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sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Eleições Norte-Americanas XXVIII


Este será, provavelmente, um dos últimos artigos que escreverei sobre as Eleições Norte-Americanas de 2008. O tempo urge, a campanha aproxima-se do final e tudo se encontra, por muito que não queiram, difícil de prever.

O Lidador e o Paulo têm dado particular relevância, nas últimas semanas, às eleições Norte-Americanas nos seus artigos. É óptimo que isto tenha acontecido, pois de verborreia pro-Messias a malta já anda um pouco farta.

Enalteço o trabalho do Lidador, que trouxe até nós algumas das verdades escondidas pela Comunicação Social Internacional. A amizade com Ayers, as transferências monetárias para a ACORN, a sua juventude marcada pela partilha de valores muitas vezes avessos aos Norte-Americanos e os jantares suspeitos com Palestinianos levam-nos a pensar quem será, realmente, Barack Obama.

Ninguém sabe ao certo. Creio que nem Barack Obama saberá. Mas isso também é parte da estratégia: dar uma no cravo, outra na ferradura.

A maioria das pessoas pensa que sabe o que o Obama é: Deus. É o tipo que não entrará em Guerras e que vai terminar com as já existentes, é o tipo que fechará Guantánamo e Abu Ghraib, é o tipo que reatará as boas relações dos Estados Unidos com a Europa, é o tipo que se sentará à mesa das negociações com tudo e com todos, é o tipo que defenderá a diplomacia e repudiará a Guerra, é o tipo que vai ratificar um futuro tratado Mundial relacionado com o Aquecimento Global, é o tipo que vai colocar os Estados Unidos no Tribunal Penal Internacional, é o tipo que vai distribuir a riqueza, é o tipo que dará saúde para todos os Americanos, é o tipo que ajudará África.

Outros, nos quais creio que o meu colega Paulo se insere, acreditam que Obama trará alguma espécie de mudança, mas longe daquela que a esquerda Mundial sonha. Fará reformas a nível interno, aumentará impostos, tomará medidas proteccionistas, concentrará esforços no Afeganistão, falará com a Europa, praticará a diplomacia, atacará o Irão e defenderá Israel.

Outros, nos quais eu me insiro, não julgam nada. Estamos confusos demais para isso. O rapazinho diz uma coisa nas Primárias e agora diz outra totalmente diferente? Vê babado durante toda a sua vida os discursos do Reverendo Wright e agora critica-o acerrimamente? Financia a ACORN e depois diz que não tem nada que o relacione com ela? Diz que cortará os impostos à classe média, quando 40% dela já não os paga? Primeiro aceita os fundos federais e depois diz que já não precisa deles? Vai retirar do Iraque e depois defende uma política ponderada? Defende a diplomacia a todo o custo e enviará mais tropas para o Afeganistão?

Acho muito difícil prever um mandato Obama, a avaliar por aquilo que ele já fez e disse no decorrer de toda esta campanha. A futurologia do meu colega Paulo até pode estar certa, mas Obama não é coerente. Deduzir algo das palavras de Obama é um exercício perigosíssimo. Obama é perigoso.

O Senador John McCain, pelo contrário, é um tipo que conhecemos bem, do qual sabemos o percurso de vida, os feitos, os projectos e a sinceridade. John McCain é um grande candidato para a Presidência dos Estados Unidos da América, um homem capaz, pela sua cultura, vivência e personalidade, de conduzir os destinos do mais forte país do Mundo. Os tempos são difíceis, requerem experiência, audácia, inteligência: McCain, no alto dos seus 72 anos, é um senhor em política internacional, profundo conhecedor do Mundo que nos rodeia. É isto que nós precisamos.

Alguém iluminado nunca negará as capacidades de John McCain. Poderá negar as de Sarah Palin, as de Bush, as de Cheney, as de Obama, as de Biden, as de Colin Powell, as de Rumsfeld. Mas nunca as de John McCain.

