Teste

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sábado, 16 de fevereiro de 2008

Semper idem

«Falou-se muito de excrementos e de bacios e um dos arguidos foi desafiado pelo juiz o precisar quantos centímetros teria o penico cheio de bosta no qual uma caloira da Escola Superior Agrária de Santarém colocou a cabeça no dia 8 de Outubro de 2002. "Dez... 15..." Dos sete jovens que ontem começaram a ser julgados por terem praxado uma colega há mais de cinco anos apenas um, José Vaz, decidiu não responder às perguntas relacionadas com o que se passou naquela tarde de Outubro numa quinta do estabelecimento de ensino superior onde todos estudavam na altura.» (Público, 15/2)

Ainda não sei como se espantam com isto. Meninos e meninas – com os quais cruzo nos corredores, nas aulas, na biblioteca, na cama – que frequentam o ensino superior formam-se em medicina, direito, psicologia, física, etc, e simultaneamente em barbaridade e alcoolismo. Não sabem ler nem escrever mas ao menos estão qualificados em tácticas de terror e capacitados para esvaziar o Jack Daniels de um fôlego. Se estes meninos e meninas são o futuro, o país está tramado, não teremos de pedir meças à Grécia ou à Estónia mas ao Congo ou ao Laus. Ainda me recordo o suplicio de explicar a colega – que sim senhora, belas mamas e melhores mamadas (imagino) – o que é um “leigo”, lia-se naquele rosto a educação que Abril nos legou para mal deste país e para infortúnio da mamada erudita. Isto não é um país, é uma tragédia

58 comentários:

Carmo da Rosa disse...

José Vaz, decidiu não responder às perguntas

Pudera, cinco anos depois como é que o rapaz se havia de lembrar?

-'Ora deixe-me cá ver Sr. doutor juiz, está a falar da praxe de 2002, 2003, 2004, 2005, 2006, ou de 2007?’

Caro David,
Se calhar teve que explicar rapidamente à colega o que é um “leigo” para não levar uma bofetada, porque isso não são coisas que se digam a uma senhora…

lia-se naquele rosto a educação que Abril nos legou para mal deste país

Esta frase, como as casas dos emigrantes, tem que ser preservada para a posteridade, e vai já para a minha colecção de citações. Vai ficar entre o Bernard-Henry Lévi e o Desmond Tutu. Lembra-me ao mesmo tempo uma frase do Pat Condell que tem muito a ver comigo: “I don’t have much of a formal education – which is good, because it means I can actually read and write.”

Anónimo disse...

lia-se naquele rosto a educação que Abril nos legou para mal deste país

Sim, de facto, tem toda a razão, a educação, 'antigamente', era claramente melhor. Não sei se já terá reparado que Portugal, à semelhança da generalidade dos países ocidentais, tem experimentado uma contínua melhoria do nível de vida. Será consensual, creio, que se vive melhor hoje do que há 40 anos.
Apesar, claro está, dos típicos visionários arrogantes e catastrofistas, que tendem sempre a achar que os que lhes sucedem são claramente inferiores e incapazes de preservar o maravilhoso património que a geração de ouro dos 'Mestres' deste país lhes legou. Enfim, não deve ser mesmo para compreender.

(Ah, e aposto que o tal José Vaz e demais compinchas esvaziadores de Jack Daniels são de esquerda, quiçá afiliados do BE!)

David Lourenço Mestre disse...

Carmo

Não houve bofetada, mas aqueles olhares… por menos, vidas se perderam e revoluções começaram

Por falar em Pat Condell, vão ao youtube e ponham "jeff dunham" e "achmed the dead terrorist", tem tudo a ver com o espírito do blog

Sergio Pinto

“Não sei se já terá reparado que Portugal, à semelhança da generalidade dos países ocidentais, tem experimentado uma contínua melhoria do nível de vida.”

Não sei onde leu o contrario

“que tendem sempre a achar que os que lhes sucedem são claramente inferiores e incapazes de preservar o maravilhoso património que a geração de ouro dos 'Mestres' deste país lhes legou.”

wtf?!

Anónimo disse...

mestre, não pode comparar batatas com cebolas.

Até ao 25 de Abril o ensino era o necessário e suficiente a um país imóvel. 60% de analfabetos, as taxas de escolaridade mais baixas de toda a Europa, 6,8% de alunos no que se chama hoje ensino secundário, 4% no ensino superior.
Como vê, a probabilidade de encontrar alguém que desconhecesse o que é um 'leigo' era infinitamente superior antes do 25 de Abril. Na Universidade talvez fosse um pouco diferente, mas esses eram tão poucos que se diluiam na população.

E as aulas eram as adequadas a essa imobilidade: professores a debitar páginas de livros para uma sala parada, silenciosa, que teria 30 alunos mas poderia ter 100 ou 200 que o resultado era o mesmo. Nada bulia na quieta melancolia.

Hoje, com esse ensino, não íamos longe. Naquele tempo tb não, mas longe era o último sítio onde o ensino pretendia que os alunos fossem. Os alunos e o Salazar, que tinha pânico do excesso de conhecimentos.

Os melhores alunos de hoje - e falo apenas das franjas - são muitos mais e incomparavelmente superiores aos melhores alunos de então. Perdem é no confronto com milhares de outros que antigamente nem existiam, estavam nos campos e nas fábricas.

Anónimo disse...

Quando se queixa da "educação que Abril nos legou para mal deste país" pressuponho que, implicitamente, considera a educação 'pré-Abril' superior à que lhe sucedeu. Engano-me?

E, depois, o resto das teorias catastrofistas, que vão desde "isto não é um país, é uma tragédia" ao estabelecimento de novos termos de comparação com o Laos ou as generalizações que faz dos alunos actuais. Que sentido faz isso?

RioDoiro disse...

Sérgio Pinto:
"Não sei se já terá reparado que Portugal, à semelhança da generalidade dos países ocidentais, tem experimentado uma contínua melhoria do nível de vida."

Claro. E os dias e as noites continuam a suceder-se.

E veja-se bem: já nem se usam máquinas de escrever.

Caro Sérgio Pinto, o problema é que vamos ficando inexoravelmente para trás face aos nossos concorrentes directos.

Eu sei, eu sei, que a coisa não deve ir por aí. Seria bem preferível acabar-se com a concorrência. Sulfurosa, aliás.

Anónimo disse...

Inexoravelmente?!

RioDoiro disse...

Sérgio Pinto:

"Inexoravelmente?!"

