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terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

EL KOSOVO ME LA TRAE FLOJA...



Vamos lá ver se a gente se entende. Eu nem sou por, nem sou contra a independência do Kosovo. Como dizem os espanhóis, não neste caso especifico, mas em geral: eso me la trae floja. Tanto os kosovares, como os sérvios, palestinos, bascos e kikuius quero que eles todos tenham muitos meninos… pela cloaca.

A única coisa que digo, é que a independência é INEVITÁVEL e lógica, porque, assim como na África do Sul, no Zimbabwe, em Angola, no Curdistão, na Croácia (ou mais aquilo que quiserem juntar), há neste caso preciso uma grande desproporção demográfica entre os que mandam e os que são mandados. É claro que uma desproporção demográfica não chega. Isto é muito importante. São necessários mais ingredientes.

Já que se fala em Bascos, porque não! Vamos a essa. Para perceber isto de uma vez para sempre, basta ver a diferença que existe entre os bascos franceses e os bascos espanhóis. As diferenças que me refiro não são morfológicas, são históricas. Os ingredientes, ou a falta deles, de um lado e do outro dos Pirenéus, determinam completamente o comportamento do mesmo povo em relação ao Estado. Ao contrário dos espanhóis, os bascos franceses não estão ligados ao Carlismo, não sofreram a Guerra-Civil de Espanha, não estiveram sob a pata do Generalíssimo Francisco Franco Bahamonde por la gracia de dios – y la madre que lo parió…

Esta é a razão fundamental porque os bascos franceses, tenho mesmo UMA BASCA na família, não falam nem uma palavrinha de Euskadi. A minha cunhada, nem sequer sabe o que significa Euskadi Ta Askatasuna. Para ela isso faz parte do folclore dos toscos do outro lado do monte. Ela, como todos os franceses, canta Allons enfants de la patrieeeee le jour de gloireeeee est arrivé… como manda a lei e assim é que deve ser. Vive la République (laïque biensur).

Há realmente uma coisa que os une, provavelmente a única, mas é a mais bonita: la pelota basca ou alors, le jeu de la palá! Quem algum dia viu em Bidassoa ou em St. Jean Pied de Porcs um jogo de pelota pode morrer em paz, porque vai perceber isto sem grandes explicações, mas não vai mais suportar o triste jogo da malha…

Voltando à merda do Kosovo - que pena, já me estava a ver na maior, a ver uma partida de pelota com os Pirenéus no horizonte, e logo a seguir ir comer um bom jambon de Bayonne e beber um Côtes du Frontonnais - além da tal desproporção demográfica, os kosovares têm o mementum político-estratégico americano a favor deles. E isto só acontece uma vez no século! Mas há mais ingredientes, há a diferença étnico-religiosa e, é preciso não esquecer, o mau tratamento infligido pelos sérvios, com a apoteose nos anos 90, quando Slobodan Milosevic estava mesmo disposto a acabar com a raça…

Não fosse a intervenção americana – ilegal ou não, estou-me nas tintas – e teríamos desta vez ‘die endlösung für der kosovafrage’. A seguir diriam voceses a célebre frase com ar embaraçado, como os militares holandeses em Srebrenica, ou como os alemães depois da guerra: Wir haben es nicht gewusst. (nós não sabíamos de nada, não estava-mos a par dessas coisas!).

Como se vê, o raciocínio aplica-se a qualquer situação. Mas é indispensável pensar em termos estratégicos (políticos), mas sobretudo não conspurcar demasiado o raciocínio com preconceitos de ordem moral, como o fez Paulo Pinto no 5Dias. Para depois me atirar com a pergunta retórica 'Viu quem está contra? os romenos, os gregos, os espanhóis.'

Isto é um golo de baliza aberta!
Sim sim vi, e você acha esta gente uma referência? Não acha que a opinião desta gente é, pelo menos, suspeita?

Os romenos tem um problema idêntico na Transilvânia. Os gregos, além de parvos, são ortodoxos e beatos como os sérvios, e além disso uns cabrões que nos ganharam o Campeonato Europeu sem saber dar um chuto numa bola. E os espanhóis, coitados, não souberam gerir um país tão grande e só começaram a tratar decentemente as suas minorias há 25 anos – agora sofrem as consequências. Mas não merecem. Talvez seja melhor para Espanha, não para os Bascos, dar-lhes a independência e mandá-los à mãe deles…

32 comentários:

Anónimo disse...

Vai bardamerda!

EJSantos disse...

Anónimo deve ser é parvo. O autor deste post expos as suas razões. Discorda? Então argumente. Já agora caro Carmo da Rosa, pode ir ver a resposta que lhe deixei no post anterior sobre o Kosovo.

