar esta viragem de Obama como uma estratégia, pois acho que aquilo que ele fez nas Primárias é que foi uma estratégia. Obama, ele próprio, agora sim, revelou-se.
Assim sendo, estados divididos começaram a virar Obama, sem que se torne irreversível este facto, como é óbvio. Florida, Ohio, North Carolina, Virginia, New Hampshire, Missouri, Colorado e Indiana serão os estados que vão decidir esta eleição. Basta a Obama ganhar um dos grandes estados em disputa (Florida, Ohio ou North Carolina) para gameover.
Mantenho a convicção que McCain ainda pode ganhar a eleição, com os votos dos indecisos e com os votos maciços dos religiosos.
No debate vice-Presidencial, Joe Biden demonstrou toda a sua categoria, saber e experiência. Profundamente conhecedor do Mundo que nos rodeia este homem poderia ser, perfeitamente, o nomeado dos Democratas para esta eleição. Esteve muito bem em todo o debate, dominando economia, saúde, relações externas.
Joe Biden ganhou o debate a Sarah Palin, mas nem por isso pode estar muito contente: a mulher do Alaska superou as expectativas para 90% das pessoas que viram o debate e aguentou-se muito bem nele, sem uma única gaffe de relevo.
No segundo debate Presidencial, decorrido ontem, a história foi diferente: surpreendentemente, Obama esteve a um nível estratosférico, contrastando com um McCain bom, mas que, a precisar de uma vitória esmagadora no debate, fez pouco por isso.
Digo surpreendentemente porque o conteúdo das frases de Obama demonstraram um homem que, nos próximos 4 anos, passará, provavelmente, de ídolo a odiado pela esquerda Mundial. Directo nas respostas, afirmou que os Estados Unidos não têm, de longe, a obrigação de esperar pelas Nações Unidas para actuar quando acharem que isso é o melhor a fazer. O Irão para Obama deve, literalmente, bater a bola baixa. Quanto ao Iraque, Obama falou de uma política consciente, levando a crer que aquela coisa de definir uma meta rígida já lá vai.
Obama parecia defender uma política bem mais interventiva dos Estados Unidos no Mundo, bem mais belicista até (muito para além do humanitarismo de Clinton)...
Algo de extraordinário tem que fazer a máquina Republicana para inverter uma situação que está algo negra para John McCain. O tempo escasseia, McCain tem as suas possibilidades, mas as coisas estão bem difíceis.
PS: Que tal meter a Palin na Playboy? (being sarcastic).
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16 comentários:
Excelente artigo.
No entanto um pequeno reparo:
"Quanto ao Iraque, Obama falou de uma política consciente, levando a crer que aquela coisa de definir uma meta rígida já lá vai."
Concordo quando diz que Obama fala agora de uma politica mais consciente do que fazia durante as primárias mais ele não abondonou, nem de perto nem de longe, "aquela coisa de definir uma meta rígida". Pelo contrário repetiu por diversas vezes que é necessário estabelecer um "time frame".
Stran:
"Pelo contrário repetiu por diversas vezes que é necessário estabelecer um "time frame". "
500 anos é um time frame perfeitamente apropriado.
RoD,
Você não existe...
Stran,
Falar de 'time frame' sem dizer qual, é como dizer a um gajo que lhe deseja as melhores felicidades, sem especificar que encara a possibilidade do desejo poder ser satisfeito 'já' no outro mundo.
.
Meu caro RoD,
Não acha que se colocasse uma data especifica Obama estaria a ser pouco consciente?
Stran:
"Não acha que se colocasse uma data especifica Obama estaria a ser pouco consciente? "
Seria tão inconsciente quanto o é quando anuncia que se propõe dar porrada ao Paquistão. Seria preferível estar calado.
Nem ele nem ninguém sabe quanto tempo será necessário lá estarem. Mas ele sabe bem (se calhar não), que anunciar a saída, mesmo que muito o de leve, dá ao adversário um 'time frame' para voltar à carga.
Se eu fosse adversário das tropas americanas e não soubesse quando sairiam, eu não teria sequer uma luz ao fundo do túnel (a não ser pela via das virgens). Sabendo que a saída das tropas está em cima da mesa, gera alento.
E, já agora, caro Stran, você é incapaz de antever, de forma autónoma, estas coisas? Você é um puro racista, capaz de pensar que os adversários dos americanos são seres menores, incapazes de entender o que Hussein Hope Barak Change Obama diz?
.
Caro RoD,
"Você é um puro racista, capaz de pensar que os adversários dos americanos são seres menores,"
Você tem algum problema com o alcool? Donde é que veio essa tirada do racista?
