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terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

It's the end of the world as we know it

Ha algo de narcotico no limiar da tragedia, é desse pó magico que o montanhista prova enquanto executa o seu ballet com os rigores de um arabesque e a delicadeza de um allegro, o montanhista sente-o, o homem comum sente-o. Mas nao é com montanhistas que vos venho maçar o juizo, o que vos quero contar é o seguinte: há algo de tragico na contemplaçao da civilizaçao ausente, e o narcotico no limiar da tragedia é apendice da plateia, nao do enredo, que é a tragedia propriamente dita. Quando santo agostinho exaltava a cidade de deus, nao o fazia sobre a fausta mansidao da civilizaçao mas sobre as ruinas de uma, por certo a cidade terrena nao lhe seria particularmente agradavel e se o telegraph está correcto as nossas tambem vao deixar de o ser. Demasiada civilizaçao - farsa no grande plano cosmico - turva e falsifica, e a bom rigor nao podemos matizar o que nao conhecemos, a sua ausencia - a da civilizaçao - porque nao a vivemos, podemos presenti-la como conrad presentiu o congo de marlow, terra sem deus, onde ja só mora demonio flacido, pretencioso y de ojos apagados, de una locura rapaz y despiadada. Lá chegaremos um dia, nada é eterno, tudo acaba, as ruinas em roma ou em yucatan isso insistem em explicar. Evangelho que a historia nos prega com gosto a todo o instante, em cada pedragulho, alvenaria, ou pedaço de ceramica

6 comentários:

David Lourenço Mestre disse...

nao entendo a duvida

mas é, sim, a contemplaçao de algo que está ausente, enfim, a incivilizaçao, a idade do ferro, a selvajaria em ponto caramelo

RioDoiro disse...

CdR

"Tenho que compreender 'há algo de trágico na contemplação da falta de civilização'?"

Desculpem a colherada, mas ao ler a cena abaixo, na Turquia, fui acometido pelo aroma da tragédia.

"E o meu amigo turco, ao notar a perplexidade que a sua resposta provocou, acrescentou à laia de explicação:
“é que nós, na nossa idade, já não temos muita vontade de sair daqui para pedir asilo político na Europa Ocidental”. "

David Lourenço Mestre disse...

ai, ai, tenha dó CdR, tenha dó, eu a imaginar o texto pleno de virtuosismo, assim como o rui costa actuava em campo, aristocratico e subtil, e afinal nao há quem o entenda

David Lourenço Mestre disse...

CdR, deixe-se de ironias e de por sal na ferida

entendo, foi erro ousar falar em rui costa, os mortais - sao assim - buscam a imortalidade e os ratos - piores sao - almejam a humanidade

antes mantorras, que nao é coxo, apenas cambaleia um pouco

David Lourenço Mestre disse...

ora, cdr, explico ja o que posso em duas linhas, convencido estava de escrever como o rui costa jogava, quando, repare na fina ironia, nao passava de um mantorras

o resto fica para uma proxima que tenho de ir ser explorado e mal pago

David Lourenço Mestre disse...

vaya, nem para as matematicas sirvo, nao é que as linhas sao traicoeiras e nao se deixam contar