Não. Até já tenho pena dos Alemães. Já nem motas fabricam. Deixaram de fabricar carros porque deixaram de ter siderurgias próprias. Estão na mão dos espanhóis, coitados. De plenário em plenário deixaram-na afundar.

Ah, e cometeram outro erro inqualificável quando, em Azambuja, perceberam que estavam em rico de ter a fábrica de automóveis fechada: entraram em greve.

...

Às vezes oiço coisas que me fazem lembrar o tempo do glorioso PREC. O tempo em se ocupava o "meio de produção" para garantir que os proventos não fossem parar às mãos dos imperialistas. E faziam-se horas voluntárias de trabalho a produzir, produzir, produzir. Produzia-se atá se acabar o stock de matéria prima. Mas, logo que as encomendas chegassem, comprar-se-ia mais matéria prima. Sim, porque do futuro, só bons amanhas se cantaria.

Notas finais:

1 - parece que a tal fábrica produzia um único componente para um carro qualquer e só esse estava em condições para produzir. E pertencia ao fabricante o carro.

2 - Em Azambuja, nem tudo se perdeu. Os quadros continuaram a ter trabalho ... em Espanha. Quem cá ficou, quem cá ficou? O estúpido.

... mas tenhamos fé. A Lurdinhas acaba de anunciar mais um pacote de medidas ... "para uma escola mais inclusiva". Muito bem. Aliás, os quadros de Azambuja incluíram-se bem em Espanha.

.

Renato Bento disse...

Sérgio Pinto:

"educação que Abril nos legou para mal deste país" pressuponho que, implicitamente, considera a educação 'pré-Abril' superior à que lhe sucedeu."

Sem querer roubar o direito de resposta ao David, penso que pressupõe mal. Ninguém pode pressupor tal estapafúrdio.

A leitura que tenho do texto é simples: o 25 de Abril não veio tornar Portugal num mar de rosas (como a esquerda quer fazer parecer, julgando-se unica obreira do acontecimento), nomeadamente no campo educacional (existem também outros campos), pelo que a pós revolução (prazo de 4/5 anos) foi um fracasso...

Não quero com isto tirar o mérito aos bravos que tiveram a coragem de fazer o golpe do 25 de Abril. Entendo é que não o fizeram da melhor forma, e tentaram puxar a brasa à sua sardinha.

Ainda se sentem hoje as consequências...

A revolução (comunista), os chefes da revolução (maioritariamente comunistas), até em certos moldes a própria constituição está feita para Portugal se tornar num estado comunista!

Por isso, eu, sinceramente, prefiro falar em 25 de Novembro do que em 25 de Abril.

E não sou simpatizante de Salazar. De modo algum o sou..

Entenda-se, em abono da verdade, que a esquerda que fez o 25 de Abril queria transformar Portugal num estado muito pior do que aquilo que ele estava..

25 de Novembro sempre! (estou numa de reaccionário)

Unknown disse...

" a esquerda que fez o 25 de Abril "

RB, isso é um mito.
O 25 de Abril foi um golpe de estado desencadeado por militares profissonais, descontentes com o regime, não pelo regime em si, mas por questões corporativas.
A esquerda não teve nada a ver com o assunto.
Tanto Cunhal como Soares foram apanhados de surpresa intalados em Paris e Moscovo.

E vieram à pressa para cavalgar a onda.

O que depois se seguiu, isto é, a tentativa de introduzir o totalitarismo comunista, isso sim, foi a esquerda.

Quanto ao 25 de Abril, Jaime Neves participou.
Soares e Cunhal não.

De qq modo, é notável que o mito se tenha instalado nas cabeças das pessoas.
Muitos anos de doutrinação subliminar...

Renato Bento disse...

Não deixa também de ser verdade que foi muita da rebelião comunista que desencadeou o 25 de Abril, como o lidador deve saber.

Mas os factos históricos também não são assim tão relevantes. Pior é a esquerda reclamar algo para si quando efectivamente foi uma revolta popular (influenciada, é certo, pela esquerda) que derrubou o estado novo..

Renato Bento disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Renato Bento disse...

Embora esta, como diz, fosse levada a cabo por profissionais...

O pior veio depois, quando essa dupla voltou..

Importante é também estabelecer diferentes contornos: autores materiais (militares) e os autores morais (muita da esquerda, embora não totalmente).

Anónimo disse...

Pior é a esquerda reclamar algo para si quando efectivamente foi uma revolta popular

A esquerda não pode ter sido a única obreira do acontecimento, que nunca teria alcançado o significado nacional que teve se todo o país não tivesse abraçado a queda do Estado Novo. Mas foi sem dúvida a esquerda do regime de então, nomeadamente a esquerda militar, que o desencadeou. E a esquerda militar tinha contactos com os partidos de esquerda, quer alguns patolas o soubessem ou não. E alguns decididamente não sabiam, como se veio a perceber.


Mas os factos históricos também não são assim tão relevantes.

Os factos históricos são completamente relevantes. Como vai a História ser contada aos seus filhos e netos?

RioDoiro disse...

Eu suponho que no embrião do 25 de Abril estiveram, de facto, questões corporativas. Mas suponho não estar errado se disser que, mesmo antes do golpe, havia 'sensibilidades políticas' em relação a uma caminho em democracia (nalguns casos democracia, noutros apenas a democracia que ia na cabeça de alguns).

Que Cunhal e Soares cavalgaram a onda não há dúvida.

.

Renato Bento disse...

"Mas foi sem dúvida a esquerda do regime de então, nomeadamente a esquerda militar, que o desencadeou."

"E a esquerda militar tinha contactos com os partidos de esquerda"

Tem razão. Mas não foi só a esquerda...

"Os factos históricos são completamente relevantes."

São relevantes. Mas para este assunto (o da educação) penso que não assim tanto.

Anónimo disse...

dentinho, as 'sensibilidades' foram limadas com um programa comum, que todos sabiam qual era pois conspiraram para o elaborar. A divisão começou com as diferentes leituras desse programa, como é óbvio. Aliás, até lhe adianto, as divergências começaram logo com o convite feito ao Spínola para liderar a Junta.

Carmo da Rosa disse...

Caro ML,

Os meus parabéns. Na minha MODESTA opinião o seu melhor post até hoje. Bem escrito, claro – percebi tudo, sem dicionário! -, to the point e apoiado com números que me parecem bastante fiáveis. Quase que juraria que está ligado ao ensino!