Tristemente, deparo-me, hoje em dia, com a extrema dificuldade que John McCain terá para vencer as eleições deste ano. A escolha de Sarah Palin revelou-se, depois de uns primeiros tempos, a pior coisa que poderia ter feito: a Governadora do Alaska tem-se revelado fútil, ignorante, interesseira e, dessa forma, uma péssima parceira para o Senador McCain. Mitt Romney, Rudy Giuliani, Mike Huckabee ou Joe Lieberman seriam, todos eles, melhores escolhas para o cargo de vice-Presidente dos Estados Unidos. Não que fossem melhores a desempenhar o cargo (um cargo que exige, como já referi, pouco), mas ajudariam, com certeza, McCain a ganhar mais votos, em diferentes áreas geográficas e em diferentes grupos eleitorais.

Porém, não vale a pena martelar mais no assunto, a escolha está feita e até pode ser que resulte.

As sondagens deste ano são, dada toda a conjuntura, bastante falíveis: clima de recessão económica; um negro a concorrer para Presidente e uma mulher para vice-Presidente; um mandato Bush odiado por 60% dos Americanos; uma Guerra do Iraque que, apesar de estar agora a ser ganha, ainda deixa muitas dúvidas no ar; uma Rússia e um Irão agressivos, uma Venezuela que abre demais a boca; um inexperiente a concorrer para o cargo, com ligações perigosas e, para muitos, muçulmano; um herói de guerra a concorrer para o cargo.

São umas eleições suy generis. Tanto para os Estados Unidos como para a Europa. Umas eleições que definirão o nosso futuro, tal é, em algumas matérias, o antagonismo existente entre os dois candidatos.

A Europa reconhece que as eleições são especiais, na medida em que existe um candidato especial, fofinho, bonito e imaculado. Que ninguém lhe ouse fazer o mesmo que fizeram a Kennedy! A esperança é grande, mas ao mesmo tempo pequena: os Americanos, esse povo racista, já alterou resultados de eleições para colocar Satã no poder, em detrimento do magnífico Al Gore...

Então não é que já prenderam uma carrada de neo-nazis que queriam matar o Obama? Ai estes Americanos, rudes, racistas, xenófobos, estúpidos, burros!

Do alto da minha ignorância, o que acham que aconteceria a um judeu se este se candidatasse para a Presidência Húngara? E a um negro que se candidatasse para a Presidência Alemã? E a um cigano que se candidatasse para a Presidência Italiana?

Acho que todos nós sabemos a resposta.

O mapa dos Estados Unidos que vos trago acima é a minha visão sobre o estado das coisas nas eleições: o azul retrata os estados "já" ganhos por Obama; o vermelho retrata os estados "já" ganhos por McCain; o cinzento os estados que poderão ver o sentido de voto alterado.

Obama leva, de facto, uma vantagem considerável de 63 votos eleitorais na corrida para a Casa Branca. Porém, está longe de poder gritar vitória, apesar de ser quase certa a sua vitória na Pennsylvania (+21), no Iowa (+7) e no New Mexico (+5). Com a junção destes três estados, ficam a falar 11 votos (Obama fica com 260).

Ora, estou em querer que podemos excluir de possíveis estados a ganhar por Obama a Carolina do Norte (reduto que Bush ganhou por 13% e que, por força de ser um estado com muitos Afro-Americanos, está agora muito dividido), o Indiana (Bush ganhou o Indiana por 20% mas, dada a proximidade geográfica do Illinois e a expansão dos subúrbios deste mesmo estado, para além de uma possível mãozinha da ACORN, Obama encontra-se por perto) e o Missouri. Com a junção destes três estados às contas de McCain, ficam a faltar 71 votos (McCain fica com 200).

A decisão faz-se, portanto, no Colorado, no Nevada, no Ohio, na Vírginia, na Florida e no New Hampshire.

John McCain tem que ganhar, forçosamente, Ohio e a Florida. As coisas não estão muito negras, é até provável que isso aconteça. Com a junção destes dois estados, McCain ficaria com 247 votos, contra os 260 de Obama.

McCain pode até perder a Vírginia, mas teria que ganhar Iowa ou New Mexico como recompensa (ou outro qualquer estado fora Colorado, Nevada e New Hampshire). Porém, penso que as coisas continuam a estar muito equilibradas na Vírginia, que costuma, por tradição, votar Republicano.