De-me um desconto, porque trabalhar de dia e estudar à noite às vezes é bom para esturricar os fuziveis (neste caso os meus).
Cumprimentos

Paulo Porto disse...

CDR

A esquerda ainda não conseguiu resolver a 'sidrome da Jugoslávia'

Se se lembra, eles há uns anos andavam embeiçados pelo Milosevic. Era um pirómano mas era anti-americano e socialista. Aqui tem dois argumentos que chegam e sobram para eles adorarem quem quer que seja.

São todos a favor da independência do País Basco. Mas Kosovo lembra-lhes o adorado Milosovic e os malvados americanos, e isto são dores mais de memória sentida do que de outra coisa qualquer.

Anónimo disse...

Mas Kosovo lembra-lhes o adorado Milosovic e os malvados americanos, e isto são dores mais de memória sentida do que de outra coisa qualquer.

Pois é. O que a esquerda não suporta, até espuma, não dorme bem à noite, bate na mulher e tudo, é quando vê muçulmanos a abanar com bandeiras americanas e a gritar thank you mister Bush. ‘Os kosovares estão malucos, as bandeiras americanas é para deitar o fogo!’ pensa o…. Miguel Portas.

P.S. A minha foto do post anterior não é no Kosovo, é no São João, no Porto.

E repenica, repenica, repenica
E o São João a mijar em bica…

E repepolho repepolho repepolho
E vamos todos para o Kosovolho…

RioDoiro disse...

Não há, na esfera da defunta União Soviética (paz à sua alma), um batatal de independências, eventualmente a menos sangue, mas igualmente em revelia à estabilidade fronteiriça?

Não há por ali uns países(?) declarados de independentes e que continuam sem ser reconhecidos, mas sobre os quais parece não haver arrepios por serem (mesmo que hipoteticamente) independentes?

Não existe uma tal de Somalilândia (ou coisa que o valha)?

Suponho até que há independências não reconhecidas que resultarem em novos gritos de ipiranga de pequenas parcelas desses territórios.

.

RioDoiro disse...

Já agora, sinto-me inclinado a pensar que, independentemente da história ligeiramente mais longínqua, os últimos 20 anos da história do Kosovo dificilmente poderiam resultar noutra coisa que a independência.

Lembro-me de ter essa discussão com maralha da esquerda que, de facto, morria de amores pelo Milosevic, mesmo perante as mais que óbvias valas comuns produzidas pelos militares que o gajo comandava (mesmo que com nuances).

Mas não deixo de estar de acordo que o precedente (?) criado pode vir a ser um rastilho. Mas também digo que "pode". Pode, ou não. Suponho não estar longe da verdade que se diz sempre o mesmo de cada vez que uma independência é conseguída (ou obtida, se se quiser).

Já agora, há no Atlântico um par de ilhas (uma maior outra mais pequena) governados por um gajo que passa a vida a cascar num tal de "cont'nente" ...

Será que ele não quer aproveitar o precedente?

.

Unknown disse...

Caro cdr, você argumenta com entusiasmo mas deixe-me lá pôr um pouco de água na fervura.

Vamos ao prolegómeno:
A sua Holanda, à semelhança de outros países europeus, debate-se com o problema da imigração muçulmana, gente que não se integra nos valores predominates nas sociedades hospedeiras.
O futuro, a meu ver, só acolhe alternativas entre dois extremos:
1-Integração, o que é expressamente recusado pela ideologia do islamismo e você próprio pode constatar a recusa das comunidades muçulmanas.
2- Balcanização.
E é por issp que o caso do Kosovo é um aviso inquietante.
Na Holanda, no Reino Unido, etc, há muitos muçulmanos que exigem já o reconhecimento das suas "especificidades culturais", avançando com projectos de enclaves muçulmanos com escolas islâmicas, língua árabe, a sharia como lei e até o sistema bancário islâmico.
Na verdade já existem neste momento em vários países europeus “areas libertadas”, onde o poder mudou de mãos, a sharia é imposta pela força, e nos quais a polícia já não entra a não ser com unidades organizadas e armadas.

Verificam-se também tentativas organizadas para mudar as leis, criando excepções multiculturais, e reivindicando a introdução da sharia no corpo legislativo.
Os chamados “moderados” (O Rugova, no caso do Kosovo) têm hoje a firme convicção de que o tempo demográfico corre a favor do Islão.
Isto está-se a passar na Europa.
Que acontecerá a essas zonas quando entrarem em choque aberto com o país onde estão inseridas?
Segundo o seu argumento, são maioritárias na zona, são diferentes, sentem-se "perseguidos", têm uma língua e cultura diferentes, etc.

Estão pois reunidas as condições.

