(Leia, no fim do post, em que consiste o concurso)
CENÁRIOS TRUCADOS
a Jean Pierre Andrevon
Há coisas que nunca sucederão, nem mesmo no Carnaval. Outras pelo contrário sucedem, conforme se diz, a cada passo.
De entre as segundas há as vigarices, as tramóias e outras encenações talentosas a que temos direito em lugares específicos...
Um ambiente de cortar à faca, angústias e náuseas que, a pouco e pouco, mostrarão indubitavelmente que um determinado local de Direito, mau-grado as boas vontades, depende apenas duma fórmula paulatinamente transformada numa espécie de “loja de conveniência” para protagonistas lampeiros e operosos?
Talvez...Ou talvez seja tudo ilusão!
1. No Minho, dois indivíduos de meia idade batem à porta de uma vivenda. A dona da casa vem abrir e dizem-lhe ao fazerem-se entrados: “Foi a senhora que nos mandou chamar para arranjarmos o sistema eléctrico?”. Enquanto ela, interdita, procura afirmar-se na memória ocasional, um deles cerra a porta, empurra-a e tapa-lhe brutalmente a boca. O colega, com um trejeito e de revólver aperrado, entra numa das salas laterais. Nesse momento a pessoa que ali estava e se acobertara agilmente aplica-lhe vigorosamente um golpe de savate e quando ele cai, desamparado e surpreendido, tira-lhe o revólver e vendo a postura armada do outro desfecha através da porta dois tiros que o colhem numa perna e no peito. A mulher, com a respiração opressa, precipita-se para o telefone e chama a polícia. Juntam-se alguns vizinhos. A polícia chega em bom tempo, nenhum dos agentes se intimida ante os dois intrusos e, pelo contrário, levam-nos bem algemados. Um deles, gravemente ferido, é remetido para o hospital onde escapa por um triz.
Três meses depois são julgados. Apanham, cada um deles, 18 anos de prisão por assalto e tentativa de agressão crapulosa.
O caso tem outros interessantes desenvolvimentos.
2. Na Beira Alta um cidadão apresenta queixa contra um magistrado, por alegadamente este ter tentado fazer chantagem com ele e um sócio. Uma brigada de agentes da autoridade investiga sem qualquer pressão institucional o assunto durante dois meses, tendo ficado provado que o suspeito tentou entretanto assassinar uma das testemunhas nucleares. Na sequência do posterior julgamento, extremamente emotivo, o magistrado é expulso e condenado a 24 anos de prisão. Paga de per-si ao Estado e aos dois sócios uma indemnização igual e 30 vezes o seu ordenado anual.
3. Numa cidade do Algarve o comandante da Polícia denuncia publicamente que subordinados seus andaram a roubar, através de conluios com destacados comerciantes locais, o erário público. Oito deles são suspensos. O caso vai para as intâncias próprias. O tempo vai passando e nunca mais se sabe de nada. Silencio total. Então, um belo dia, chega à cidade um forasteiro que se põe a fazer perguntas...
4. Na Beira Litoral um destacado médico é acusado de ter tentado espancar um colega e roubar segredos da clínica de alta qualidade onde oficiava. Entretanto a sua esposa morre e ele vê-se forçado a fugir para escapar à polícia. Passa-se um considerável lapso de tempo e, devido à acção dum jornalista local, descobre-se que tudo fôra congeminado por um poderoso político daquela região, comprometido num escândalo de tráfico de influencias envolvendo milhões. Este, julgado com todas as garantias de defesa, é condenado a prisão perpétua. Nenhum órgão de comunicação tenta um eficaz cover-up.
Seriam estes cenários trucados coisa desejável nesta democracia tendencial? Não sei... Mas escusam os habituais defensores do “politicamente correcto” de começar já a clamar em altas vozes que sugiro/proponho coisas ferozes, direitistas, incomportáveis na nossa sociedade de brandos costumes e ainda mais agradável ambiente para eventuais sevandijas!
Com efeito, mudando o lugar dos eventos (ai meu Minho, minhas Beiras, meu Algarve adorados!) limitei-me a “copiar” o argumento, inicial ou total, de filmes franceses e americanos famosíssimos e que, de facto, nada têm a ver com o doce e manso Portugal...
Com uma única excepção – e aqui é que reside o meu concurso!
O leitor que acertar no facto real receberá um pequeno automóvel vermelho e uma senha de comparticipação num conhecido negócio bancário (claro que estou a mentir, mas a intenção é que conta...).
A revelação será feita no dia dos meus anos.
It is quite gratifying to feel guilty if you haven't done anything wrong: how noble! (Hannah Arendt).
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13 comentários:
Inclino-me para a segunda. Acertei?
NUNO
A terceira, será?
RUBEN
Também acho que é a terceira, é a mais viável. O resto cheira demais a cinema.
Nilze
O 3º, por exclusão de partes.
No 1º caso, o morador iria preso e seria acusado de tentativa de homicidio.
No 2º caso, quem seria condenado por difamação seria o cidadão.
No 4º caso, além da prisão perpétua que cá não há
A primeira.
Espero ue o 'pequeno' automóvel vermelho tenha um nome começado por F.
F de... Fiat Uno não é Paulo?
1 - Nunca 1 roubo daria 18 anos de prisão em Portugal;
2 - Nunca uma tentativa de assassinato daria 24 anos em Portugal;
4 - Não há prisão perpétua em Portugal.
Resposta certa : 3
Também acho que é a 3. Há qualquer coisa que me põe na cabeça uma campainha a tocar, mas posso estar enganada, lembro-me acho que de uma notícia algures, mas é coisa já um pouco desvanecida.
Vou pela três.
Amélia P.
Acho que me vou lembrando do que a Amélia se refere. Chega-me a pouco e pouco, embora já esteja lembrança desvanecida. Era de certeza no Algarve? Definitivamente acho que é o terceiro caso.
NILZE
Eheheheheh! (risada misteriosa e cruel).
Wait till sunday...you people!
È a 3ª, mas isto tudo foi só para sabermos que domingo há que dar os parabéns ao JL. :P
Bob
Pelo andar da carruagem a meu ver, todas as histórias são verdadeiras, apesar do Lencastre tentar disfarçar pondo um final nelas que nunca sucederia cá pela podridão do sistema.
Quem não te conhecer que te compre, ó melga.
MAFRA, Castelo Branco
Mafra meu lindo não me...lixes. E achas mesmo que é tudo como referes ou foi só para reinar com o...lencastre? Tá sossegado meu albicastrense que a gente qualquer dia vê-se.
Não faças munto estrilho, vale?
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