Isto vai ser renhido. É bastante provável que, dado o actual estado de coisas, o vencedor nem chegue aos 300 votos eleitorais (McCain de certeza que não chega).

Entretanto, seguem preparativos aqui em casa para o grande dia. Quem quer vir beber uma jola e ver a eleição?

23 comentários:

Paulo Porto disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Paulo Porto disse...

Caro Ricardo

Uma coisa interessante tem sido o silêncio da comunicação social quanto ao encurtar da distâncias nas sondagens.
Lembro que quando Obama descolou, só faltou o fogo de artifíoio.

Bom post. Com posts destes passamos bem sem ligar a CNN ou a Fox.

"Entretanto, seguem preparativos aqui em casa para o grande dia. Quem quer vir beber uma jola e ver a eleição?"
Era giro. Melhor ainda se o CdR se metesse a caminho e viesse também.

Anónimo disse...

verborreia pro-messias...

you're funny guy!


ezequiel

Anónimo disse...

Eu sou mais realista e tenho absoluta certeza que Obama se juntará ao triunvirato bolivariano para tornar a Ursal uma realidade, enquanto os sequazes do Lula se lançarão na batalha para obrigar os EUA's a pagar pesadas indenizações por cada comunista torturado ou morto no mundo, haja vista que toda desgraça deste é por culpa e responsabilidade exclusiva do Bush.

Sérgio Pinto disse...

Eu acho o seu discurso bastante engraçado, particularmente quando afirma que a maioria das pessoas pensa que sabe o que o Obama é: Deus., para depois juntar categoricamente que Alguém iluminado nunca negará as capacidades de John McCain. Poderá negar as de Sarah Palin, as de Bush, as de Cheney, as de Obama, as de Biden, as de Colin Powell, as de Rumsfeld. Mas nunca as de John McCain. Quase diria que para você McCain é o que você considera Obama ser para "a maioria das pessoas". Tempos difíceis ajudam à contradição, suponho. Deixe lá, isso passa-lhe.

Renato Bento disse...

Caro Sérgio,

O candidato John McCain é um candidato consensual, respeitado em todos os cantos dos Estados Unidos e cujo mérito é reconhecido além fronteiras.

Tem uma história de vida grandiosa, repleta de altos e baixos. A grande maioria dos cidadãos dos Estados Unidos sabem que estão perante um homem singular.

Se isso faz dele Deus, é algo que deixo à sua iluminada consideração.

Sérgio Pinto disse...

Eu não sei se você se dá conta do tom que usa para descrever o McCain, mas suspeito que não.


Se isso faz dele Deus, é algo que deixo à sua iluminada consideração.

Pois. Por outro lado, a forma como as outras pessoas vêem Obama já fica entregue à sua inquestionável opinião.

P.S. O grupo dos iluminados limita-se aos que endeusam o sr que, fazendo gala de se apresentar como perito em política externa, pensa que o Irão treina a Al-Qaeda.

Renato Bento disse...

"Eu não sei se você se dá conta do tom que usa para descrever o McCain, mas suspeito que não."

Suspeita mal.

Para o ajudar, hoje à noite não perca, na TVI, um documentario sobre a vida de McCain.

Não sei se o documentário é bom, mas ao menos sempre aprende qualquer coisinha.

"O grupo dos iluminados limita-se aos que endeusam o sr que, fazendo gala de se apresentar como perito em política externa, pensa que o Irão treina a Al-Qaeda."

Ao menos ele sabe que os Estados Unidos não têm 57 estados.

E que foi o exército vermelho que entrou em Auchwitz.

Anónimo disse...

"(um cargo que exige, como já referi, pouco)"

Com um candidato de 72 anos, a vice-presidência pode vir a exigir muito. E uma caçadora de alces com ideias criacionistas assusta muita gente.

Sérgio Pinto disse...

Lamento decepcioná-lo, mas não estou a pensar ver a TVI esta noite.

