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sábado, 28 de fevereiro de 2009

O direito a esfolar a gaita

Sala de aula, formação profissional.

Turma de trabalhadores do quadro de empresas de média/grande dimensão, aulas em horário laboral pagas pela empresa.

Alunos bocejam, conversam, cruzam braços e, convidados a tomarem notas, respondem que aquilo é um frete e que, ainda por cima, são “obrigados” estar na sala de aula meia hora para além do horário de trabalho. “Quanto mais aprender mais lucro dou aos gajos”, diz um. “Isto é um frete que só vai beneficiar os gajos”, confirma outro.

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Turma de trabalhadores em regime precário, de pico-empresas, empresas familiares, trabalhadores do quadro de pequenas empresas em horário pós-laboral, aulas pagas, quase sempre, pela empresa.

O cansaço é visível, o bocejo frequente, mas as canetas vão andando e as perguntas saltando. Alguns, à boca pequena, dizem que, se calhar, depois da formação, saltarão de empresa para poderem ganhar mais.

Outros, patrões frequentemente acompanhados por um funcionário, comentam que mal tenham o canudo poderão obter o alvará que lhes permitirá assinar o contrato com uma empresa que “está chateada com os gajos que lá estão a fazer um trabalho de merda”.

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Entretanto, há indígenas a queixarem-se que as empresas, aproveitando a crise, sacodem uns tantos.

De facto uns tantos, não poucos certamente, espero que em particular os que mais militantemente tenham estado apenas ‘em cima’, reclamam ter perdido o trabalho.

Mas outros tantos vão, entretanto, queimando as pestanas rumo ao momento de esfolarem a gaita.

Espero (à guisa de wishfull thinking) que seja a vitória do direito ao trabalho sobre o direito a emprego.

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Leitura complementar:
Escravatura

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