Estou absolutamente de acordo consigo que ‘Os melhores alunos de hoje - e falo apenas das franjas - são muitos mais e incomparavelmente superiores aos melhores alunos de então’. Há sempre uma tendência para romantizar o passado que não resiste a uma simples apresentação estatística dos factos. E ainda por cima reconheço-me, como aluno, perfeitamente na sua bela descrição: ‘as aulas eram as adequadas a essa imobilidade: professores a debitar páginas de livros para uma sala parada, silenciosa,’

Mas não me parece que o David, no seu post, tivesse dado uma imagem romântica do ensino no passado, apenas se refere a um curto período bem preciso da nossa história em que um total caos reinava, em que a escola era vista como um instituto ao serviço da ideologia capitalista e o professor tinha obrigatoriamente que ser muito de esquerda – única exigência didáctica para não ser saneado. Em que os próprios anarquistas grafitavam nas paredes de Lisboa: ANARQUIA SIM, MAS NÃO TANTA!

Isto parece ter tido, mas não tenho a certeza (não tenho números, duvido que haja e não percebo grande coisa do assunto), uma influência nefasta na educação nacional, que (provavelmente) ainda se ressente nos dias que correm.

Daí que o aviso de DLM não me pareça nada despropositado: ‘Se estes meninos e meninas são o futuro, o país está tramado, não teremos de pedir meças à Grécia ou à Estónia mas ao Congo ou ao Laos.’

Anónimo disse...

Mas não foi só a esquerda...

Não, claro que não, aderiu ao 25 de Abril - embora estivesse completamente por fora do que se iria passar - muito gente que incorporou partidos de direita.

Sim, para esta discussão concreta não contam muito, embora a política de educação, como tudo, sempre esteve e está dependente de conjunturas políticas.

Unknown disse...

Não, RB, não houve qq interferência da esquerda no 25 de Abril.
Não há um único documento que confirme contactos entre comunistas, socialistas e os militares golpistas.

Não há um único testemunho credível.

Tb não foi um movimento popular.

Nem sequer tinha razões políticas, apenas corporativas (a indignação pelo facto de Caetano estar a meter na escala de promoções, oficiais não profissionais).

Os golpistas, de resto fora logo buscar 2 generais de prestígio para colocar como caras do movimento, e depois perderem o controle da situação e foram facilmente manipulados pela esquerda tonta.

Eu conheço muito bem um dos golpistas, o ex-capitão Marques Júnior, que depois passou para a bancada do PS e tive com ele longas conversas.

O 25 de Abril, naquilo que teve de bom ( o fim da ditadura e o caminho de democracia) não foi da "esquerda".
É factual.
Da esquerda foi a cavalgada totalitária que se lhe seguiu e a bostada de uma constituição a "caminho do socialismo".

E o 25 de Novembro que retomou o 25 de Abril, foi tb feito por militares, os únicos que deram o corpo ao manifesto, enquanto os "heróis" da retórica, ficavam dentro das pantufas, a assistir aos eventos pela TV.

Quanto às "sensibilidades", caro RoD, posso garantir-lhe que nem Otelo alguma vez pensou ser "de esquerda", antes do golpe. A sua vocação veio depois, manipulado na sua ingenuidade ideológica pela esquerda tonta. Conheço mto bem um coronel que esteve com ele no Copcon, responsável pelos célebres mandatos de captura em branco, e que o descreve como um puto maravilhado por um mundo novo que se lhe abriu à frente. Um capitãozeco de artilharia, subitamente feito cabeça de cartaz de uma "revolução" e aclamado como "herói" da revolução mundial.

Foi demais para ele e para muitos.

Deixemos os mitos. O 25 de Abril foi o momento em que se iniciou a gestação da democracia, poderia ter sido gerado um aborto, e o 25 de Novembro foi o momento do parto,
Tanto na concepção como no parto, foram os militares que estiveram na sala.
Não os "heróis" da treta, nem os reclamados "antifascistas".
Isso é tudo folclore.

Anónimo disse...

percebi tudo, sem dicionário!

Às vezes lá me sai, mesmo sem querer. Será que neste assunto não tenho segundas intenções?

É claro que os prognósticos no final do jogo são sempre os mais certeiros. Muita coisa correu mal, mas não só na educação. Depois de um aperto tão grande como foi a ditadura salazarista, foi com grande dificuldade que um país pouco escolarizado e ignorante do mundo lidou com novas realidades cada vez mais aceleradas. Não só teve que se adaptar à liberdade, como quando as 'portas de Abril se abriram' (gosto muito do Ary) a realidade lá fora era já muito diferente da que se antevia por detrás das grades.

Anónimo disse...

Aliás, caro Ricardo, até vou precisar mais. Quem fez o 25 de Abril ppmente dito foi o exército, que apenas pediu a 'solidariedade activa' dos outros dois ramos. Logo que foi necessário, no pp dia 25, todos se juntaram, nomeadamente a marinha que foi bastante activa.

Renato Bento disse...

Lidador
"Tb não foi um movimento popular."

Certo, porque não foi a população que tomou a iniciativa. Mas de certo modo os Lisboetas, saindo à rua, participaram na revolução.

"não houve qq interferência da esquerda no 25 de Abril."

Talvez tenha razão quando diz que a a interferência só veio depois...

Carmo da Rosa disse...

ML:
Às vezes lá me sai, mesmo sem querer. Será que neste assunto não tenho segundas intenções?

É isso. Sem apriorismos, nota-se logo uma grande diferença. Mais livre, as palavras correm-lhe velozes como um riacho de água límpida de montanha….
Como vê, a mim, nem sem segundas intenções me sai algo de jeito, mas você percebe bem que um:

Poeta de combate disparate
palavrão de machão no escaparate
porém morrendo aos poucos de ternura.


O Ary, melhor do que o Mayakovsky!

David Lourenço Mestre disse...

ml, sergio pinto

Nao comparo o ensino pos-abril, aqui cabe muita coisa, com o pré-abril, comparo com o bom, ou, vá lá, o mediano, que se ve para lá de vilar formoso. O ensino que temos é mau do inicio ao fim. Da primaria à faculdade.

No fim da linha muitos, demasiados, serao optimos trolhas e servirão limonadas como ninguem mas o Eça continuara desiludido… por amor à patria, nao aborreçam o Eça

“E, depois, o resto das teorias catastrofistas, que vão desde "isto não é um país, é uma tragédia" ao estabelecimento de novos termos de comparação com o Laos ou as generalizações que faz dos alunos actuais. Que sentido faz isso?”