Se é suposto isto ser um concurso de listagem de asneiras, sugiro que volte a um post seu, um pouco mais antigo, em que lhe entreguei uma lista das calinadas do Mccain, dignas de um qualquer lidador ou PP.
A diferença, RB, é que quem quer propagandear uma pretensa aura de superioridade em relação a um dos candidatos, quase a roçar a perfeição, é você.

Luís Oliveira disse...

"Lamento decepcioná-lo, mas não estou a pensar ver a TVI esta noite."

Oh Pinto, olhe que é a noite das bruxas! Era um programa bom para si!

Renato Bento disse...

"Se é suposto isto ser um concurso de listagem de asneiras, sugiro que volte a um post seu, um pouco mais antigo, em que lhe entreguei uma lista das calinadas do Mccain, dignas de um qualquer lidador ou PP."

Para listagem de asneiras veja o meu post anterior, onde Obama lança umas pérolas absolutamente incriveis.

Carmo da Rosa disse...

Caro Ricardo,

Em grandes linhas estou de acordo com o artigo, apesar do título Eleições Americanas só corresponder a 50% do conteúdo. Porque o conteúdo resume-se a que MacCain é quem deveria ser o Messias e não o outro…

Muito bem. Porque não? A explícita predilecção por um candidato é de longe preferível a uma imparcialidade fingida. Mas mesmo assim, gostaria de fazer umas perguntas para dissipar certas dúvidas, e, para no final estar totalmente de acordo com o artigo e não só com as grandes linhas.

A ‘verborreia pro-Messias de que a malta já anda um pouco farta’ é algo generalizado na imprensa europeia, ou está limitada a Portugal?

‘Dar uma no cravo e outra na ferradura’, não será isto típico de qualquer político em campanha eleitoral?

‘A maioria das pessoas pensa que sabe o que o Obama é: Deus.’. Eu, por exemplo, não penso: estou absolutamente seguro que nos EUA é actualmente impossível ser candidato à presidência sem crer em Deus - ou sem pelo menos fazer de conta de maneira muito convincente. Se este candidato é Deus! Se ele é realmente The real thing, que melhor os Americanos poderiam escolher?

Obama, é verdade, não tem muita experiência, mas Bush tão pouco tinha! E Ronald Reagan então era um desastre, nem experiência, nem conhecimentos, e ainda por cima bulir tá queto ó tia. Era apenas, como Obama, um ’great communicator’. Mas não foi dos piores presidentes que os EU tiveram…

De John MacCain ouço muito boas referências, por exemplo em relação à sua posição de independente no Partido Republicano: não alinha muito no criacionismo - isso é mais a secção da Sarah -, mas nunca ouvi os especialistas gabarem os seus conhecimentos em política internacional, ou o seu profundo conhecimento do mundo que nos rodeia! Mas não há crise, porque provavelmente, caso seja eleito, vai de certeza fazer como todos os outros, vai rodear-se de especialistas.

E a boazona da Sarah Palin não é assim tão burra como a esquerda a pinta, e a direita também já vai acreditando. É evidente que a bacana não é uma intelectual, mas que é esperta é – todos os intelectuais são inteligentes, mas nem todos os inteligentes têm que ser intelectuais -, é preciso não esquecer que ela era governadora do Alasca. Um posto com mais responsabilidade do que a Câmara Municipal de Lisboa. No debate contra Joe Bidden ela não podia ganhar, porque ele, ao contrário de Obama e John MacCain, é um especialista em política estrangeira, mas também não foi esmagada. Espertalhona, lá se safou como pode. E desde esse momento parece que tem feito um enorme esforço para sair cada vez melhor nas entrevistas para a TV.