Vamos imaginar ( e não é preciso muita imaginação) que do bairro muçulmano de Amesterão são lançados duas ou 3 morteiradas.

Reprime-se?
Dá-se a independência?
Como o Kosovo?

Será inevitável?

P.S. Não diga que "é diferente", porque não é.

RioDoiro disse...

Caro Lidador,

Parece-me difícil que se possa definir qual o tamanho do 'bairro' para que possa ser 'deixado' ser independente. Mas a verdade é que o Paquistão se tornou independente ... E depois, se a memória me não falha, o Bangladesh.

Que os Alás (ou parte deles, apesar disso suficientemente ameaçadora, para nós e para a restante parte) nos querem fazer a folha é evidente.

Que um bairro pode exigir reconhecimento de especificidades, parece-me inaceitável.

O que me parece inaceitável, antes diddo, é que se diga "somos os maiores em aceitação de especificidades, venham viver para cá" e depois se diga que, afinal, não é bem assim.

Evidentemente que, dito daquela ou de outra forma, ter-se-á que dar o dito por não dito, sob pena de se ser coerente mas defunto. E, em caminho, se se partirem as monas às cabeças de abóbora do multiculturalismo aparvalhado, tanto melhor.

Agora que é difícil negar a independência a 1 milhão de paranóicos por ela, de características razoavelemente homogéneas, é. Da mesma forma que será difícil dá-la se forem poucos milhares (a excepção da Madeira, da malta do MIA e do MIBF).

A partir de agora, agressividade vinda do Kosovo será entendida como agressividade entre estados e susceptível de morteirada. Se for resultante de problemas internos, problema dos kosovares. Coloca-os perante as suas próprias responsabilidades (digo eu).

Para os sérvios, perder o tal berço não terá graça. Mas a historia não tem que ter graça. Ficarão furibundos durante décadas. Pois.

EJSantos disse...

Pelo menos os sérvios estão vacinados contra os muçulmanos. AO contrário de muito bom europeu da UE...

Luís Oliveira disse...

O que ainda não percebi é do que é que eles vão viver. De exportar figurantes mafiosos para os filmes do Steven Seagal?

Unknown disse...

"Agora que é difícil negar a independência a 1 milhão de paranóicos por ela, de características razoavelemente homogéneas, é"

Bem ó Rod, não sei quantas pessoas há no Tibete, no Curdistão, na Catalunha, no País Basco, em Taiwan, na Padânia, na Córsega, no Quebeque, no Darfur, no Chingiang, etc,etc, mas seguramente em algus desses locais ..upa, upa.

Quanto à dimensão mínima, bem, não sei o que cada um acha aceitável ou inaceitável, mas há países bem pequenos e com pouca gente.
Sei lá, Aruba, Mónaco, Andorra, Luxemburgo, São Marino, Cabo Verde, São Tomé, etc,etc.

Alguns deles têm menos gente que um bairro.

Como se faz essa distinção legal?

Não há forma de a fazer...e é justamente por isso que esta questão do Kosovo é o abrir da caixa de Pandora.

Saindo fora da ordem internacional que bem ou mal, consagra a integridade dos estados, vale tudo. Nomeadamente a força.

A partir de agora, está cada um por si. E todo e qq estado, se tiver poder, terá de usar a força para fazer valer o que acha serem os seus interesses nacionais.

Vem aí pancadaria da grossa.

Paulo Porto disse...

Caro ROD

Sobre todos os ângulos, a criação do Kosovo como Estado independente é uma aberração. Já não seria uma aberração a repartição do território entre a Albânia e a Sérvia, como desde há 100 anos se percebia que deveria ser feito.

Parece um pouco desajustada a comparação do Kosovo com o Curdistão ou o Tibete, ou até com o País Basco ou a Catalunha. Qualquer um destes faz mais sentido do que o Kosovo.



Caro LO

"do que é que eles vão viver"
Vão viver de 'ajudas' enviadas pela Comissão Europeia e pelos EUA. Vão também viver das remessas
dos emigrantes que continuarão a espalhar pela Europa.

Isso não quer dizer que daqui a algum tempo não comecem a cuspir no prato que lhes é posto à mesa. Afinal é o mesmo que os palestinos fizeram e fazem com o Ocidente, apesar da quantidade de dinheiro que lhes é dada. Parece que Portugal financiou a construção de um estádio de futebol em Gaza. Agora deve estar a ser usado como campo de treino de tiro pelo Hamas.

Provavelmente também viverão com o apoio de países árabes, como hoje já acontece com a Bósnia. É bem possível que um Kosovo independente venha a dar uma nova dinâmica à islamização da Europa.

Luís Oliveira disse...