Uma hiperbole para reforçar o argumento: estamos mal, amanha estaremos pior. Nao se aborreça. Relativamente pior. Explico.

O purchasing power parity não é o criterio supremo para desenvolvimento mas é a ferramenta que eu tenho à mao.

Há dez anos o orgulho patrio não valia menos que uma espanha ou grécia. Tinhamos ppp de 14701, Espanha 16212, grécia 13943, estonia 7682, eslovaquia 9699, republica checa 12362, polonia 7619, etc

Os dados são de 1998 publicados num relatorio do desenvolvimento humano

Hoje, e a europa de leste cresce a bom ritmo, 6, 7 por cento... os paises balticos crescem a 10 por cento ao ano, uma patifaria inolvidavel

United Kingdom $ 35,300 2007 est.

Isle of Man $ 35,000 2005 est.

Bahrain $34,700 2007 est.

Germany $ 34,400 2007 est.

San Marino $ 34,100 2004 est.

France $ 33,800

Japan $ 33,800 2007 est.

Spain $ 33,700 2007 est.

European Union $ 32,900 2007 est.

Faroe Islands $ 31,000 2001 est.

Italy $ 31,000 2007 est.

Greece $ 30,500 2007 est.

Monaco $ 30,000 2006 est.

Taiwan $ 29,800 2007 est.

Israel $ 28,800 2007 est.

New Zealand $ 27,300 2007 est.

Slovenia $ 27,300 2007 est.

Cyprus $ 27,100 2007 est.

Brunei $ 25,600 2005 est.

Falkland Islands (Islas Malvinas) $ 25,000 2002 est.

Liechtenstein $ 25,000 1999 est.

Korea, South $ 24,600 2007 est.

Czech Republic $ 24,400 2007 est.

Macau $ 24,300 2005

Malta $ 23,200 2007 est.

Bahamas, The $ 22,700 2007 est.

Aruba $ 21,800 2004 est.

Portugal $ 21,800 2007 est.

Estonia $ 21,800 2007 est.

Trinidad and Tobago $ 21,700 2007 est.

Saudi Arabia $ 20,700 2007 est.

Greenland $ 20,000 2001 est.

Slovakia $ 19,800 2007 est.

Barbados $ 19,700 2007 est.

Puerto Rico $ 19,600 2007 est.

Hungary $ 19,500 2007 est.

Oman $ 19,100 2007 est.

Seychelles $ 18,400 2007 est.

Latvia $ 17,700 2007 est.

French Polynesia $ 17,500 2003 est.

Lithuania $ 16,700

Poland $ 16,200

Anónimo disse...

O Ary, melhor do que o Mayakovsky!
Não sei se é melhor, e não é fácil compará-lo com um poeta que só conhecemos pela tradução. Eu pelo menos, que não sei russo. O jogo de palavras e sons na poesia do Ary perder-se-iam igualmente em qq tradução.

E olhe, já que anda por aqui uma onde negra de desgraça não seria mau puxar pelo Maiakosvoski, para mostrar como o sentimento de tragédia é cíclico e aplicável praticamente a todas as épocas, cabendo a cada geração seleccionar a sarna com que se coçar.


Fiz ranger as folhas de jornal
abrindo-lhes as pálpebras piscantes.
E logo
de cada fronteira distante
subiu um cheiro de pólvora
perseguindo-me até em casa.
Nestes últimos vinte anos
nada de novo há
no rugir das tempestades.

Não estamos alegres,
é certo,
mas também por que razão
haveríamos de ficar tristes?
O mar da história
é agitado.
As ameaças
e as guerras
havemos de atravessá-las,
rompê-las ao meio,
cortando-as
como uma quilha corta
as ondas.


E então, que quereis? (Maiakovski 1927)

Anónimo disse...

caro mestre

o Eça continuara desiludido
O Eça não continuará desiludido porque hoje o país já não é a 'choldra' que ele abominava. É incomparavelmente melhor, mesmo descontando os tempos e apesar do gosto que temos em puxar do Eça para tudo.

Se nos compara com o estrangeiro, é claro que o nosso ensino é menos eficaz. Não pode é assacar isso à geração de Abril, porque essa é já um grande passo em frente em relação às anteriores. Diga antes que é um legado secular.
No princípio do séc. XX, por ex. já a Espanha e a Itália - e só falo daqueles países aos quais nos poderíamos comparar, e não dos nórdicos, França, Alemanha, EU, etc - tinham taxas de escolaridade que só alcançámos na década de sessenta. A República deu passos importantes em frente para encurtar a distância, e o Salazar entreteve-se a desfazer essa ameaça mal chegou ao poder.

Não acha que isto tem que ter consequências? As consequências benéficas de uma geração escolarizada só se verificam muito, mas muito depois depois.

Ainda temos muito que caminhar, e nem sequer estou a dizer que aproveitámos as oportunidades a 100%. Claro que não. Agora que a geração de Abril é a que mais avançou em educação e a última na longa linha de responsabilidades, é um facto de comprovação fácil.

RioDoiro disse...

"Ainda temos muito que caminhar, e nem sequer estou a dizer que aproveitámos as oportunidades a 100%. Claro que não. Agora que a geração de Abril é a que mais avançou em educação e a última na longa linha de responsabilidades, é um facto de comprovação fácil. "

Claro que se avançou. Ninguém nega que se avançou. Mas NÂO se avançou em relação aos que nos rodeiam.

Recuou-se e continua a recuar-se. Continua a recuar-se a um ritmo mais acelerado à medida de novos paradigmas em educação criativa e inclusiva vão sendo postos em marcha.

E, porra. A matéria é ou não para aprender? Os problemas é suposto serem resolvidos, ou apenas "propostos" aos alunos?

Os livros são "manuais"?

.

David Lourenço Mestre disse...

ml

em 74 o pais saiu da masmorra e entrou no manicomio, a patria recebeu alta mas suspeito, suspeito, que a educaçao nao

tenho a sensaçao que nao há um ano em que nao aconteca um prec no ensino

Anónimo disse...

Mas NÂO se avançou em relação aos que nos rodeiam.
Não, não se avançou em relação aos que nos rodeiam, e foi isso precisamente o que eu disse. Mas tb nenhum outro desses países com os quais nos estamos a comparar partiu de tão baixo.