E ainda ontem, precisamente na TV, ouvi uma especialista dizer que a escolha da Sarah foi um golpe de mestre de John MacCain, e a prova é que depois da escolha MacCain subiu nas sondagens, porque obteve finalmente o voto dos que acreditam em Deus, não em Obama, mas no outro. Outra prova é que ela sempre conseguiu mobilizar muito mais gente (sobretudo a reacção, os tais newborn christians) do que o próprio candidato a presidente…

Gostei particularmente da pergunta retórica ’o que acham que aconteceria a um judeu se este se candidatasse para a Presidência Húngara? E a um negro que se candidatasse para a Presidência Alemã? E a um cigano que se candidatasse para a Presidência Italiana?’, mas, tendo em conta que o autor é Português, mais teria gostado se o negro se tivesse candidatado para a Presidência de Portugal em vez da Alemanha. Tenho cá uma fezada que se o negro tivesse os dotes oratórios do Obama (mas na língua de Goethe) a sua presidência seria mais bem aceite que no nosso país. Mas isto é talvez impressão minha.

E finalmente, o que é uma ‘jola’?

Renato Bento disse...

"Com um candidato de 72 anos, a vice-presidência pode vir a exigir muito. E uma caçadora de alces com ideias criacionistas assusta muita gente."

Caro Leonardo,

concordo por completo consigo. Sem dúvida que tem razão, John McCain já não é um candidato novo e deveria, a meu ver, escolher alguém preparado para ser Presidente, para o caso de algo lhe acontecer.

Eu já aqui disse que os meus vices favoritos seriam, por ordem de preferência, Romney, Lieberman, Giuliani ou Huckabee.

Como já mencionei noutro artigo, o vice-Presidente dos Estados Unidos da América tem um poder nulo. Só tem poder se o Presidente lhe conceder.

Só adquire poder de facto se o Presidente morrer.

Mas olhemos para os factos:

1 - Todos os exames clínicos de McCain apontam que este tem uma saúde de ferro, apesar dos melanomas de pele que já teve. Na TV, McCain nem parece ter 72 anos.

2 - A mãe de McCain, ainda viva, foi apanhada, há cerca de três meses, a conduzir sob efeito do alcool. Óbvio que apanhou uma multa.

3 - Ronald Reagan, quando se candidatou para o segundo mandato, era mais velho que McCain. Não foi por isso que deixou de fazer um grande mandato. E sabe em que ano morreu Reagan? Quase 20 anos depois de ter acabado o seu mandato (e já com uma tentativa de assassinato em cima...).

Palin também me assusta. Tal como me assusta Obama.

Biden nem tanto. Muito menos McCain.

Acredito que não terá problemas durante o mandato, Palin lidará com questões menores (energia, crianças desfavorecidas).

Renato Bento disse...

Meus amigos: desde o segundo artigo sobre as eleições Americanas que eu digo que estou por John McCain. Não sou jornalista, não sou imparcial: sou um opinador.

Critico, isso sim, aqueles que são jornalistas e, ao mesmo tempo, opinadores. Critico aqueles que não deixam, advertidamente, os pobrezinhos decidirem por eles próprios quem é que é o melhor para Presidente dos Estados Unidos.

Corro contra tudo e contra todos. Faço propaganda por McCain. Reconheci várias vezes as possibilidades do Senador Obama, o seu potencial em algumas áreas. Não tive problemas em reconhecer que ganhou o segundo debate, que a escolha de Sarah Palin foi má para McCain e a de Biden foi boa para Obama.

Caro CdR

"é algo generalizado na imprensa europeia, ou está limitada a Portugal?"

Europeia, Mundial.

"não será isto típico de qualquer político em campanha eleitoral?"

Afirmativo.

"Eu, por exemplo, não penso: estou absolutamente seguro que nos EUA é actualmente impossível ser candidato à presidência sem crer em Deus"

Correcto.

"Bush tão pouco tinha!"

W. Bush trabalhou para o pai, foi governador do Texas.

"Ronald Reagan"

Reagan foi um admirador de Roosevelt, escreveu discursos para Goldwater e foi governador da California (67-75). Candidatou-se e perdeu as primárias de 76. Em 80 foi eleito.

"gabarem os seus conhecimentos em política internacional, ou o seu profundo conhecimento do mundo que nos rodeia!"

Bastava ao meu caro Carmo da Rosa ter assistido ao primeiro debate para chegar a esta conclusão. Ou qualquer discurso de McCain (na integra, de preferência)

Não sei onde anda sintonizada a sua TV caro CdR... Sei bem que não é fácil um tipo desviar-se do enredo que anda à nossa volta, mas a CNN ainda passa umas coisinhas...