[Vão viver de 'ajudas' enviadas pela Comissão Europeia e pelos EUA.]

Precisamente. Não tarda muito temos aí outro cancro tipo Palestina, com uma das mãos sempre estendida a pedir esmola e a outra a fazer bombinhas de mau cheiro.

NachtEldar disse...

Caro Carmo da Rosa:

Corrija-me se estou enganado, mas, de acordo com o Direito Internacional, uma minoria étnica (mesmo que maioritária no território em questão) não tem o direito à independência. Contra isto não há mementa político-estratégicos que contem.
Mas, para bater o pé à Rússia, as administrações americanas não costumam considerar consequências, até porque estas se farão sentir na Europa (para variar) e aqui entramos em âmbitos que já vi discutidos neste blog.

Cumprimentos à equipa, em especial ao Lidador e ao David Lourenço Mestre.

Post Scriptum:
Já imagino o Plano McCain Jr, de 2035, fundamental na reconstrução europeia após a Guerra da Barbana, onde o Exército dos Martíres de Pristina, liderado por um qualquer "Enver Al-Barbaruk Hoxha" kosovar chegaram à ocidental praia lusitana, deixando um rasto de sangue e sharia.

Anónimo disse...

@ O Lidador:

1. Integração, o que é expressamente recusado pela ideologia do islamismo
2. Balcanização


1. Sim, recusada pela ideologia. Mas eles NÃO têm todos precisamente a mesma ideologia. Além disso nem sequer formam um bloco étnico: os surinames não querem rezar com os turcos, os turcos só querem rezar entre eles, e com os marroquinos ninguém se quer misturar, que fará rezar…

2. A balcanização a este ritmo só daqui a 800 anos, partindo do princípio que entretanto o Islão não se reformou. Não quero com isto dizer que não devamos dar importância a este cenário - eu e você quase que não fazemos outra coisa -, mas apenas a importância devida. Mas olhe que os holandeses, ‘picuinhas’ como são (eles dizem ‘fornicadores de formigas’), de certeza que já pensaram no assunto. O ministro da família, de um partido protestante, iniciou há dois dias uma campanha para que as mulheres holandesas tenham mais filhos do que os actuais 1,7 por parideira, ele acha que 2,1 seria o ideal para a longo termo poder pagar as reformas. Não creio que esta medida seja só por causa das reformas…

Ainda por cima há, na Holanda, mais candidatos à independência. Os muçulmanos têm que ir para a lista de espera. Quero eu dizer com isto que a Holanda, apesar de ser metade de Portugal, e mesmo exceptuando os muçulmanos, tem uma grande variedade religiosa e linguística. E como dizia o Eça, é na língua que reside a identidade de um povo. A língua oficial na totalidade do território é realmente o neerlandês, que toda a gente fala, porque toda a gente andou na escola. Mas a 100 km a Norte de Amesterdão, na Frísia, fala-se outra língua, que eu, e demais holandeses, não pescam uma. A Nordeste, na província de Groninga, outra puta de língua. Entre a fronteira da Alemanha e Amesterdão temos Twente, outra língua, ainda mais arrevesada que a de Groninga. No sul, na província do Limburgo, de que Maastricht é a capital, só com legendas é que se percebe esta gente. Os de Brabante falam um neerlandês bastante perceptível e muito parecido com os belgas (flamengos), que vivem do outro lado da fronteira. São também culturalmente muito parecidos com estes e têm a mesma religião, a católica.

É aqui que a porca torce o rabo.

Não sei se estão ao corrente, mas a Bélgica está a um passo de ser dois países, a um passo de uma balcanização…
Porque os belgas-flamengos, ao contrário dos holandeses de Brabante, querem ser independentes - dos Valões (belgas que falam francês).

E agora pergunto, porque razão querem uns ser independentes, e os outros fazem anedotas sobre o assunto?

Não vou explicar em detalhe as razões deste caso preciso porque senão nunca mais é sábado, mas tem a ver com aquilo que eu já disse: os INGREDIENTES, ou seja, reunir as condições necessárias. Mas mais importante ainda, é ter o mementum político do seu lado.

O exemplo perfeito são os curdos. Os do Iraque têm o mementum a seu favor: a queda de Saddam, a divisão étnica e religiosa do Iraque, apoio à politica dos EUA, e são hoje de facto independentes - Thank you mister Bush. Os curdos da Turquia, esses, têm azar… Não há cá morais, nem precedentes, nem aberrações nestas coisas. A Turquia, por enquanto, é um aliado muito importante dos EUA, e não pode ser chateada com mariquices de independências de curdos…

É claro que isto pode mudar a qualquer momento: se por exempo a Turquia, por uma razão ou por outra, se lembrar de apoiar a Al Qaeda contra os americanos, ou se recusar o uso do seu espaço aéreo a Israel. Então aí você vai ver que o PKK, apesar de marxista-leninista, terá todo o apoio possível dos americanos para… se tornarem independentes.