Não conheço com detalhe a história escolar de todos os países da lista que o verdadeiro mestre aí colocou. Mas dos europeus ocidentais - todos -, dos países de leste - e destes então nem se fala-, e dos que pertencem ao mundo tecnologicamente desenvolvido, vai um abismo entre o ponto em que se encontravam e em que nós nos encontrávamos no 25 de Abril. E quando digo abismo, é abismo mesmo. Há países, como a Nova Zelândia, que 200 anos antes de nós já tinham ultrapassado as taxas de analfabetismo que ainda tínhamos nos anos 30/40.

E depois, como provavelmente sabe, uma geração de jovens escolarizados não corresponde a uma geração que colha benefícios imediatos dessa escolarização. Ainda leva outro tanto tempo até que os pais, os avós, os vizinhos, o gato e o papagaio reconheçam o valor do conhecimento e tenham expectativas em relação a esse conhecimento.

Agora o que me está a dizer, e com o qual concordo em absoluto, é que o Sócrates, tal como há anos a Ferreira Leite, se vê tão apertadinho pela União Europeia que tem que apresentar números, dê por onde der. Aconteceu nos anos oitenta, que foi quando o ensino começou a resvalar, e acontece agora, com uma investida que nem a Ferreira Leite nem o Joaquim de Azevedo tiveram condições para impor com tanta força. Andam por aí armados em preocupados para aproveitar a onda, mas essas máscaras já são conhecidas de outros carnavais.

E assim temos a legislação atrabiliária sobre o estatuto do aluno e sobre a avaliação dos professores. Eles não querem avaliar ninguém coisa nenhuma, querem é poupar milhões à conta de mais trabalho e empurrar os alunos para a frente. Com ou sem conhecimentos, isso é um mero detalhe.

Anónimo disse...

em 74 o pais saiu da masmorra e entrou no manicomio

caro mestre mestre

É a sua opinião, que se há-de fazer?, mas tal não corresponde minimamente à verdade. Se se debruçar um bocadinho sobre a história da educação, verá que a degradação do ensino só começou nos anos oitenta, como digo atrás, com a adesão de Portugal à UE. Eram tão vergonhosos os números que tínhamos para apresentar que a prioridade foi o montante à custa da qualidade. Não havia muito dinheiro para conciliar as duas coisas, é verdade, mas tb se trata de uma falta de visão atávica. O milagre sueco começou no início do séc. XX quando, com o pouco dinheiro disponível, o governo o apostou quase todo na educação.

Os resultados estão à vista. Até o Eça (e cá vem ele) se refere à 'miserável Suécia' em finais do séc. XIX.
Continua próspera, com um nível de vida invejável e com um sistema de segurança realmente social. Razão pela qual que se tornou um alvo a abater ou pelo menos a ignorar, por ser um péssimo exemplo da melhor relação rendimento/benefícios da população.
T'arrenego, Satanás! Vade retro com esses maus exemplos!

RioDoiro disse...

[2ª tentativa - problema de 'pastes']

"Mas tb nenhum outro desses países com os quais nos estamos a comparar partiu de tão baixo."

Partiu de tão baixo? Mais uma razão para ser fácil avançar-se. Mas não partiu assim tão baixo. Agora está baixo. E agora vai ser difícil recuperar.

Se o ML diz que pelo 25 de Abril a dificuldade em avançar se liga a ao facto de se estar muito baixo, que dizer de agora?

"apertadinho pela União Europeia que tem que apresentar números, dê por onde der."

Tá bem. Certo que está a querer resolver o problema na secretaria. Mas o problema com a UE não se prende apenas com a estatística. Prende-se com o facto da UE querer saber onde estão os resultados dos ziliões gastos no ensino. Podem não ter sido pagos directamente pela EU mas a UE financiou batatais de coisas e recursos fora libertados para a educação com resultado abaixo de zero.

O problema das avaliações é mais um episódio no folclore cientologias da educação. É tudo folclore. O mesmo folclore que nos vai arrastando tabela abaixo.

"E depois, como provavelmente sabe, uma geração de jovens escolarizados não corresponde a uma geração que colha benefícios imediatos dessa escolarização."

Mas qual escolarização? Canudos que correspondem a coisa nenhuma?

"Ainda leva outro tanto tempo até que os pais, os avós, os vizinhos, o gato e o papagaio reconheçam o valor do conhecimento e tenham expectativas em relação a esse conhecimento."

Espere sentado. Quantas gerações esperaram os amanhãs que cantam? Este, é apenas mais um. Bafioso.

.

Renato Bento disse...

"Desde que o regime começou a funcionar regularmente, não houve Governo, não houve ministro, não houve político que não viesse proclamar que o futuro de Portugal e dos portugueses estava na educação."

Dizia hoje o V.P.V no publico...

Anónimo disse...

Partiu de tão baixo? Mais uma razão para ser fácil avançar-se.

E como? Com as escolas vazias? Como obrigar as pessoas a mandar os filhos à escola? Com a GNR, como propunha o espírito da lei? Aqui andou-se foi décadas a evitar que eles fossem.
Não é por decreto que o ensino se torna realmente obrigatório.

Na tão exemplificada Irlanda nos anos 40, ai da criança, descalça, suja, esfomeada, que não comparecesse. E dos pais, que respondiam por isso perante as autoridades. O facto era de imediato comunicado à guarda, que partia à procura da criança e a levava à escola. E já iam, nessa altura, no 9º ano obrigatório.

É claro que as condições de miséria em que viviam não eram propícias a interessarem-se pelos estudos mas, mal apanharam um dinheirinho, puderam colher os frutos que semearam com tempo.

Paulo Porto disse...

Meus caros todos: não acho nada que as 'praxes' universitárias tenham cunho ou sejam uma criação de esquerda.

O cunho da esquerda na Universidade é o ensino de doutrinas mortas como se estivessem vivas, a proteção do professorado incompetente e sem qualificaçãoes apenas porque é do partido, a restrição do acesso ao professorado em função da sintonia com correntes ideológicas de esquerda. Já não é pouco.

Mas as praxes, não. Procuremos os seus praticantes noutro lugar e encontramo-los.

David Lourenço Mestre disse...

O ml conhece as causas, eu conheço os resultados, salas com 30 alunos onde noventa por cento nao sabe ler nem escrever e tem desmaios quando lhes pedem para resolver uma equação de segundo grau… enquanto isto for assim o futuro é tramado e mais vale pedir adesao à finlandia

RioDoiro disse...

David Lourenço Mestre:

"salas com 30 alunos onde noventa por cento nao sabe ler nem escrever e tem desmaios quando lhes pedem para resolver uma equação de segundo grau"

e que estão convencidos que é obsoleto saber resolver uma equação.

Equações? Coisa do tempo da outra senhora.