"mas também não foi esmagada."

Pois não. Eu, no artigo que escrevi depois do debate, teci as mesmas palavras que o caro Carmo está a tecer agora.

"E ainda ontem, precisamente na TV, ouvi uma especialista dizer que a escolha da Sarah foi um golpe de mestre de John MacCain, e a prova é que depois da escolha MacCain subiu nas sondagens, porque obteve finalmente o voto dos que acreditam em Deus, não em Obama, mas no outro."

Certo. Animou a base conservadora do partido, chamou atenção para a campanha.. Durante umas semanas. Depois a malta abriu o olho, foi ver quem ela é e ficou tudo assustado.

Eu tenho, cá para mim, que se Romney fosse chamado faria o mesmo (apesar de ser Mórmon) (para além de trazer dinheiro, ter experiència e trazer estados importantes). Ou até nem era preciso chamar ninguém, a base conservadora não pode com McCain, mas muito menos pode com Obama. A malta acabava por ir lá pôr o voto, descontente como é óbvio, mas ia lá.

A eleição decide-se sempre ao centro. Palin espanta o centro..

"Outra prova é que ela sempre conseguiu mobilizar muito mais gente"

Irrelevante por aquilo que já lhe disse: pode ter mobilizado, mas esses votantes estavam assegurados. Aquela malta não pode com o McCain, mas detesta o Obama. Ódio mesmo.

O grande objectivo era mobilizar as mulheres, algo que ela não conseguiu. A jogada saiu furada aí.

Pode ser que a malta mude o voto, e a queira ver na Casa Branca...

Além disso, os diversos casos que vieram à baila (os 150 mil euros em vestuário; a condenação por abuso de poder; etc.) só prejudicaram McCain junto dos votantes independentes.

"Tenho cá uma fezada que se o negro tivesse os dotes oratórios do Obama (mas na língua de Goethe) a sua presidência seria mais bem aceite que no nosso país. Mas isto é talvez impressão minha."

Escolhi a Alemanha ao acaso. Espero não ter ofendido o povo Alemão, povo que sempre se primou pela tolerância...

"E finalmente, o que é uma ‘jola’? "

Uma mini, caro CdR!

Renato Bento disse...

Caro CdR,

Atente a este parágrafo:

"WASHINGTON -- Last week I made the open-and-shut case for John McCain: In a dangerous world entering an era of uncontrolled nuclear proliferation, the choice between the most prepared foreign policy candidate in memory vs. a novice with zero experience and the wobbliest one-world instincts is not a close call."

Publicado no Washington Post, que deu endorsment ao Obama, por um cronista "especialista".

http://www.realclearpolitics.com/articles/2008/10/neither_candidate_an_economic.html

Leo disse...

"Eu já aqui disse que os meus vices favoritos seriam, por ordem de preferência, Romney, Lieberman, Giuliani ou Huckabee."

Com o Huckabee provavelmente o efeito alienador dos eleitores moderados era idêntico. Com o Lieberman alienava os conservadores.O Romney teria sido de facto o melhor.

Renato Bento disse...

Caro Leonardo,

Huckabee é, de facto, um conservador. Mas é uma pessoa minimamente dotada e qualificada, capaz de ser Presidente dos Estados Unidos.

O Senador Lieberman idem. Já disse que a hipótese de este alienar os conservadores era, de facto, forte: mas estes conservadores ODEIAM Barack Obama. Mesmo que não gostem de McCain, de certeza que iam lá colocar o voto...

Unknown disse...

Caro Cdr, é quase impossível fugir à doutrinação da vulgata, mas há coisas q têm de ser ditas:

1-Sara Palin não é criacionista. Esse homem de palha foi construído laboriosamente (e com sucesso) pela campanha democrata a partir de um episódio anódino.

2-Reagan não era isso que a vulgata impôs. Antes de ser presidente escreveu centenas de artigos de opinião onde defendia ideias elaboradas e estruturadas. Ideias que depois aplicou, mas que antes de as aplicar eram anematizadas pela inteligentsia nos campus e nas redações.