Voltando ao Kosovo. Os sérvios de Slobodan Milosevic y sus muchachos tinham, na altura, três opções:

1. Conceder a independência a grande parte do território onde vivem os kosovares de origem albanesa, no seguimento da autonomia que já tinha sido prometida e concedida por Tito, mas salvando uma pequena parte a norte (Mitrovica) para os sérvios.


2. Arranjar maneira, nem que fosse a pagantes, de escorraçar 92% (de 2 milhões) da população, os kosovares albaneses, por exemplo para a Albânia, substituindo-os gradualmente por sérvios;

3. Ou ‘die Endlösung der kosovafrage’, a limpeza étnica iniciada pelo General Ratko Mladic e pelo doutor-poeta Radovan Karadzic.

Os sérvios escolheram a terceira opção e lixaram-se, perderam pau e bola. Tão simples como isto.

Anónimo disse...

Caro nachteldar,

Direito Internacional! Você está a gozar comigo...

Se no território em questão tivesse existido um estado de direito, e se no território em questão tivesse havido eleições livres, e se no território em questão 92% da população (a tal minoria) enlouquecera e votara maioritariamente no representante sérvio ortodoxo que os queria exterminar, e se os restantes 8% de sérvios, com pena dos primeiros votara no lider da UCK, não creio que seja necessário recorrer ao Direito Internacional para o Kosovo continuar a ser uma província da Sérvia…

Tá a topar a cena?

Mas, para bater o pé à Rússia, as administrações americanas não costumam considerar consequências,

E se eu enverter a frase, ‘Mas, para bater o pé aos americanos, as administrações (difícil de imaginar uma ‘administração’ neste caso!) russas não costumam considerar consequências’, acha que ela ainda diz a mesma coisa?

NachtEldar disse...

Caro Carmo da Rosa:

Começando pelo fim, acho. A Guerra Fria foi paradigmática.
Acharia também a partilha do território entre a Sérvia e a Albânia a solução mais acertada, não essa independência (quanto ao Direito Internacional, suponho que o que afirmei está correcto).

Anónimo disse...

@ Nachteldar disse...
Começando pelo fim, acho.

Então quer dizer que se anulam mutuamente? Mas o que é que você quer dizer com ‘….. foi paradigmática’? É capaz de me trocar isso em miúdos.

a partilha do território entre a Sérvia e a Albânia

Podia ser uma opção, mas felizmente nem eu nem você têm voto na matéria, mas já houvi uns boatos que os albaneses-kosovares não se querem ligar à Albânia, porque se acham bem superiores aos saloios do outro lado… Estão no seu direito, cada um com a sua mania!

Mas mesmo esta opção já foi à vida, VEM MUITO TARDE…

Unknown disse...

"Sim, recusada pela ideologia. Mas eles NÃO têm todos precisamente a mesma ideologia. Além disso nem sequer formam um bloco étnico"

Sim, é verdade que todos nós temos multiplas identidades, desde o clube com que simpatizamos até à pertença à Associação dos Amigos dos Bigodes, desde a aldeia à civilização, etc.
Para a maioria de nós, todavia, a pertença mais importante é o país.

Para os muçulmanos é a Comunidade dos Fiéis, a Umma.

Você próprio poderá confirmar por aí que, mais do que marroquinos, holandeses, argelinos, etc, eles são muçulmanos.
E isso faz toda a diferença.

Eu sei que o que ali se joga é o grande jogo estratégico entre o Poder Marítimo (hoje centrado nos EUA) e o POder Continental (ainda centrado na Rússia) e quea Sérvia e o Kosovo não passam de peões sacrificáveis.

ACredito até que esse jogo seja muito mais importante do que aquilo que eu penso.
Mas não consigo deixar de temer mais a irracionalidade do Islão, porque como cantava Sting, "the russians love their children too".

Os muçulmanos pelos vistos amam mais Alá. São a única cultura que sacrifica deliberadamente as próprias mullheres e crianças.


Quanto à balcanização, ela é inevitável a partir de agora.

Quando os sérvios se convencerem que não têm mnais cartas para jogar e admitirem a perda do Kosovo, é mais do que provével que as províncias sérvias do Kosovo tb proclamem a sua independência e se juntem à Sérvia, bem como a Republica Sérvia da Bòsnia.