"Seria tão inconsciente quanto o é quando anuncia que se propõe dar porrada ao Paquistão."
Claramente você tem um problema de audição. Vá lá ver bem o debate, ouça com atenção o que Obama disse e depois venha cá comentar...
"Nem ele nem ninguém sabe quanto tempo será necessário lá estarem. Mas ele sabe bem (se calhar não), que anunciar a saída, mesmo que muito o de leve, dá ao adversário um 'time frame' para voltar à carga."
Não entendo a sua posição, se dissesse uma data era inconsciente pois não tinha ainda informação suficiente para se comprometer com essa data, se não diz uma data especifica "é como dizer a um gajo que lhe deseja as melhores felicidades, sem especificar que encara a possibilidade do desejo poder ser satisfeito 'já' no outro mundo."
Ouça o debate e tente uma vez na sua vida perceber o que foi dito e não o que você imagina que ele quer dizer...
Stran,
Não é preciso fazer-se de parvo. Basta que não o tente que o resultado é o mesmo.
Veja lá se gosta desta.
Obama said if elected in November 2008 he would be willing to attack inside Pakistan with or without approval from the Pakistani government, a move that would likely cause anxiety in the already troubled region.
http://www.reuters.com/article/domesticNews/idUSN0132206420070801
Se quiser mais é só dizer.
.
Caro Rod,
Tem algum problema em ler/ouvir Inglês?
Está aqui a transcrição que o Obama disse:
Obama: "And if we have Osama bin Laden" in our sights and the Pakistani government is unable or unwilling to take them out, then I think that we have to act and we will take them out"
Diga-me o que isto tem a ver com o que você disse: "Seria tão inconsciente quanto o é quando anuncia que se propõe dar porrada ao Paquistão"
E já agora sabe quem curiosamente também tem a mesma dificuldade que você tem:
McCain: "In fact, he said he wants to announce that he's going to attack Pakistan"
Fonte: http://edition.cnn.com/2008/POLITICS/10/07/video.transcript/index.html
"...to attack inside Pakistan..."
Percebe o que isto quer dizer?
Já agora da mesma noticia de 01/08/2007 que colocou o link:
"Democratic presidential candidate Sen. Barack Obama said on Wednesday the United States must be willing to strike al Qaeda targets inside Pakistan, adopting a tough tone after a chief rival accused him of naivete in foreign policy."
Caro Stran, a ideia de Obama invadir o Paquistão não foi somente citada no último debate Presidencial. Aí, ele contextualizou tal e qual como você afirmou, mas se você for lá mais atrás encontrará declarações diferentes. (McCain falou sobre isso no 1º debate)
Caro Stran,
Ponha-se a pau porque não há transplante para a burrice.
Se eu disser:
1 - Vou assobiar ao vizinho.
2 - Vou berrar ao vizinho.
3 - Vou matar o vizinho,
Você é capaz de afirmar que as 3 afirmações valem o mesmo?
Aquilo que transcrevi, já eu ouvi, em imagem, da boca dele. Já ouvi várias vezes.
Para completar o ramalhete, só falta que Hussein Hope Barak Change Obama declare guerra ao Paquistão.
Seria duplamente transcendente porque a esquerda floribélica (de estúpidos militantes) acha que, em relação à guerrrrra (como gosta de acentuar o supremo palerma do Bloco) Hussein está nos antípodas de Bush e McCain, e porque ele não sendo ainda Presidente não tem forma de declarar guerrrrra.
Aquilo que apontei, ouvi da boca do gajo, eu e toda a gente.
.
Caro RB,
"...mas se você for lá mais atrás encontrará declarações diferentes. (McCain falou sobre isso no 1º debate)"
Consegue-me arranjar um link, mas do Obama não do McCain como é obvio.
Caro RoD,
"Ponha-se a pau porque não há transplante para a burrice."
Você é tão querido, a oferecer a sua burrice para eu o entender... Estou sensibilizado.
"Aquilo que transcrevi, já eu ouvi, em imagem, da boca dele. Já ouvi várias vezes."
Então não lhe será dificil colocar um link.
Link para super-estúpidos:
http://www.youtube.com/watch?v=uw2XTC1V4fk&feature=related
.
...
http://www.youtube.com/watch?v=5P-Jvobd3-8
...
Meu caro RoD,
Um cursinho de inglês fazia-lhe muito bem.
Poder-me-á dizer qual a diferença que encontra entre o que ele disse em 2007 e:
""And if we have Osama bin Laden" in our sights and the Pakistani government is unable or unwilling to take them out, then I think that we have to act and we will take them out""?
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