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sábado, 22 de março de 2008

Obama e o Reverendo

Há tempos reli “A Fogueira das Vaidades” obra de Tom Wolfe que deu um excelente filme com Tom Hanks.
A obra era atravessada pela questão racial e uma das figuras centrais era o “Reverendo Bacon”, um negro de palavra fácil e olho para o negócio da fé, e que, pastoreando uma seita religiosa, manipulava a “pressão das ruas” do Bronx, arrecadando bons capitais e vivendo como um nababo.
A imagem acudiu-me imediatamente, ao ver esse outro “Reverendo”, do qual Obama é amigo e ovelha, e que está agora na ordem do dia.
A semelhança é impressionante. O Reverendo Wright parece um clone do Reverendo Bacon.
A mesma compulsão para usar o púlpito mais para a luta política do que para a divulgação do Evangelho, e transformar missas em comícios; a desbocada agressão à raça branca; a mesma retórica de vitimização racial e de pregação do ódio aos “poderosos”, aqui sinónimo de indivíduos de pele branca; a sempiterna condenação da América, como estrutura ao serviço dos “poderosos” ( os brancos) e apostada em esmagar os fracos (os negros).
O Reverendo Bacon era um desenho. Na realidade há inúmeros Reverendos Wright por toda a América negra, pregando, em Igrejas e Mesquitas os mesmos sermões de hipócrita anti-americanismo, as mesmas imbecis teorias da conspiração o mesmo ódio ao outro.
Esta gente, presa na retórica dos anos 60, recusa aceitar que a situação dos negros na América nada tem a ver com o que era naqueles tempos. Se dúvidas houvessem bastaria atentar na candidatura do próprio Obama e na relevância nacional de figuras como Colin Powel, Condolezza Rice, etc.
O que deveras espanta é que Barack Obama, que durante anos frequentou a igreja do Reverendo Wrigt, nunca tenha reparado na mensagem de ódio que ele pregava nos seus inflamados sermões. Ou não ouviu, ou não percebeu, ou ouviu e percebeu e fez de conta que não.
Em minha opinião ouviu, percebeu e fez de conta que não. A sua mulher, menos dada à subtileza politica, já se descaiu e disse há tempos que “só agora, pela 1º vez, estava orgulhosa da América”. Agora, entenda-se, que o seu marido tem estado a recolher boas votações. Até aqui a América, na qual a senhora Michelle vivia ( e bastante bem, como se sabe) , era apenas motivo de desprezo. É impossível não ver aqui a influência do “pensamento Wright”.
Por outro lado, se Obama ouviu e disse ámen durante anos a fio, não pode também ter passado imune pela lavagem ao cérebro.
Talvez seja essa a razão pela qual não corta imediatamente com uma congregação que prega o ódio racial, o ódio à América e teorias lunáticas que nada têm a ver com os ensinamentos de Cristo.
Sob a batuta de um homem que é seu amigo, seu mentor, padrinho dos seus filhos e que já atribuiu prémios de mérito a Louis Farrakhan, o controverso líder da Islam Nation, conhecido pelo ódio aos judeus e aos brancos de um modo geral.

4 comentários:

Carmo da Rosa disse...

Apoiado! Bem visto.
Bom, se o Obama não se desliga um pouco mais dos Wrights e dos Farrakhans voto no McCain que o lixo...

Renato Bento disse...

Não era por acaso que a malta anti-americana bate palmas...

Luís Oliveira disse...

Mccain ou Hussein? Hmmm, escolha difícil...

Paulo Porto disse...

Bem 'apanhada' a comparação com o Bacon de 'A Fogueira das Vaidades'. Pelo menos a respeito de reverendos negros americanos, alguma coisa não mudou nestes últimos 25 anos.

O acontecimento Wright foi de tal modo importante que infletiu a dinâmica de vitória de Obama. Eu ia (mas já não vou) postar qualquer coisa a este respeito mais ou menos do tipo: se Obama perder (para Clinton ou McCain) pode dizer que perdeu GRAÇAS a Wright; se ganhar, pode dizer ganhou APESAR de Wright.

Ainda assim, caro Lidador, faltou dizer que Obama se demarcou do discurso em causa de Wright, e o rejeitou.

Obama não é racista, dá força ao 'sonho americano', talvez seja o melhor dos três candidatos tanto para a América como para o Mundo. Mas é inevitável dar-lhe razão, Lidador, quando escreve "O que deveras espanta é que Barack Obama, que durante anos frequentou a igreja do Reverendo Wrigt, nunca tenha reparado na mensagem de ódio que ele pregava nos seus inflamados sermões. Ou não ouviu, ou não percebeu, ou ouviu e percebeu e fez de conta que não."

Agora terá de ocorrer um momento anti-momento Wright para salvar a candidadura. Para já, bem se pode dizer que o reverendo Wright foi o mr.Wrong da campanha de Obama.

PS 'A Fogueira das Vaidades' é um grande livro, concordo csg; já o filme, francamente, não faz justiça à obra do Tom Wolfe, por essa altura no seu melhor.