Quanto à limpeza étnica levada a cabo pelos sérvios, é verdade, mas há limpezas étnicas e limpezas étnicas.
A Krajina ( território incorporado na Croácia), foi limpo da população servia que aí era maioritária. Não houve escandalo.
A população servia de Sarajevo, foi empurrada para fora a tiro e à coronhada.
Eu estive instalado numa zona (Ilidza), sérvia de Sarajevo, onde não restava nenhum servio.

Como vê, nada é assim tão simples...

NachtEldar disse...

As frases não se anulam mutuamente (não se trata de aritmética), ambas têm significado e, quando referi a Guerra Fria como paradigmática, pretendia salientar o primado da confrontação estratégica sobre o fomentar de instabilidades regionais, eventualmente conducentes a desconforto de populações.
E é evidente que não venho opinar atempadamente nem temos voto na matéria.

Paulo Porto disse...

Caro Lidador

De acordo com tudo, mas faltam coisas que mudam o problema.

Os sérvios vão alternando entre vítimas e algozes. Mas muito do que lhes corre mal tem afinal a ver com a incapacidade de aceitar que os outros também mandem qualquer coisita onde vivem.

Deu o exemplo da Krajina. Bom exemplo. Mas não esqueçamos que uns meses antes eles só não limparam os croatas da Croácia porque os croatas conseguiram ser militarmente superiores.

A respeito de limpeza étnica, eu dou-lhe toda a razão sobre o que aconteceu em Sarajevo. Alíás, quando a cidade esteve sob cerco sérvio achava interessante os jornalistas nunca questionarem porque motivo não havia crotas nem s+érvios na cidade. Se soubessem, talvez percebessem melhor a ferocidade do cerco. Ainda assim, quem limpou mais limpo foram os sérvios. E repare que a República Sérvia da Bósnia tem hoje proporções mais generosas do que o peso demográfico dos sérvios no território.

Por fim, os sérvios são indiscutivelmente cabeça-dura. Repare o que está a acontecer na Vojvodina com os húngaros. Os húngaros são gente pacífica, respeitadora da integridade da Sérvia, são instruídos e civilizada, não andam a destruir igrejas ortodoxas. Tudo ao contrário daquilo os sérvios acusavam os albaneses. Sendo assim, qual será agora o motivo para o espezinhamento de mais uma população não sérvia?

Parece-me que a maior parte dos problemas dos sérvios são aqueles que eles próprios arranjam.

Anónimo disse...

@ Lidador:

Para os muçulmanos é a Comunidade dos Fiéis, a Umma.(...)
E isso faz toda a diferença.


Lamento. Não lamento nada, estou muito contente que seja assim. A coisa não é assim tão categórica como você diz. A Umma é uma união muito vaga. Na realidade a Umma só está de acordo sobre um tema, Israel, e até nisso, nem todos da mesma maneira.

Cada vez que a Liga Árabe tem que sair com um comunicado conjunto contra Israel é um bico d’obra.

A Europa, com todas as suas diferenças, os seus rancores históricos, as suas línguas, as suas religiões, conseguiu formar uma UE. Os Árabes, têm a mesma língua, a mesma cultura, a mesmíssima religião, têm a Umma e nada. Nem Umma nem duas. Nem os palestinos vão à Umma, na primeira oportunidade andam aos tiros uns aos outros.
Mais do que muçulmanos, eles são é tribais…

@ Lidador:
a Sérvia e o Kosovo não passam de peões sacrificáveis.

Ora! E os Russos, exímios jogadores de xadrez, estão pior que estragados porque perderam a partida com o mate do pastor, ainda por cima contra um jogador medíocre, Bush…

@ Lidador:
Mas não consigo deixar de temer mais a irracionalidade do Islão, porque como cantava Sting, "the russians love their children too".

Isso é verdade, prefiro de longe os russos aos salafistas. Os russos até são parecidos com a gente: querem é copos e poesia, trabalhar que trabalhem os americanos.

@ Lidador:
(...)é mais do que provével que as províncias sérvias do Kosovo tb proclamem a sua independência e se juntem à Sérvia

O norte do Kosovo, a região de Metrovica, sim, e depois?

@ Lidador:
Quanto à limpeza étnica levada a cabo pelos sérvios, é verdade, mas há limpezas étnicas e limpezas étnicas. A Krajina (território incorporado na Croácia), foi limpo da população servia que aí era maioritária. Não houve escandalo.

Limpezas étnicas são limpezas étnicas! E uma limpeza não desculpa a outra. Eu creio que já aqui disse que eles são todos iguaizinhos ao litro. Desde os Cetniks ao UCK passando pelos fascistas croatas da Ustacha, ou seja, são todos uma cambada de Hutus e de Tutsis.