.

Luís Oliveira disse...

Rod:
[qual escolarização? Canudos que correspondem a coisa nenhuma?]

Completamente de acordo. Nos dias que correm, não são poucos os que concluem um curso superior tão ignorantes e burros como quando entraram para a universidade.

Luís Oliveira disse...

ml:
[Até o Eça (e cá vem ele) se refere à 'miserável Suécia' em finais do séc. XIX.
Continua próspera, com um nível de vida invejável e com um sistema de segurança realmente social. Razão pela qual que se tornou um alvo a abater ou pelo menos a ignorar, por ser um péssimo exemplo da melhor relação rendimento/benefícios da população.]

Contra mitologias não há argumentos. Leia o meu post sobre a "terceira via".

Anónimo disse...

Sabe o que é, oliveirinha, eu tentar ler, tento, mas depois começam a dar-me tonturas devido ao movimento pendular entre vossas inselências, formadas em cultura geral, sem numerus clausus no acesso à inteligência, dogmas do universo certinhos no bolso, e os estúpidos, os tontos, os idiotas úteis, em suma, a esquerda.
Eu concordo em absoluto com essa divisão, ora essa, o mundo é assim mesmo, mas este passo a dois tempos ecoado posts e posts a fio por quase todos os escribas acaba por hipnotizar o mais atento.
E assim puras jóias da coroa que aqui se produzem acabam por ficar enterradas em tontice.

Luís Oliveira disse...

Ml:

Esqueceu-se de falar no papá.

A Suécia que imagina é um reino de fantasia que apenas existe na sua cabeça. Se quiser "hard facts and figures" tem os links no meu post.

Facto: O PIB percapita baixou de 100 e tal por cento para oitenta e tal por cento da média da OCDE.

Facto: O sector público sueco é o mais ineficiente da OCDE. Siga os links.

Leia o Lindbeck, leia o Rojas (hmm, esse não, que é um perigsíssimo liberal), e compare os factos com as suas proclamações parolas e ignorantes.

Unknown disse...

Já que o tema é educação, deixo aqui uma história instrutiva que se passou comigo há coisa de 2 meses.
Tenho uma filha no 10º ano cujas notas andam normalmente acima de 18, e tira 20 em Matemática com alguma facilidade.
No 9º ano, alcançou a nota 5 nos exames nacionais de Matemática e Língua Portuguesa.
Isto apenas para salientar que é uma boa aluna.

Num determinado teste de Biologia realizado em Novembro teve negativa. Em 30 alunos houve apenas 4 positivas e nem sequer era os habituais melhores alunos.
A situação suscitou espanto entre os pais, e acabei eu por enviar esta carta à Escola:

“Em testes bem elaborados e em universos não enviesados, os resultados tendem a distribuir-se de forma “normal”, com a média deslocada para a direita, para os valores positivos.

Neste caso, tal não aconteceu, pelo que são possíveis 3 explicações:

1-Este conjunto de alunos é especialmente incapaz e avesso ao estudo.
2-A professora de biologia sé excepcionalmente incompetente.
3-O teste induz perversões na avaliação.

-A 1ª é tentadora, mas falsa. Os alunos são normais, uns muito bons, outros menos, como se pode deduzir dos resultados nas outras disciplinas e até no 1º teste desta.
-A 2ª é injusta e falsa. A professora é notavelmente zelosa e esforçam-se muito para além do que é normal, procurando estratégias elaboradas para passar a mensagem.
Uma vez que esta boa combinação não produziu, neste caso, resultados aceitáveis, só resta a 3ª hipótese

Chega-se a esta conclusão por mero raciocínio, mas qualquer pessoa pode testar a conclusão, como eu fiz.
Nesta matéria (Biologia) estou na mesma situação destes alunos: matéria nova, uma folha em branco, o típico véu de ignorância.
Quando soube dos resultados gerais do teste, incluindo os do meu educando, o 1º impulso foi culpar a falta de empenhamento no estudo, ou a má condução do mesmo.
Resolvi todavia verificar, agarrei no livro aprovado e estudei a matéria.
Não tive quaisquer dificuldades na apreensão dos conceitos e respondi sem falhas nem dúvidas à avaliação que vem no próprio livro.
Entrei na Escola Virtual e fiz vários os testes. Tive entre 96 e 100 %.
Foi pois com total confiança que tentei responder a este teste.
A verdade é que não consegui responder a algumas questões e a várias outras respondi por exclusão de partes e palpite.
Teria má nota, se fosse aluno, apesar de ter dois cursos superiores.

Porquê?

1-Porque o teste exige conhecimentos mais exaustivos do que aqueles que estão contidos no livro e são exigidos pelo programa. (Ver anexo)
2-Porque o teste faz apelo a vocábulos desconhecidos e a conceitos não explicitados.
3-Porque algumas questões estão colocadas de tal forma que a sua simples descodificação obriga a complicados “mind games”, que me parecem inadequados a alunos de 15 anos.

É claro que há muito mais para saber do que o que vem no livro ou o programa exige.
Mas a profundidade da abordagem não está apenas ao critério do professor. O próprio programa recomenda explicitamente que se evite ser exaustivo em determinadas questões, aconselhando os professores a ter uma noção clara do nível de aprofundamento a que os diferentes conceitos devem ser explorados.
De resto, os pais adquiriram o livro recomendado pela escola, e o livro está de acordo com o programa.
A um professor de Matemática, por exemplo, não se lhe ocorre avaliar conhecimentos de cálculo diferencial de alunos do 10º ano. Cada coisa tem um tempo próprio.

Não suscito pois esta questão por diletantismo, ou gosto.
Esta situação prejudica objectivamente os alunos, e pode levá-los a encarar esta disciplina com desencanto e medo.
Queiram ou não, os nossos filhos estão numa corrida por um lugar ao sol, e para muitos deles há portas que se abrem ou fecham por questões de centésimas.
Situações como esta correspondem a iniciar uma corrida de 5000 metros, com o percurso armadilhado à partida.
E não tenho também qualquer dúvida que se estes alunos tivessem feito os testes a que foram solicitadas outras turmas, teriam obtido notas “normais”. A inversa é também provavelmente verdadeira, e a própria escola pode, se assim o entender, pôr à prova esta tese.

Assim sendo propõe-se:

1- Que a professora de Biologia, na avaliação, se cinja escrupulosamente ao programa e ao livro aprovado.

2- Que os testes sejam elaborados para que os resultados se distribuam de forma “gaussiana”.”


