It is quite gratifying to feel guilty if you haven't done anything wrong: how noble! (Hannah Arendt).
Teste
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quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009
Ao leitor Bob
Um leitor do Fiel-Inimigo, que nos contactou através da caixa de e-mail colectiva, pediu à equipa que se debruçasse sobre as origens do Estado de Israel, numa tentativa de explicar o porquê da existência do moderno Estado de Israel nesta zona do Globo, com estas características e com estes problemas.
Aquilo que nos pede não é nada fácil e exige um conhecimento profundo de vários temas, para que seja bem sucedido em futuras confrontações com estúpidos:
Lá ao longe:
1 - história do Povo Judeu (envolvendo o estudo da religião Judaica);
2 - história do Império Romano;
3 - história da Cristandade;
4 - história árabe;
5 - história Egípcia;
6 - conhecimento de livros sagrados (Torah e a Bíblia);
7 - conhecimento dos vários povos que habitaram a zona ao longo dos séculos;
8 - conhecimento da história do Islão; conhecimento das Cruzadas e de tudo o que elas envolvem;
9 - conhecimento da I e da II Diáspora Judaica;
Entre o longe e o perto:
10 - conhecimento das origens do anti-Semitismo Europeu;
11 - conhecimento do porquê da existência de anti-Semitismo na Europa;
12 - conhecimento do poderio económico Judaico ao longo da História;
13 - conhecimento do estabelecimento de Judeus fora da Europa e do Médio Oriente (Norte de África e América);
14 - conhecimento da vivência Judaica na Idade Média;
15 - conhecimento do nascimento do Sionismo de facto (o Sionismo não nasceu em 1896/1897 com Theodor Herzl);
Primeira metade do século XX:
16 - conhecimento da posição Inglesa, Francesa e Norte-Americana em relação à questão Judaica (no caso Inglês é necessário falar, obviamente, da Declaração Balfour) depois da I Guerra Mundial;
17 - conhecer em que moldes se efectivou o "regresso a casa", promovido pelos Ingleses, de vários Judeus na década de 20 e o que é que esta provocou (relembrar que o Mandato Britânico incluía a Jordânia e que, de facto, as populações árabes ficaram com 90% do mandato da Palestina);
18 - conhecer as vivências das comunidades Judaicas que, milagrosamente, sempre estiveram presentes na denominada "Palestina";
19 - conhecer as dinâmicas Nazis em relação aos Judeus (e as ligações destes aos países Árabes);
20 - conhecer as actividades terroristas do Irgun, a forma como as terras foram compradas aos árabes agora Islamizados, o estabelecimento de kibbutz e o crescimento dos conflitos entre árabes, judeus e Ingleses;
21 - conhecer o que representou o fim da II Guerra Mundial e a responsabilidade que o Mundo teve para com o Povo Judeu;
Segunda metade do século XX:
22 - conhecer a forma como o Moderno Estado de Israel é proclamado (divisão da Palestina, declarações da ONU, por exemplo);
23 - conhecer o papel de pessoas como David Ben-Gurion e de organizações como a ONU no nascimento de Israel;
24 - conhecer o porquê da eclosão da Guerra de Independência e as consequências desta;
25 - conhecer os principais apoios a Israel nos seus primódios (não só Estados como também indivíduos, dando especial relevo ao grande apoio dado por Judeus ricos espalhados por todo o Mundo a Israel);
26 - conhecer a eclosão da Guerra do Suez e o início do apoio Norte-Americano a Israel;
27 - conhecer o início de estabelecimento do novo Estado, como Judeu e Democrático;
28 - conhecer a verdade acerca dos refugiados Palestinianos (foram expulsos por Israel ou estimulados pelos países Árabes?)