E houve escândalo sim senhor! Cá a imprensa falava de TODOS os crimes sem descrição! Mas é engraçado que os sérvios têm precisamente os mesmos reflexos que os muçulmanos, o mesmo choradinho: ‘Os americanos e a Europa são os cabrões, estão sempre contra nós, somos uns desgraçadinhos, a imprensa ocidental….’

@ Lidador:
A população servia de Sarajevo, foi empurrada para fora a tiro e à coronhada.

Eu sei, mas mesmo assim tiveram um pouco mais de sorte que os kosovares de Srebrenica. Isto continua a ser uma página negra na história da Holanda, apesar dos soldados holandeses não terem grande culpa. Nada podiam ter feito para parar Ratko Mladic. Este tinha instruções claras para acabar com a raça.

A situação é bastante complexa, é verdade, mas as opções são simples, são aquelas que eu enumerei, não há 36 soluções.

Carmo da Rosa disse...

Caro NachtEldar,

Eh pá, por favor não me leve a mal, mas eu acho que você escreve como os jogadores de futebol (portugueses) falam: carregam nos advérbios de modo quanto baste e quanto mais complicado melhor - complicated is beautiful (only in Portugal).

Pedi-lhe para traduzir o seu comentário anterior por miúdos, mas acho que neste caso a emenda é pior que o soneto. Peço imensa desculpa mas continuo a não perceber onde é que você quer chegar?

NachtEldar disse...

Ó caríssimo:

Jogador de futebol já é ofensa e não se pretende que esse seja o caminho.
Que parte de "...quando referi a Guerra Fria como paradigmática, pretendia salientar o primado da confrontação estratégica sobre o fomentar de instabilidades regionais, eventualmente conducentes a desconforto de populações." é que não entende? Recusa-se por acaso a ver onde quero chegar?
É que o caríssimo parece entender bem os textos do Lidador, até lhe vou citar uma passagem dele, para que para de se fazer desentendido:
"Eu sei que o que ali se joga é o grande jogo estratégico entre o Poder Marítimo (hoje centrado nos EUA) e o POder Continental (ainda centrado na Rússia) e quea Sérvia e o Kosovo não passam de peões sacrificáveis."
Por favor, deixe o futebol nos estádios!
Caramba!!!

Anónimo disse...

Caro Nachteldar,

Jogador de futebol já é ofensa!

Na frase acima o senhor sugere maliciosamente que algo e qualquer matéria relacionada com a prática da actividade desportiva, a que normalmente se dá o nome de futebol, é à priori ofensiva….

Então, meu caro amigo, sinto-me na obrigação de lhe comunicar que me está a ofender gravemente. A mim e aos meus, porque aquilo que o senhor en passant menciona com sobranceria é, na realidade, de longa data a minha crença. Fé esta que eu carinhosamente designo por A SANTA BOLINHA…

Quando o meu amigo enxerga este conjunto de algarismos: 5-3, nada o retém, nada o sensibiliza. O seu coração empedernido quando muito vê mera matemática…

Mas a mim, meu caro, à visão destes simples algarismos as lágrimas jorram espontaneamente do meu rosto, a máquina do tempo transporta-me imediatamente ao Ano Domine de 1966, coloca-me em Londres e ouço claramente a voz do Altíssimo declamar este poema:

Park Seung Zin 0-1
Ling Dong Woon 0-2
Yang Seun Kook 0-3
Eusébio 1-3
Eusébio 2-3
Eusébio 3-3
Eusébio 4-3
José Augusto 5-3


E exclamo paradigmaticamente, CARAMBA, que grande jogo…

NachtEldar disse...

Caro Carmo da Rosa:

Eu não faço sugestões maliciosas, não ofendo ninguém com gravidade de forma gratuita, não menciono nada com sobranceria e não me entretenho a gozar com quem comenta no meu blog. Acresce que a referência ao 5-3 de 1966 é perfeitamente dispensável.
Depois deste seu gozo sobranceiro e ofensivo, era merecido que eu lhe respondesse como o anónimo que inaugurou os comentários a este texto, mas não concordo nem com o insulto boçal, nem com zombarias, prefiro discutir ideias e penso que o senhor também, embora me tenha deixado na dúvida.
Deixando as divagações e voltando ao assunto, já quis entender o que eu disse?

Anónimo disse...

@ Nachteldar
não me entretenho a gozar com quem comenta no meu blog.

Gozar gozar gozar não direi, apenas inocente ironia.
É como a anedota do alentejano encornado: FODER FODER FODER, estava a dar uma fodinha! Conhece? Se estiver interessado diga que eu mando-lha com todo o prazer.

Acresce que a referência ao 5-3 de 1966 é perfeitamente dispensável.