O que resultou desta carta?

O Conselho Executivo reagiu de forma paradoxal.
Por um lado com o habitual reflexo corporativo, convocando-me para uma reunião onde reafirmou a confiança na professora.
Já estava eu a ferver de indignação e a preparar-me para a luta, quando me informaram que, apesar da confiança que a Escola depositava na professora, o teste ficava anulado.

Dei-me por satisfeito e o assunto morreu ali. E o facto é que os testes posteriores da professora se situam dentro da razoabilidade.

Quanto à qualidade dos alunos, não tenho dúvidas que a mediocridade actual é pior que a de há 30 anos, mas a excelência é tb maior.
Quem se fixar apenas nos maus alunos, colhe uma disposição pessimista, mas quem olhar a floresta toda, não pode deixar de ver que o sistema apura gente de grande qualidade, com hábitos de estudo e trabalho que fazem inveja à excelência de há 30 anos.

Os maiores problemas, na minha modesta opinião:

-Disciplinas estapafúrdias até ao 9º ano, com horas a mais de palermices e horas a menos de matemática e língua portuguesa.
-Falta de autoridade na Escola.
-Carga ideológica em manuais de disciplinas científicas. Chega-se ao ridículo de num livro de Física, que devia tratar de forças e acelerações, e energia, etc, vir pejado de moralismos de pacotilha sobre “ o que fizemos ao planeta”, ou o que “devemos fazer pelo desenvolvimento sustentado”, etc.
- Não reconhecimento formal da excelência. É mais fácil um professor passar um aluno do 9 para o 10, do que passar do 18 para o 19, tudo isto em nome de um igualitarismo bacoco que apenas promove a protecção dos medíocres.


Quanto ao pessimismo geracional, não concordo com ele. A cantilena é velha como o mundo.
Já Horácio garabtia que “nossos pais, piores que nossos avós, nos engendraram e nós daremos uma progénie todavia mais incapaz”.

É falso...quem formulou a teoria da relatividade foi o Einstein e não o pai dele.

David Lourenço Mestre disse...

Nao é pessimismo geracional, é descrença no ensino, que está mal montado, quando sai do secundario - turmas de 30 - havia 3, 4 alunos bons, dando de barato que uma media de 14 faz um aluno bom. Cerca de 10%, dez por cento. Havia sempre uma cadeira como fisico-quimica em que se tirava 18 quem queria.

Anónimo disse...

Oliveirinha, não esqueci o papá, escusa de ficar descansado, mas o papá está ultrapassado. Mal leio o ‘mote’ e as palavras-chave, já sei o que fazer quando se trata de mais uma sessão de revisões. Agora de vossas inselências ainda contava com alguma inovação.

E não é que eu esperasse que me tivesse compreendido, mas já que estamos com a mão na massa repito sucintamente: falávamos de níveis de educação vs desenvolvimento, certo? Pois. E eu indiquei o exemplo da Suécia pelo facto de ainda há pouco mais de um século ser referida como a ‘miserável Suécia’ pelo nosso Eça e hoje ter o desempenho que se conhece.

Mas como adivinho que tinha essa engatilhada à espera de uma oportunidade, fico feliz por ter contribuído para mais um post cheio de ‘reinos de fantasia parolas e cabeças ignorantes’, etc. Não é que eu não sinta que ainda faltam ali os ‘idiotas úteis’, a ‘esquerda tonta’, o ‘politicamente correcto’ e o resto da família. A gente apega-se, ainda que indevidamente, àquilo com que convive meses a fio, não é verdade?

Mas olhe, até me dá uma ideia que facilita a vida a todos. Vou tentar arranjar um software de leitura que remova da minha frente como spam tudo aquilo que for dito do mesmo modo mais do que 100 vezes num mês.
Fair enough, não acha? É a contento de todos. Uns felizes por poderem usar os bordões habituais com que estruturam os comentários enquanto não lhes ocorre uma alternativa, outros por não terem que perder tempo a lê-los mais uma vez.

Agora é só dividir as quotas de utilização entre as inselências.

Unknown disse...

Caro ml, é obvio que se sente feliz por podere usar os bordões habituais com que estrutura os comentários enquanto não lhe ocorre uma alternativa.
A Suécia é um deles, e espero que depois de o LO lhe ter explicado as basesinhas do assunto, deixe de reincidir na asneira.

O que você escreveu foi isto
[A Suécia] "Continua próspera, com um nível de vida invejável e com um sistema de segurança realmente social. Razão pela qual que se tornou um alvo a abater ou pelo menos a ignorar, por ser um péssimo exemplo da melhor relação rendimento/benefícios da população."

Tirando algumas imprecisões, você tem razão.
A Suécia não está mal. E deve-o à educação de um povo que foi lesto a tirar ilacções da bancarrota em que o país quase caíu há 3o anos, em resultado da social-democracia.

Nós só agora começamos a abrir os olhos para a falência dessa ideologia.
Felizmente começam a sair agora de algumas universidades, pessoas que conseguiram fugir à formatação do marxismo cultural.

Haja esperança!

Anónimo disse...

1.e espero que depois de o LO lhe ter explicado as basesinhas do assunto, deixe de reincidir na asneira.
2.Tirando algumas imprecisões, você tem razão. A Suécia não está mal. E deve-o à educação


prezadíssimo lidador

Não se veja obrigado a intervir só para me dar razão. Reconheço e agradeço o fair play do seu empenho, as incoerências são meros lapsos causados pela precipitação.

Unknown disse...

Não tem que agradecer.
Portugal só ficará melhor quando uma boa educação livrar as novas gerações do charlatanismo da esquerda cultural.

Casos como o seu, são parte do lastro que nos mantém agarrados à pré-história das ideias.
Porque infelizmente há ainda muitos professores que repetem ipsis verbis a sua catilinária feita de bacoquices pré-diluvianas.

No ensino público....esse é que é o problema..

Carmo da Rosa disse...

Caro ML,

E eu sou obrigado a intervir porque me fartei de rir com os seus comentários:

Muita boa esta:

A gente apega-se, ainda que indevidamente, àquilo com que convive meses a fio, não é verdade?

Aqui, você poderia ter acrescentado, vinha mesmo a calhar, que isto é a versão neocon do síndrome de Estocolmo …

Mas esta também:

Vou tentar arranjar um software de leitura que remova da minha frente como spam tudo aquilo que for dito do mesmo modo mais do que 100 vezes num mês.
Fair enough,


Já comecei a contabilizar as vezes que lhe disse sofrer de ‘anti-americanismo primário agudo’ – creio que foram duas! Prometo moderar a coisa. Como vê a auto-censura já começou a funcionar.