29 - conhecer a onda maciça de refugiados mizrahim para Israel;
30 - conhecer o porquê da Cisjordânia estar sob administração Jordana e a Faixa de Gaza sob administração Egípcia;
31 - conhecer a forma como surge a Guerra dos 6 Dias e as consequências desta (Israel conquista Golan, Faixa de Gaza, Cisjordânia e Jerusalém);
32 - conhecer a forma ridícula como a ONU se vai debruçando sobre o tema;
33 - conhecer o significado dos Jogos Olímpicos de Munique de 1972;
34 - conhecer a eclosão da Guerra de Yom Kippur e o que esta significa, passando por uma análise a homens como Ariel Sharon e Moshe Dayan;
35 - conhecer como era visto Israel pela população Ocidental e pelos governos Ocidentais Israel na década de 70/80
36 - conhecer a propaganda anti-semita que, desde a declaração do Estado de Israel, foi sabiamente difundida em todo o Mundo Árabe;
37 - conhecer o desenvolvimento do poderio militar Israelita, da Sociedade Israelita, da Democracia Israelita e da economia Israelita (década 70 e 80);
38 - conhecer a figura de Menachem Begin, primeiro Primeiro-Ministro Israelita situado à direita;
39 - conhecer os Acordos de Paz com o Egipto e seu significado;
40 - conhecer o porquê da I intervenção no Líbano;
41 - compreender o conflito na lógica de Guerra Fria;
42 - conhecer o porquê da eclosão da I Intifada;
43 - conhecer as dinâmicas existentes globalmente no início década de 90, criadas pela queda do Muro de Berlim;
44 - conhecer a origem do fluxo de Judeus Soviéticos no início da década de 90 e suas repurcussões;
45 - conhecer as vivências dos árabes Israelitas;
46 - conhecer a forma como os Golan foram formalmente anexados e a forma como Jerusalém foi unificada (inícios de 80);
47 - conhecer o porquê da construção de colonatos Judaicos na Cisjordânia e na Faixa de Gaza e a forma como os árabes olharam a questão;
48 - conhecer os acordos de Oslo e a forma como se foi desenrolando a aplicação ou não destes;
49 - conhecer os acordos de paz com a Jordânia e as boas relações com outros Estados Muçulmanos, como a Turquia;
50 - conhecer os métodos terroristas utilizados pelos Palestinianos e seus aliados (extrema-esquerda estúpida e países árabes), como, por exemplo, os desvios de voos (relembrar Entebbe);
51 - compreender a formação do Hamas e de outras organizações terroristas Palestinianas;
52 - conhecer a forma como Israel é visto pelo Mundo Ocidental na década de 90 e 00;
53 - conhecer o porquê da eclosão da II Intifada e suas consequências;
54 - relacionar o 11 de Setembro e o ataque do Islão radical ao Ocidente com a questão Israelo-Palestiniana;
55 - conhecer a actual Sociedade Israelita: o poderio dos extremistas Judaicos; o reconhecimento dos direitos dos Árabes; o Desenvolvimento Económico e Humano; a diversidade étnica e religiosa;
56 - averiguar o porquê da persistência da special relationship;
57 - conhecer o porquê da II Intervenção no Líbano;
58 - conhecer a ameaça Iraniana;
59 - compreender o ressurgimento do anti-Semitismo um pouco por todo o Mundo;
60 - compreender a posição Europeia em relação a Israel;
61 - conhecer os principais entraves à paz: a assombrosa definição de refugiado; a questão de Jerusalém; a questão das fronteiras; a questão dos Golan;
62 - conhecer o porquê da última intervenção em Gaza;
63 - conhecer as rivalidades entre a Fatah e o Hamas e a função ou não da religião em toda esta História;
64 - serão os países árabes mais pró-palestinianos ou mais anti-semitas e anti-sionistas?;
Como vê, caro Bob, tínhamos aqui pano para mangas, certamente um grande tema para uma qualquer tese de mestrado.
O problema é complexo e não é qualquer um que consegue argumentar com os estúpidos, até porque eles não conhecem ou não querem conhecer metade da História. O meu conselho é seleccionar os estúpidos com que fala, ou seja, falar com os mais iluminados, pois esta é a única forma que tem de discutir toda esta questão de forma justa, clara e credível (e também evita estar a perder tempo).
Pode continuar atento ao Fiel Inimigo, pois existirão sempre artigos sobre Israel. Mas uma avaliação tão aprofundada do conflito exige uma investigação que resultaria mais num trabalho escrito, que certamente seria bem sucedido, mas que daria muito trabalho.
Um abraço.
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2 comentários:
Antes de mais muito obrigado.
Estou a ver que dava de facto material suficiente para um pos-douturamento, mas o facto de terem illuminado esses topicos já é uma grande ajuda, sem contar com a analises espontaneas que o FI faz.
Infelizmente nem sempre se escolhe os estupidos com que nos deparamos ou com quem temos que falar, especialmente nos campos universitarios, chegando ao ridiculo de mutios professores fazerem campanha nas aulas. Mas em grande parte graças ao FI, estou cada vez melhor preparado.
Obrigado e continuem o bom trabalho, e se ás vezes se sentem frustrados consolem-se no facto que têm leitores jovens atentos e avidos, que lhes dão no minimo razões para questionar o que muitos lhes impingem, e que talvez um dia façam a diferença ou continuem o vosso trabalho (não me refiro a mim, basta verem o numero de visitas sendo este um blog anti-fashion dum pais Pequeno).
Felicidades e um Abraço,
Bob
PS: os efeitos das cruzadas no mundo arabe não são comparados aos efeitos do descobrimento do caminho maritimo para as indias realizado pelos Portugueses.
caro RB
excelente ! no mínimo inspirador.
o seu artigo revela um invejável conhecimento e uma admirável capacidade de síntese. Não é só o leitor Bob que agradece; junto-me a ele!
Aprecio a sua visão tão inteligente da história na sua globalidade. Na história dos judeus está aprovadíssimo! revela sensibilidade e coerência: dois aspectos de difícil conciliação.
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