Não diga que não gostou? Pelos vistos não!
Se ao menos você soubesse o trabalho que me deu esta minha tentativa de imitar o estilo pomposo e rococó do século dezoito tão querido dos nossos compatriotas, eu, que já vivo há mais de trinta anos entre gente com frases de curto fôlego e de dizer urgente, você não diria que ‘era merecido que eu lhe respondesse como o anónimo’. Por outro lado, o não responder dessa forma, prova que você é uma pessoa de bem, uma pessoa decente.

prefiro discutir ideias e penso que o senhor também, embora me tenha deixado na dúvida.

A sua dúvida tem razão de ser, porque eu gosto das duas coisas! Cada um com a sua pancada…

já quis entender o que eu disse?

Não é uma questão de QUERER - não tenho nada pessoalmente contra si, nem sequer o conheço, nunca o vi mais gordo - é uma questão de PODER.

Por favor, reescreva a sua pergunta em linguagem simples, olhe, como se a quisesse expor ao seu filho de 12 anos, e eu terei todo o prazer em lhe responder.

NachtEldar disse...

Caro Carmo da Rosa:

Conheço a anedota, pois vivo no Alentejo... Por favor, não insista na "inocente ironia".
Quanto à questão, o que eu quis dizer foi que durante a Guerra Fria, a confrontação entre as duas super-potências não tinha como premissa prioritária o assegurar do bem estar das populações.
Concordo com o que o Lidador afirmou sobre o jogo estratégico entre Rússia e Estados Unidos, sendo a Sérvia e o Kosovo peões sacrificáveis. Mantendo esta metáfora do xadrez, a Europa é um bispo sacrificável.

Carmo da Rosa disse...

durante a Guerra Fria, a confrontação entre as duas super-potências não tinha como premissa prioritária o assegurar do bem estar das populações.

Caro amigo,

Nem antes, nem durante, nem depois! Acha que eu disse ou sugeri isso algures no meu texto?

Uma super-potência tem SEMPRE como única premissa o SEU bem-estar. Se por vezes o bem-estar das populações vai de par com os interesses de uma super-potência, essas populações estão com sorte.

Um exemplo disto foi o Plan Marshal, que os americanos implementaram na Europa com a intenção de travar o avanço do comunismo, mas que deu origem ao aparecimento da democracia parlamentar na Europa Ocidental e, ao mesmo tempo, à época mais fértil da humanidade em bem-estar social.

Outro exemplo é o facto dos curdos no Iraque serem neste momento de facto independentes. Não era essa a intenção inicial dos americanos. Os curdos tiveram, desta vez, sorte! A sorte que não tiveram depois das partilhas que se seguiram à primeira Grande Guerra.

As metáforas ajudam bastante a compreensão, mas valem o que valem. Na política as coisas também não se passam exactamente como num tabuleiro de xadrez, em que os peões e os bispos são utilizados pelos ‘jogadores’ como se fossem peças, como se fossem crianças, sem resmungar. Não é bem assim. Ao contrário do xadrez, os peões e os bispos também têm o seu grau de responsabilidade.
Podiam ter actuado assim ou assado.

Desejo-lhe um bom fim de semana, com muita coentrada e Borba, tinto, só tinto. Ou melhor ainda, Convento da Cartuxa…

NachtEldar disse...

Caro CdR:

Obrigado pelos votos de bom fim de semana e pelas sugestões gastronómicas (espero que o seu fim de semana tenha sido bom).

Sobre a questão:
Uma super-potência tem SEMPRE como única premissa o SEU bem-estar. Se por vezes o bem-estar das populações vai de par com os interesses de uma super-potência, essas populações estão com sorte.

Totalmente de acordo, mas refira-se que as populações também podem estar com azar... Concordo que as metáforas valem o que valem, mas continuo a achar que a Europa, mercê de tomadas de posição acanhadas, é um bispo sacrificável.

Desejo-lhe uma "goede week".

Carmo da Rosa disse...

Desejo-lhe uma "goede week".

Obrigado. Diga-me uma coisa, não me diga que é um dos muitos holandeses perdido num monte alentejano… Waar of niet?

Hum, não creio, os holandeses não escrevem como você, ‘zo, hoe zal ik het zeggen, zo wollig…’ A menos que já esteja socializado, alentejanizado a golpes de Borba tinto…

'continuo a achar que a Europa, mercê de tomadas de posição acanhadas, é um bispo sacrificável.'

Mas se assim é, a culpa não será da Europa? São maiores e ‘vacinados’, como a gente costumava dizer antigamente…

NachtEldar disse...

Caro CdR:

Não sou um holandês perdido na profundidade alentejana.
Quanto à Europa, de acordo:
Maior, vacinada, centralizadora, com instituições distantes das populações (distancia burocrática, entenda-se) e pouco capaz de tomadas de posição mais arrojadas...