Anónimo disse...

Ora, sr. carmo, eu ainda só contabilizei uma, tem mais 99 à sua conta.
Vai ver que quando acabar fica mais tranquilo, a finalidade da repetição é o apaziguamento do espírito.

PS: não deixe de me avisar com urgência dos seus acrescentos.



esse é que é o problema..

prezadíssimo lidador

O problema é mais a fala-baratice, sei lá. E talvez os tiros de pólvora seca... Não, não, acho que é mais o maldito pêndulo sem tino.

RioDoiro disse...

"E talvez os tiros de pólvora seca... "

Não me falem em pólvora seca que começo já a escoicinhar.

Os imbecis da câmara arranjaram a estrada e deixaram-na mais alta que as soleiras dos portões dos quintais. Não me entrou água em casa, mas a garagem ...

Foram centenas de baldes desde as 4 da manhã.


Acabei de instalar uma bomba ligada a uma UPS potente que, felizmente tenho, devidamente recuperada do lixo.

Hei-de escrever umas coisas sobre o "problema" das inundações. Se os autarcas não fossem (entre outras coisas) tão toscos a matemática perceberiam porque fica tudo afogado com uma facilidade do camandro.

.

Anónimo disse...

Veja a coisa pelo lado construtivo. Imagine o sr. carmo a olhar todos os dias para o dique que lhe passa à porta e dê-se por feliz por ser apenas a canalização entupida.

Os autarcas sabem é matemática a mais, se não soubessem nenhuma as contas andavam sempre certas.

Unknown disse...

bem, ó RoD, a minha solidariedade.
Isto do aquecimento global molha que se farta.
Mas ainda bem que, mesmo assim atarefado ainda arranja tempo para cuidar das batatas.
O ml merece a atenção. Aquilo é peçonha a mais e objectividade a menos...nem a chuva lhe lava a bilha por dentro.

Anónimo disse...

prezado lidador

As monumentais tosas que tem levado de todos os quadrantes são invariavelmente causadas pela logorreia de que sofre desde sempre. Não pelas suas ideias, era o que faltava, há milhões iguaizinhas às suas, mas pelas pequenas particularidades de

- falar incontrolavelmente do que não sabe. Aqui é de ir às lágrimas;
- dificuldades em articular eficazmente um conceito simples de sujeito e predicado, e quando dá por ela já está com a cabeça no cepo.

PS: noto que está um tanto mais alterado. Conte até três.

Anónimo disse...

Caro DML,

Desculpe se as minhas primeiras respostas foram demasiado bruscas, mas o pessimismo e a descrença com que se olha para as gerações mais novas é algo que me irrita consideravelmente (facilmente imaginará porquê...).

Sobre a questão pré e pós-Abril, já tudo foi referido por parte da ML, que sabe mais do assunto que eu.

Sobre o q diz das turmas de liceu de 30 alunos em que só 10% são bons, suponho que esteja e hiperbolizar consideravelmente. O liceu por onde passei, naqueles célebres rankings, aparece habitualmente entre a octogésima e a centésima posições, a minha turma não chegava a ter 30 alunos, e havia claramente mais de 3 ou 4 bons. Como se veio, de resto, a confirmar pelo percurso que tem sido feito na universidade.

Em relação ao ensino superior, pelo menos na minha área, não me parece que estejamos propriamente mal. Além de colegas que cá eram medianos e iam levando o curso com um outro solavanco e que, quando se mudaram definitivamente para Universidades europeias mais bem cotadas deixaram de ter problemas e estavam acima da mediania, o relato da quase totalidade dos programas de intercâmbio refere que 'lá fora' aquilo até é mais fácil.
Não quero com isto dizer que esteja tudo bem (nem pouco mais ou menos), mas apenas que a situação não é tão negra como pensa.

Carmo da Rosa disse...

@ ML
Imagine o sr. carmo a olhar todos os dias para o dique que lhe passa à porta


O dique não me tira o sono, porque sei que há cá dijkwachters (guardas do dique) competentes, que sabem de matemática e de marés, o que me preocupa é, parafraseando Geert Wilders, o Tsunami islâmico… isso é que é um perigo. Os dijkwachters tapam dum lado e a esquerda tonta abre rachas do outro!!!

Ai caro ML, desculpe lá, lá estou eu com a paranóia da esquerda – isto já parece uma forma de incontinência…

David Lourenço Mestre disse...

Sergio pinto

do setimo ano ao decimo segundo, se a memoria nao me falha, eram turmas entre os 27 e os 30. Bons alunos, entre os 14 e os 20 ou entre 4 e 5 nunca foram mais do que quatro, a regra seria os 3

Anónimo disse...

o relato da quase totalidade dos programas de intercâmbio refere que 'lá fora' aquilo até é mais fácil.

pinto, das universidades europeias não posso falar, mas de algumas americanas sim.
Encurtando razões, aqui há uns anos passei uns tempos largos nos Estados Unidos e tive ocasião não só de acompanhar os curricula de algumas, como cheguei a frequentar uma ou outra aula livre de um mestrado. Não vou dizer que o grau de dificuldade corresponderia ao nosso secundário, mas que qq aluno do nosso universitário estava muito acima do que ali lhe era exigido, é verdade. E também os filhos de amigos, portugueses e não só, que entretanto lá frequentavam a faculdade e tentaram regressar a casa com os pais, voltaram para trás a fim de completar o curso e pedir no final a equivalência, porque não conseguiam dar seguimento aqui em Portugal.
E, ridículo dos ridículos, corrigi muito americano no inglês. Felizmente eles não têm grande complexo quanto a isso e acham naturalíssimo não dominarem correctamente a língua. Esta não percebo, mas foi assim.

É claro que não se trata das universidades americanas de referência internacional, não era a Harvard nem a Brown, mas a maioria não andará longe disto.


mestre mestre, os números e a qualidade do sucesso escolar não têm mudado muito ao longo dos anos, pelo que é difícil avaliar só pelos resultados expressos. Seria preciso pegar em amostragens significativas das várias gerações de estudantes e analisar o grau de literacia que apresentam de hoje em dia, porque nunca saberemos, apenas a partir da mera leitura dos currículos nacionais, se houve ou não exigência em relação aos objectivos finais.

Luís Oliveira disse...

[E, ridículo dos ridículos, corrigi muito americano no inglês.]

LOL! Impagável.