3-McCain não se endeusou nem foi endeusado. É genuíno, é só aquilo que parece ser.
Obama é visto como um Escolhido, como um Salvador, com poderes salvíficos como o Professor Bambo.
Todos os políticos têm de ser demagogos, mas Obama elevou a demagogia a um nível nunca visto.
Oxalá seja um pragmático, mas a verdade é que o pouco que se conhece dele, não permite estar tranquilo.

Sérgio Pinto disse...

Para listagem de asneiras veja o meu post anterior, onde Obama lança umas pérolas absolutamente incriveis.

Caro RB,

Já lhe disse que, se isto é um concurso de parvoíces debitadas, pode ir consultar a lista que já uma vez lhe enviei. E, para que fique claro, pela parte que me toca, o Obama bem pode debitar as parvoíces que entender, dado que eu não o endeuso nem o coloco num pedestal. Bem ao contrário de si com o McCain, o Perfeito (e brevemento, o Derrotado, dado que os 'idiotas' não souberam ver que ele era tão claramente superior e inatingível).

Sérgio Pinto disse...

Luisinho,

Faça o favor de se juntar aos seus colegas lidador e PP nas aulas de inglês, para não continuar(em) a ser (tão) ridicularizado(s) pela ml de cada vez que decidirem apresentar um estudo que contradiz precisamente o que um de vocês afirma no corpo do post.

Leo disse...

Caro Lidador:

"1-Sara Palin não é criacionista. Esse homem de palha foi construído laboriosamente (e com sucesso) pela campanha democrata a partir de um episódio anódino."

Segundo http://dwb.adn.com/news/politics/elections/story/8347904p-8243554c.html
ela disse:

"Teach both. You know, don't be afraid of information. " (sobre a evolução e o criacionismo)

Pode até nem ter convições criacionistas pessoais. Mas defender o ensino da teologia em aulas de ciência é digno da Arábia Saudita, não de um país ocidental.

ml disse...

A escolha de Sarah Palin revelou-se, depois de uns primeiros tempos, a pior coisa que poderia ter feito … [Giuliani and Co.] mas ajudariam, com certeza, McCain a ganhar mais votos

Também me parece. Se não a ganhar mais votos, pelo menos a não os perder.
Mas o estudo que ajudou o prezado a fundamentar um post memorável parece não dar grande importância a isso, acha que quem enterrou o senador McCain foi o rapazinho McCain, naquela fatídica semana em que os dois entrechocaram por causa do pró-crash casineiro. Foi feio, o rapazinho McCain dizia uma coisa num dia, o senador outra no dia seguinte. Nunca se entenderam.
Mas eu, olhe, não confirmo nem desminto, afinal a credibilidade dos rapazes lá da Pew é irregular. O gráfico é para levar a sério, a análise do gráfico não, apesar de o gráfico ser parte da análise. Esta da Palin não sei, talvez seja de acreditar que concorre a vice-presidente mas que conheça o McCain, não.

Mas o que verdadeiramente queria dizer-lhe é que tem toda a razão nas suas simpatias. Eu também não trocaria o senador McCain/um senhor/um herói por Hussein/o rapazinho/o perigoso muçulmano, sei lá.

Gostei também do seu sumário breve sobre a história da multiplicidade democrática neste sítio. E especialmente daquele blogueiro que simpatiza com a ida do Hussein para A Casa mas não com os eleitores que com ele se identificam e o vão levar até lá. Se é que vão, os caminhos do senhor são insondáveis e ainda existe margem de manobra, dois ou três dias para a TV receber o tradicional vídeo salvador dos republicanos. Que o envie agora ou que se cale para sempre, daqui a nada já os obamicans andam de bandeirinha a festejar.

E olhe, boa sorte, se não nos virmos antes. E não fique descorçoado mesmo que o vídeo se atrase, há sempre a esperança de que aqueles papelinhos perfurados, que tão bem funcionaram aí numas eleições quaisquer, façam de novo com que a maioria se transforme em minoria. Não é bem, bem, o milagre da subtracção dos pães mas uma versão mais rudimentar que deu provas.